Monday, January 16, 2006

Entrevista Sencirow

ESTREIA DESTEMIDA

Os Sencirow são germânicos e já lutam por um lugar ao sol desde 1996. Os últimos anos passaram-nos a gravar demos – “Dreamspace” e “Crown Of Creation” -, a abrir alguns concertos importantes como os de Doro e Grave Digger, e a lançar [literalmente] maquetas para os palcos na esperança de algum manager ou músico os contactar com o intuito de os ajudar a dar um pulo na sua carreira. No entanto, e como isso não se verificou a banda continuou muito empenhadamente a lutar pelos seus sonhos, e eis que em 2005 lhes surge um contracto com a AFM Records, que lhes vale agora a edição do seu primeiro álbum intitulado “Perception Of Fear”. Os Sencirow mostram nessa estreia um Heavy Metal tradicional poderoso e rápido, na veia de uns Iron Maiden e Rage, onde lhes é possível conferir a marca indelével do metal germânico. Lançado no último fim-de-semana, a SounD(/)ZonE anteviu a festa de lançamento de “Perceptions Of Fear”, entre muitas outras coisas, com o vocalista e guitarrista Daniel “Kensington” Seifert. Fica aqui o testemunho.


A festa de lançamento de “Perception Of Fear” é já amanhã! Deves estar bastante contente e ansioso!
Antes de mais, quero-te desejar um feliz ano novo! E sim, estou muito contente, mas não estou ansioso. Levou muito tempo até que lançássemos este primeiro álbum e estamos satisfeitos por concluir este capítulo e seguir em frente. Agora é tempo de mostrar às pessoas a nossa música nos próximos concertos e vender o nosso álbum.

Existe alguma preparação especial para a festa de amanhã?
Sim, claro! Nós preparámos algumas coisas mas nem tudo o que queríamos se pude tornar possível. Em primeiro lugar, queríamos vender as nossas novas t-shirts e casacos, mas a companhia não os conseguiu ter prontos para amanhã. Por isso, não temos t-shirts... Em segundo lugar, estava a produção de uns chocolates com o logotipo dos Sencirow, mas isto também não possível ter pronto. Para além disso, temos preparado alguma pirotecnia para o nosso concerto, e teremos três bandas amigas a tocar antes de nós amanhã. Um amigo nosso pintou a capa do nosso CD numas bandeiras para serem colocadas ao lado da bateria. Elas estão impecáveis! Provavelmente, também vamos tocar duas covers de bandas bem conhecidas, mas não queria adiantar muito... É suposto ser uma surpresa!

Em relação à vossa formação, as pessoas poderão pensar que vocês são uma banda muito recente, mas de facto vocês já andam nisso há dez anos. Fala-nos dessa primeira fase.
Nós começámos a nossa carreira muito jovens, em 1996. No Verão de 1999, começámos com a gravação da nossa primeira demo, e até essa altura tínhamos cerca de vinte músicas. Após essa gravação, o nosso baixista abandonou a banda para se poder dedicar mais à família. Entretanto, esta formação vem-se mantendo desde o Inverno de 2000/01: eu [voz e guitarra], o Thorsten [guitarra e coros], o Holger [baixo] e o Timo [bateria]. Gravámos depois a nossa segunda demo no Verão de 2001. Obtivemos muito boas reviews a ambas as demos e, entretanto, demos dado muitos concertos.

Existe uma frase no vosso press release que diz que vocês passaram os primeiros três anos de existência na sala de ensaios, mas creio que isso não é para ser levado à letra, certo?
Sim, nós não passámos o tempo todo a ensaiar. Demos alguns concertos nas localidades mais próximos de onde vivemos e divertimo-nos muito nesses tempos. A maioria desses espectáculos foram marcados por caos total e muita cerveja! (risos) Ah podes crer que foi... (risos)

É muito difícil erguer e sustentar uma banda na Alemanha?
Nós sempre fizemos por estar sempre a divulgar o nosso trabalho e sempre tentamos tocar o maior número de espectáculos possível. No sabemos que é difícil erguer uma banda desconhecida na cena metaleira Alemã, mas nós sempre seguimos em frente e nunca desistimos, sempre divulgando notícias em revistas e fanzines. Mandámos as nossas demos para editoras e contactámos revistas no sentido de fazerem reviews às nossas demos. Foi um período longo e difícil, mas finalmente alcançamos aquilo com que sempre sonhámos – assinamos um contracto com uma editora!

