Tuesday, July 31, 2007

Festival Azure - "Reciclagem" é o lema

À semelhança do ano passado, a 9xRock=Açores leva a cabo nos dias 17, 18 e 19 de Agosto um festival de forte cariz recreativo na ilha Terceira, nos Açores. O Festival Azure – nome que vem substituir Festival Abismo dado a mudança de local do espectáculo – terá lugar na Zona de Lazer de São Brás, concelho da Praia da Vitória, e contará com 9 bandas, 11 DJ’s e VJ’s, para além de inúmeras actividades lúdicas e recreativas. Sendo assim, no dia 17 actuam os Velvet Stone [Terceira], Morbid Death [S. Miguel] e Tara Perdida [Lisboa], no dia 18 os Funkoroff [Terceira], Goma [Terceira] e Kussondulola [Lisboa] e no dia 19 os Ynot [Terceira], Star Faithfull [E.U.A.] e os Rosa Negra [Lisboa]. Para os amantes da música electrónica os destaques vão para os DJ’s Elektro Fighterz [Lisboa], Jesus Del Campo [Espanha], Psytoon [Lisboa], Dresh [Lisboa] e Alif [Porto]. A componente visual ficará a cargo dos VJ´s Videomorphose [Lisboa]. Todos os espectáculos musicais terão início pelas 19h30 com um warm up a cargo de João Goulart, da Antena 1 Açores, que será também o apresentador do festival.

De entre as muitas ocupações e acções de entretenimento a proporcionar durante o festival constam cuspidores de fogo, malabarismo, andas, massagens, tererés, relaxamento, tarot, videojogos e estarão também no recinto insufláveis destinados a crianças e adultos. As tardes de sábado e domingo serão especialmente dedicadas à família com diversas actividades lúdicas e de animação. Tanto a animação diurna como nocturna é responsabilidade da empresa Trakidnices. Contudo, o principal destaque do festival vai para a temática “Reciclagem e Reutilização de Materiais”, escolhida este ano pela organização como lema do festival, e que pretende sensibilizar as pessoas para a questão do ambiente oferecendo workshops e campanhas sobre o assunto. Nomeadamente, a Ecoteca estará no recinto a expor trabalhos alusivos ao ambiente e a empresa Next Energy – empresa de energias renováveis – estará no recinto a fornecer energia renovável para uma pequena zona do recinto. Ainda neste contexto, estão a ser recolhidas garrafas de plástico vazias por várias escolas da ilha Terceira com a finalidade de ser construído um quiosque exclusivamente composto por essas garrafas.

Os ingressos estão à venda nos Hipermercados Modelo da Praia da Vitória e Angra do Heroísmo, Loja Ideias Lar [Guarita], Câmara Municipal da Praia da Vitória e, aos fins-de-semana, no Cine Teatro Recreio dos Artistas, a partir das 21h00. Na cidade de Ponta Delgada, os ingressos podem ser adquiridos na loja Disrego do Centro Comercial Parque Atlântico. Para quem pretende comprar bilhetes on-line, o site oficial do Festival Azure ´07 oferece indicações - http://www.azure.viaoceanica.com/. Os ingressos para os três dias custam 20€, mas há direito a um desconto de 50% para quem viajar para a ilha Terceira com o cartão Interjovem.

Este evento, organizado e produzido pela “9xRock=Açores”, conta com o apoio oficial da Direcção Regional da Juventude, Câmara Municipal da Praia da Vitória, Junta de Freguesia de S. Brás e de algumas empresas privadas ainda por divulgar, podendo, no entanto, desde já ser anunciado o patrocínio oficial da cerveja Sagres e os apoios das empresas Disrego, Next Energy, Trakidnices, Flores & Parreira, Modelo, Naviangra, Loja Ideias Lar, Plug-Design & Multimédia, Cine Teatro Recreio dos Artistas e da Viaoceânica, empresa responsável pelo site oficial do festival e que – à imagem do ano anterior – fará a transmissão, em directo, para todo o mundo do evento, via Internet. A rádio oficial do Festival Azure ´07 é a RDP-Açores e o jornal oficial “A União”.

Monday, July 30, 2007

Especial Wacken Open Air

A CAMINHO DE “MECA”...

