Monday, August 31, 2009

Review

NOCTEM
“Divinity”

[CD – Noisehead Records]

Se a expressão “de Espanha nem bom vento nem bom casamento” já perdeu significado há várias décadas, e hoje a relação política e económica entre os dois países é cooperativa e interdependente, na música extrema começa também a consagrar-se esta postura. São cada vez mais as bandas espanholas a dar um pulinho ao nosso extremo ibérico com os seus álbuns em riste para entrar pelas nossas salas de espectáculos e, principalmente, a música que criam começa aos poucos a revelar suficiente interesse para o nosso, nem sempre mesquinho mas também exigente, público. O caso dos Noctem é elucidativo.

Surgem em 2001 em Valência e desde então já atiraram para o mercado duas demos e um álbum ao vivo. Já este ano fazem a sua estreia em longa-duração com “Divinity” e regressam a Portugal para quatro datas em Setembro. Pelo meio ficam ainda várias digressões de relativa importância pelo resto da Europa.

Em termos de filosofia musical, defendem a necessidade de inovar. Ora como isto talvez seja pedir muito, ainda mais para uma banda espanhola [isto sem qualquer tipo de xenofobia, mas sim traduzindo um “inquérito” fiel das suas tradições], já nem chega para nos induzir em erro. Contudo, há a louvar aqui o esforço considerável em mesclar black, death e thrash metal, sempre num ritmo alto e intenso, com uma ou outra inadvertida passagem acústica/ambiental, subtis arranjos orquestrais e produção acima da média para uma banda que é praticamente desconhecida do público.

A juntar a isso, os Noctem revelam-se hábeis executantes, com ripanços fulgurantes nas guitarras e um elevado vigor rítmico expresso num trabalho de bateria venenoso e cru, mas, a momentos, maquinal como em “The Call Of Oricalco’s Horn” ou no tema título. O registo vocal de Beneth, apesar de se perder um pouco perante a preponderância instrumental, acaba por cumprir e mostrar versatilidade, ora com passagens mais agudas e arranhadas, ora mais guturais. Este e outros apontamentos revelam que a banda, de facto, esconjura a estagnação, embora ainda tenha que ser mais ousada para alcançar a tal “inovação” que reclama. Pelo menos demonstra uma interessante capacidade para se situar entre o tradicional e o moderno.

Em suma, “Divinity” é um acesso interessante de sangue a correr quente na veia de uma banda ainda jovem na alta-roda do som de peso, mas que a seu tempo pode cobrar outra aragem à cena extrema espanhola. [7/10] N.C.

Estilo: Black/Death/Thrash

Discografia:
- “Unholy Blood” [Demo CD 2002]
- “Live 2004” [CD 2004]
- “God Among Slaves” [Demo CD 2007]
- “Divinity” [CD 2009]

www.myspace.com/noctemofficial

A Song For Chi - Tema para ajudar baixista dos Deftones

Está já disponível para download gratuito em www.modlife.com/asongforchi o tema instrumental “A Song For Chi”, um projecto de solidariedade comandado por Reginald “Fieldy” Arzivu, baixista dos Korn, em cooperação com um vasto leque de músicos ilustres na área do Heavy Metal, que tem como objectivo recolher fundos para ajudar o baixista dos Deftones, Chi Cheng, a recuperar de um estado de coma em que entrou desde que sofreu um grave acidente de viação a 4 de Novembro de 2008, na Califórnia. A sua situação financeira agravou-se desde que a sua companhia de seguros lhe deixou de pagar o tratamento clínico, em Janeiro último, levando a que a sua residência fosse já entregue ao banco. Este projecto apela à sensibilidade de todos os que quiserem ajudar o músico e a sua família, efectuando um donativo no site atrás referido. Neste participam, concretamente, Jim Root [Slipknot], Sid Wilson [Slipknot], Ray Luzier [Korn], Dave McClain [Machine Head], Robert Trujillo [Metallica], Clint Lowery [Sevendust], Morgan Rose [Sevendust], Brian “Head” Welch [Korn], James “Munky” Shaffer [Korn], Wayne Lozinak [Hatebreed], Wuv [P.O.D.], Mike Wengren [Disturbed] e Adam Dutkiewicz [Killswitch Engage], para além do mentor do projecto, “Fieldy”. Este tema foi ainda produzido por Q [Still Well] e captado por Q e Ralph Platan. A mistura ficou a cargo de Jim “Bud” Monti.

Sunday, August 30, 2009

Epica - Regresso em Novembro

Depois da recente passagem por Vagos, os Epica regressam a Portugal no dia 1 de Novembro para um espectáculo na Incrível Almadense. Nesta altura, o grupo de Simone Simons tem disponível no mercado o seu quinto longa-duração, “Design Your Universe”, o que fará deste um espectáculo especial. A acompanhá-los estarão os finlandeses Amberian Dawn, uma recente surpresa na área do power metal neo-clássico, e os Sons Of Season, banda do teclista Oliver Palotai [Kamelot, Doro, Blaze, Circle II Circle] e do vocalista Henning Basse [Metalium, Errantry, Brainstorm], que estrearam-se este ano com “Gods Of Vermin”. Os bilhetes estão à venda nos locais habituais por 20€.

Saturday, August 29, 2009

Bonecrusher Fest - Estreia The Black Dahlia Murder em Portugal

Promete peso avassalador e várias estreias em Portugal. O festival itinerante Bonecrusher passa pelo Cine-Teatro Júlio Diniz, no Porto, no dia 28 de Janeiro do próximo ano, e traz na sua ementa os Ingested, Carnifex, The Faceless, Obscura, Necrophobic, 3 Inches Of Blood e The Black Dahlia Murder. Entre 8 de Janeiro e 2 de Fevereiro, o festival tem uma agenda muito preenchida, parando apenas uma vez e percorrendo países como Espanha, Inglaterra, França, Alemanha, República Checa e Hungria. Os bilhetes estarão à venda brevemente pela promotora SWR Inc., a 25 [pré-venda] ou 30€ [no dia].

Friday, August 28, 2009

Especial October Loud IX

A LONE VARIANT

“Talvez o que falta é mesmo marcar uma posição e mostrar-nos ao povo”, é assim que Diogo Lima, jovem de 16, encara a existência dos seus A Lone Variant numa região Açores onde é marginal o rock ambiental, psicadélico e “lamacento” que pratica. Criado apenas em Janeiro do presente ano, mas já com um EP editado, “Lo-Fi Experiments From A Dying Supernova”, acaba por revelar-se uma surpresa e um esforço louvável em trazer mais frescura a uma cena local cada vez mais rica e diversificada. Pouco interessado em circunscrever-se em qualquer tendência contígua, o músico acredita que “é apenas mais um puto a dar os primeiros passos num mundo de gente crescida” à procura de “ganhar experiência e aperfeiçoar” o seu trabalho; mas não deixa de ser um exemplo a sua obstinação.

Apesar do desafio em impor o seu trabalho, Diogo acredita que não é ignorado: “Há mais uma indiferença das pessoas, talvez, por não praticar aquele som que procuram ou gostam. Não tenho problema com isso”. Ao mesmo tempo, confessa que as reacções ao seu primeiro trabalho são bastante satisfatórias. “Não tinha expectativa nenhuma, o que faz com que tudo o que de bom veio fosse… espectacular. Tive comentários, algumas reviews e convites por parte de rádios, o que para um trabalho tão pequeno e que não tinha assim em tão grande conta, é maravilhoso”.

Apesar das portas que o festival October Loud abre a muitas jovens bandas, talvez ninguém esperasse que estivesse para tão breve a sua estreia ao vivo, até porque a formação do grupo ainda não estava completa. “De facto, foi um milagre o João Bettencourt [baterista dos Anjos Negros] estar disponível para nos ajudar no concerto. Acho que temos um line-up consistente, não só constituído por estreantes na matéria [eu, o António Gomes e o Fábio Pereira], mas também temos a ajuda do João e do Cristóvão [Ferreira – Spank Lord, Violent Vendetta] ajudando-nos, mais uma vez, a crescer musicalmente”.

Resgatando mais algumas reacções dos participantes no October Loud sobre a própria estrutura do festival, Diogo é peremptório ao considerar que “este começa a ganhar um estatuto muito importante na música açoriana. […] Se o evento, preparado como está este ano, for um sucesso, creio que tornar-se-á um marco e daqui para a frente, só o céu será o limite”.

Segundo projecto a pisar o palco do Salão de S. José, no dia 1 de Outubro, o mentor dos A Lone Variant deixa um apelo: “Apareçam […]. O modelo “Pay What You Want” faz com que não se inventem desculpas no campo do “ah, não tinha dinheiro” e sempre fazem um pouco de caridade e vêm os Crossfaith. Apareçam também nos outros dias que vai ser um evento excepcional”.

Line-up:
Diogo Lima [voz/guitarra/programações]
António Gomes [voz/guitarra]
Fábio Pereira [baixo]
Cristovão Ferreira [voz]
João Bettencourt [bateria]

Ano de formação: 2009
Estilo: Post-Rock/Sludge/Drone
Discografia: "Lo-Fi Experiments From A Dying Supernova" [EP 2009]

Entrevista Minsk

MOVIMENTOS CÓSMICOS

Era bastante improvável que uma remota cidade bielorrussa, com um passado histórico martirizante, inspirasse uma banda de post-rock psicadélico do estado de Illinois. Pois bem, se pensarmos no som colapsante, denso e rejuvenescedor dos Minsk é fácil estabelecer associações. Ao terceiro disco de originais, “With Echoes In The Movement Of Stone”, este quarteto atinge um patamar artístico que lhe permite dar o justo salto para a lista do que de melhor este género musical concebe actualmente. Uma mística e envolvente entidade que abordámos na pessoa do guitarrista Chris Bennett.

Admito que caminhei assustado pela minha casa à noite depois de ouvir a vossa discografia! O vosso som é verdadeiramente profundo, introspectivo e em alguns momentos perturbante. Devo deixar de ouvir-vos? [risos]
Bom, essa decisão cabe inteiramente ao ouvinte. A nossa esperança é a de que com cada audição se estabeleçam novas perspectivas. Os nossos temas são meros reflexos do que significa existir enquanto humanos, do modo e no espaço em que o fazemos. São perspectivas únicas relacionadas com nós os quatro.

Pergunto-me várias vezes: como é que o vosso tipo de bandas funciona em termos de estado de espírito para conseguir escrever música tão… densa?
Penso que depende da pessoa que a está a criar e do dia em que surgem as ideias. As músicas são, simultaneamente, uma celebração de vida e um requiem para o tempo perdido e os idealismos destruídos. Os métodos usados para gerar um estado de espírito podem variar diariamente. Eles podem implicar caminhar na floresta ou numa cidade barulhenta, meditação, interacção social, uso de substâncias psicoactivas e podem funcionar, simplesmente, como uma maneira de esquecer um dia de trabalho.

Achei interessante a associação do vosso nome à cidade bielorrussa com o mesmo nome. Esta foi vítima de várias atrocidades ao longo dos séculos…
Achámos a história de Minsk inspiradora, nomeadamente a sua habilidade para crescer depois de ter sido completamente queimada. O simbolismo da Fénix renascida das cinzas pode ser perfeitamente aplicada a várias áreas das nossas vidas. O nome dessa cidade parece evocar um sentimento de desconhecido e mistério que esperamos traduzir para o som que criamos.

Estiveram lá alguma vez?
Não. Sondámos as possibilidades de actuar em Minsk, mas acabámos por perceber que seria algo complicado atendendo ao clima político que se vive lá actualmente. Porém, confesso que seria fantástico tocar as nossas músicas naquele sítio.

Fale-nos do processo de escrita de “With Echoes…”. Penso que este regresso é mais agressivo e menos ambiental que os seus antecessores…
Concordo que seja mais agressivo. Penso que reflecte o ambiente nas nossas vidas enquanto o escrevemos. Todavia, nunca se tratou de algo consciente. Simplesmente, formou-se dessa maneira, mas representa, inegavelmente, a nossa identidade. Em última instância, podemos tomar isto como um sinal de que crescemos como indivíduos e estamos a aplicar as nossas experiências no “ruído” que criamos.

