Thursday, September 29, 2005

Entrevista Swallow The Sun

OS NOSSOS FANTASMAS

Surgem em 2000 e três anos volvidos aparecem com o seu primeiro álbum – “The Morning Never Came”. Em 2005, e após uma reacção fervorosa ao seu primeiro trabalho, os finlandeses Swallow The Sun voltam a criar sensação com o novíssimo “Ghosts Of Loss”. Mais uma excelente dose de Doom melancólico e depressivo, bem ao jeito de uns My Dying Bride, a reforçar-lhes o estatuto de nova pérola do Doom Metal europeu. A aproveitar a edição do seu novo CD, a SounD(/)ZonE interpelou o guitarrista e fundador da banda Juha Raivio.

Juha, pedia-te que nos fizesses um breve resumo sobre a formação da banda.
A banda formou-se em 2000 a partir do momento em que tinha temas que não encaixavam no estilo da minha outra banda, os Plutonium Orange. Pedi ao nosso baterista, o Pasi, para tocar estas músicas comigo e, uma vez que tudo estava a soar tão bem, começamos a recrutar mais pessoas para a banda. Levou cerca de dois anos antes até que arranjássemos as pessoas certas e gravássemos a nossa primeira demo em 2003. No mesmo ano gravámos o nosso primeiro álbum – “The Morning Never Came” – e editámo-lo pela Firebox Records.

A banda angariou excelentes críticas com este primeiro álbum…Era algo que estavam à espera, este reconhecimento tão súbito?
Não. Sabíamos que tinhas feito um bom álbum mas, por a nossa música continuar a ser muito underground, tornou-se uma verdadeira surpresa ver como as pessoas nos descobriram e gostaram de nós!

De que forma isto contribuiu para a vossa ascensão como banda? Fizeram muitas datas até agora, conseguem já sentir o respeito do público nos vossos concertos?
Após o lançamento do nosso primeiro álbum fizemos uma tournée pela Finlândia e tocámos em grandes festivais inclusivamente. Por isso, com o sucesso do primeiro álbum conseguimos fazer muitas datas e chegar a milhares de pessoas no nosso país. Tem sido realmente bom ver como diferentes tipos de pessoas parecem gostar de nós ao vivo, apesar de não sermos uma banda de baile…

E agora que o vosso novo álbum está cá fora, com tem sido visto?
As pessoas parecem gostar mais deste do que do primeiro álbum, por isso não poderia estar mais contente ! O novo álbum entrou directamente para o oitavo lugar da tabela oficial de vendas Finlandesas, deixando para trás bandas como os Opeth e Fear Factory. A Century Media vai lançar brevemente o nosso novo álbum nos Estados Unidos e no Canadá, por isso esperamos que este seja o álbum da revelação lá também.
Estás contente com o seu resultado final? Que aspectos fizeram por mudar ou melhorar neste novo trabalho?
Estou completamente satisfeito com o “Ghosts Of Loss”. Queria um álbum que fosse mais doom que o primeiro e que abrangesse outros extremos também. Daí temos um álbum mais melódico, obscuro e bonito do que o “Morning Never Came”.

Fala-nos dos temas e conceitos que o album aborda...
Eu penso que o tema “Gloom, Beauty And Despair” define-o perfeitamente. Existe a grande melancolia no seu som, letras e sentido da própria banda. Não percebo porque insisto sempre em escrever temas sobre a morte, fantasmas e a vinda do fim do mundo…Mas sinto que é como que se me purificasse.

O que dirias às pessoas que pensa que os músicos de doom metal são todos maníaco-depressivos?
Pode haver uma certa ponta de verdade nessas palavras, mas continuo a pensar que todos nós temos o nosso lado obscuro e esta é uma boa maneira de o pôr cá para fora. Dessa maneira, tornamos a vida das pessoas que nos rodeiam muito mais fáceis e para aquelas que tu amas! Nós todos temos os nossos “fantasmas de perda” assombrando-nos dia-a-dia, por isso, escrevendo esse tipo de música encontrasse uma boa maneira de os manter em silêncio. O nosso Inverno dá-nos muita inspiração também. É quase como um cliché, atinge toda a população.