A pequena e pacata vila de Wacken, com cerca de 1 750 habitantes, longe estaria alguma vez de pensar que haveria de ficar sobejamente popular graças a um festival de Metal. A verdade é que a partir de 1990, inadvertidamente, algo de grande começou a ser semeado por um grupo de jovens locais e que facilmente começou a suplantar o símbolo da vida campestre que prevalecia nesta localidade do norte da Alemanha. No fundo, o arrojo da sua mentalidade começou a fertilizar uma ideia que se iniciou com um pequeno festival de dois dias e com seis bandas, em 1990, crescendo depois para um formato e números que se traduzem actualmente em cerca de 80 bandas e assistências superiores a 60 mil pessoas por ano. A filosofia underground do festival é um dos aspectos que realça a mística única deste festival, mas será muito redutor classificar o Wacken Open Air apenas por este prisma. É um verdadeiro festival, com verdadeiro espírito e magia, grandes bandas e um sem número de actividades que deliciam todos quantos visitam este local anualmente. É caso para dizer que o WOA é já a autêntica Meca do Metal mundial e que, para gáudio de muitos, estará já de portais abertos para receber muitos milhares de “fiéis” já nos próximos dias 2, 3 e 4 de Agosto, onde alguns dos mestres de cerimónia serão os Iced Heart, Blind Guardian, Immortal, In Flames, Saxon, Dimmu Borgir e Type O Negative. Para conhecermos melhor a história deste mítico festival tivemos a honra de trocar algumas palavras com duas das pessoas envolvidas na produção e organização do festival – Thomas Jensen e Nick Hüper.

Quais são propriamente os vossos cargos na organização do WOA?
Nick Hüper: O Thomas é um dos três chefes organizadores para além da Sheree e o Holger. Eu trabalho no departamento de imprensa e promoção do evento.

Inicialmente o que vos passou pela cabeça para criarem o festival? Será que podemos supor que na origem deste está uma ideia lançada ao ar, descomprometidamente, no meio de uma conversa de bar sobre metal entre um grupo de amigos de longa data? Aliás, como acontece com tantos momentos a que chamamos “abençoados”...
Thomas Jensen:
[risos] Nem por isso, foi um momento totalmente ingénuo. No primeiro ano nós não fazíamos a mínima ideia do trabalho e dos problemas que um festival podia dar. Pensamentos como “nunca nos renderemos” ou “vamos provar isso ao mundo” só surgiram mais tarde quando começámos a perder muito dinheiro, nomeadamente em 1992/93, e quando toda gente nos tentava convencer a promovermos um festival convencional com cartazes variados para agradar ao público em geral. Já que falas em momentos mágicos ou “abençoados”, digo-te que nesta altura os fãs começaram a ligar-nos a perguntar quando decorria a próxima edição do festival porque queriam marcar as suas férias. Para além disso, os nossos amigos começaram a pressionar-nos para que anunciássemos a próxima edição do festival e foi nesta altura que começámos a perceber que algo de bom se estava a passar. Mas até atingirmos sucesso foram precisos quatro ou cinco anos...

Já agora Nick, a partir de quando passaste a fazer parte da equipa do WOA?
NH:
Fiz um estágio enquanto estudava na equipa do WOA no início de 2004. Por alguma razão continuo por cá e ainda não tive tempo de terminar os meus estudos.

Podemos falar de quantas pessoas que estão envolvidas na organização do festival?
NH:
Existem 17 pessoas a trabalhar para a ICS, a companhia que gere o WOA, mas ao todo, contabilizando outras companhias, nomeadamente de palco, produção do festival, segurança, produção artística, etc, falamos de mais de 800 pessoas a trabalhar para o festival.

Aproximadamente com que antecedência começam a preparar cada edição do festival?
NH:
O planeamento de cada edição do WOA normalmente arranca com mais de um ano de antecedência. Para preparar toda a área do festival – lembrem-se que não existe nenhuma infra-estrutura fixa no recinto onde durante o resto do ano as vacas pastam – precisamos de duas semanas. O mesmo período é preciso para desimpedir a área e limpar tudo.

Desfrutam de uma área com que dimensão para o festival?
TJ:
De momento, ocupamos uma área de 130 hectares [hectar = 100mx100m]

Wacken é uma pequena e pacata vila. Como é que os seus habitantes encaram a invasão massiva de pessoas neste local por altura do festival?
TJ: Encaram bem porque o Holger e eu crescemos cá e a Sheree tem vivido em Wacken na casa do meu pai. Por outro lado, as pessoas não se sentem muito "chocadas" porque o festival cresceu muito gradual e naturalmente. Tínhamos montes de discussões, mas no fim de contas as pessoas começaram a gostar do festival ou pelo menos não é nada que os assuste. Para além disso, ao fim destes anos todos o WOA tornou-se parte da identidade deste povo e até, neste momento, muitos deles estão envolvidos nele e contentes por isso.

