Wednesday, January 30, 2008

Review

LAWMAKER
“Look At The Sun”
[MCD – Edição de autor]

Já dez anos passaram desde que “nossos irmãos” brasileiros Lawmaker emergiram do coração de São Paulo. Contudo, relativamente pouco há a contar em termos de carreira principalmente devido a uma paragem forçada em 2000 que culminou com a saída de dois dos seus membros originais. Discograficamente regista-se a edição de uma demo - “Eyewitness” – e deste MCD que parecem suficientes para sustentar algum sucesso à sua volta, principalmente no Brasil. Um concerto de abertura para os Rage e um notável destaque nos media locais fecham uma esfera de optimismo em relação ao heavy metal old school dos Lawmaker.

Vizinhos dos maiores estandartes do metal melódico brasileiro, os Angra, não se pense, por isso, que existem aqui muitas semelhanças. Os Lawmaker estão muito mais remetidos à veia tradicional do género, embora adoptem tecnicismo q.b. ao longo destes temas – não será de admirir quando temos aqui cinco músicos formados e muito requisitados que, inclusive, já gravaram anúncios para marcas de telemóveis muito conhecidas.

Competência musical não falta, portanto, aos Lawmaker. Começa sim por prejudicá-los a falta de impacto da produção de “Look At The Sun”, demasiado pejorativa para o verdadeiro valor destes temas. Isto faz-lhes mesmo ficar em desvantagem para com os seus “competidores” que gravam discos dentro dos elevados padrões de qualidade actuais.

Lamentos à parte, o importante é que compreendamos onde os Lawmaker querem e conseguem ir com as suas composições. Já demos conta de que os “olhos” aqui estão virados para o passado e assim pretendem estar, logo não esperemos inovações. Esperemos sim competentes malhas de heavy metal onde a imaculada voz de Daniel Muñoz se revela um regalo para qualquer ouvido, mesmo o menos sensível. O trabalho da guitarra é muito convincente – embora encontremos alguma desinspiração nos riffs mais pesados – e o baixo, algo endiabrado, assume especial destaque em “Train Of Illusion” e “I’m On Fire” – vale a pena ouvir. A bateria mantém-se competente e os teclados de Fred Jason como uma base importante neste preparado, dando por vezes um aroma mais progressivo a estas canções.

Contudo, o receio de que os Lawmaker não consigam atingir um objectivo primordial neste género de música vem a comprovar-se: “Look At The Sun” rareia em melodias e refrões orelhudos. Tirando “Train Of Illusion” ou "Black Candle (Under Sword's Light)" pouco permanece no ouvido, para além da técnica apurada, ao fim desta pouco mais de meia hora de música. Certamente a produção [des]ajudou a isso. Mas é essencialmente difícil impormo-nos neste quadrante fugindo a essa premissa e… a produção volta a fazer-nos franzir o sobrolho – realmente é uma pena.

Por fim, ficamos contentes por não conseguir apontar influências mais óbvias para o que os Lawmaker fazem. Iron Maiden, Dio, Blaze, Helloween, Rage ou Blind Guardian poderão ser algumas das influências destes paulistas, mas estão aqui suficientemente dissimuladas ao ponto de não os considerarmos um sub-produto barato de outrém. Há versatilidade e carácter q.b. aqui e isto é, definitivamente, um ponto a favor. Com o Brasil conquistado, vamos ver como se comportam os Lawmaker fora dos seus redutos futuramente. [7/10] N.C.

Skypho - Novas datas

Os Skypho actuam na próxima sexta-feira, dia 1 de Fevereiro, com os Lucy Laces na primeira parte dos Hatetrigger no Porto Rio, no Porto. As entradas custam 3,5€ e os espectáculos arrancam às 22h30. Para breve, os Skypho contam ter disponível no Youtube a sua passagem pelo programa “Aquário”, do Porto Canal. Entretanto, podem fazer downloads gratuitos dos seguintes itens da banda:

"Hidden Faces" [Demo CD 2004]:
Vídeo "My Insomnia":
Tema "My Insomnia”:
http://www.myspace.com/skypho

Para além disso, confirmam-se as seguintes datas para os próximos tempos:

22 Fev. – Different Caff [Rio Meão] Final concurso de bandas c\ Blá Blá Blá + bandas a definir
23 Fev. – Fábrica do Som [Porto] c\ Unbridled
08 Mar – Salvador Caffé [Sobreiro – Albergaria-a-Velha] - Concerto acústico
28 Mar. – Artes Jah Nasce [Coimbra] c\ Unbridled
19 Abr. – Quiz Caffé [Albergaria-a-Velha] Concerto acústico
08 Mai. – Estaleiro Teatral [Aveiro]

Review

PRIMITIVE REASON
“Cast The Way”

[EP – Kaminari Records]

Desde sempre uma identidade impar no panorama alternativo português, os Primitive Reason regressam quase no término de 2007 com quatro novas composições na forma do EP “Cast The Way”. Item que, aliás, foi submetido a uma edição inicial limitada, mas que, após isto, estará apenas disponível para download no site da banda – sinais dos tempos de uma indústria “moderna”, naturalmente. Com certeza uma manobra inteligente, nem que seja porque o quinteto multi-étnico de Cascais prepara o seu sexto disco de originais a lançar no final deste ano ao que se junta a celebração dos seus 15 anos de existência. Singulares, principalmente pelo seu néctar sonoro melting-poltiano, mas também por muitos anos de experiência, o colectivo liderado pelo talentoso e inconfundível Guillermo De Llera parece aqui apenas ensaiar um aquecimento para aquilo que poderá ser o seu futuro material. Isto porque, objectivamente, este trabalho sabe a pouco para o legado riquíssimo do grupo. Não desiludindo, estes temas andam num ritmo sereno, mais introspectivo até, e por isso pode entender-se que cause menos impacto.

Contudo, é impressionante como a banda consegue em todas as suas investidas imprimir um ecletismo característico – mesmo que estejamos a falar num trabalho com apenas 18 minutos. Se no tema-título e no single “The Reckoning” temos a força da distorção do rap metal a funcionar em plena sintonia com o ska das guitarras suporte e em “Thus The Rust” o experimentalismo de um “Pictures In The Wall”, novamente com recurso aos "beatboxes humanos", a maior surpresa vem pela transversal influência prog da final “Init Inus”, concretamente pela inteligência do seu compasso. Para além disso, o riff inicial não deixa dúvidas quanto à faceta pesada dos Primitive Reason. E elegemos mesmo “Init Inus” como melhor tema da colheita “Cast The Way”, não só porque “acorda” este trabalho que até aqui andava um pouco sonâmbulo, mas também porque representa a mais bem conseguida fusão deste conjunto de canções. É o peso, a melodia, a perspicaz secção rítmica e ainda, perto do final, uma passagem que nos remete para o jazz e o folclore brasileiro. Um tema como convém dentro do potencial dos Primitive Reason.