Para além das experiências pessoais, é também recorrente basearem-se em literatura, acontecimentos históricos ou aspectos psicológicos?
Absorvemos inspiração de todas as coisas que mencionou. Alguns de nós são leitores ávidos e estudantes de História. Thoreau, Foucault, Dostoevsky, Emerson, McCarthy, Faulkner, Zinn, Kerouac; Hawthorne, Poe, Lovecraft e Gibran são apenas alguns dos autores cujas obras ajudou a moldar-nos como indivíduos. O nome da nossa banda surgiu do interesse na história da Europa de Leste.

Digamos então que são todos rapazes normais. As pessoas que pensam que precisam de psiquiatras estão completamente enganadas!
Nós precisamos de toda a ajuda. Nem todos nós conseguimos pagar um psiquiatra… por isso, criámos uma banda! [risos]

Embora o vosso som seja complicado de digerir, penso que a sua popularidade cresceu consideravelmente nos últimos anos. Imagina-o a tornar-se, ainda que relativamente, numa tendência?
Penso que tem havido uma série de bandas a tentar adicionar elementos psicadélicos à música pesada. Isso acaba por revelar-se em vários subgéneros. Acho que a imprensa tenta aglomerá-los num só… mas não prestamos muita atenção a esse assunto. Diria apenas que é muito bom haver mais bandas a explorar novas texturas na música.

Qual pode ser o maior desafio para escrever este tipo de música? Para além do sentimento, haverá também a cuidar aspectos técnicos…
Às vezes o mais difícil é saber quando uma música está concluída e tem todos os elementos precisos, sem exagerarmos nas texturas. Penso que tem que haver espaço para a música respirar. Espero que isso seja algo que estejamos a aprender a reconhecer. Uma “parede de som” é maravilhosa mas se se mantém constante pode perder a sua eficácia. Tentamos não sacrificar a alma dos temas em detrimento da técnica. Cada tema expõe-nos novos desafios.

Desta vez criaram temas mais curtos…
Penso que fomos mais directos na composição deste álbum, mas não estabelecemos limites à duração das músicas. Estas apenas surgiram mais concisas.

Onde é que se juntam para compor? Também usam aquelas salas de ensaio no meio do nada?
Escrevemos na nossa sala de ensaios e também em nossas casas, individualmente. Vamos ensaiar com algumas ideias soltas e depois começámos a percepcioná-las como banda. A minha casa, onde ensaiamos, é perto de uma floresta, portanto, é mais calma. Achei que era um bom ambiente para compor. Por vezes, usamos também algumas substâncias naturais como ferramenta benéfica para o nosso processo criativo… mas ia adorar ter uma casa no “meio do nada”. Talvez no futuro.

A pergunta pode parecer absurda, mas atendendo a que a vossa sonoridade me faz pensar em espaço e cosmos… o que acha do empreendimento do LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, construído na Suíça? É um sinal da voracidade humana para saber tudo sobre a vida e o que a originou, sabendo que pode até correr riscos?
Bom, é difícil responder a essa pergunta sem ser hipócrita. Estou aqui sentado a responder-te a uma entrevista, mas mesmo assim sinto-me a romantizar uma maneira mais simples de viver. Todos os dias ficamos com a ideia de que as nossas vidas são mais “fáceis” do que as dos nossos pais e avós. Serão mesmo? Não tenho a certeza… As pessoas de hoje estão mais evoluídas, mas será que no sentido de fazer evoluir a espécie? Talvez estejamos a caminhar no sentido da extinção através da vontade de descobrir e conquistar o universo. O LHC é um verdadeiro testamento da ingenuidade humana, mas não consigo dizer como ele é capaz de melhorar o nosso modo de vida. Ouvi falar da preocupação de haver uma avaria que gerasse matéria negra. Penso que uma forma agrária de existência preenche a necessidade do ser humano ter contacto directo com o planeta de que depende. Se este contacto for perdido, a humanidade sofrerá e vai experienciar impensáveis tormentos.

Outro aspecto atónito neste assunto é o financeiro. Vejo um enorme paradoxo ao olhar para a quantidade astronómica de dinheiro investido neste projecto enquanto milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia. O ser humano não deveria primeiro resolver problemas base da sua existência e aceitar certas coisas como elas são?
É completamente estúpido que alguém na Terra esteja sem comida. Eu vivo perto algumas das quintas mais férteis dos Estados Unidos. São usadas para cultivar milho, mas isso não garante nutrição suficiente. As grandes corporações é que conseguem tirar avultados lucros dos produtos feitos à base de milho. Porque não aproveitam estes terrenos para cultivar frutos, vegetais e grão? Devia ser mais importante garantir alimento de qualidade do que gastar milhões de dólares num super acelerador de partículas.

Terminam a vossa digressão nos Estados Unidos este mês. Como está a correr?
Acabámos há pouco tempo uma digressão na parte ocidental do país com os Wolves In The Throne Room. É a nossa zona preferida. Foi muito divertido.

Depois disso fazem uma pausa e viajam para a Europa em Outubro, permanecendo até Novembro. Que impressões têm do público do “velho continente”?
Fizemos a nossa primeira digressão europeia em Maio deste ano. Estamos muito entusiasmados por regressar tão cedo. Ficámos maravilhados pelo facto de toda a gente na Europa ser incrivelmente receptiva e hospitaleira. É diferente de estar em digressão nos Estados Unidos… pelo melhor. Preferimos. Parece que as pessoas apreciam mais as artes. Esperamos que a nossa segunda digressão europeia seja ainda melhor do que a primeira. Sentimo-nos sortudos por conhecer pessoas brilhantes do outro lado do oceano.

De resto, quais podem ser as maiores ambições de uma banda como os Minsk?
Acima de tudo, criar sons com significado e ter o prazer de partilhá-los com espíritos da mesma natureza; estarmos ainda aptos a transferir para a nossa música os nossos pensamentos e emoções. As vendas de discos não são uma preocupação.

Thursday, August 27, 2009

Biffy Clyro - Surpresa do Rock escocês em Portugal

Os rockers escoceses Biffy Clyro actuam no dia 12 de Dezembro no Santiago Alquimista, em Lisboa. Os autores do aclamado “Puzzle”, trarão na bagagem o seu novo álbum, “Only Revolutions”, a editar eventualmente em Outubro. Enquanto isso, está já disponível o novo single “That Golden Rule”. A banda alcançou um notável sucesso aquando do seu último registo, de 2007, valendo-lhes digressões ao lado de nomes como Queens Of The Stone Age, Red Hot Chilli Pepper e Muse. A partir de hoje, os bilhetes estão à venda nos locais habituais ao preço único de 20€.

Doro - Concerto em Portugal cancelado

O espectáculo da alemã Doro, agendado para 27 de Setembro no Cine-Teatro Corroios, foi cancelado por decisão da artista e seu agente. Na base desta deliberação está o cancelamento do concerto da artista em Madrid que “inviabiliza a passagem da tour em Portugal”. A promotora do evento nacional, a Prime Artists, comunica que os portadores do bilhete válido para este espectáculo devem dirigir-se ao local de compra do mesmo, no prazo máximo de 30 dias, a terminar a 26 de Setembro, para procederem à devolução do bilhete e respectivo reembolso.

Wednesday, August 26, 2009

October Loud 2009 - Cartaz completo divulgado

São no total 19 os projectos que pisarão o palco do Salão de S. José, em Ponta Delgada, entre os dias 1 e 4 de Outubro naquele que é, indiscutivelmente, um dos mais importantes eventos de Heavy Metal dos Açores. Este ano com o lema “Metal Contra o Cancro”, ao October Loud será adicionada, no seu primeiro dia, pelas 20h30, uma palestra a cargo do Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro, para o qual reverterão os lucros do evento. Durante os restantes dias no recinto do espectáculo será ainda possível adquirir t-shirts do festival e vestuário alternativo [a cargo da Batcave Gothic Store]. Todos os dias haverá também entretenimento depois dos concertos no bar Baía dos Anjos, onde se poderá assistir a videoclips, participar num Metal Karaoke e escutar um Metal DJ. Durante a tarde do último dia do festival, a organização estimula a socialização entre músicos e público afecto ao Metal com um Metal Barbecue. O bilhete para o festival custa 3€ [um dia] ou 6€ [três dias]. O primeiro dia pratica a modalidade “Pay What You Want”, portanto, o público decide o preço justo a pagar. O início dos espectáculos será, impreterivelmente, entre as 19h00 e as 20h00. Confira toda a programação em www.myspace.com/m9events.

Especial October Loud VIII

PSY ENEMY

A importância de conhecer o nosso labirinto psicológico, consciente ou inconsciente, bem como o que estimula ou inibe o comportamento humano foi o que levou Sigmund Freud a despender todas as suas energias para descobrir mais sobre o nosso Ser. A nova disciplina clínica derivada deste esforço, a Psicanálise [surgida na década de 1890], teve um grande contributo para a Humanidade e inspirou muitas análises e estudos, sendo mesmo que no meio do atlântico uma banda como os Psy Enemy revê fielmente a sua mensagem e conceito nas descobertas do neurologista austríaco. Inibir os nossos instintos “animalescos”, encarar a realidade e o eu tal qual ele é e viver com princípios morais e éticos incutidos que nos prometem tornar “fabulosos”, geram um conflito psicológico que os Psy Enemy, muito determinados, juntam à sua música. Tão clínica como a sua mensagem está a sua música: Metal obscuro repleto de intrincados compassos musicais, é o que se pode esperar no seu contexto artístico.

À semelhança do estigma que atinge muitas bandas açorianas [por exemplo, o facto dos seus jovens membros terem que deixar a sua localidade para estudar], os Psy Enemy têm andado arredados dos palcos há bastante tempo. No entanto, o seu vocalista, Miguel Raposo, garante que “o trabalho dos Psy Enemy nunca cessou”. Acrescenta ainda que “existiram alguns contratempos a nível pessoal, não colectivo” que os afectaram psicologicamente mas “o trabalho da banda nunca cessou nem nunca cessará”. “A tecnologia, hoje em dia, assim o permite”, conclui.

Já com seis anos de carreira uma das perguntas que, naturalmente, se impõe, até pelo estatuto de que a banda goza a nível local, é: para quando um disco? “Um registo é algo que ambicionamos fazer, mas só quando acharmos que estamos totalmente satisfeitos com o nosso trabalho. Continuaremos a trabalhar até esse dia aparecer”, diz Raposo.

Em relação à edição 2009 do October Loud, o vocalista não hesita em elogiar a sua organização: “É mais um festival organizado, e muito bem, por músicos! Está ainda em fase de crescimento e tende a ser um festival de culto no underground micaelense”. Raposo diz ainda que o esforço feito nos Açores deve ser realçado. “Afinal de contas já vi bandas que vieram de vários sítios do país e do mundo com espectáculos muito inferiores a algumas bandas regionais”.

Numa mensagem final em relação ao que podemos esperar do seu concerto, ficam as garantias: “Quem vê Psy Enemy ao vivo não espera ver sempre a mesma coisa. Para nós uma actuação não se resume a mostrar tatuagens ou penteados engraçados. Para nós há alturas em que não é bom. O exponencial de negatividade é muito alto; nem falamos muito depois dos concertos. Isto acontece porque sabemos bem o que estamos a fazer num palco, sabemos o que queremos transmitir às pessoas, mesmo que isso tenha repercussões em nós próprios. Acima de tudo, os membros dos Psy Enemy quando estão em palco são artistas; tornam-se parte da mensagem”. Ao seu jeito bem frontal, acrescenta: “Sejam verdadeiros naquilo que fazem e fodam-se para o que dizem os outros. Confiem sempre nas vossas capacidades e ignorem toda a gente. Ignorem tanto as críticas boas como as más. Contribuam para o bem maior”.