Imagino que em 1990, quando se deu a primeira edição, vocês estariam longe de pensar que o WOA poderia tornar-se no grande festival que é hoje...
TJ:
Tens toda a razão, nem nos meus melhores sonhos podia imaginar que o festival pudesse atingir a dimensão que tem hoje. Nunca esperei uma coisa dessas. Ás vezes penso que o festival tem “vida” própria. De facto, os grandes problemas foram mesmos os financeiros...

Em 17 anos de festival acredito que existirão muitos momentos marcantes vividos durante este. Queres falar-nos de alguns?
TJ:
Bom, os momentos verdadeiramente marcantes são privados. A nível musical, diria que foi a actuação dos Rose Tatoo, uma vez que sou fã deles desde finais dos anos 70.

Infelizmente, a vida do WOA não se faz só de histórias felizes... Em 2005, deu-se um trágico acidente que vitimou uma pessoa de 37 anos que chocou alcoolizada contra uma ambulância. No entanto, estamos a falar de casos isolados...
TJ:
Nós e toda a equipa sentimo-nos responsáveis pelos nossos convidados/fãs e bandas. Por isso, toda a vez que ocorre um acidente sentimo-nos muito aborrecidos. É por isso que realizamos muitas reuniões com as equipas de segurança muito antes do festival e trabalhamos muito de perto com as autoridades locais, cruz-vermelha, polícia, etc...

Manter a segurança no recinto é uma tarefa muito complicada? Como descreve a atitude do público e o ambiente que envolve o WOA?
TJ:
Os promotores, a segurança e a equipa de produção têm que perceber que trabalhamos para os fãs e que são eles que nos pagam. Logo, é nossa obrigação fazer tudo para proporcionarmo-lhes um ambiente fantástico. É este o espírito que tentamos espalhar pela equipa do WOA. A maior parte das vezes no passado as coisas funcionaram bem mas não pensem que somos anjos. Ás vezes existem grandes discussões, “berros” e gente a “passar-se”! [risos]

E relativamente aos pontos mais positivos do festival? Ou seja, o que faz, de facto, as pessoas nutrirem um sentimento tão especial pelo WOA?
TJ:
Terá que perguntar-lhes! [risos] Eu penso que o WOA tem uma relação muito próxima com a liberdade de escolha. Toda a gente interpreta de forma diferente o festival, mas tens sempre uma hipótese. Nós não forçamos ninguém a ver esta ou aquela banda, embora, certamente, por vezes a oferta seja tão grande que as pessoas não conseguem decidir quais as que querem ver. Mas esta é a natureza da “besta”! [risos] O WOA é como que um grande barbecue com a família, uma reunião ou o que quer que um indivíduo queira que ele seja...

Creio que hoje em dia já podemos apelidar o WOA da Meca do Metal! Todo o metaleiro que se preze “deve” ir ao WOA pelo menos uma vez na vida! [risos]
TJ:
Gosto da ideia… [risos]

Sem dúvida que o WOA é já um festival para onde rumam todos os anos milhares de pessoas dos mais recônditos sítios do mundo. Representa já um culto para os metaleiros! Qual foi a origem mais imprevisível de que encontraste pessoas no festival?
TJ:
Da Nova Zelândia, mas ainda continuo à espera de reservas do Pólo Sul! [risos]

Pode não ter consciência disso, mas muitas pessoas dos Açores viajam anualmente para verem o WOA! Vá, peço-lhe um cumprimento para eles! [risos]
TJ:
De facto, fico muito orgulhoso quando as pessoas viajam de tão longe apenas com o intuito de apoiar o festival. Por esta razão, um grande “obrigado” para eles! Já agora, a minha contabilista – mulher mais importante da equipa a seguir à Sheree – quer passar férias nos Açores! [risos]

Por acaso, já teve oportunidade de falar com alguém dos Açores no festival?
TJ:
Não que me lembre... Para isso seria melhor falar com a Sheree, ela tem uma memória de elefante! [risos] Lembra-se de toda a gente e de cada detalhe. Eu sou muito mau nesse aspecto! [risos]

Muitas das histórias interessantes sobre o WOA constam no “WOA History Book”, certo?
TJ:
Nem todas constam do livro e penso que a tradução não é das melhores porque estávamos a ficar sem tempo para concluir o projecto. Mas foi uma boa altura para começarmos a registar muitas coisas sobre o festival...