Como nota final, podemos ainda concluir que “Cast The Way” oferece uma postura relativamente mais crua em relação aos últimos trabalhos da banda, muito mais exuberantes em termos da complexidade de arranjos e composição. O grupo, que até hoje já registou imensas entradas e saídas de elementos, estreia também aqui o guitarrista Ricardo Barriga e o baterista Pepe de Souza. O destaque maior vai para o último pela subtileza e graciosidade dos seus detalhes.

Nada de propriamente novo neste regresso, mas simultaneamente a prova de que os Primitive Reason continuam muito sólidos e cientes do caminho a seguir – uma das maiores “pérolas” alguma vez geradas no nosso país. [7/10] N.C.

Grindfest 2008 - Segundo assalto próxima sexta e sábado

O Grindfest 2008 arranca já na próxima sexta-feira, 1 de Fevereiro, na vila de Recarei junto às margens do Rio Sousa, e prolonga-se até ao dia seguinte. Do seu cartaz fazem parte, ao todo, 13 projectos de 8 nacionalidades diferentes, 8 dos quais em estreia absoluta em Portugal. O programa fica ainda completo pela exibição de filmes gore, a actuação de DJ’s internacionais, com a presença de stands internacionais de metalgrind market e actividades típicas da região, como o pau de sebo e as máscaras de carne. Os bilhetes estão disponíveis agora só no local e dia do espectáculo a 20€. Fica o programa completo do festival mais extremo do país:

Sexta 1 Fevereiro 21H:
MAC OF NOIZE [República Checa]
MOTORNOISE [Portugal]
HACKSAW [Portugal]
GORE CINE
- Lik Wong
- Na penumbra dos Raios Gama [Trailer]
- Arrombada - Vou mijar na porra do seu túmulo!

DJ SESSION - set_1 Powered by Marco Kunz Tourette Syndrom
DJ SESSION - set_2 Powered by Mr. X aka Dennis van galen Stoma

Sábado 2 Fevereiro 15H:
CRIPPLE BASTARDS [Itália]
GENERAL SURGERY [Suécia]
STOMA [Holanda]

M.A.C. OF MAD [República Checa]
SIMBIOSE [Portugal]
TOURETTE SYNDROM [Alemanha]
FETAL INCEST [Portugal]
REMASCULATE [Suécia]
TINNER [Finlândia]
WALKING CORPSE [Inglaterra]
ZÉS PEREIRAS DE RECAREI [pt]

GORE CINE
- Violent Shit 3
- Infantry of Doom
- The Beyond
- Nekromantik
- Pink Flamingos
- Raiva
- Baiestorf: Filmes de sangueira e mulher pelada
- Curtas da Canibal
- Bêbado

Tuesday, January 29, 2008

Zimmers Hole - Diabos à solta

Fazendo jus ao seu peculiar sentido de humor, os canadianos Zimmers Hole atribuíram o nome “When You Were Shouting At The Devil, We Were In League With Satan” ao seu novo trabalho. Este, que é o seu terceiro disco na carreira, tem lançamento agendado entre 14 e 19 de Março na Europa com o selo Century Media e foi composto pela primeira vez na presença do guitarrista Jed Simon [Tenet, SYL] e do baixista Byron Stroud [Fear Factory, SYL]. O line-up da banda é ainda composto pelo vocalista The Heathen e pelo lendário baterista Gene Hoglan [Dethklok, Death, SYL]. O artwork do álbum ficou a cargo de Travis Smith e a gravação assinada por Devin Townsend. O tema-título do álbum já está disponível no seu Myspace.

Mercenary - A forma das mentiras

Os dinamarqueses Mercenary lançam “Architect Of Lies”, o seu novo longa-duração, a 17 de Março na Dinarmaca e até 26 do mesmo mês em toda a Europa. O sucessor do premiado “The Hours That Remain”, em 2006, na categoria “Melhor Álbum” nos Danish Metal Awards, chega-nos mais uma vez pela Century Media e será acompanhado por uma digressão europeia com os Megadeth durante Fevereiro e Março. “Architect Of Lies” tem artwork de Niklas Sundin [Arch Enemy, Dark Tranquility] e estará disponível em edição limitada com o tema bónus “Death Connection” e um DVD incluindo filmagens da participação dos dinamarqueses no Bang Your Head Festival 2007 e Summer Nights 2007. Ainda, um detalhado studio report e o vídeo promocional para “My World Is Ending”. Como introdução, a banda disponibilizou no seu Myspace o novo tema “Embrace The Nothing”.

Firewind - Ventos premonitórios

“Premonition” é o título do próximo álbum dos gregos Firewind. A banda de metal melódico comandada pelo virtuoso guitarrista Gus G. garante que “este é mais um passo em frente na sua carreira” e que este álbum “não é daqueles em que se ouve a primeira música e já ficamos a saber o que nos reserva o resto do disco”. O sucessor de “Allegiance”, de 2006, tem artwork do brasileiro Gustavo Sazes e pode ser visualizado aqui. “Premonition” tem edição agendada para 24 de Março pela Century Media.

Luctus - Set-list para novo disco definido

Depois de um split CD com os Argharus, os lituanos Luctus, liderados por Simonas, definem o set de músicas que vai constar do seu próximo álbum. São ao todo nove temas de black metal tradicional que recebem como título "Jauèiant Pabaigà Arti" [Feeling The End Is Near]. Á imagem do nome do disco, todas as letras estão escritas em lituano. As gravações do novo trabalho dos Luctus terão lugar no próximo Verão nos conhecidos Phoenix Studios, em Latvia, com Gints Lundberg a comandar as operações. Esta será uma edição da conterrânea Ledo Takas Records.

Flyleaf - Na primeira parte de Korn no Pavilhão Atlântico

Depois de confirmado o regresso dos Korn a Portugal no dia 27 de Fevereiro ao Pavilhão Atlântico, com os suecos Deathstar na abertura, a Everything Is New, organizadora do evento, anuncia agora a inclusão dos norte-americanos Flyleaf para fechar o cartaz. Os Flyleaf são uma banda de metal moderno e alternativo que situa as suas influências em bandas como Foo Fighters, Incubus e Nirvana. O seu primeiro álbum, homónimo, será editado em Portugal no dia 11 de Fevereiro e foi gravado por Howard Benson [Papa Roach, My Chemical Romance, P.O.D.]. Os bilhetes para este espectáculo já estão à venda nos locais habituais a preços entre os 25€ e os 30€.

No Tribe - Vídeo ao vivo no Myspace

Os No Tribe disponibilizaram no seu Myspace o vídeo de “Cão da Morte” ao vivo na quarta edição do festival punk/rock “Punkonchouriço” que decorreu a 3 de Novembro de 2007 no Algueirão. A banda de Lisboa adianta ainda que estão quase terminadas as gravações do seu novo EP.