Line-up:
Miguel Raposo [voz]
Luís Silva [guitarra]
Fábio Amaro [guitarra]
Paulo Andrade [baixo]
Filipe Ponte [bateria]

Ano de formação: 2003
Estilo: Math Metal
Discografia: N/D
Site: www.myspace.com/psyenemy

Metalhead Events - Excursão de Lisboa para o Caos Emergente

A Metalhead Events está a organizar uma excursão para o festival Caos Emergente, em Recarei [Paredes], com partida de Sete Rios [Lisboa] no dia 11 de Setembro, entre as 10h00 e 12h00, e regresso marcado no mesmo horário no dia 14. O custo da viagem sem bilhete para o evento é de 35€; com o bilhete é de 85€. Para se inscreverem devem enviar o vosso nome e contactos [e-mail e telefone] para metalhead.events@gmail.com ou para os telefones 917 800 767 ou 965460194.

Traumático Desmame - Este sábado no Barreiro

Inserido no II Grande Arraial da Juventude do Barreiro, os Traumático Desmame actuam ao vivo no próximo sábado. Ao seu lado estarão os mexicanos Los Santeros.

Greyhound - A partir de amanhã em Portugal

Os espanhóis Greyhound cumprem já amanhã uma de duas datas lusas. Esta decorre no Arcádia Rock Bar, em Faro, com os Sarcastic Mind e Underdogz. Já no sábado, a banda de metalcore viaja até ao Porto para actuar no Metal Point ao lado dos Gates Of Hell, The Last Of Them e Fool’s Die. Segundo o seu Myspace, entre estas duas datas está agendada uma em Lisboa que, no entanto, ainda não teve mais detalhes sobre o seu local.

Pontapé na Canela 2009 - Festas de Vargos celebram Heavy Metal

Decorre já esta sexta-feira, 28 de Agosto, pelas 22h00, o espectáculo Pontapé na Canela, em Vargos [Torres Novas]. Os nomes em cartaz são os Death On The Door, Urban War, Dr. Salazar e The Ransack. A entrada é livre.

Southern Lord - Catálogo compilado

A editora norte-americana, especializada em sonoridades doom, stoner, drone e black metal, acaba de lançar “Resurrection”, uma compilação promocional do seu catálogo. Este item é composto por temas dos Wino, Pelican, Eagle Twin, Wolves In The Throne Room, Earth, Sunn 0))), entre outros, e faz-se acompanhar, gratuitamente, de qualquer compra no catálogo da editora. Pode ser adquirida também separadamente pela simbólica quantia de 0.76€.

Tuesday, August 25, 2009

Vimaranes Metallvm - Excursões para o Vila Open Air

A Vimaranes Metallvm organiza uma excursão no dia 5 de Setembro, entre Guimarães e Santo Tirso, para todos os quiserem assistir ao festival Vila Open Air. A partida é às 18h00 do Estádio D. Afonso Herinques e o preço [incluindo viagem e bilhete] é de 13€. O cartaz do festival é composto por nomes como Pitch Black, Switchtense, Thee Orakle, Revolution Within, Final Mercy, The Godiva, Hacksaw e Konker Under Pain. Acrescentamos ainda que a Vimaranes Metallvm está também a organizar excursões para os concertos de Marduk e da Progressive Nation Tour no Porto, e a Rammstein em Lisboa. Mais informações em www.vimaranesmetallvm.pt.vu.

Crónica

ADAPTAR-SE PARA SOBREVIVER

Segundo o “Diário Económico” do passado dia 8, a situação financeira das promotoras nacionais de concertos, independentemente da sua dimensão, está a agravar-se, apesar da contratação de artistas “seguros”, que garantem sucessivas enchentes. A Everything is New, a Música no Coração e a In Music We Trust apresentaram em 2007 prejuízos conjuntos de quase 1,3 milhões de euros, diz o jornal. No somatório destas empresas com a Ritmos & Blues e a Smog, apenas as duas últimas apresentaram lucros nesse ano. Em 2008 os prejuízos da Everything Is New ascenderam aos 518,600€, saldando-se a Smog pelos 3,500€ de perdas.

Já a 25 de Julho o “Expresso” tinha feito saber que os festivais e concertos em Portugal geram 33 milhões de euros de receitas anuais e são frequentados por 3,5 milhões de pessoas, das quais, segundo o jornal, apenas 50% adquirem bilhete, tendo a restante metade acesso aos eventos por convite. Somando a estes números os 90% de receitas por espectáculo que o “Expresso” diz serem arrebatadas pelo artista e respectivo agente, e obtendo a promotora unicamente os restantes 10% de margem de lucro sobre as receitas de bilheteira, não surpreende que mesmo a Everything is New e Música no Coração percam dinheiro.

A solução do problema pode residir na contratação de artistas menos caros, de menor dimensão artística, permitindo às empresas cobrar bilhetes com preços mais baixos e justos. Por outro lado, a expansão da área e modelo de negócio, abrangendo outros nichos de mercado fora da Pop/Rock, área em que estes gigantes se especializaram (com tímidas incursões no Jazz, Fado e Música do Mundo), pode igualmente gerar frutos. Aliás, o Teatro, a Música Erudita e o Bailado e outros espectáculos de pequena, média ou grande dimensão revelam-se áreas extremamente apetecíveis e em grande expansão.

Com efeito, segundo o “Público” de 5 de Agosto, no primeiro semestre do ano a afluência aumentou “nas principais salas de espectáculo” dedicadas à música, teatro e bailado. Segundo o jornal, citando fonte da agência Lusa, “o Teatro Nacional D. Maria II registou no primeiro semestre ‘salas sempre cheias’, não se notando qualquer quebra de público”.

Também na Fundação Calouste Gulbenkian “há seguramente mais público”, tendo as assinaturas duplicado “para a próxima temporada (2009/10) em alguns ciclos.” O Centro Cultural de Belém (CCB) aumentou em 3,7% a taxa de ocupação e, segundo o Organismo de Gestão Artística (OPART), o Teatro Nacional de S. Carlos praticamente duplicou o número de espectadores na temporada de 2008/09. A Companhia Nacional de Bailado viu igualmente subir a afluência de público.

Embora sabendo que estamos a falar apenas de salas localizadas em Lisboa, onde o poder de compra é superior à média nacional; e de públicos das classes sociais A + AA (Alta + Alta Altíssima), situados em faixas etárias acima dos 30 anos, por oposição ao público mais jovem dos concertos e festivais, proveniente da classe média e média-alta, estas áreas do espectáculo certamente poderiam contribuir para um aumento de receitas das referidas promotoras. Obviamente que tal implicaria entrar de forma agressiva em mercados alheios mas de bolsa recheada, conquistando público às instituições já estabelecidas. Afinal, (também) é do risco que se faz a economia.

Dico

Gorgoroth - Inferno regressa à Terra

Os infames Gorgoroth editam “Quantos Possunt Ad Satanitatem Trahunt”, o seu novo longa-duração, a 21 de Outubro na Europa pela Regain Records. Este foi gravado nos Monolith Studios e conta com Infernus na guitarra, Frank Watkins [Obituary] no baixo, Pest nas vozes e Tomas Asklund na bateria. A masterização teve lugar no conhecido Cutting Room, em Estocolmo [Suécia]. Entretanto, um excerto do novo tema “Prayer” está disponível no Myspace da sua editora. Ainda em outras notícias, o guitarrista Infernus ganhou recentemente um processo judicial sobre Gaahl e King Ov Hell, respectivamente ex-vocalista e ex-baixista da banda, que lhe concede os direitos legais sobre o nome Gorgoroth.

Epica - Lançam teaser de novo álbum

Os Epica disponibilizaram recentemente no seu Myspace um teaser de “Design Your Universe”, o seu novo disco que chega ao mercado no dia 16 de Outubro pela Nuclear Blast. Anteriormente, a banda havia revelado o seu alinhamento [13 faixas] e artwork. Este trabalho marca também a estreia do guitarrista Isaac Delahaye [ex-God Dethroned]. Recordamos ainda que este ano a banda lançou o disco ao vivo “The Classical Conspiracy”, gravado com uma orquestra de 40 músicos e um coro de 30 elementos.

Monday, August 24, 2009

Anomally - Guitarrista abandona

Marco Lote, guitarrista a solo dos Anomally durante os últimos três anos, abandonou o grupo por razões pessoais. Desta forma, o baixista Luís Brum [ex-Gods Sin] passa a ocupar o lugar deixado vago e a posição de baixista aguarda um sucessor. Para isso os Anomally apelam a todos os interessados em ingressar nestas funções que entrem em contacto com a banda através de info@anomally.com. O momento actual da banda é preenchido pela promoção ao seu disco de estreia, “Once In Hell…”, lançado em Outubro passado, e composição de novos temas com vista a um futuro trabalho.

Miss Lava - Estreiam primeiro teledisco em breve

Os lisboetas Miss Lava gravaram recentemente o videoclip para o tema “Black Rainbow” a fazer parte do futuro álbum de estreia do grupo, com nome ainda a designar, a lançar no mês de Setembro. A sua produção ficou a cargo de Bruno Simões, premiado já várias vezes no estrangeiro por algumas curtas-metragens e conhecido por ter trabalhado nos efeitos visuais dos últimos filmes de Harry Potter e das Crónicas de Narnia. A imagem e câmaras estiveram a cargo de Ivo Cordeiro e André Quendera. Toda a “acção” do teledisco foi captada nos Panavideo Studios, a monocromia, tendo como cenário de fundo um arco-íris preto. O grupo gravou também o tema três vezes mais lento para que no produto final dê a sensação de estar a tocar três vezes mais rápido, segundo a banda, para dar “um feeling simplesmente frenético” à sua prestação “ou seja, algo semelhante às suas actuações ao vivo”. Quanto à estreia em disco dos Miss Lava esta foi misturada nos Fascination Street Studios, na Suécia, por Jens Bogren [Paradise Lost, Amon Amarth, Opeth, Katatonia, etc].

The Firstborn - Cancelam presença no Festival Ilha do Ermal

Os The Firstborn vêm hoje anunciar por comunicado que está cancelada a sua presença na edição deste ano do Festival Ilha do Ermal que decorre entre os dias 27 e 30 de Agosto, em Vieira do Minho. Por detrás desta decisão estão, exclusivamente, motivos pessoais e profissionais. A banda acrescenta que nos próximos tempos serão esporádicas as suas aparições ao vivo já que se encontra empenhada em compor o sucessor de “The Noble Search”, a ser gravado em meados de 2010. O disco dará pelo nome de “Lions Among Men”.

Friday, August 21, 2009

Live Zone

WACKEN OPEN AIR 2009
30.07.09-01.08.09 Wacken, Alemanha

Wacken é uma pacata vila localizada no norte da Alemanha, no estado de Schleswig-Holstein, que durante aproximadamente uma semana se transforma num local superpovoado por metalheads e amantes do festival que por lá se realiza todos os anos no final do mês de Julho e princípio de Agosto.A primeira edição do Wacken Open Air realizou-se em 1990 e desde então foi tendo um crescimento progressivo até se ter tornado um dos maiores festivais de metal do mundo.

A edição deste ano era especial pois comemoraram-se os vinte anos de existência do mesmo. A adesão foi de tal forma elevada que em Dezembro de 2008 os bilhetes já se encontravam esgotados. Com data marcada entre os dias 30 de Julho e 1 de Agosto, o cartaz contava com a presença de mais de 80 bandas, com destaque para Lacuna Coil, Napalm Death, Nevermore, Airbourne, Motörhead, In Flames e Machine Head.Esta foi a primeira vez que o Backstage Music Forum [tal como as suas repórteres] tomou presença neste evento.

A aventura principiou no dia 27 de Julho ao entrarmos na excursão e passadas trinta e seis horas de viagem eis-nos chegadas ao destino tão almejado. Depois de montado o acampamento foi tempo de tratar das credenciais e aproveitar o resto da tarde para relaxar um pouco na piscina ao ar livre. Como neste dia não havia concertos nos palcos principais [Black, True Metal e Party] e os que se realizavam no W.E.T não nos suscitaram interesse, aproveitámos para comprar alguma comida, fazer o reconhecimento da área e integrar-nos no espírito festivaleiro. É agradável ver como toda a vila e os seus habitantes ficam envolvidos pelo espírito do festival. Em grande parte das casas os seus moradores montam pequenas barracas de “comes e bebes” à entrada e além de conviverem com os visitantes aproveitavam para ganhar algum dinheiro.