Novo álbum cá fora desde Agosto... O que se segue? Há já alguma digressão agendada? Alguma hipótese de virem a Portugal?
Estamos neste momento em tournée pela Finlândia e vamos manter-nos assim até ao final do ano, até que em Janeiro de 2006 vamos fazer finalmente uma digressão europeia. E sim, vamos ter a oportunidade de passar por Portugal para duas datas – uma a 13 de Janeiro no Culto Bar, em Lisboa, e uma outra a 14 no Porto Rio, Porto.

Bem, tu provavelmente nem conheces os Açores... Apesar de tudo, conheces algo do cenário metálico português?
Bem, conheço os Moonspell claro, mas para além disso não sei muito acerca das vossas bandas, o que é uma pena. Eu espero que os metaleiros portugueses venham às nossas datas em Portugal para que possamos estar com eles e poder conhecer mais sobre a vossa cena heavy.

Algum comentário final para o público açoriano e para os leitores da SounD(/)ZonE?
Se gostam de bandas com os Type O Negative, My Dying Bride e Katatonia, venham constatar a nossa banda. Até à próxima!

Nuno Costa

Tuesday, September 27, 2005

CRIONICS
"Armageddon's Evolution"

[CD - Candlelight/PHD/Recital]
Se já é de todo sabido que para acorrermos à altura do boom black metal e ao período em que nasceram as mais geniais obras do género tenhamos que recuar mais de uma década atrás, também já todos devemos estar consciencializados de que hoje, muito dificilmente, se conseguirá superar os níveis de qualidade e criatividade de outrora. Hoje o estilo vive de alguns golpes de génio, como por exemplo dos Enslaved ou Behemot, mas a cena carece verdadeiramente da dimensão de outros tempos. Todavia, há quem recrie, recrie bem e seja bom musico… É o caso dos polacos Crionics, a lançar o seu terceiro álbum e a provar que não estão aqui para inovar – nem nos parece que seja essa a sua intenção – mas sim para tocar bom black metal sinfónico. E isto este trio consegue-o com grande mestria e consegue mesmo impor respeito às suas bandas de referência. Falamos de ícones tão relevantes como Dimmu Borgir e Emperor, as supremas influências dos Crionics. Para o bem ou para o mal, a maneira tão fiel e competente como a banda recria o legado destas duas bandas, acaba inevitavelmente por desembocar na falta de originalidade. No entanto, a extrema potencialidade técnica dos seus intervenientes fazem deste um trabalho muito sólido, não deixando nada a dever às suas inspirações, faltando só mesmo a personalidade própria. Numa breve análise aos temas, fico com uma breve impressão de que “Xenomorphized Soul Devoured” poderá ser dos temas que se realçam mais, talvez pelo balanço mais pesado e compassado, criando assim alguma dinâmica e quebrando assim a monotonia que os frequentes blastbeats e ritmos acelerados geram no trabalho. Também os típicos trechos instrumentais e sinfónicos marcam presença neste trabalho – “Chant Of Rebel Angels” – e até uma voz limpa em “Disconnected Minds” que, apesar de parecer uma ideia menos previsível, parece querer soar claramente ao registo usado por Vurtox nos Dimmu Borgir, embora longe do seu potencial. Perante o valor da banda e dos seus músicos até nos sabe algo injusto estarmos a apontar-lhes aspectos negativas, mas realmente a única coisa que falta aqui é demasiado importante para que possamos estar completamente satisfeitos com o seu trabalho – a genuinidade. Não obstante, esta é uma excelente banda que sabe exactamente como recriar Symphonic Black Metal. [7/10] N.C.