The Dark Project - Nova demo no próximo mês

Os lisboetas The Dark Project editam em Fevereiro próximo a sua terceira demo. O duo industrial/electro/rock não concretiza o nome do trabalho, parecendo mesmo não haver um para o efeito. Entretanto, é possível ouvir no seu Myspace vários temas de “Down”, a sua última demo editada em 2007.

Monday, January 28, 2008

Corsários - Escreve uma letra para um tema de "Fogo"

O programa Estró, transmitido aos sábados à tarde na Rádio Atlântida, está a promover um concurso que visa premiar a melhor letra escrita para um dos temas do terceiro disco de originais dos açorianos Corsários, "Fogo", que neste momento já está a ser gravado nos estúdios Globalpoint Music, em Ponta Delgada. O passatempo arrancou a 26 de Janeiro e termina a 23 de Fevereiro e dá oportunidade dos cincos autores mais cotados receberem discos autografados dos Corsários, para além de que o vencedor absoluto terá o seu nome sempre associado à autoria da letra, quer no disco como na imprensa, e poderá ainda assistir às sessões de gravação do disco. Podem participar autores de todas as idades, embora os menores de idade tenham de apresentar autorização do encarregado de educação. Podem participar sós ou em conjunto com um co-autor. As letras têm de ser inéditas e escritas em português e serão avaliadas conforme critérios que incluem desde a qualidade global do texto ou poema ao uso correcto do português, semântica e sintaxe. Também facilidade de memorização, sentimento, impacto, originalidade e adequação às restantes letras e estilo dos temas interpretados pelos Corsários na generalidade, assim como o enquadramento no seu próximo álbum. Mais informações pelo e-mail programaestro@gmail.com, ou através dos sites www.programaestro.net e www.corsarios.com.pt onde poderão fazer o download do regulamento e da ficha de inscrição.

Kneeldown - "Volcano" lançado em Fevereiro

Os alentejanos Kneeldown voltam à carga no início de Fevereiro com o novo EP “Volcano”. Este trabalho é composto por cinco temas de um crossover thrash/hardcore e marca a estreia do novo line-up da banda agora composto por Nã [guitarra], Phur [voz] e pEDRomAU [bateria], único membro fundador ainda presente. “Volcano” foi gravado na própria sala de ensaios da banda e misturado e masterizado por Nexion K, guitarrista dos portugueses Reaktor. Este trabalho terá edição em formato digiwallet limitada a 500 cópias e alguns dos seus temas já podem ser ouvidos no Myspace da banda. Pode já pré-encomendar o seu exemplar pelo endereço www.shop.kneeldown.net ou igualmente merchandise da banda ou o ainda disponível EP “06:51AM”.

Headstone e Square - No Fábrica do Som

No dia 16 de Fevereiro os Headstone actuam com os Square na Fábrica do Som, no Porto. As entradas custam 3 euros e os espectáculos iniciam-se às 22h00.

Carnevil - Carnaval metaleiro em Ponta Delgada

A Associação Bit 9 organiza na noite de Carnaval, a 4 de Fevereiro, uma private metal party no Bar Académico, em Ponta Delgada. A grande atracção do evento é a presença dos Hatin’ Wheeler desta feita em formato banda de covers. Os bilhetes custam 10€ e só estarão disponíveis para venda até ao dia 31 de Janeiro no escritório da FAJA na Rua Eng. José Cordeiro, 23 [Casa do Artista R/C] na Calheta, em Ponta Delgada. A Associação Bit 9 avisa que não haverá serviço de bar, mas sim um banquete constituído a partir das receitas de bilheteira. Assim, aconselham-se os interessados a levarem também o seu farnel. Por fim, haverá também lugar a um concurso de fantasias e a um metal karaoke.

Saturday, January 26, 2008

Review

ARSONISTS GET ALL THE GIRLS
“The Game Of Life”

[CD – Century Media/EMI]

Já começa a ser apanágio das jovens bandas norte-americanas com designações estilísticas que terminam em core aplicarem nomes estranhos e longos aos seus álbuns, temas ou mesmo ao seu próprio nome. Este colectivo da Califórnia segue esta tendência e o produto musical não foge a toda esta imponderação lírica.

Outros pormenores também indicam a afinidade com esta tendência cada vez mais descomprometida, ensaiada ou não, de como este tipo de bandas se gera – brincadeira de amigos numa garagem a compor temas de temperamento desenfreado que de um momento para o outro se transforma numa fórmula “milionária” e os transporta das suas “rústicas” salas de ensaio para os mais variados palcos por esse mundo fora. Podíamos invocar nomes como See You Next Tuesday quer pelas semelhanças musicais, quer pela história da sua origem, para estabelecer comparações, mas outros grupos como Despised Icon, Cryptopsy, Psyopus ou Between The Buried são necessários também para ajudar a descrever a insanidade sónica que por aqui vai.

Não tão arrojados tecnicamente, mas de certa forma imprevisíveis como uns Psyopus, não tão crus como uns Despised Icon mas com uma equiparável pujança death/grindcore, os Arsonists Get All The Girls comprovam que não se amarram em grandes conceitos para criarem a sua música nem estão muito preocupados com os ouvintes mais macios.

Contudo, os estranhos sintetizadores são o maior dístico dos AGATG, levando a que a editora reclame Dream Theater como uma das influências da banda. Exageros à parte, a verdade é que este elemento até torna a música dos AGATG mais difícil de compreender, já que por vezes empresta um ar tirolês, psicadélico e dançável a alguns destes 12 temas. Porém, todo o resto é salpicado com uma agressividade corrosiva.

Os AGATG não serão com certeza um dos projectos mais criativos neste tipo de cocktail, muito longe disso, mas ainda assim convencem pela sua atitude e relativa audácia na mistura de certos elementos. Conseguem assim uma considerável exposição e até uma tournée europeia com o lançamento de “The Game Of Life”. Período que só fica marcado negativamente pelo trágico desaparecimento de Patrick Mason, baixista da banda, que morre por causa indeterminada a 30 de Novembro do ano passado na noite em que completava 21 anos. Um desolador acontecimento que, no entanto, não deita por terra o projecto que já prometeu continuar segundo a vontade do malogrado Pat. E ainda bem, porque a banda tem o seu valor. [7/10] N.C.

Friday, January 25, 2008

Threshold - Última confirmação para o Sweden Rock Cruise

Os Threshold são o mais recente nome confirmado para fazer parte do excêntrico evento Sweden Rock Cruise da autoria da revista sueca com o mesmo nome que comemora com vários concertos no alto mar a sua 50ª edição. O cruzeiro terá a duração de 24 horas e proporciona acesso a três bares de Metal, com DJ’s, karaoke, piscina e sauna, casino, lojas livre de impostos, restaurantes, etc. Também os colegas de editora Edguy estão confirmados para o evento que serve também de aquecimento para o Sweden Rock Festival que decorre em Junho.