Para além do festival propriamente dito, existem muitas outras ocupações à sua volta, nomeadamente o WOA Comics, o torneio de futebol, o karaoke, a webcam, etc... Fala-nos desses pontos.
TJ:
Bom, são de facto muitos para mencionar. Ao invés disso, aconselhava todos a darem uma olhada a http://www.wacken.com/.

Este ano decorre mais uma edição do concurso Metal Battle, mais um grande atractivo do festival. Pedia-lhe que explicasse a sua filosofia...
NH:
É um concurso para bandas de Metal sem contracto. O Metal Battle cresceu muito rapidamente nos últimos três anos e neste momento é disputado em 16 países como, por exemplo, a Finlândia, a Jugoslávia, a Polónia, a Áustria, a Suiça, os Países Baixos, a França, o Brasil, entre muitos outros. O Metal Battle é avaliado por um júri e não pelo público como acontece com a maioria dos concursos actualmente. Nós queremos que a melhor banda ganhe e não aquela que levou a família toda e amigos para o concurso. Os vencedores de cada país disputam a final internacional do Metal Battle no WOA Wet Stage. O vencedor internacional do concurso ganha um contracto com a Armageddon Music, mas não é tudo. Oferecemos muitos outros prémios dos nossos parceiros e patrocinadores como, por exemplo, a Marshall, Dean, Mapex, Sabian, Vic Firth, Shure e Genz Benz. Por isso, toda a banda que fizer parte da final internacional vai ganhar um prémio. Para além de que têm a oportunidade de tocar no WOA o que acho que, por si só, é óptimo! É muito importante para nós apoiar a cena underground porque achamos que nela existem muitas bandas talentosas que devem ter a possibilidade de se apresentarem a um público maior! Obtenham mais informações em http://www.metal-battle.com/.

Relativamente ao cartaz desse ano, pedia-lhe que nos fizesse uma breve apresentação.
NH:
Este ano o cartaz é composto por cerca de 80 bandas onde se destacam, entre outras, os Saxon, Rose Tattoo, Iced Earth, Immortal, Sodom, Blind Guardian, In Flames, Type O Negative e Overkill. Também interesso-me sempre bastante pelas bandas do Wet Stage. Este ano, por exemplo, actuam os Drone, vencedores da edição do ano passado do Metal Battle. Podem dar uma vista de olhos no cartaz completo no site do festival. Mas, como em todos os anos, os fãs é que são os “cabeças-de-cartaz” e vamos, com certeza, celebrar mais uma grande e tranquila festa de metal em Wacken!

Será que se torna cada vez mais complicado elaborar um cartaz para o WOA? Hoje em dia a concorrência é muito maior com grandes festivais a decorrerem um pouco por toda a Europa...
TJ:
Hmm, vejamos: para o próximo ano já temos confirmados os Iron Maiden e os Kreator, por isso... Adivinha-se que 2008 seja um ano muito forte.

Prevê-se alguma melhoria no WOA deste ano em relação à passada edição?
TJ:
Eu penso que arranjámos um sítio melhor para o Party Stage. Para além disso, creio que as outras melhorias são apenas a nível logístico.

Esclarece-nos como as pessoas podem comprar bilhetes, quanto custam, etc...
TJ:
Relativamente a 2007 a lotação está esgotada. Para 2008, já podem comprar bilhetes através do site do festival ou http://www.metaltix.com/.

Para terminar pedia-lhe uma última mensagem para o público que escolheu deslocar-se ao WOA este ano.
TJ:
O WOA é simplesmente uma celebração de metal! Se não gostarem deste estilo de música não compareçam, mas se gostarem são bem bem-vindos quer faça sol, quer faça chuva.

Nuno Costa

http://www.wacken.com/

Saturday, July 28, 2007

Alta Tensão em S.Miguel - Fim-de-semana inesquecível

Caros leitores

Primeiramente, sinto-me forçado a pedir desculpas por esta semana de ausência nas actualizações. Tornar-se-á de certa forma previsível encontrar os motivos para tal que, de facto, foram aproveitados para encetar uma pausa para algum descanso. A vontade de vir ao computador, entretanto, relatar a nossa opinião sobre o fim-de-semana histórico de 20 a 22 de Julho foi bastante, mas a falta de discernimento – e também o cansaço - perante um momento tão extasiante criou alguns dramas da “folha em branco”. Após um fim-de-semana tão intenso, primeiro com o festival Alta Tensão e depois com o seminário da prezadíssima Melissa Cross, a SounD(/)ZonE parou para recarregar baterias, mas num estado de alma lavada após um momento tão importante para esta terra, garantimos voltar com as baterias recarregadas e prontos para continuar a dar-vos muita música.