A área do festival é equivalente a 270 campos de futebol [área total de 200 hectares] e está muito bem organizada. Durante pelo menos três dias, pastos verdes são transformados numa extensa área de estacionamento e acampamento, concertos, divertimentos, entre outros. É como que uma pequena cidade criada naquele espaço. Perto da zona dos concertos encontrava-se a zona de campismo que possuía duches e W.C., um mini-supermercado e um bar de pequeno-almoço, com bebidas quentes. Ao entrarmos no espaço do festival propriamente dito, encontramos as barraquinhas de várias lojas de roupa e acessórios e o Metal Market onde se podiam comprar CD’s, DVD’s e outros artigos interessantes a preços bastante generosos. Seguidamente deparamo-nos com a área da comida e bebida, onde se podia encontrar um pouco de tudo; comida tipicamente alemã, italiana, chinesa, israelita, etc, para agradar aos diferentes gostos e carteiras. Além da cerveja os festivaleiros podiam optar também por Red Bull, caipirinhas, Jägermeister, sumos e águas. O preço da comida era acessível. Podia-se comer uma boa refeição em alguns locais por apenas 5 euros. No que diz respeito à bebida já não podemos dizer o mesmo, um copo de cerveja, por exemplo, custava 3,50 euros. Muitos optaram por consumir bebidas compradas no supermercado mas a grande maioria não se assustou com os preços praticados e aderiu às barraquinhas e ao Beer Garden.

Este ano, a população e os metalheads tinham motivos para algum receio: o risco de propagação do vírus da gripe suína. Mas não havia razões para alarme, pois as autoridades da região já estavam preparadas e tinham providenciado "quantidades suficientes de medicamentos antivirais" e quartos extras preparados para isolar pacientes caso houvesse um grande número de infectados. Foram divulgadas algumas medidas para prevenção da contaminação que, no entanto, são difíceis de seguir e ter em conta num evento como este. As dicas fornecidas foram evitar abraços, beijos e apertos de mão, não compartilhar garrafas de cerveja e, em caso de febre alta e sensação de enfermidade, procurar os postos de atendimento médico e seguir as instruções dos profissionais. Felizmente não se ouviu falar da existência de algum caso da vulgarmente conhecida Gripe A.

DIA 1

Devido ao facto de haver vários concertos simultaneamente nos diferentes dias tivemos de optar e escolher aqueles que melhor espectáculo proporcionariam e algumas bandas da nossa preferência. É normal num festival desta envergadura haver alterações de horários, cancelamentos, troca de bandas ou de palco. Nesta edição, como não podia deixar de ser, essas pequenas alterações também se verificaram.

Os Anthrax foram substituídos por um “secret show” protagonizado pelos alemães J.B.O. [James Blast Orchester]. J.B.O. foi fundada em 1989 por Vito C. e Hannes "G. Laber" Holzmann e é conhecida por paródias de músicas pop e rock. A banda tem escrito canções desde 2000, mas continua a fazer covers de várias bandas conhecidas cantadas em alemão. Desvendada a surpresa sobem ao palco por volta das 18h30, rodeados pelos tons cor-de-rosa que dominavam o palco, tanto no cartaz com o lettering da banda como nos instrumentos musicais e amplificadores. Proporcionaram momentos animados com temas como "Gimme Doop Joanna" e "Head Bang Boing" de Manu Chao agradaram ao público que se mostrava satisfeito e divertido com o espectáculo.

De seguida, no Black Stage, entram em cena os veteranos Running Wild. Que apesar de contarem com mais de trinta anos de existência [formados em 1976] não descuram a imagem e apresentaram-se vestidos à pirata com rigor, destacando-se também o baixo com o formato de uma espinha de peixe. Vários fãs aguardavam entusiasticamente este concerto envergando t-shirts da banda e certamente não se desiludiram com o quarteto de Hamburgo que se mantém fiel aos electrizantes riffs de guitarra e ao seu speed metal já característico. Como já tinha sido anunciado pela banda, este foi o seu concerto de despedida. Bagagem não lhes falta [contam com 13 álbuns de estúdio e dois ao vivo, entre outros registos], mas decidiram dar oportunidade no seu site aos fãs de escolherem a set-list que gostariam de ouvir. Certamente não agradaram a todos, mas o importante foi darem esta oportunidade aos seus apreciadores.

Poucos momentos antes da actuação dos Lacuna Coil, S. Pedro decidiu pregar uma partida e a chuva manifestou-se durante quase todo o concerto. Mas não foi esse pequeno contratempo que afastou os interessados do palco. O colectivo italiano marcou novamente presença no Wacken trazendo mais um álbum no seu currículo, “Shallow Life”, lançado no corrente ano. Iniciaram o espectáculo com o tema “Survive”, retirado do último registo, revisitaram temas “mais antigos” conhecidos e apreciados pelo público, como “Heavens A Lie”, “Enjoy the Silence” [cover de Depeche Mode] e encerraram com “Our Truth”. A realçar que em quase todos os temas foram projectados os respectivos videoclips. Tiveram uma boa performance em palco cativando o público e Cristina Scabbia mostrou toda a sua garra como frontwoman da banda.

Os Heaven And Hell entraram em palco por volta das 22h45 e protagonizaram, o que foi considerado por muitos, o grande concerto da noite e de todo o festival. Estes senhores [Ronnie James Dio, Tony Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice] são uma verdadeira instituição que contam com dezenas de anos de carreira e êxitos em bandas como Black Sabbath, Rainbow e Dio. Foi um espectáculo mais apreciado pela faixa etária mais madura do que pelos mais jovens e percebe-se bem porquê. Revisitaram alguns temas de Black Sabbath mas apresentaram também temas do seu único álbum, “The Devil You Know”. Uma hora e quinze minutos soube a pouco para alguns mas o dia já ia longo e os horários foram sempre rigorosamente cumpridos.

DIA 2

Coube aos britânicos Napalm Death abrir as hostilidades do dia no Palco Party. Onze da manhã não é certamente a melhor hora para um concerto de grindcore com influências de Thrash e Death Metal, mas neste festival tudo é possível e um bom concerto é apreciado em qualquer horário. A energia debitada pela música contagia qualquer um e com certeza que acordou os mais sonolentos. Mark "Barney" Greenway, vocalista da banda, interpreta todos os temas como se estivesse possuído por um demónio, deambula pelo palco, agita a cabeça e gesticula os braços [comportamento característico deste estilo musical e há também que salientar que este grupo é conhecido como o inventor do estilo musical definido como grindcore]. Tocaram vários temas conhecidos e aproveitaram para divulgar o novo álbum “Time Wait For No Slaves”. Finalizaram o concerto com a popular cover “Nazi Punk Fuck Off”.

Seguiu-se mais uma banda vinda de Inglaterra, agora num estilo musical um pouco diferente [Hard Rock/Heavy Metal], os lendários U.F.O.. Quarenta anos de carreira são um posto e mostraram que são uns senhores em palco. Foi um concerto calmo com alguns temas acústicos e muitos riffs de guitarra “à moda antiga”.

Mudando radicalmente de estilo deslocámo-nos ao Black Stage para assistir ao concerto de Endstille, banda de black metal. Todos os elementos, exceptuando um guitarrista e o baterista, envergavam pulseiras de picos e apresentavam-se trajados e pintados na forma característica deste estilo musical. Durante o concerto praticamente não comunicaram com o público, limitando-se a fazer aquilo que sabem melhor contagiando os presentes. Os fãs mostravam o seu apreço e satisfação pelo espectáculo acompanhando os temas e fazendo headbanging à mistura com algum crowdsurfing. Apesar de não ser grande apreciadora de black metal gostei bastante do espectáculo, repleto de uma energia electrizante, dos temas tocados e da prestação do colectivo.

Mais uma banda da velha guarda tomou lugar no palco principal. O quarteto germânico, Gamma Ray entrou em palco cheio de garra e levou a multidão ao rubro com as vibrações do seu power metal.

Era chegada a vez dos Tristania “tomarem conta” do palco. Desta vez marcam presença neste festival com uma nova formação que sofreu alteração de alguns elementos. Puxaram bastante pelo público e comunicaram imenso durante todo o concerto. O contraste da voz masculina com a feminina proporciona uma fusão agradável ao ouvido. Esse sentimento perdeu-se em alguns temas onde as duas vozes não se enquadraram muito bem ficando em tons totalmente distintos e pouco perceptíveis, por vezes uma abafando a outra. Num balanço final deram um bom concerto, apesar de alguns não ficarem ainda convencidos com a nova vocalista [Mariangela “Mary” Demurtas].

Apesar de já contarem com várias participações no Wacken Open Air os Nevermore não deixam de surpreender e criar expectativas nos seus fãs que os aguardavam ansiosamente. A banda possui um estilo e uma identidade inconfundíveis, incorporando nas suas músicas elementos de diversos estilos como Thrash Metal, Power Metal e Metal Progressivo fazendo também uso de sons acústicos e uma grande e variada gama de estilos vocais. Warrel Dane faz variar a sua voz entre as notas baixas até às muito altas [entre 5 e 6 oitavas]. Warrel comentou com o público: “Alguns pensavam que estávamos mortos mas enganaram-se. Estamos de volta!”. Pudemos comprovar que estão “vivinhos da silva” e com power a transbordar.

Num primeiro contacto com os Airbourne as suas músicas parecem uma imitação dos conterrâneos AC/DC mas ouvindo com mais atenção nota-se que a banda tem uma identidade própria, apesar da voz de Joel O'Keeffe ser bastante semelhante à de Brian Johnson. Esta banda de Rock’N’Roll procura apenas proporcionar uma boa dose de divertimento contagiando com a sua energia. Durante todo o concerto mostraram-se imparáveis dançando e deslocando-se constantemente pelo palco. Joel O'Keeffe revelou-se um verdadeiro aventureiro subindo a torre lateral do palco, a uma altura de aproximadamente 7 andares, onde ficou a tocar parte de uma música. Noutro tema desceu até junto das grades e extasiou quem se encontrava na “primeira fila”. Foi um dos grandes concertos do dia.

Bullet for My Valentine era a banda mais aguardada pelo público de tenra idade. Em nenhum dos concertos anteriores se tinha visto tantos adolescentes a fazer crowdsurfing, de forma a aproximar-se dos seus ídolos. Alguns até saíam em lágrimas da frente do palco. Principalmente o tema “Tears Don’t Fall” deixou em alvoroço a assistência que acompanhava cantando em uníssono, batendo palmas e curtindo em circle-pits.

Os Motörhead continuam iguais a si mesmos e apesar dos anos passarem mantêm o mesmo espírito jovem e não perdem qualidade. Estes ícones do Metal continuam a “rockar” e agradar ao público, trazendo surpresas na manga. Desta vez contaram com a participação das Fuel Girls no embelezamento de um dos temas apresentados.Apesar dos problemas técnicos que se verificaram no início do espectáculo, os In Flames protagonizaram um dos melhores concertos do dia e aqueceram a noite que já se tornava um pouco gélida. Chamas e fogo-de-artifício foi algo que não faltou durante todo o show. O colectivo entrou em palco acompanhado por foguetes e em todos os temas longas chamas eram projectadas no palco e nas torres do recinto.O público delirou e a banda também se mostrava feliz expressando que “era uma honra tocar no maior festival de metal do mundo”. Lisa Miskovsky abrilhantou o tema “Dead End” que foi tocado pela segunda vez ao vivo e provavelmente a última, como referiu Anders Fridén. Os suecos mostraram imenso profissionalismo e uma forte presença em palco e não desiludiram certamente os seus fãs. Houve tempo até para uma pequena brincadeira do vocalista, onde Anders pediu para fazerem um circle-pit numa música calma. O público não se fez rogado e mesmo assim aderiu. Terminaram com o tema “My Sweet Shadow” deixando o público arrebatado gritando In Flames em coro.