In Flames e Korpiklaani - Filmam novos videoclips

No passado fim-de-semana os In Flames registaram o videoclip para “The Mirror’s Truth”, o próximo single da banda a ser editado a 7 de Março. Este é extraído de “A Sense Of Purpose”, o seu novo trabalho, que vê a luz do dia no dia 4 de Abril pela Nuclear Blast, e comporta três temas que não constarão no álbum. O videoclip em questão foi filmado no norte da Suécia, numa vila chamada Skelleftea, e produzido pela Popcore Film. Aceda à capa do novo CD dos In Flames e seu alinhamento aqui. Também os folkers finlandenses Korpiklaani filmaram recentemente o videoclip de "Metsämies”, tema retirado do vindouro “Korven Kuningas”. As fotos das sessões de filmagem de "Metsämies" e um preview dos temas de "Korven Kuningas" estão disponíveis aqui.

Job For A Cowboy e As I Lay Dying - Videos online

Estão disponíveis online os videoclips de “Altered From Catechization” dos Job For A Cowboy, extraído do seu aclamado álbum de estreia “Genesis”, e “The Sound Of Truth” dos As I Lay Dying, proveniente do seu mais recente álbum “An Ocean Between Us”. Os links são os seguintes:

- “Altered From Chatecization”
- “The Sound Of Truth”

Cataract - Cinco novamente

Os Cataract dão as boas vindas a Nico Schläpfer dos End of Suffering e Timor como novo baixista da banda. Este já participará na festa de 10º aniversário e lançamento do seu quinto álbum que decorre a 20 de Março em Zurique, na Suiça. Para os mais curiosos, a banda também vai estar presente no concurso “Karaoke From Hell” que vai decorrer no Mascotte Club, em Zurique, no dia 29 de Janeiro, e é da autoria de Martin Ain dos Celtic Frost. Os Cataract vão participar no certame com uma cover, bem como outras sete bandas.

Gorerotted - John sai entra Nate

John Rushforth já não é mais o baterista dos ingleses Gorerotted. A separação “foi uma decisão difícil” para a banda e esta garante: “não foi nada pessoal”. Teve sim a ver com compromissos e questões profissionais. No entanto, John continuará a fazer parte das suas outras bandas, Infected Disarray, Hades Lab e Detrimentum, bem como continuará a gerir a sua Grindethic Records. Entretanto, a banda já encontrou um substituto em Nate Gould dos também ingleses Screamin’ Daemon. Este já entrará no processo de composição do novo álbum, que já está a decorrer, e que se chamará “Get Dead or Die Trying”. Prevê-se que chegue este Verão aos escaparates pela Metal Blade.

Amon Amarth - Recarregam baterias

Os Amon Amarth acabaram de terminar a última volta da sua tournée mundial para o álbum “Fate of Norns” que passou pela Austrália e Nova Zelândia. Embora o grupo sueco ainda tenha algumas datas para cumprir na próxima Primavera e Verão, entre elas no Tuska Festival, na Finlândia, e no evento Sweden Rock Cruise que celebra a 50ª edição da revista Sweden Rock e decorre durante 24 horas em mar alto, os Amon Amarth garantem que o seu próximo grande objectivo é começar a compor o seu próximo disco. A banda tenciona regressar aos Fascination Street Studios em Maio para gravar com o engenheiro e produtor habitual Jens Bogren.

Autumn - Nienke confirma saída

A voz dos Autumn, Nienke de Jong, confirmou nos últimos dias a sua saída da banda no final de Fevereiro. Os motivos anunciados foram a sua vontade de se dedicar mais ao seu estúdio Graveland, a sua banda DejaFuse e alguns problemas de saúde. A separação é amigável e inclusive estão marcados dois espectáculos de despedida para Nienke a 15 e 16 de Fevereiro, na Holanda, em Apeldoorn e Lierop, respectivamente. A banda espera anunciar o seu substituto nas próximas semanas já que se prepara para começar a escrever o sucessor de “My New Time”.

Colhões de Ferro III - Underground ao rubro amanhã nas Caldas da Rainha

Amanhã [26] decorre a terceira edição do festival Colhões de Ferro no Centro de Juventude das Caldas da Rainha. As bandas presentes serão os Cripta do Bruxo, Esclerose, Step Out, Null, Vizir e Panzerfrost. Os bilhetes custam 3€ e os espectáculos arrancam às 22h00.

Dark Fortress - "Eidolon" lançado em Fevereiro

Os Dark Fortress regressam aos discos a 25 de Fevereiro com “Eidolon”, o seu quinto da conta pessoal, segundo para a Century Media. O novo trabalho da veterana banda de black metal germânica foi gravado nos seus At The Crypt Studios e aguarda a conclusão da agenda da sua primeira digressão europeia em larga escala. A acompanhá-los estarão os Helheim e os Vulture Industries. Enquanto isso, está já disponível o tema “Edge of Night” no Myspace da banda.

Ayreon - O génio de volta

Está disponível desde segunda-feira, 22 de Janeiro, a nova obra do mestre holandês do rock progressivo, Arjen Lucassen, com os seus Ayreon. O novo disco da banda tem o título de “01011001” e como já vem sendo regra nos trabalhos do multi-instrumentista conta com inúmeras e ilustres colaborações. Do seu luxuoso elenco contam-se Hansi Kürsch [Blind Guardian], Jonas Renkse [Katatonia], Daniel Gildenlöw [Pain Of Salvation], Bob Catley [Magnum], Steve Lee [Gotthard], Jorn Lande, Anneke van Giersbergen [ex-The Gathering], Tom Englund [Evergrey], Simone Simons [Epica], Ty Tabor [King's X], Floor Jansen [After Forever], Derek Sherinian [ex-Dream Theater, Planet X], Tomas Bodin [Flower Kings], Ed Warby [Gorefest] e Michael Romeo [Symphony X], entre outros. “01011001” está disponível pela Inside Out em edição 2CD jewelcase, edição limitada em 2CD+DVD slimcase e edição estendida, caixa desdobrável, em 2CD+DVD com booklet de 36 páginas. O DVD é composto por 50 minutos de cenas de bastidores “01011001”, com os músicos convidados a chegarem ao aeroporto, a cantarem em estúdio e a serem entrevistados, um CGI de seis minutos do tema “Beneath the Waves”, seis temas bónus com Arjen a cantar, as sessões de gravação do baterista Ed Warby, um teaser e bloopers. Veja uma apresentação do álbum aqui.