Existe também uma comentário no vosso press que explica que vocês chegavam a atirar promos para os palcos das bandas famosas a que assistiam aos concertos para promover o vosso trabalho. Esta é uma maneira curioso de promoção...
Sim, é verdade. O Timo e eu viajámos até Praga e Atenas e atirámos promos para o palco dos Iron Maiden. Igualmente, distribuímos CD’s pelo público, porque o público que gosta de Iron Maiden também aprecia o nosso som, acho eu! (risos) Fizemos isso com a nossa primeiro demo e, nessa altura, eram cassetes a voar directamente para os músicos em cima do palco!

E isto resultou em alguma ocasião? Alguma banda ou manager chegou a vos contactar?
Infelizmente, não. Mas nós vendemos muitas demos desta maneira, porque o público gosta da nossa música.

Em relação ao título do disco, que “medo” é este que vocês estão a percepcionar?
Toda a gente tem medo de alguma coisa, a única questão é de quê!... Talvez da guerra, da manipulação, das trevas, das decisões políticas, da morte, dos desastres naturais... Acho que existe um pequeno medo em todos nós. Olhem para dentro de vós próprios e irão encontrá-lo.

Como descrevem o vosso som? Trata-se de um estilo bem “germânico”, certo?
Penso que se trata de um Heavy Metal tipicamente germânico com um toque americano. Não gostamos da descrição Power Metal, porque muitas pessoas pensam logo em Rhapsody ou Hammerfall. Mas nós pensamos que a nossa música parece-se muito mais com os primórdios dos Iron Maiden, Rage ou Grave Digger. Puro Heavy Metal. Nós todos temos influências muito diferentes dentro da bandas. Nelas incluem-se, para além das que já citei, Nevermore, Running Wild, Slayer, Pantera, Guns’N’Roses, Blind Guardian, Iced Earth (na altura do Matthew Barlow), Destruction, Cannibal Corpse, Annihilator, entre muitas outras. Mas as influências mais importantes são mesmo os Iron Maiden e os Rage.

A promo de “Perception Of Fear” já anda a circular há algum tempo... Têm recebido boas críticas, têm feito muitas entrevistas?
Sim, temos recebido muitas reviews e temos respondido a algumas entrevistas, inclusive, algumas por telefone. Na Metal Hammer conseguimos o quinto lugar na secção “Soundcheck” e o décimo quarto lugar na revista Rock Hard. É realmente muito bom.

Vocês têm uma canção muito bonita em “Perception Of Fear” intitulada “Dreamspace”. Este é precisamente o título de uma das vossas demos. Existe portanto uma relação entre elas?...
Sim, este é o título da nossa primeira demo. Nós tocamos este tema em todos os concertos e quisemos inclui-lo no CD com um melhor som. O Henner da AFM inclusive sugeriu que gravássemos esse tema nos estúdios Stage One com o Andy Claasen e, como tínhamos muito tempo de estúdio, decidimos grava-lo.


Após tantas dificuldades iniciais, vocês acabam por assinar com uma grande editora. Desta forma, vão beneficiar, com certeza, de uma promoção muito decente. O que tem a editora planeado para vocês após essa festa de lançamento?
Estamos realmente interessados nos dias que se seguirão ao lançamento. Queremos saber o que a AFM achou do nosso desempenho ao vivo, porque eles nunca nos viram ao vivo... O que têm planeado para nós? Bem, neste momento o que sabemos é que eles fazem um excelente trabalho a nível de promoção. Após a festa de lançamento nós iremos falar com eles saber melhor que planos têm para nós.

Para finalizar, queres deixar algum comentário aos açoreanos e aos leitores da SounD(/)ZonE?
Sim. Quero, antes de mais, agradecer-te por essa entrevista. Talvez alguns leitores saibam sítios para se tocar aí. Gostaria muito que nos contactassem para organizarmos aí uns concertos em Portugal... Bem, tudo de bom para ti e para a tua zine. Diverte-te! Saudações para todos os metaleiros em Portugal! Stay heavy!

PLAYLIST DANIEL “KENSINGTON” SEIFERT

Nevermore – "This Godless Endeavor"
Arch Enemy – "Doomsday Machine"
Iron Maiden – "Brave New World"
Rage - "Trapped"
Annihilator – "Never, Neverland"

www.sencirow.de

Nuno Costa