Quanto ao fim-de-semana passado propriamente dito há a realçar, naturalmente, a [boa] música que passou pelo Coliseu Micaelense, mas essencialmente as pessoas! É verdade caros leitores, foi para além de uma experiência ou intercâmbio musical honrosos um momento insigne de confraternização, união e camaradagem pessoal. Com músicos e staff de extrema simpatia, uma Melissa Cross [que não posso deixar de frisar] arrepiante no seu discurso - quase capaz de nos pôr a chorar – e um público completamente de boa fé que nem teve que se esforçar para demonstrar a sua alegria por ter, final e merecidamente, um evento destes a acontecer perto de si, constituíram, certamente, o melhor ambiente já vivido numa “celebração” metálica aqui nos Açores. A simbiose perfeita!

Foi confidenciado em privado e expresso para alguma comunicação social da parte do staff do festival que o público açoriano era dos melhores que já haviam visto... Podia muito bem ser uma daquelas conversas de cortesia pragmáticas ou não houvesse realmente um brilho nos olhos e uma sinceridade indisfarçável na cara de quem exprimia esses testemunhos e não tivesse sido, inequivocamente, o público açoriano do mais dedicado e incansável possível. O público surpreendeu porque a sinceridade estava hasteada no seu ponto mais alto! Quando assim o é a sinergia é arrepiante e assim foi - um momento inesquecível.

Conclusões a tirar de tudo isto: os Açores são um terreno propício a esta sonoridade, tanto no que diz respeito a matéria prima – leia-se músicos/bandas – como também à sua audiência - fervorosa, por sinal!. O nosso principal objectivo quando partimos para a realização deste evento era, de sobremaneira, tirar de uma vez por todas as teimas de que temos público para este género musical e provar junto da comunidade de que não temos que ser para sempre uma zona estigmatizada, insularizada ou o que quer que queiram chamar. É preciso acreditar que não somos “toscos” e que podemos muito bem ter certas coisas bastando para isso que a fé se acenda. Assumimos um papel importante nesta tarefa e creio que valeu a pena. Queremos agora passar este exemplo. É indiscutivelmente importante que os músicos e público açorianos voltem a acreditar que têm direito e podem ter acesso ao que outros também têm e que no seu olhar se volte a reflectir o brilho da "chama eterna"!

É preciso também não esquecer que no dia 22 de Julho foi posta em prática a primeira acção revolucionária da jovem empresa Globalpoint Music que trouxe aos Açores, nada mais nada menos, que a professora de canto extremo mais conhecida do mundo! Sentimo-nos como que acompanhados nesta tarefa e esta foi, de facto, uma lufada de ar fresco para todos, nomeadamente para os vocalistas da região que saíram – segundo testemunhos – de baterias recarregadas do evento e inquietos para experimentar novos exercícios. A moral nunca esteve tão em cima! Este povo precisava disso e aqui agradece-se também ao Pedro Maia e Eduardo Botelho pelo acto tão nobre e consciente de ter trazido esta reconhecida docente a S. Miguel. Aproveito também para dizer que a sua reacção foi de espanto perante a intensidade e qualidade do movimento metaleiro açoriano. Chegou a ser profética quando disse que aqui podia acontecer algo como na Suécia em que de um momento para o outro, quando uma grande banda ficou conhecida fora de portas, todas as atenções se viraram para o país e agora têm o reconhecimento que bem sabemos. A docente confirma existir muito talento no labor dos músicos açorianos.

Caros leitores, particularmente os açorianos, é caso para dizer que quando se acredita o limite é o céu... Deveremos pensar sempre assim! A partir de agora provavelmente as coisas não vão ser as mesmas, foi dado o tónico certo para as bandas se sentirem rejuvenescidas e determinadas a lutar pelos seus objectivos. Sim, porque é possível! Fica aqui o desejo mais sentido de que este seja o arranque para uma nova era na música de peso regional. Há, sem dúvida, muito por fazer ainda, mas neste momento parece ter-se lançado uma semente muito bonita...