If Lucy Fell - Apresentam disco no próximo sábado

“Zebra Dance”, o novo disco dos If Lucy Fell, será apresentado este sábado, 26 de Janeiro, na ZDB Lisboa. As entradas custam 6€. O sucessor de "You Make Me Nervous" chega às lojas dois dias depois pela Rastilho Records. Estão também já confirmadas as seguintes datas para os If Lucy Fell:

- 8 Fevereiro – Bar Alfa (Leiria)
- 9 Fevereiro – Fnac Sta Catarina 16:00h (Porto)
- 9 Fevereiro – Maus Hábitos 23:00h (Porto)
- 7 Março – CAE (Portalegre)- 22 Março - MusicBox (Lisboa)

4TheKids - Blog punk/hardcore lança net tape

Chama-se “This is The Oath That Makes Us Free” e trata-se da primeira net tape de punk/hardcore editada em Portugal. Está disponível para download desde ontem e é da responsabilidade do blog 4TheKids, um dos itens mais importantes para este tipo de música no país. O trabalho é composto por 12 bandas entre as quais os For The Glory, Step Back!, Kontrattack, Bulletproof, Overcome, entre outras. Faça download aqui.

Hardsound TV - Com documentário sobre Neurosis

A Hardsound TV disponibiliza um mini-documentário dos Neurosis sobre a gravação do seu último álbum, “Given To The Rising”, exclusivamente legendado em português. Entre outras novidades do canal online estão as entrevistas aos nacionais Komodo Wagon e Cinemuerte. Veja aqui.

In Peccatvm - Baterista ausente

Gualter Couto, baterista dos Nableena, vai estar este sábado [26] a substituir João Oliveira no próximo concerto dos açorianos In Peccatvm que decorre no Teatro Ribeiragrandense, em S. Miguel. João Oliveira encontra-se impossibilitado de actuar por questões de saúde. Este concerto tem a nuance de celebrar o 10º aniversário da banda de doom/gothic de S. Miguel.

Dead Shape Figure - Álbum este semestre

Os Dead Shape Figure são a última aquisição da francesa Season of Mist. Debitam um thrash/death metal e editam o seu primeiro álbum no primeiro semestre de 2008, “The Grand Karoshi”. Já é possível ouvir um teaser deste trabalho no seu Myspace.

Klone e Black Comedy - Temas de avanço

A Season of Mist disponibilizou dois temas dos próximos trabalhos dos franceses Klone e dos noruegueses Black Comedy no seu site oficial. Tratam-se de “Promises” retirado de “”All Seeing Eye”, para os primeiros, e “Prime Specimen” de “Instigator”, para os segundos, ambos a serem lançados em Fevereiro. Os Klone são um grupo com um som eclético que para além do Metal mistura Rock, Stoner, Grunge e elementos psicadélicos, com a particularidade de acorrerem a instrumentos como a harpa, o saxofone e a flauta chinesa. Os Black Comedy assinam uma sonoridade industrial/gótica.

Wednesday, January 23, 2008

Crónica

METAL BASTARDO

Tenho chegado a algumas conclusões [muitas até] ao longo destes cinco anos ligado a um projecto jornalístico como o da SounD(/)ZonE que me consome largas horas diárias de trabalho desde a sua primeira edição em papel em Fevereiro de 2003. Aliás, a tendência foi a da entrega aumentar descontroladamente até atingir contornos obsessivos. Já não há a mínima vontade de fazer o que quer que seja que não estar ligado à música diariamente, quer como escriba, quer como músico, quer mesmo como organizador de eventos – aspecto que se desenvolveu naturalmente com a sede “sanguinária” de ver concertos e quebrar o marasmo insular nestes termos, dando azo assim também a um espírito DIY cada vez mais urgente.

Quanto a crónicas, desabafos ou textos pseudo-intelectuais como esse que agora aqui lêem, a SounD(/)ZonE nunca foi muito pródiga uma vez que o trabalho editorial básico e “cru” consome-me a maior parte do tempo. Para além de que gosto de ser uma pessoa muito discreta e que passa ao lado de muita discussão mesquinha e descabida que se propaga no éter social, metaleiro ou não, a uma velocidade, diria, quase “virtual” [se atendermos também a que agora é quase tudo feito pela Internet].

Entretanto, aproveito o meu estado de espírito um pouco revoltoso para actuar em concordância com os meus sentimentos “quentes”, já que estas são as potenciais alturas em que as coisas flúem da forma mais verdadeira possível. E desta vez apetece-me ser mais objectivo, até porque corro o risco de ser mais bem compreendido e evitar a retórica desnecessária que afugenta, como o diabo da cruz, o preguiçoso leitor português.

Contudo, é difícil ser-se sucinto com tanto que nos invade e atormenta o pensamento, por isso… se calhar ainda vai doer um pouco. Ainda assim, os que quiserem ficam…

Meus amigos, qual panela de pressão, a paciência e a boa vontade também têm limites, esgotam-se e, por vezes, há a necessidade de deixar “saltar a tampa” – sinal de ebulição. Enquanto isso, este é o escape, o papel – confidente em trabalhos de psicólogo – que sempre nos acode, é legítimo e até bem mais barato. O que me tenho a queixar é bem mundano, quotidiano e previsível – o decadente estado dos nossos princípios enquanto seres racionais e sociais. Falo concretamente no perímetro do Metal, embora tudo convirja, naturalmente, para um retrato geral.

Já falei em algo parecido numa crónica recente num projecto jornalístico açoriano, mui nobre, chamado Metal Bit IX [que muito parente metaleiro – bastardo – nem se deu ao trabalho de adquirir, nem que fosse porque estaria a apoiar algo inédito] e, provavelmente, vou continuar a falar até que o sangue me corra, até que haja força, lucidez, carácter e o estado de alma pútrido dos outros não me contagie e corrompa.

Muitos já desistiram de lutar, em alguns casos compreensivelmente... Mas até que ponto isto se vai continuar a dar? É certo que para o bem dessas pessoas que precisam de garantir a sua subsistência, a comidinha na mesa, mas enquanto isso o Metal “derrete-se” ao calor nuclear da imoral e inculta legião de portugueses.

Nós metaleiros somos uma minoria social. Acho que ninguém aspira a que o Metal esteja a dominar as tabelas de vendas e preferências das pessoas ou se torne um mercado de “fast food” de que todos se socorrem para facilmente vencerem na vida. Somos pequenos meus amigos e pequenos continuaremos a ser. Mas não precisamos de ser assim tão pequenos.

As pressões da vida e a falta de carácter – e de muitos “colhões” [desculpem-me, mas assim parece convir ser] – faz com que continuemos a ser os “coitadinhos do costume”. Eu sou apenas mais um guerreiro cheio de utopias, com uma lâmina bem cega, como é a mensagem escrita, em riste e que tenta virar os hábitos e costumes do povo cada vez menos “negro”.

Contudo, o que é que se pede essencialmente? Carácter, como já foi dito [palavra banal, mas tão complexa na prática], união e alma. Isso só vem à tona quando se sabe o que se quer e o que se é. Acredito profunda e fundamentadamente que a maior parte das pessoas não sabe qual o seu papel na sociedade nem na sua vida. E isto numa comunidade metálica ainda mais reduzida toma consequências ainda mais graves. Já se falou muito nos indefectíveis do underground mas não é por isso que aqui estou, se bem que… gratidão para com as “raízes” é sempre de uma nobreza impar e nunca nos devemos esquecer delas.