A noite já ia longa quando Doro, considerada a rainha do metal, entra em palco. Esta senhora é detentora de uma voz e beleza que conquistam qualquer um. Além disso tem uma forte presença em palco, não aparentando a idade que possui mostrando-se bastante comunicativa e solicitando constantemente o apoio do público. Foi um bom concerto, calmo e bastante apreciado pelo público, especialmente masculino, que contou com a participação de Sabina Classen (Holy Moses) em “Celebrate” e terminou ao som do tema “All We Are”.

DIA 3

Os Suidakra são uma banda de Pagan Metal, com uma pitada de Death e Speed Metal à mistura. Não os conhecia e fiquei bastante agradada com a sua sonoridade que é muito atractiva e fez o público vibrar. Foi um debitar de temas animados e recheados de um forte poder instrumental. Tocaram, principalmente, temas do último álbum, "Crógacht", o qual se encontram a promover pela Europa e noutros continentes.

Em todas as suas participações no Wacken os Rage conseguem surpreender. Já actuaram com uma orquestra e este ano contaram com a colaboração de amigos em quase todas as músicas. A ideia foi excelente e as várias interpretações deram um toque especial abrilhantando temas já conhecidos do público.

A banda progressiva de Doom/Experimental Metal Cathedral presenteou-nos com um concerto calmo, tecnicista mas de grande qualidade. Não existiu grande cumplicidade entre a banda e a assistência mas esta mostrava-se agradada vibrando e balançando os longos cabelos com as músicas destes londrinos. “Soul Sacrifice” e “Cosmic Funeral” foram dois dos temas oferecidos à enorme plateia.

Chuck Billy, Eric Peterson, Alex Skolnick, Greg Christian e Paul Bostaph [Testament] continuam a espalhar o caos por onde passam. Mal se ouvem os primeiros acordes é impossível ficar indiferente ao power transmitido por estes americanos e têm, desde logo, início os circle-pits e o mosh que se mantiveram durante todo o concerto. Chuck Billy mostrou-se bastante activo, deslocando-se pelo palco segurando e balançando o suporte do microfone como se dedilhasse uma guitarra, umas vezes fazendo headbanging outras ou incentivando a audiência ou interagindo com os restantes elementos da banda.

Não tirando mérito a nenhuma das outras bandas Heaven Shall Burn “partiu tudo”, literalmente! Foi um dos concertos mais loucos de todo o festival. Quem desconhecer este quinteto ao vê-los entrar em palco trajando camisas não faz a mínima ideia que tipo de concerto esperar. Após uma intro instrumental estes germânicos mostraram aquilo que valem e deixaram tudo em alvoroço. Executam um Metalcore agressivo e as suas letras abordam temas como sociedade, política, straight edge, veganismo, etc, plenamente transmitidos por Marcus Bischoff, detentor de uma voz poderosa que fica totalmente enriquecida pelos instrumentos musicais. Imparável e com uma energia inesgotável, Marcus ainda aproveitou para fazer crowdsurfing voltando de seguida para o palco. A loucura instalou-se no tema “Voice Of The Voiceless” onde a audiência, desafiada pela banda, realizou o maior circle-pit de todo o festival, rodeando as torres de apoio à TV e formando uma corrente gigante semelhante a um vigoroso redemoinho. No final do concerto deslocou-se junto da grade e cumprimentou um a um os fãs mais próximos.

Os Pain, projecto de Peter Tägtgren [Hypocrisy], tiveram também uma performance exemplar. O som rasgado, repleto de efeitos electrónicos, distorções de guitarra pesadas combinado com fortes batidas fizeram as delícias dos que assistiam ao espectáculo. O trio de cordas formado por Peter, Michael Bohlin e Johan Husgafvel fazia headbanging em conjunto na maioria dos temas quase como se estivesse ensaiado e mecanizado pelos três. O tema “Bitch” foi dedicado a todas as mulheres presentes, às quais Peter acrescentou, “não nos interpretem mal, nós gostamos de mulheres. Apenas dedicamos este tema a todas as mulheres que fizeram asneira.”

Mais um grande concerto nesta noite repleta de excelentes bandas foi oferecido pelos Volbeat; um colectivo dinamarquês que tem vindo a crescer e ganhar popularidade ao longo dos seus álbuns. Podemos considerar a sua sonoridade rock experimental com um vocalista que possui um travo de country e Elvis Presley à mistura na sua vocalização. Grande atitude e presença em palco caracterizaram a sua actuação.

Os Enslaved, banda de Black Metal da Noruega, formada em 1991 na cidade de Haugesund, subiram ao Party Stage por volta das 21h45 tocando durante uma hora. Tiveram uma boa prestação com o ambiente adequado para um concerto envolvente e sedutor [luz fraca e algum nevoeiro, criado pelo fumo, à mistura].

O espectáculo dos norte-americanos Gwar, conhecidos por usarem fantasias "monstruosas" e fazerem sátiras através de suas músicas foi iniciado com um cronómetro gigante projectado ao fundo do palco em contagem decrescente. Todos os temas tiveram uma pequena encenação que terminava sempre com uma decapitação, aproveitando para criticar mais uma vez a sociedade, principalmente a americana, tendo utilizado personalidades como, por exemplo, Michael Jackson, Obama e Hillary Clinton.

A nossa aventura pela pacata vila de Wacken terminou com este bizarro concerto. Não podemos deixar de felicitar a organização pelo excelente e incansável trabalho realizado antes e durante o festival. Nenhum pormenor foi deixado ao acaso. Todos os colaboradores estavam devidamente identificados e a totalidade dos serviços funcionou adequadamente e com qualidade, exceptuando a limpeza dos duches na zona do campismo que devia ter sido mais cuidada. Saudamos também o trabalho realizado pelos seguranças junto do palco que se situavam naquele local para garantir a ordem mas, além disso, também para auxiliar todos aqueles que faziam crowdsurfing a descer sem se magoarem e encaminhá-los novamente para a plateia. Algo que não se verifica na maioria dos concertos e/ou festivais, a nível nacional, onde os mais aventureiros acabam por se magoar nas grades ou pela brutidão com que são tratados junto das mesmas. O balanço foi muito positivo e recomendamos o festival a todos os que ainda o desconhecem.

Texto: Joana Cardoso
Fotos: Sandra Manuel

in Backstage Music Forum [www.backstageforum.hot-me.com]

Entrevista Despised Icon

DIAS DE EXTERMÍNIO

Apesar de se torcer o nariz quando se fala de tendências, o deathcore é uma delas, a verdade é que há sempre quem marque a sua posição de forma extremamente honesta e convincente. Um desses casos é o dos Despised Icon. Sete anos de muito trabalho, quatro discos, um DVD e muitos milhares de quilómetros “queimados” à estrada, fazem deste portento de música extrema do novo milénio um caso inegável de qualidade. A banda oriunda de Montreal, no Canadá, apresenta duas caras novas na sua formação e uma sonoridade ainda mais técnica, rápida e com uma nova abordagem à melodia… sempre de contornos dementes. “Day Of Mourning”, a editar a 22 de Setembro pela Century Media, foi o pretexto para a agradável conversa que tivemos com o guitarrista Eric Jarrin.

Após dois discos com o mesmo line-up, apresentam duas caras novas. Como descreve o papel que tiveram em “Day Of Mourning”?
Na verdade, quando eles se juntaram à banda a maior parte do disco já estava escrita. Mesmo assim, eles tiveram oportunidade de contribuir. O Ben [guitarrista] escreveu praticamente um tema e o Max [baixista] trouxe alguns riffs que acabámos por usar aqui e ali durante o disco. Apesar da maior parte da composição ser assegurada pelo Alex [baterista], pelo Erian [voz] e por mim, estamos abertos a receber ideias dos nossos colegas.

Quando muita gente podia pensar que viviam da música, o Sebastien Piché [baixista] abandonou a banda por imposições do seu emprego diário. É fácil pensar-se que com tantas digressões e discos lançados mundialmente muita banda consegue dedicar-se só à música…
É um mito. Se querem viver do Metal é melhor que consigam vender centenas de milhares de discos e fazer digressões nove meses por ano. Tocar música extrema como a nossa não é uma boa “máquina” de fazer dinheiro. Em primeira instância fazemo-la por amor e diversão e então depois se fazemos digressões ganhamos dinheiro decente, mas nunca vi um único cêntimo de um disco que vendemos. O Seb acabou de comprar uma casa e tem um bebé para criar, daí que estar em digressão deixasse de ser possível.

Certamente continua a contactar com ele. Está conformado com o facto de ter saído?
Sim, continuo a falar com ele e com o Yannick [guitarrista]. Eu penso que ambos chegaram à conclusão que era impossível fazer as duas coisas ao mesmo tempo: estar em digressão e sustentar uma família. Talvez seja possível quando facturas milhares de dólares, mas esse não é o nosso caso. Portanto, eles tomaram a opção de sair. Eu sei que às vezes eles sentem falta do estilo de vida da banda, mas têm outras coisas a dar-lhes alegrias na vida – as suas esposas e filhos.

Talvez estejam agora empenhados em tornar os seus filhos nos melhores músicos possíveis!
O Seb tem uma filha e o Yannick teve o seu segundo filho em Abril. Mas sim, talvez esta venha a ser a segunda geração dos Despised Icon! [risos]

O Maxwell Lavelle é um baixista com características um pouco diferentes das do Sebastien. Como o descreve?
O Maxwell é um grande baixista. Embora ele toque com os dedos, o que altera um pouco o nosso som comparativamente ao que era com o ataque de palheta do Seb, ele trouxe uma nova abordagem à banda. Ele gera um som verdadeiramente pesado, o que me agrada. Acreditem ou não, mas quando ele toca com metade da intensidade, juntamente com a rapidez da bateria, cria um som geral muito bom, muito cheio.

O Yannick costumava a produzir os vossos álbuns. Era uma mais-valia. Como aconteceu dessa vez?
Como sempre. Fomos para estúdio com ele meio preparados, assustados os primeiros dias e depois as coisas começaram a engrenar e tudo correu bem. Claro que o Yannick é uma grande valia. Ele esteve na banda durante cinco anos, portanto, sabe quando algo não está bem. Ele também está apto a dar o seu contributo sem alterar as características do som dos Despised Icon, porque sempre fez parte dele.

Também o Alan Glassman [guitarrista] saiu recentemente… para se juntar a outra banda! Foi o culminar de algo que não estava bem?
O Alan esteve na banda apenas um ano e meio. Durante esse período não tivemos qualquer incidente. O seu verdadeiro contributo foi dar-nos a conhecer o Max. Ele costumava tocar com o Alan nos Goratory e revelou-se uma grande aquisição. Espero que o Alan esteja contente com a sua nova banda.

Como referi anteriormente, acho-vos uns “devoradores de asfalto”. O “Day Of Mourning” foi até, provavelmente, escrito na estrada…
Este foi um dos primeiros álbuns que escrevemos quase na íntegra enquanto estávamos em digressão. Foi um desafio, uma vez que, normalmente, escrevemos os nossos discos no conforto dos nossos lares e esperamos que a inspiração nos surja. Tive que levar comigo um computador e uma placa de som externa com os quais gravei guitarras e programei baterias. Digamos que escrevemos metade do álbum dessa forma. Isso permitiu dar um feeling muito mais cru e bruto ao nosso novo material.

Com tanto tempo na estrada era previsível que, mais cedo ou mais tarde, surgisse um DVD. “Montreal Assault Live” foi lançado em Março deste ano. Quer apresentar-nos?
Este DVD consiste num espectáculo de uma hora que demos na nossa terra natal. Foi captado por 11 câmaras e masterizado em surround 5.1. É um concerto muito fixe. Vem acompanhado de um documentário de uma hora incluindo entrevistas, filmagens de bastidores e muito material engraçado.

O conceito do vosso novo trabalho parece bastante mais obscuro, até se olharmos para o seu título. Que sentimentos vos demoveram durante a sua escrita?
Muitas coisas mudaram durante este e o anterior álbum. Experienciámos muitos sentimentos, especialmente o desgosto… quando perdes alguém, quando algo de mau acontece. É uma constante na vida. Afliges-te quando perdes seja o teu trabalho, um amigo, uma relação, um membro de banda… portanto, o “Day Of Mourning” anda à volta desses temas, nos quais penso que muitas pessoas se podem rever.