Não podia terminar esta escritura sem agradecer à More Agency [principalmente ao Sérgio por todos estes meses de contacto e preparação do evento], aos Mnemic pela humildade, simpatia e sensibilidade em atender a nossa proposta, ao Coliseu Micaelense na pessoa do mui prestável Dr. José Andrade, a todas as bandas do cartaz e pessoas extremamente afáveis de todo o staff do festival até ao mais infímo "ajudante" nessa jornada ["drivers" foi trabalhoso mas valeu a pena!] quer a nível de promoção, quer a nível de execução e financiamento do espectáculo. Um grande bem haja a todos!

Up the horns!
Nuno Costa

PS: Fica aqui, em baixo, um registo fotográfico do final apoteótico do concerto dos Mnemic com "Deathbox" cantada com o público em cima do palco do Coliseu Micaelense...

Fotos:
André Frias [http://www.contratempo.com/]
Catarina Priscila

Tuesday, July 17, 2007

Especial "New Breed Vocal Seminar" - Entrevista Melissa Cross

PROFECIAS VOCAIS

Começou a cantar com o sonho de muitos adolescentes – ser uma estrela de rock. As “actuações” frente a um espelho com uma escova de cabelo a servir de microfone rapidamente deram lugar a presenças em coros até ingressar, aos 13 anos, numa escola de artes. A dada altura, inconformada com os ensinamentos vocais clássicos e também apressada por uma lesão vocal, entrou num processo meticuloso de auto-descoberta do mecanismo da voz humana de modo a coaduná-lo com as exigências do canto rock. E são as suas técnicas “mágicas” que fazem, actualmente, da nova-iorquina Melissa Cross a docente de técnica vocal, especialmente dedicada aos registos extremos, mais conhecida do mundo. É professora de vocalistas de algumas das bandas de metal mais afamadas como, por exemplo, Lamb Of God, Slipknot, Arch Enemy e Cradle Of Filth, para além de que tem como clientes actores, repórteres de televisão e rádio, investidores da bolsa do Wall Street e prepara ainda musicais para a Broadway. Lançou o DVD instrucional “The Zen Of Screaming”, em 2005, e em Março último foi editado o seu segundo volume. Numa iniciativa da jovem empresa açoriana Global Point Music os Açores vão ter a honra de receber esta ilustre senhora, em estreia nacional, no próximo dia 22 de Julho [domingo] num seminário a decorrer no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada. Antes da sua chegada a São Miguel a SounD(/)ZonE teve o prazer de conversar com Melissa Cross e viajar pelos meandros da sua apaixonante história de vida...

Se não é indiscrição que idade tem?
[risos] Terrível indiscrição! Tenho 50 anos. Comecei nestas andanças numa banda punk nos anos 70...

Com que idade começou então a frequentar aulas de canto? O impulso foi seu ou foi algo imposto pelos seus pais?

O impulso foi meu, eu sempre fui “implacável” desde pequena. Fui para uma escola especial para estudar artes de palco quando tinha 13 anos. Antes disso cantei num coro, em peças musicais e à frente do espelho com uma escova do cabelo a servir de microfone. [risos]

Como viveu aqueles tempos na escola de canto clássico em que não lhe serviam métodos que se coadunassem com os seus propósitos de cantora rock?
Eu inscrevi-me em aulas de canto porque queria ser a melhor cantora do mundo! Quando comecei a me tornar uma cantora de rock nada do que eu tinha aprendido nas aulas era relevante. Senti-me quase como se tivesse que deitar fora todo o conhecimento que adquiri nas aulas de canto para me tornar uma cantora de rock. Mas mesmo assim continuei a frequenta-las porque eram as únicas disponíveis na altura. Foi muito confuso...

Começou a sentir-se, a partir de certo ponto, irritada pelos métodos conservadores das escolas clássicas?
Comecei a ficar irritada por ter os meus professores a elogiarem-me por cantar perfeitamente arias e ter os produtores de estúdio a “rirem-se” de mim por cantar de uma maneira “falsa”!