Sou da opinião de que quando se reclama amar ou adorar alguma coisa tem que se assumir esse compromisso. Sim, porque de leviandade estou eu, pelo menos, farto! A palavra e aquilo que se diz da boca para fora tem para mim uma importância desmedida, talvez por isso me agarre tanto à escrita e à comunicação. Não há sentido em se estar sempre a saltar de galho em galho ou então subirmos para um galho que não é o nosso. A consciência e a honestidade são também valores hipérboles. E a postura deve ser igual em qualquer contexto. O filtro deve ser passado e deixar correr apenas aqueles que estão no galho certo. As maçãs podres também devem ser todas deitadas fora...

Portanto, para os que ficam ou para aqueles que aspiram ficar, a entrega tem que ser desenfreada – só assim se tornam as coisas funcionais. No Metal a máquina só funciona se todos os componentes desta engrenagem funcionarem em pleno. Apesar de me considerar despreconceituoso, acredito que não se pode dar muito espaço a meios-termos quando toca a apoiar este movimento – movimento que supostamente deveria ser “negro” só de tradição estética, não de ideologia. Não queremos mentes com mofo, mas sim iluminadas em princípios e ideais. Somos poucos, como já se disse, portanto, só nos resta sermos devotos em total cumprimento da palavra para que a “roda” gire harmoniosamente. Não estou a dizer nada de novo, é certo… Mas porque raio me sinto impelido a repetir a reza?

Abdiquei de tudo para me dedicar a esta cena que já sabia que seria ingrata… mas não tanto. Vivo um papel neste cenário como músico, jornalista e promotor tudo de forma amadora, sem auferir o que quer que seja, e é este precisamente o problema que me esmaga contra a parede e me empurra para o precipício. Um pequeno parêntesis: desde que comecei este texto um pouco da calma voltou lentamente, mas vou tentar lutar contra isso; porque urge ser directo e dizer as coisas frontalmente.

Repito-me de outras ocasiões: nós somos única e exclusivamente produto de nós próprios e das nossas acções. Vivo diariamente a levar com a falta de fé dos outros e a ouvir perguntas como: “mas isto vai-te dar dinheiro?” Não, não vai dar… enquanto aqueles que dizem gostar de Metal de verdade estiverem completamente equivocados. E curioso, eu oiço esse tipo de perguntas principalmente de músicos; músicos que estão há anos nisso [até aqui tudo bem] e que ainda se dão ao trabalho de gravar álbuns. Hmmm, há aqui alguma intenção mais séria? É lógico que me podem dizer que este é um bem necessário para se poder continuar a dar concertos. Mas também é estranho quando começam a chover comentários positivos e começam-se automaticamente a insuflar egos de quem parecia afinal estar aqui por diversão. Este depois rebenta em comentários do género: “devíamos ganhar dinheiro todas as vezes que tocássemos, ter catterings apetitosos e direito a estadias e comitivas ostentosas”. Começam-se a exigir coisas e a impor direitos sorrateiramente só porque as pessoas começaram a falar bem do seu trabalho e depois… damo-nos a pensar: “Afinal, estamos a sério ou não?”

Ganhar dinheiro com a nossa arte não é nem nunca será um crime. Em abundância também não fará mal, mas convém que seja bem aplicado e faça jus ao valor do produto em questão. Contudo, se for, essencialmente, para garantir a nossa permanência nisso é mais do que justo. Eu estou nesta fase; na fase em que preciso que alguma coisa se dê, algo revolucionário... Caso contrário serei aniquilado dessas andanças num futuro não muito longínquo.

Voltando um pouco atrás, em relação aos músicos, as queixas começam a surgir precisamente quando as coisas começam a ter pernas para andar mas aos poucos começa-se a perceber que afinal não há retorno compatível com o nosso esforço. Crise económica e público aculturado são dois termos chave para a causa deste problema. Somos partes de um organismo social em que se uma peça começa a fraquejar toda a estrutura fraqueja. Ora, não compramos discos nem aparecemos nos concertos para dar apoio? O que é que querem [atenção que tenho que discernir que falo, sobretudo, para o público açoriano]? Quem tem sites, blogs ou zines também acaba por não ter maneira de manter um trabalho condigno porque não há tempo para dedicar a esta função e evoluir – e atenção que estamos a falar de promoção, uma peça basilar em todo este processo. Portanto, é tudo feito à papo-seco. Não pode haver frutos…

Sendo assim, as críticas que se mandam, de dentro para fora, são tiros de pólvora seca, projécteis perdidos. São lançadas em todas as direcções numa órbita que atinge toda a gente menos a nós... Que cínico não?

Meus amigos, culpem-se a si e somente. A si que é metaleiro. Vou deixar a timidez e as regras sagradas de boa educação que me foram herdadas dos meus pais para assumir uma arrogância necessária… por força das circunstâncias.

Considero o meu trabalho muito honesto ao longo de todos estes anos de “vício” e, de certa forma, singular em termos de alguns resultados práticos. Tenho sido abençoado pela amabilidade, prestabilidade e confiança de muita gente ligada a esta indústria que me dá acesso a discos e entrevistas memoráveis, mas quero também acreditar que por força da minha entrega e persistência consegui um percurso que deixará marca, sobretudo, nos Açores. Esta devia valer-me outra gratidão e reciprocidade.

Não venho lavar a cara a ninguém nem ameaçar o meu abandono dessas lides por culpa doutrem, mas digo-vos que pelo cenário actual não será possível progredir até aos níveis convenientes. O estado moral das pessoas não o permite. Devoção e seriedade são palavras que já não fazem parte do vocabulário das pessoas. Ser hoje, é ser leviano! Em bom português, somos uns “bandalhos”…

O metaleiro é aquele espécimen, na sua globalidade, pouco consciente de como as coisas funcionam. É pouco culto e instruído, na sua esmagadora maioria repito. Não percebe também que pessoas como eu no meio são importantes [muito até] nesta cadeia. Da mesma forma o é o músico, o público, os agentes, os managers, as editoras, etc. Só com uma dedicação incondicional é que as coisas podem evoluir – essencialmente nos Açores onde as dificuldades triplicam ou quadruplicam. A dificuldade de erguer eventos na região é dramática – tudo custa imenso e ainda por cima o público afecto ao Metal é muito reduzido, quase insignificante se formos a ver quem realmente vive isso e os que dizem que vivem. São os custos de muito do que já se falou aqui e daquela coisa que começa com um “i” tem 12 letras e acaba em “e”.