Em termos musicais, penso que injectaram também um pouco mais de melodia, por estranho que isso possa parecer, atendendo à vossa imperativa agressividade. Contudo, penso que, em pequenas doses, “Day Of Mourning” é diferente dos seus antecessores. Mais técnico até…
Estás correcto. Por qualquer razão este álbum é ligeiramente mais melódico e técnico. Penso também que seguimos uma abordagem mais intensa. As partes mais rápidas estão ainda mais rápidas e os breakdowns mais pesados. Porém, as melodias em questão não são daquelas suaves e tocantes, mas sim “maléficas”.

Embora o deathcore tenha entrado em voga e muitas bandas o façam, continuam a ter uma marca muito particular no vosso som. Penso que se reconhece o vosso som à distância e são já daquele tipo de banda de culto no underground…
Obrigado pelo reconhecimento. Contam-se já cerca de nove anos desde que escrevemos o primeiro riff dos Despised Icon. Penso que já tivemos tempo para forjar e aperfeiçoar o nosso som. É isso que provavelmente faz com que as pessoas nos reconheçam facilmente. Tentamos também criar temas e não fazer apenas copy/paste de riffs. Pode parecer fácil, mas não é. É preciso bastante experiência musical para fazer isso bem.

Digamos que a forma dedicada e honesta como trabalham também marca a diferença?
Penso que temos vozes e secções de bateria muito distintas. O Alex “Grind” é um baterista fora de série. Há poucos que conseguem fazer o que ele consegue. Por outro lado, como já disse, concentramo-nos muito nos arranjos das músicas. Talvez por isso soamos um pouco diferentes de todas as bandas que apenas colam riffs uns aos outros. Desde o nosso começo que nos demarcamos pelo nosso trabalho árduo e honesto, mas não sei como é que acontece em relação às outras bandas. Sempre encaramos as coisas passo-a-passo e tem funcionado.

Será, certamente, desgastante, tanto física como psicologicamente, manter os níveis de desempenho altos face à exigente velocidade e complexidade dos vossos temas. Como fazem para gerir isso?
A maioria de nós é experiente e aprendeu o que fazer para manter os níveis de desempenho altos. O Alex refere-se muitas vezes ao controlo e ao facto de tentar ser o mais relaxado possível mesmo quando está a tocar no topo da sua velocidade. O mesmo acontece comigo. Tento racionalizar a minha energia por forma a não sacrificar a minha performance.

A Europa já é como que uma segunda casa para vocês?
Sim. Aliás, o Quebec é como que uma pequena Europa no norte da América. Portanto, sentimo-nos muito confortáveis e bem-vindos quando vamos à Europa. A comida também é muito boa. Adoramos o catering!

Vocês são bastante íntimos dos Ion Dissonance. Quando li sobre isso, ocorreu-me logo aquele espírito saudável de ajuda mútua entre bandas do underground. É assim também que as restantes bandas do Canadá lidam entre si?
Não sei como as coisas são em relação às outras bandas canadianas, mas entre os Ion Dissonance e os Despised Icon as coisas funcionam quase como uma família. O Antoine, o guitarrista deles, é primo do Alex e o seu vocalista e baterista são colegas de quarto do Alex Erian [vocalista]. O Gab, antigo guitarrista dos Ion Dissonance, é também um amigo muito próximo de nós. Na verdade, tivemos o Gab e o Kevin, actual vocalista dos Ion Dissonance, a participar em dois temas de “Day Of Mourning”.

Sabe alguma coisa em relação a um novo trabalho dos Ion Dissonance? O “Minus The Herd” já data de 2007…
Sei com certeza que já pararam de andar em digressão. Estão sem contrato desde que a Abacus Recordings fechou as portas. Actualmente, estão a trabalhar em temas novos mas não sei se já os começaram a gravar. São grandes músicos!

No meio disso tudo, penso que o que está verdadeiramente mal é os Despised Icon ainda não terem actuado em Portugal! Têm que “esmurrar a mesa” e dizer: queremos tocar em Portugal!
De facto, tivemos algumas propostas. Estamos sempre abertos a tocar aí mas os promotores acabam sempre por cancelar os concertos ou retraem-se. Portanto, acho que está nas mãos dos nossos fãs portugueses fazer ver aos promotores locais de que vale a pena agendar um concerto nosso. E comprem bilhetes com antecedência.

Nuno Costa

Darkside Of Innocence - Cancelam edição de álbum de estreia

O lançamento físico de “Infernum Liberus Est”, o primeiro álbum dos Darkside Of Innocence, foi cancelado. A banda nacional alega que esta súbita decisão deriva do facto da gravação do disco ter demorado demasiado. “Perdemos imenso tempo a trabalhar em “Infernum Liberus Est” e decidimos que este álbum faz agora parte do nosso passado já que passámos dois anos a promovê-lo de diversas formas e acabámos por perceber que precisamos mesmo de seguir em frente. Este álbum em nada representa o que temos em mente momentaneamente e estamos ocupados, faz já algum tempo, a escrever o nosso segundo registo […]” afirma o vocalista Pedro Remiz em comunicado divulgado no Myspace da banda. Contudo, esta já garantiu que as gravações serão disponibilizadas para donwload em link a anunciar brevemente. Entretanto, é possível ouvir o disco quase na íntegra no Myspace.

Thursday, August 20, 2009

Alentejo Sem Lei - "Anarquia" este fim-de-semana em Santiago do Cacém

É já esta sexta e sábado que decorre a segunda edição do festival Alentejo Sem Lei. O local dos espectáculos situa-se na Cruz João Mendes, em Santo André, no município de Santiago do Cacém. No primeiro dia, teremos a partir das 18h00, warm-up pelo DJ Xoice seguindo-se as actuações dos Ventas de Exterko, Fábrica D’Brinquedos, Konad, Acromaníacos e Mata-Ratos; no segundo, a partir das 16h00, é a vez de subir ao palco os Burned Blood, Sordid Sight, Sem Talento, Utopium, Cryptor Morbius Family, Canchroid, Subcaos e Holocausto Canibal. O ingresso para os dois dias é de 10€ com direito a campismo. Mais informações em www.alentejosemlei.blogspot.com.

Porcupine Tree - Arte acidentada

O génio de Steven Wilson e seus Porcupine Tree volta a "rasgar" o meio musical progressivo no dia 14 de Setembro. O décimo trabalho da banda britânica, intitulado “The Incident”, a editar pela Roadrunner Records, é uma viagem de 55 minutos composta por uma única faixa-título dividida em 14 partes. O disco vem em edição dupla com mais quatro temas independentes do conceito principal. Foi ainda gravada uma faixa de 35 minutos da autoria de Steven Wilson durante as gravações de “The Incident”, sobre a qual não há ainda detalhes. O conceito de “The Incident” surge, segundo o mentor da banda, num dia em conduzia e viu o anúncio "Police - Incident". Wilson sentiu que “incidente é uma palavra com tanto destaque para algo tão destrutivo e traumatizante para as pessoas envolvidas”. Para além disso, diz que, naquele momento, sentiu que “o espírito de alguém que tinha morrido no acidente” lhe entrou no carro e se sentou ao seu lado. A partir daí começou a pesquisar sobre outros incidentes publicados nos Media. O primeiro single a retirar deste novo trabalho é "Time Flies" que servirá também de base para um videoclip. Enquanto “The Incident” não chega aos escaparates, é possível escutar um preview no Myspace da banda.

Arch Enemy - Dão nova vida aos seus três primeiros trabalhos

Angela Gossow e companhia lançam no dia 28 de Setembro, pela Century Media, uma colectânea intitulada “The Roots Of All Evil”. Esta consiste numa selecção de versões regravadas dos primeiros três discos da banda – “Black Earth” [1996], “Stigmata” [1998] e “Burning Bridges” [1999]. O disco foi gravado em vários pontos da Suécia e produzido pela própria banda, desempenhado especial papel o próprio baterista, Daniel Erlandsson, e Rickard Bengtsson. A mistura e masterização ficaram a cargo do mítico Andy Sneap. Neste momento, já é possível escutar a faixa “Beast Of Man” no seu Myspace.

Converge - Nos eixos

Os norte-americanos Converge preparam-se para lançar o sétimo disco da sua carreira. “Axes To Fall” sucede ao aclamado “No Heroes”, de 2006, e é editado a 20 de Outubro novamente pela Epitaph Records. Uma edição em vinil chegará também mais tarde mas pela Deathwish. O disco conta com 13 faixas produzidas por Kurt Ballou. No campo das participações especiais temos Uffe Cederlund [Disfear] e Steve Von Till [Neurosis]. Para já, o tema “Dark Horse” encontra-se disponível no Myspace da banda.

Wednesday, August 19, 2009

Review

PROCESS OF GUILT
“Erosion”
[CD – Major Label Industries]

Um dos actuais maiores marcos da música extrema nacional está de regresso. O sucesso notável e o impacto do seu antecessor, “Renounce”, editado em 2006, colocava muita gente a salivar por um novo capítulo de música post, sufocantemente densa e de sentimentos magnânimos vinda deste quarteto de Évora. Pelo seu percurso, percebemos este colectivo como dos mais sólidos e lúcidos em relação aos seus princípios de que há memória em Portugal, daí que se confiasse num regresso de qualidade.

De facto, “Erosion” não desilude mas também não impressiona. Ou será que o seu antecessor lhes criou uma sombra muito grande da qual não será fácil, nem agora nem mais tarde, libertarem-se? “Erosion” é um disco, indiscutivelmente, diferente… sente-se um pouco menos “a dor” na sua interpretação, como que se se revelasse um disco mais submetido à luz, ligeiramente menos denso, pesado e variado do que “Renounce”. Digamos que a banda aprofunda uma vertente mais post e deixa um pouco de lado alguma da tradição death do seu passado.

A melodia e o peso continuam a ter lugar cativo neste regresso, mas a capacidade de mexer-nos instantaneamente com a tripa não é a mesma que a do seu antecessor. Arrisco-me a dizer que o ambiente das composições dos Process Of Guilt em "Erosion" perdeu ligeira densidade [à excepção de “Abandon”]; o peso não é tão dilacerante e declarado e as melodias não são tão belas e contagiantes.

O rumo desta análise leva o leitor a crer que este quarteto nacional não teve a arte nem engenho para superar a classe de um disco como “Renounce”. Não será essa a questão. A própria banda até pode ter sentido o enorme peso nos ombros de ter que corresponder a tão auspiciosa estreia, mas acabou por revelar-se inteligente ao não incorrer no óbvio e, eventualmente, comprometer a sua liberdade criativa, mas sim enveredar por um caminho musical ligeiramente diferente. Ficam assim feitas as salvaguardas de uma identidade cada vez mais decalcada que por um disco estranhamente diferente se percebe que temos uns Process Of Guilt a crescer. [8/10] N.C.

Estilo: Post-Doom/Death Metal

Discografia:
- “Renounce” [CD 2006]
- “Erosion” [CD 2009]

www.processofguilt.com
www.myspace.com/processofguilt

Live Zone

VAGOS OPEN AIR
07-08.08.09 - Lagoa do Calvão, Vagos

O Vagos Open Air é o resultado da parceria entre a Prime Artists e a Ophiusa Eventos que anteriormente organizaram o Alliance Fest e o In Ria Rocks. Agora na Lagoa do Calvão, na vila aveirense, as promotoras disponibilizaram as melhores condições possíveis para quem se deslocou ao festival; as indispensáveis casas-de-banho, área de comes-e-bebes, tenda de merchandise, etc. Apadrinhando esta primeira edição do Vagos Open Air, a SounD(/)ZonE esteve presente, falhando, infelizmente, algumas actuações no primeiro dia devido ao trânsito e à inconveniente hora do seu início [16h00], a que os compromissos profissionais não deixaram corresponder. Ainda assim, aqui fica um olhar amplo sobre o que se passou nestes dois dias de celebração metaleira.