Partir em auto-descoberta do mecanismo da voz humana deve ter sido um desafio corajoso! Fale-me deste período.
Ok, trouxeste o saco-cama? [risos] Vou tentar resumir este assunto porque realmente faz parte de um processo que dura uma vida! O climax da minha descoberta aconteceu quando estava a curar uma pequena lesão nas cordas vocais. Decidi não fazer uma cirurgia e, em vez disso, parar de cantar e fazer terapia de discurso durante seis meses. Foi este último que me mostrou como a ressonância da cabeça - o método de ênfase usado no treino vocal tradicional – pode ser usada tanto na fala como no canto. A ressonância da cabeça não tem que incluir vibratos e sustenidos, normalmente usados em ópera e nos musicais tradicionais. A ressonância da cabeça é essencial para uma fala apropriada e quando cantamos rock estamos a falar e a sentir numa escala maior do que quando cantamos. Por isso, eu achei a ligação que faltava. Também dispus de muito tempo a estudar esse mecanismo de uma forma académica. O meu pai era médico, daí que tenha também um fascínio sobre a ciência nos meus genes. Gosto de encontrar a razão para as coisas!

Atendendo a que foi capaz, autonomamente, de descobrir estes métodos inovadores de canto, alguma vez se sentiu “abençoada” ou tocada por alguma “luz” divina? [risos]

[risos] Não se ria! Raramente passa um dia em que eu não me questione como carregava toda esta informação! Eu suspeito que a combinação dos treinos de actor em Inglaterra, dança, música, experiências de gravação e com bandas, aliados à minha paixão pelo rock tornou-se num “pacote abençoado” muitas vezes disfarçado em “embrulhos” feios ao longo do tempo..

Sabemos também que a dada altura decidiu deixar toda a sua vida profissional para trás e perseguir o seu sonho. Falamos de mais um acto muito corajoso!
Sempre fui uma sonhadora. Quis ser uma estrela desde pequenina. No entanto, esta definição foi mudando à medida que ia crescendo. Algumas pessoas acham mais corajoso aceitar o que fazem do que propriamente fazer aquilo que se gosta... Eu acredito que insistir naquilo que amamos fazer é algo muito mais corajoso! Eu era secretária mas, a dada altura, conclui que não queria mais continuar neste mundo a não ser a fazer o que realmente amo, todos os dias. Eu estava disposta a passar fome para fazer o que mais amava, mas primeiro tive que tomar consciência de que merecia estar “apaixonada” todos os dias! Por isso, decidi deixar o meu salário semanal e ir para as estações subterrâneas de metro cantar para as pessoas me darem dinheiro. Eu não comi tão bem durante aqueles três meses, mas foi aí que conheci o meu primeiro aluno e foi nessa altura que consegui um acordo para uma gravação. Continuei a cantar na minha banda, mas quando tive o meu primeiro filho não precisei mais do amor intenso de uma plateia. O meu filho dá-me tudo o que preciso e os meus estudantes dão-me ainda mais. Adoro dar aulas! Tenho um “super” emprego! A maior parte do tempo estava sem dinheiro como cantora rock, mas a partir de certa altura deixei de o estar como professora, excepto no início. Tive que acumular alguns empregos, mas não por muito tempo. O universo recompensou-me rapidamente pela minha coragem em mudar o meu sonho de ser cantora de rock pelo de me tornar professora. Eu adoro cantar! Canto todo o dia como professora e não tenho uma editora para ficar com o meu dinheiro! [risos]

Pode-se então dizer que arriscou tudo pela sua paixão e valeu a pena!
Definitivamente! Mas é bom encontrar o que é que na tua paixão te dá a recompensa. Por exemplo, adoro cantar... Também adoro ser amada. Adoro estabelecer ligações profundas com as pessoas. Existem muitas outras profissões sem ser a de estrela de rock que implicam estas qualidades. Fui “escolhida” para aprender porque gosto muito de o fazer! Eu nunca me portei rigidamente perante a maneira como iria obter a minha recompensa. Manti-me aberta às soluções providenciadas pelo “universo”!

Então é este o sentimento que tentas passar aos teus alunos?

Absolutamente. Ama todos os momentos da tua vida porque ela terminará muito cedo!

Para além deste existe mais algum grande segredo para a tua peculiar forma de ensino?
Sou um psíquico da mente e corpo. Tenho o dom de sentir no meu corpo o que estás a sentir e de perceber como o teu pensamento te leva a fazer o que fazes. Eu traduzo essa informação e corrijo-a se necessário numa linguagem que o teu corpo e mente perceberá. O segredo é a empatia, a qual é um privilégio.

Atrás referiu que como cantora rock estava a maior parte do tempo sem dinheiro... Que aspectos aponta para que as coisas nunca tenham dado certo?
Eu conseguia ir longe, mas apenas o suficiente para “sabotar” os projectos nos momentos finais. Recentemente, cheguei à conclusão que investia tanto em ser uma estrela rock que arruinava sempre tudo por ter medo de falhar. Certifiquei-me de que a razão de eu ter falhado não foi propriamente por não ser boa o suficiente...