Para além disso há público muito rude, cínico e ingrato. Ora vejamos: lembro-me do primeiro dia do Alta Tensão em S. Miguel – evento de envergadura absolutamente inédita na região – em que foram apanhados pelas câmaras de um site local muito conhecido, meia dúzia de quilómetros ao lado, à mesma hora, músicos de muitos anos no Metal a participarem noutro evento de índole completamente diferente – um concerto de Bob Sinclar. À mesma hora, no mesmo dia, relembro, actuavam no Coliseu Micaelense Anomally, Forgodsfake, Concealment e Morbid Death. Ora, isto sem querer ser fundamentalista, faz algum sentido? Não temos onde cair mortos e justifica-se que essas figuras da suposta elite metálica açoriana estejam a desprezar e a trocar um evento como o Alta Tensão, em que os cabeças foram os Mnemic [tanto que toda a vida nos queixamos que nunca vinha ninguém internacional aos Açores] por um senhor do “txacapum, txacapum”? Bom, bem sei que o ambiente da Vinha da Areia, em Vila Franca, durante esta noite seria muito mais “quente” e não ofereceria tanta “mangueira” como no Coliseu [isto para bom entendedor meia palavra basta]. E meus amigos, isso é só a ponta do iceberg…

Gostava de ter explicação para tal comportamento… e outros. Muito se diz e pensa que o metaleiro é aquele rebelde da sociedade, que pensa por si, segundo princípios muito personalizados, sóbrios e coerentes em comparação com o povo que vive de pensamentos incutidos. Não meus amigos, somos os mesmos fantoches, o mesmo boneco que é levado de empurrão para normas predefinidas. Não somos tão imponentes como isso!

Esta era uma oportunidade única de mostrar gratidão às pessoas que tudo fizeram para tornar esta “revolução” possível nos Açores e, sobretudo, por respeito à camisa que dizem vestir… E já que neste caso se trata de músicos digam-me: onde está a alma de quem cria arte, que é onde tudo começa, já que parece não haver a mínima predisposição para apoiar o estilo? O que merecemos sendo assim? Nada obviamente… A não ser continuar com a nossa meia dúzia de concertos por ano e continuar a ter músicos e bandas de qualidade duvidosa – sim, porque embora se tenha crescido estamos muito longe do nível da concorrência. Não se pense já que o vizinho do lado “adora a minha banda”, como se ouve músicos a colocar na boca dos outros. Não tinha mal nenhum isso se fosse verdade ou se não demonstrasse um ridículo excesso de confiança.

Bom, e pensando bem, como isto já vai muito longo e só meia dúzia de pessoas é que o vai ler, vou ficar por aqui e deixar também abertas hipóteses de me exprimir mais tarde com este pretexto e formato. Contudo, termino aconselhando: revejam muito bem a vossa posição nisto, porque eu, pelo menos, não estou para continuar a levar com a falsidade de muitas pessoas. Até nem gosto de pensar nas vezes em que vou a concertos e afinal oscila “plástico” nas partículas do ar ou então em simples conversas de café sobre este nosso universo. E para aqueles que me continuam a desmoralizar, continuem o vosso caminho e eu o meu…

Cada um acredita no que quiser,
Nuno Costa

Monday, January 21, 2008

SWR Warm Up Sessions - Primeira ronda esta sexta

Na próxima sexta-feira, dia 25, decorre a primeira SWR Warm Up Session no Cine-Teatro de Corroios [substituindo Linda-a-Velha que havia sido anunciado anteriormente pela organização] pelas 21h00. As bandas intervenientes são os Sublime Cadaveric Decomposition, VS777, Seven Stitches e Confront Hate. O bilhete para esta noite custa 10€.

Sylosis - Novidade Nuclear Blast

Os britânicos Sylosis são a mais recente aquisição da alemã Nuclear Blast. Explanam uma mistura épica, técnica e melódica de thrash tradicional. A banda prepara-se para lançar o seu primeiro longa-duração ainda este ano, sendo que já garantiu ter 97% do seu material composto e está prevista a entrada em estúdio em Março próximo com o produtor Scott Atkins. Entretanto, o EP “The Supreme Oppressor” estará nos escaparates no dia 18 de Fevereiro. Conheça o projecto aqui

ESP - Lança guitarras com "assinatura" Chimaira

Foram introduzidas duas versões signature da marca de guitarras ESP com a chancela de Rob Arnold e Matt Devries, guitarristas dos Chimaira. Entre os modelos em questão estão as ESP LTD RA-600, com floyd rose e pickups EMG 81, para Rob, e LTD MFA-600 baseada no próprio formato personalizado do modelo ESP Viper de Matt. Obtenha mais detalhes aqui.

Thrashmania 5 - Data aproxima-se

Aproxima-se o Thrashmania 5 que terá lugar no dia 9 de Fevereiro no Cine-Teatro de Corroios. Os cabeças-de-cartaz desta edição são os germânicos Desaster, sendo acompanhados pelos espanhóis Omission e pelos nacionais Web e Revolution Within. Os bilhetes estão à venda nos lugares habituais a 13€ [venda antecipada] e 15€ [venda no dia]. Os concertos arrancam às 21h00. Relembra-se que estará disponível uma excursão do Porto a 28€ incluindo viagem e bilhete. Mais informações através de revolutionwithin@gmail.com e web@aeiou.pt.

Down - Estreia em Portugal

Esta é certamente uma das maiores surpresas do ano que ainda agora começou. Os Down de Phil Anselmo e Rex Brown [ex-Pantera], Peeper Keenan [vocalista e guitarrista de Corrosion Of Conformity], Kirk Windstein [vocalista e guitarrista de Crowbar] e Jimmy Bower [baterista de Crowbar e Eyehategod] vão estrear-se em solo português no dia 27 de Abril no Coliseu de Lisboa. O grupo de Nova Orleães vem apresentar assim o seu novo disco, o terceiro da conta pessoal, “Down III: Over The Under”, lançado em Setembro de 2007. Os bilhetes para esta data única já estão à venda nos locais habituais pela quantia de 20€. O início do espectáculo é às 20h00.

Fonzie - No final do mês em Viseu

Os Fonzie actuam no dia 31 de Janeiro no Luna Bar, em Viseu, num concerto que promete “reviver o início” da sua carreira. A primeira parte do espectáculo fica a cargo dos Promethevs cujo início é às 21h30.

Heaven Shall Burn - Pre-listening de "Iconoclast" disponível no Myspace

Os Heaven Shall Burn decidiram aguçar o apetite dos fãs em relação ao vindouro “Iconoclast” disponibilizando amostras de todos os seus temas no seu Myspace. Esta iniciativa decorre entre 18 e 25 de Janeiro, três dias antes de ser lançado pela Century Media. “Iconoclast” será lançado também em LP e em versão CD+DVD incluindo o concerto na integra dos Heaven Shall Burn no Wacken Open Air 2007, o videoclip de “Counterweight”, uma galeria de fotos e uma sinopse de “Iconoclast” que nos permite ter uma visão mais íntima do conceito do disco.