KATATONIA

A banda liderada por Jonas Renkse baseou a sua actuação no álbum “The Great Cold Distance”. Em destaque estiveram temas como “Dead House”, “My Twin”, “Evidence”, bem como composições do seu mais recente trabalho, “Night Is The New Day” a lançar em Outubro próximo. Em palco podemos testemunhar um vocalista mais comunicativo do que o habitual, mas nunca perdendo a concentração naquilo que estava a fazer. A mística e toda uma atmosfera de encanto e beleza estiveram presentes. Um bom espectáculo.

THE GATHERING

Este foi o primeiro o concerto da banda holandesa em Portugal com a vocalista Silje Wergland. A magia das músicas do grupo mantém-se bem presente e a sucessora de Anneke Van Giersbergen é detentora de uma bela voz, de timbre muito próximo do da antiga “cara de proa” da banda. Contudo, existe um aspecto em que são muito diferentes – na presença em palco. A dado momento, durante o concerto, Silje olha para a lua e pede que a fotografem e lha mandem por e-mail. Confessou que nunca tinha visto uma lua cheia tão bonita. Para além do peculiar do momento, serviu bem para aliviar um pouco a tensão face à sua estreia em solo português. Entretanto, “Saturnine” foi o ponto alto do concerto, com um público a acompanhar a letra com entusiasmo. Em suma, foi uma boa prestação da banda neste primeiro capítulo do Vagos Open Air, mas uma coisa manchou um pouco o quadro: a fraca adesão de público. À medida que o concerto se ia desenrolando notava-se que muitas pessoas iam abandonando o recinto, quem sabe pela falta daquilo a que Anneke nos havia habituado – uma garra e um amor ao cantar inconfundíveis. Ficamos a aguardar por novos trabalhos da banda… e quem sabe um novo rumo.

ECHIDNA

Num "dia dois" em que houve um acréscimo significativo de público, a banda de Vila Nova de Gaia mostrou-se muito bem em palco, aproveitando a ocasião para dar por terminada a sua “No Lenience Tour” que suportou durante vários meses a estreia “Insidious Awakening”. Tratou-se de um concerto cheio de energia onde não faltou mosh. Os Echidna centraram o seu repertório, precisamente, no seu mais recente trabalho, do qual destacaram-se “Purifier” e “Ephemera”. O vocalista Pedro Fonseca esteve sempre muito comunicativo com a assistência, notando-se já que a banda arrasta consigo um número significativo de fãs. Um bom concerto para abrir este segundo dia em Vagos.

THEE ORAKLE

Este septeto de Vila Real aproveitou, mais uma vez, para dar a conhecer o seu primeiro longa-duração – “Metaphortime”. O contraste entre as vozes de Pedro e Mika funcionam na perfeição. O grupo tem bons músicos e bons temas, mas com o passar do concerto, começa a sentir-se algum desinteresse pelo que vem a seguir. Contudo, dentro do género que praticam, os Thee Orakle são uma banda que nos pode surpreender muito no futuro.

DAWN OF TEARS

Revelou-se uma agradável surpresa estes espanhóis – um concerto que cativou toda a assistência. A cada música que terminava, notava-se no ar o público a pedir mais. Uma actuação pujante. O vocalista J. Trebol várias vezes agradeceu o apoio da audiência. Esta é uma banda que não tem contrato discográfico, apenas se dão a conhecer gratuitamente no Myspace. O seu visual levou também muita gente, que não os conhecia, a pensar que se tratavam de uma banda de Black Metal… Death Metal Sinfónico é, sim, o aplicativo mais correcto. Por vezes, os concertos de bandas menos conhecidas são os que nos proporcionam os momentos mais memoráveis de um festival… este contribuiu para isso!

CYNIC

Havia muita gente à espera desta actuação que marcou também a primeira apresentação desta lendários da Flórida em Portugal. Entretanto, sabia-se que algumas pessoas que estiveram em Vagos já os tinham visto em Vigo. A banda liderada por Paul Masvidal é composta por excelentes músicos que ofereceram uma actuação muito concentrada e determinada. Praticam um Rock Progressivo muito bem oleado.

DARK TRANQUILITY

E eis que chega a hora de uma das bandas mais aguardadas deste festival. Entre outros aspectos, destacamos desde logo a excelente actuação do vocalista Mikael Stanne. Ficou claro que não lhe pesa os já vinte anos de carreira. A banda sueca tocou temas como “Focus Shift”, “Final Resistance” e “The Treason Wall”. Curioso foi o momento em que o guitarrista deu o chamado grande “prego”, mas tiveram a humildade suficiente para perguntar ao público se queria que repetissem o tema. Uma excelente interacção entre Stanne e o público.

AMON AMARTH

E para finalizar uma grande noite de um grande festival, estiveram em palco os poderosos Amon Amarth. O seu Death Metal Melódico incendiou a plateia e levou-a ao rubro. Johan Hegg, com o seu corno viking à cintura, presenteou o público com “Twilight Of The Thunder Gods”, “Death In Fire”, “Victorious March” e “The Pursuit Of Vikings”, uma ementa composta tanto por temas recentes como por êxitos antigos. De notar que esta banda trouxe ao último dia do festival um grande número de fãs, onde se destacou a presença do pequenote Henrique “The Baby Rocker” que já segue os Amon Amarth com cerca de um anito de vida e o ano passado já marcou presença, ainda na barriga da mãe, num dos festivais que deu origem ao Vagos. O semblante do público em geral era de satisfação e já de alguma nostalgia. Sendo esta a primeira edição do Vagos Open Air, o balanço é muito positivo e esperamos que para o próximo ano este nos faça sentir em casa novamente.

Texto: Miguel Ribeiro
Foto: Paula Martins

Tuesday, August 18, 2009

Especial October Loud VII

OPPRESSIVE

Poderão até ser vistos como uma terceira encarnação dos Blasphemy, embora num contexto musical muito diferente. Filipe Vale [voz], Ricardo Conceição [baixo] e Bruno Pacheco [bateria] transitam para este novo projecto formado em 2006 com o intuito de expressar os anos de experiência e entrosamento entre si. A eles juntaram-se Fábio Amaro [Psy Enemy] e Carlos Cabral [Spinal Trip]. As influências musicais passaram também a ser outras [Meshuggah, Mnemic, Threat Signal, etc] e a sonoridade que os Oppressive destilam hoje, com um apreciável trabalho técnico, é um resultado muito positivo das "dores de crescimento" destes músicos que, entretanto, parecem sanadas.

Porém, poder-se-á contar pelos dedos de uma mão as vezes que a banda apareceu ao vivo desde que se formou. Certamente que interesse em ver a banda por parte do público açoriano não faltará, mas a banda circunscreve-se numa política que tem como bases impreteríveis a consistência e a perfeição. Segundo Filipe Vale, o mais importante é “ter o trabalho de casa bem feito de forma a sair tudo perfeito”. Daí que considere que seja benéfico o facto da banda aparecer pouco ao vivo: "assim preparamos um repertório mais consistente, compacto e trabalhado”. Outrora o músico confessa que a indisponibilidade de alguns dos seus elementos, por motivos pessoais e/ou profissionais, também fê-los recusar convites para tocar. Todavia, manifesta o desejo de que a situação venha a mudar este ano já que todos os membros dos Oppressive se encontram em S. Miguel.

Mesmo assim, não será por isso que a banda investirá mais forte num disco. “De momento a hipótese de lançarmos um E.P. ou um promo-CD está excluída, pois preferimos apostar em gravações independentes e mostrar os temas desenvolvidos pela banda no Myspace”. Neste sentido, o frontman da banda promete um tema para breve. “Temos um tema pendente já todo gravado no qual apenas precisamos de acertar pequenos pormenores […] e queremos terminar um tema novo e gravá-lo”, explica.

Serão, certamente, estas algumas das propostas que constarão da set-list dos Oppressive no dia 4 de Outubro no Salão de José, em Ponta Delgada, no festival October Loud. A banda manifesta um claro apreço pelo festival, considerando-o “um sucesso”, e promete “descarregar muita energia” sobre o seu público e fãs.

Line-up:
Filipe Vale [voz]Fábio Amaro [guitarra]
Carlos Cabral [guitarra]
Ricardo Conceição [baixo]
Bruno Pacheco [bateria]

Ano de formação: 2006
Estilo: Metal Moderno
Discografia: N/D
Site: www.myspace.com/oppressiveband

Loud! - Edição #102 a "derreter" as bancas

A edição mais “quente” da revista de metal portuguesa por excelência, a Loud, encontra-se já nas bancas. Na capa o destaque vai para os Municipal Waste que estarão de regresso aos discos na recta final deste mês e estrear-se-ão ao vivo em Portugal em Setembro. A equipa da Loud esteve também à conversa com os Behemoth, Process Of Guilt, 1349, Dawnrider, Ghost Brigade, Minsk, Suicide Silence, Vomitory, Witchbreed, Týr, Syrach, IQ, Gilttertind, Loch Vostok, Threat Signal, Poison The Well, The Spektrum, Neaera, Hackneyed, Arctic Plateau, Swashbuckle, Darkness Dynamite e Noctem. As “radiografias” aos discos na secção “Críticas” vão no sentido dos novos trabalhos dos Asphyx, Coalesce, Divine Heresy, Ghost Brigade, Glorior Belli, Graveworm, Job For A Cowboy, Maylene & The Sons Of Disaster, Municipal Waste, Onslaught, Process Of Guilt, Psychopunch, Stryper, The Psyke Project, Threat Signal, Vader e YOB. A secção de demos – “Demolição” – também regressa e debruça-se sobre os Eu E Os Meus Onanismos, Fools Die, Karnak Seti e Target35. Numa época de intensa actividade festivaleira, a Loud não perdeu oportunidade de lançar um olhar sobre os festivais Optimus Alive! 09 e Metalnation, para além de relatar as passagens por Portugal de Marilyn Manson, Dream Theater, Suicidal Tendencies, Valient Thorr, Benediction, Misery Index, Karma To Burn e City Of Ships. No cômputo nacional, fica também a reportagem do espectáculo de lançamento de “Erosion” dos Process Of Guilt. Com muita expectativa guarda-se também a terceira e última parte da tour report de Robin Staps dos The Ocean, ao mesmo tempo que ficamos a saber tudo sobre a edição deste ano do Festival Ilha do Ermal. Todas as restantes rubricas não faltam a mais essa chamada.

Monday, August 17, 2009

Metalicídio On Stage - Cartaz fechado com workshop de voz e set de DJ

Inserido no cartaz do festival açoriano Metalicídio On Stage, Rute Fevereiro, a conhecida líder dos nacionais Black Widows, ministra um workshop de voz no dia 10 de Outubro no Bar Baía dos Anjos, em Ponta Delgada, a partir das 16h00. Também o DJ Imperatore do programa “S.O.S. – Do Extremo ao Caos” da rádio bracarense Voz do Neiva [98.7 FM] é convidado para animar o after-hours nos dois dias de concertos no mesmo bar, a partir da 01h00. Em termos de cartaz musical relembramos que no dia 9 de Outubro sobem ao palco os Nableena, Hatin’ Wheeler, Mourning Lenore e Pitch Black, e no dia 10 os Sanctus Nosferatu, Zymosis, Desire e W.A.K.O.. Os concertos decorrem no Pavilhão do Mar, na capital açoriana, a partir das 20h30. A entrada é gratuita.

Friday, August 14, 2009

Entrevista Hatesphere

O QUE NÃO NOS MATA…

E se ao fim de 14 anos de carreira uma banda perdesse quase todos os seus elementos de uma assentada e numa altura em que até tinha acabado de lançar um disco? Foi o que aconteceu aos Hatesphere pouco depois de “The Serpent Smiles And Killer Eyes” ter chegado aos escaparates, em 2007. O mundo “desabou” sobre a cabeça de Peter Hansen quando viu sair três colegas de longa data e um quarto, já numa fase em que estavam a começar a sua reestruturação. Momentos muito difíceis que o grupo dinamarquês, com uma dedicação inexorável na pessoa do seu fundador e guitarrista, ultrapassa estoicamente passando uma borracha no passado com o novo “To The Nines”. Este é a busca da perfeição que sara todas as cicatrizes e promete catapultar o grupo de novo para a forma habitual. Assim o garante o mais conhecido por “Pepe”.