The Ocean e Hatchet - "Baixas" no line-up

Os californianos Hatchet estão de momento à procura de um novo baterista fixo, após a saída, por razões pessoais, de Slave. Saiba todas as condições para aspirar ao lugar mandando uma mensagem à banda pelo seu Myspace ou pelo e-mail hatchet.metal@gmail.com. Também os The Ocean estão à procura de um baixista para os próximos tempos já que os actuais apresentam-se incapazes de corresponder à intensa agenda da banda. Os interessados deverão pedir informações através de info@theoceancollective.com.

Woe of Tyrants - Revelam nome de novo disco

“Kingdom Of Might” é oficializado como nome do primeiro álbum dos Woe Of Tyrants para a Metal Blade. Os estúdios Foundation e o produtor Joey Sturgis [The Devil Wears Prada, Gwen Stacy] foram os escolhidos a sua captação. Enquanto se desconhece a data de lançamento de “Kingdom Of Might”, fica um aperitivo no Myspace da banda pelo tema “The Seven Braids of Samson”.

Bolt Thrower - Escrevem novo álbum

Os ingleses Bolt Thrower encontram-se de momento em fase de composição do seu próximo álbum, a registar no próximo Verão. Esta razão justifica o silêncio e ausência da banda nos últimos tempos que já garantiu que em 2008 aparecerá apenas é um festival enquanto o sucessor de “Those Once Loyal”, de 2005, é misturado e masterizado. A oportunidade surge entre 7 e 9 de Agosto no festival Party. San Open Air em Bad Berka, na Alemanha.

Hate Eternal - Novo tema disponível para download

Com o aproximar da data de lançamento de “Fury and Flames”, o novo disco dos Hate Eternal nos escaparates a 22 de Fevereiro, a Metal Blade disponibilizou para download o tema “Bringer Of Storms”. Aceda aqui.

Metal Blade - Edita colecção de vinis

“Downburst” dos Brainstorm e “Cataract” dos Cataract são os dois primeiros trabalhos a editar pela Metal Blade em formato picture disc vinyl no âmbito de uma série de edições com o epíteto “Metal Blade Vynil Fan Edition” para 2008. Estes discos serão limitados a 500 cópias e catalogados com um autocolante especial prateado. A editora alemã já garantiu que desta colecção farão parte discos já editados e alguns inéditos. Os colecionadores deverão dirigir-se rapidamente a www.shop.metalblade.de.

Foxy Shazam - Novo videoclip online

Está disponível no Youtube o primeiro videoclip a retirar de “Introducing”, o primeiro álbum dos Foxy Shazam para a New Weathermen, cujo título é “A Dangerous Man”. “Introducing” é lançado hoje e revela o trabalho de uns norte-americanos distinguidos por um punk com presença forte do piano e influências de At The Drive-In, Gogol Bordello ou Man Man. A banda encontra-se neste momento a cumprir uma extensa digressão pelos Estados Unidos ao lado dos colegas de editora Heavy Heavy Low Low. Aceda ao vídeo aqui.

Friday, January 18, 2008

Review

GWYDION
“Ynys Mön”
[CD – Trollzorn/Recital]

Sete anos separam este do último lançamento dos Gwydion. Ao todo são quatro trabalhos numa carreira de quase 13 anos que culmina finalmente com um longa-duração. Este sexteto de Lisboa vem demonstrando ser o resultado de um progresso lento mas sustentado, e após conferirmos “Ynis Mön” quaisquer que tenham sido os motivos para a banda estar tão ausente passam a estar legitimados.

Paralelamente aos seus anteriores trabalhos, o regresso dos Gwydion demonstra, em primeira linha, não só um evidenciado crescimento como o aglutinar de um novo elemento no seu som – o folk. Uma bem conseguida introdução, com uma directa e imagética recriação dos campos de batalha medievais onde os vikings preparam as suas lâminas para o combate, sempre benéficas nestes contextos mesmo que já muito exploradas, antecedem um “Rebirth” de guitarras muito fortes – que comprovam a boa qualidade da gravação – e com um certo ar festivo muito graças aos acordeões quase omnipresentes. A dinâmica do disco é reforçada pela sábia divisão de samples pelo início de alguns temas, empurrando-nos inevitavelmente para um cenário medieval em que quase conseguimos captar os seus elementos na plenitude dos nossos sentidos. Tocar metal com influências folk implica, naturalmente, uma capacidade de conceber ambientes ancestrais da forma mais palpável possível, e isso os Gwydion, sem o mesmo orçamento que outros portentos internacionais, conseguem condignamente alcançar em “Ynis Mön”. Turisas, Tyr ou Korpiklaani vêm-nos à memória nestes momentos.

Mais à frente, e apesar da sua batida surpreendentemente dançável, encontramos em “Inquisition Queris” um dos temas mais obscuros deste trabalho e que invoca uns Dimmu Borgir na fase “Enthrone Darkness Triumphant”. Influência que comprova a essência black sinfónica que estes lisboetas carregam desde o início da sua carreira e que, aliás, se desenvolve ainda mais na seguinte “Descent Of Don”, principalmente pelos teclados de Dani e pela entoação de Ruben. Ora mais black metal e agressiva, ora mais folclórica e pagã, graças à obrigatória inclusão de instrumentos tradicionais, a música dos Gwydion explora bem dois mundos que a experiência de largos anos de existência fez convergir numa nova abordagem e na sua fórmula mais consistente de sempre. Acreditamos, por isso, que os fãs de Finntroll e Thyrfing não deverão desgostar do que se ouve em “Ynis Mön”, muito menos os fãs portugueses que com certeza ficarão surpreendidos com mais este bom lançamento nacional. Um regresso cheio de vitalidade e garra que demonstra uns Gwydion no bom caminho. [7/10] N.C.

Thursday, January 17, 2008

Megadeth - Glen Drover abandona

Recentemente, os Megadeth vieram a público esclarecer que a saída do guitarrista Glen Drover deve-se ao facto do músico querer passar mais tempo com a família. Da mesma forma, a agência de booking da banda vem garantir que não estão canceladas nenhuma das datas da sua digressão internacional, ao contrário do que relatam rumores na Internet.

The Band Apart - Este sábado no Luna Bar

No próximo sábado, dia 19, os madrilenos The Band Apart deslocam-se ao Luna Bar, em Viseu, para uma actuação com os Unbridled, de Viseu, e os As Cold As Blood, de Lisboa. O espectáculo tem início às 21h00 com os bilhetes a custarem 2,5€.

Tool - A história de "Vicarious" em DVD

Os geniais Tool lançam a 4 de Fevereiro na Europa o DVD “Vicarious”. Este lançamento contém o videoclip do tema título – extraído do seu último álbum “10,000 Days” – e uma viagem através da história sobre o trabalho de efeitos especiais de Adam Jones [guitarrista dos Tool] e o processo e pessoas envolvidas na criação do vídeo. Será também possível ficar a conhecer a obra do autor do singular artwork de “10,000 Days”, Alex Grey. Os comentários ficaram a cargo do comediante David Cross.