Deve estar cansadíssimo de falar nesse assunto, mas muita gente aqui em Portugal continua sem perceber porque se deu uma tão profunda remodelação na vossa formação nos últimos dois anos. Dá-nos uma nova oportunidade de perceber?
Sim, estou incrivelmente cansado de falar nesse assunto… temos explicado as razões em inúmeras entrevistas, blogues e newsletters, mas pelo amor de Deus, do país e do Rei, eu vou fazê-lo novamente! [risos] O nosso antigo guitarrista, baixista e baterista decidiram abandonar a banda logo após as gravações do nosso anterior trabalho. Eles queriam passar mais tempo em casa a tomar conta das suas famílias e do seu emprego e não queriam perder muito tempo na estrada. Eu compreendo-os perfeitamente. Eles tinham outras prioridades e temos que respeitá-las. À medida que vamos ficando mais velhos temos que questionar-nos e decidir: será isso que quero fazer ou é outra coisa qualquer? Eles escolheram a segunda hipótese e isso é fixe. Eles continuam a adorar tocar mas deixaram de ter muito tempo para o fazer. Quanto ao nosso antigo vocalista, eles apenas abandonou a banda porque estava cansado…

Será que foi isso ou também a desilusão de ver os seus colegas saírem? Digo isso porque lendo alguns textos antigos, ele parecia extremamente motivado!
Sim, ele parecia muito motivado e foi por isso que achei muito estranho quando ele deixou a banda. Nós acordámos sobre o que o futuro nos reservaria. Ele estava totalmente contra a ideia dos seus colegas abandonarem e estava disposto a recrutar “sangue novo” para a banda de forma a podermos continuar com o projecto… mas, subitamente, ele desistiu! Foi muito estranho, especialmente porque estávamos a ir de vento em popa nessa altura. Tínhamos encontrado novos membros muito bons e as pessoas tinham gostado do nosso novo álbum. O Jacob não estava desiludido pela saída dos seus colegas, muito pelo contrário, para dizer a verdade. Ele não aceitava o facto de eles não quererem fazer tantas digressões, portanto achou melhor trazermos novas pessoas para a banda. Na verdade, nós todos concordámos com isso, até os nossos antigos membros. Dessa maneira, não havia nada de dramático…

Apesar de todos estes períodos difíceis, nunca pensou em desistir da banda, certo? Ela é como o seu filho!
Exactamente! Posso ter tido dois segundos de dúvida quando o Jacob disse-me que ia sair, mas logo após a banda reuniu-se e decidiu empenhar-se para arranjar um novo vocalista e provar a todos que estávamos mais fortes do que nunca. E como disseste, essa banda é como o meu filho. Estou nessas andanças há tanto tempo que nem sei precisar e continuo a sentir que a banda e eu temos muito boa música cá dentro para mostrar. Portanto, acho que seria uma pena parar agora. Em todo esse processo aprendemos muito sobre música e como manter os níveis elevados. Se tivéssemos pensado que a música não era a melhor coisa que fazíamos, teríamos parado imediatamente! Portanto, o facto de ainda estarmos aqui demonstra que acreditamos em nós próprios… mais do que nunca!

Agora “sozinho” com os seus novos colegas, como se sente? O “patrão”?
[risos] Na verdade, não! Estamos juntos há dois anos [esta frase até soou a “casamento”], daí que não represente nada de novo para mim ou para eles. Durante esse tempo fizemos muitas digressões, tocámos em muitos festivais, compusemos, gravámos e lançámos um novo álbum. Por isso, já passámos por muito juntos e conhecemo-nos muito bem. A atmosfera na banda é muito melhor do que a de antes e é um prazer tocar com uma banda que quer fazer isso a 100% e é realmente boa no que faz. Volto a dizer que nos sentimos mais fortes do que nunca!

Os seus novos companheiros estavam completamente integrados quando compuseram “To The Nines” ou este álbum é, acima de tudo, um esforço seu?
Foi um esforço conjunto! Nunca tínhamos ensaiado tanto antes de gravar um álbum e nunca tínhamos ensaiado com a banda toda… incluindo o vocalista – embora tendo estado lá fisicamente acho que nunca esteve presente, efectivamente! Nos velhos tempos era muito raro termos a experiência de ensaiar com o nosso vocalista. Hoje em dia o Joller, o nosso novo vocalista, ensaia sempre connosco e nos ensaios para a gravação do “To The Nines” ele ajudou bastante. Assim que tínhamos um tema pronto, o Mixen [baixista] e o Joller escreviam as letras para o próximo ensaio e este último ficava muito tempo a praticar. Tivemos muita oportunidade de ouvir como os temas soavam com voz e de mudar algumas coisas caso não estivéssemos satisfeitos. Anteriormente isso acontecia em estúdio e às vezes havia certas coisas que não podíamos mudar. Portanto, nesse aspecto melhorámos muito. Eu escrevi quase toda a música de “To The Nines”, como aconteceu no passado, mas os restantes membros estiveram comigo a fazer arranjos e contribuíram muito na composição. O Jakob, nosso novo guitarrista, escreveu um tema e mais alguns riffs também. Portanto, foi mesmo toda a banda a trabalhar dessa vez!

E depois de algumas digressões com eles, o quão malucos os consideraria?
Eles são muito malucos, realmente, em particular os “gémeos” Mixen e Joller que estão a fazer o seu melhor para manter a nossa reputação de bêbedos e festivos! [risos] No geral divertimo-nos muito… é uma diversão profissional! [risos] No palco estamos mais demolidores do que nunca. Os meus novos colegas ficam malucos quando estão a tocar e torna-se um prazer tocar com eles. Os fãs têm reagido também de forma muito positiva e isso é muito importante para nós.

Mantiveram-se apenas dois álbuns na SPV. O que aconteceu?
A SPV mudou o seu comportamento drasticamente no último ano da nossa relação. Depois de nos terem apoiado bastante no início chegámos ao ponto de eles nem nos responderem aos e-mails e telefonemas. Raramente tínhamos notícias deles e não pareciam interessados em nós, mesmo que os alimentássemos com grandes novidades. Parecia que não se importavam com isso. Por isso, sentimos que tínhamos que rescindir contrato, mas mesmo em relação a esse assunto eles não respondiam aos nossos e-mails e telefonemas. Era como se se tivessem desinteressado totalmente. De qualquer maneira, no final eles mandaram-nos um e-mail dizendo que estávamos livres do contrato e começámos imediatamente a procurar uma nova editora. Quando falámos com a Napalm eles mostraram-se muito interessados. A dedicação que manifestaram foi mesmo o factor que nos fez assinar com eles. A editora é extremamente profissional e possui uma grande rede de distribuição e um grande departamento de promoção. Mas para nós o facto de nos apoiarem tanto foi simplesmente a coisa mais importante para nós! Estamos super contentes por trabalhar com eles. Eles trabalham arduamente por nós e agora só precisamos de beber umas cervejas com eles… aí o círculo estará fechado! [risos]

“To The Nines” parece-me um disco com um sentido de peso e agressividade mais acentuado, mais até do que o do seu antecessor. Ao mesmo tempo, acho-o o álbum mais catchy que alguma vez fizeram…
Antes de mais, obrigado e, segundo, deixa-me dizer-te que sinto o mesmo em relação a este novo álbum. Estamos muito mais brutais neste momento mas, ao mesmo tempo, o “To The Nines” é muito acessível. Em relação à agressividade, esta revela as frustrações dos nossos últimos dois anos. Sentimos uma grande pressão que nos levou a concentrar bastante para mostrar a toda a gente que estamos melhor do que nunca. Daí as coisas terem resultado num som bastante brutal… mas, felizmente, bastante orelhudo.

Tentei encontrar o sentido para o título do vosso novo disco, mas em vão... Trata-se de alguma expressão inglesa?
[risos] No princípio eu próprio não sabia o que significava, mas agora, que sei, parece-me bastante óbvio. Uma vez que o número nove é o maior número singular, “To The Nines” significa alcançar a perfeição, fazer mira ao melhor, estabelecer os mais elevados padrões; tudo isso acreditando simplesmente em nós próprios. Este título reflecte bem o nosso sentimento actual como banda.

A imagem do vosso novo trabalho lembra-me a máfia americana dos anos 20. Fale-nos do vosso novo visual.
A capa de “To The Nines” mostra um homem vestido “à nove”; um homem no topo do mundo, da perfeição. Contudo, a sua confiança em si fá-lo não ouvir a opinião dos outros, uma vez que, mentalmente, ele continua a achar-se capaz de fazer tudo o que quer… e da melhor maneira. Portanto, a capa do nosso novo álbum significa que, embora, aos olhos dos outros, pareças mais fraco, continuas capaz de fazer o quiseres, tão bem ou melhor que antes. Novamente, há aqui uma relação próxima com a banda, como no seu título.

Qual é a sua visão sobre a música actualmente, na posição de uma pessoa que já está nessas andanças há tanto tempo? Pensava que pudesse ser tão difícil chegar onde chegaram quando começou com a banda?
Certamente, nunca pensei que pudesse ser tão excitante! Nunca esperei que chegássemos tão longe ao ponto de viajar para outros países e ser pagos para tocar. É, simplesmente, fantástico! Mas tudo isso implica trabalho árduo e é muito complicado fazer vida disso. Aos meus olhos o mais importante é fazer algo que adoramos – e neste momento faço-o! Entretanto, o negócio da música é muito injusto. Não são necessariamente as melhores bandas que recebem a devida atenção. É triste, mas é a verdade! Apesar disso, o nosso objectivo é, sem dúvida, fazermo-nos ouvir, fazer as pessoas lembrarem-se dos Hatesphere.

Qual é o maior desafio para manter um banda hoje em dia? Como já indiciou, estão longe de se sustentarem da música e isto agrava-se pelo facto dos discos já não venderem como antes…
Exactamente. Tens que tocar muito, não só para as pessoas te notarem mas também para fazeres dinheiro, uma vez que, como dizes, não se faz dinheiro da venda de discos. Portanto, os concertos e o merchandise são muito importantes nos dias que correm.

A cena dinamarquesa apoia as bandas de Metal como devia?
Bom, o governo do nosso país não está desperto para apoiar o Metal. Está mais interessado em apoiar géneros mais “aceitáveis” e “culturais” como a música clássica, a ópera e o jazz, sem pensar que a Dinamarca tem uma cena metálica muito fixe e saudável com bandas que têm levado o nome do país para fora-de-portas. Portanto, investir neste tipo de bandas não era nada mal pensado e dar-lhes-ia melhores hipóteses de viver da música. Outros países têm sistemas de apoio para bandas, incluindo as de Metal, mas a Dinamarca falha nesse aspecto. De qualquer maneira, a cena é boa. Não temos assim tantas bandas, mas temo-las em qualidade!

Para além de tocar, o que faz na sua vida?
Tenho uma namorada e um filho, portanto, passo todo o tempo que posso em casa. Para além disso, trabalho como professor numa escola para crianças especiais; crianças hiperactivas e com autismo. Quando não estou a trabalhar passo também muito tempo a ver e a jogar futebol.

Vão manter-se na estrada por mais algum tempo. Portugal está na vossa lista de paragens. Que expectativas têm para esse concerto?
Vamos tocar em festivais esse verão e Portugal está pelo meio, a 29 de Agosto, no Festival Ilha do Ermal. É um concerto que aguardamos com especial expectativa, uma vez que tocámos aí o ano passado e foi fantástico! Além disso, o clima atrai-nos bastante, mas, basicamente, abordamos qualquer concerto como se tivesse que ser o nosso melhor de sempre. Portanto, esperem muita diversão. Quando acabar os nossos compromissos com festivais temos agendado uma longa digressão na Dinamarca antes de voltarmos à Turquia, entre outros países. Estamos a trabalhar já noutra digressão europeia e logo após queremos mesmo muito tocar pela primeira vez nos Estados Unidos. Estamos a trabalhar afincadamente nisso. Esperamos também voltar a tocar em Portugal ainda este ano… mas mais notícias sobre isso chegarão mais tarde.

Nuno Costa