E sente-se triste por ter abandonado a sua carreira como músico?
Não. Estou demasiadamente ocupada em ser feliz para me sentir triste![risos]

Apesar de imaginar que tem tantos alunos especiais, podemos dizer que a primeira pessoa que a convidou para ser sua professora tem um lugar especial no seu coração...

Sim, vou recordar-me sempre da Julie a vir ter comigo no metro... Ela também trouxe-me um rosário de Medjugorje, na Bosnia. Ela tinha saído da Bosnia para férias antes dos conflitos. Continuo a guardar este rosário...

Por outro lado, como se sente ao ser professora de muitos dos melhores cantores extremos do mundo? Acredito que seja também grande fã deles...
Sou uma enorme fã de todos os meus alunos, pessoal e profissionalmente. Eu trato todos com igual respeito.

Quais são as principais razões que os vocalistas usam para terem aulas consigo?

A maior parte deles contacta-me para tornar a sua maneira de cantar mais fácil e/ou melhor. Alguns são mandados pelas editoras, outros por amigos ou ainda por terem tido conhecimento do DVD. Nem todos recorrem a mim por terem danos na voz, mas mais para evitarem-nos em tournée.

Existe algum aluno “menos” bem comportado nas suas aulas? Devem gritar muito uns com os outros! [risos]
A maioria deles é muito cortês e bem comportada. Tive apenas um aluno que ficava irritado com facilidade e desatinava com toda a gente, mas eu apenas desatava a rir. Os alunos apenas tinham medo que lhes dissessem que não tinham jeito nenhum! [risos]

Consegue apontar algum dos seus alunos que tenha um timbre particularmente especial?
Adoro todos os meus alunos na mesma proporção por razões diferentes. Adoro o Randy Blythe pela dedicação e inteligência, o Corey Taylor pelo espírito e tenacidade, a Angela Gossow pela disciplina e mente para o negócio... Enfim, podia enumerar muitos outros!

Já que fala na Angela Gossow, será que existe algum handicap para uma mulher que use um registo extremo? Aplica algum ensinamento diferente para ela, por exemplo?
Não existe nenhum handicap na voz por se ser do sexo feminino. Têm um instrumento diferente mas igualmente poderoso. Pode ser danificado com mais facilidade mas da mesma forma que um tenor masculino. Ouviram isso rapazes e raparigas? [risos]

Lecciona também actores, profissionais de rádio e muitas outras pessoas que necessitam profissionalmente de técnica de voz. Em que termos os ajuda?
Eu sou uma técnica de voz. Muitas pessoas têm que usar a voz para viverem, não apenas para cantarem e actuarem. Alguns são professores, comerciantes, guias turísticos, publicitários e muito mais. Desde aqueles que apresentam negócios até esposas ciumentas, mães frustradas e condutores raivosos, todos precisam de aprender como tratar e fazer bom uso da sua voz.

Podia entrar num questionário mais técnico mas vou deixar isso para o seu seminário nos Açores. Contudo, pedia-lhe que fizesse uma breve apresentação daquilo em que vai consistir.
Eu quero que toda a gente perceba como a voz funciona, como respirar e colocar a voz apropriadamente tanto para cantar como para falar, como gritar apropriadamente com e sem tom, tratar da voz dentro e fora das tournées e fazer algumas demonstrações e apontar alguns truques de estúdio. Coisas como essas...

Já agora, tem conhecimento de alguma banda de rock/metal dos Açores? Imagino que as hipóteses sejam remotas tanto como foi as de imaginar que algum dia pudesse receber um convite para vir fazer um seminário a um sítio tão recôndito como os Açores!

Fiquei completamente estupefacta quando pesquisei sobre bandas açorianas num site que o Pedro Maia [Global Point] me indicou. Wow! Nunca pensei que a cena aí fosse tão activa. Estou muito surpreendida por haver tanta energia no “paraíso”!

Quais são as suas expectativas para o seminário?
Estou aberta a tudo![risos]

Aproveito para lhe dizer que os Açores vivem neste momento uma espécie de revolução no que diz respeito ao metal. Pessoas como as da Global Point estão a fazer um trabalho honesto e notável para elevar a comunidade de músicos locais após tantos anos de apatia e pouco reconhecimento sobre este estilo de música. Sem dúvida que a sua presença nos Açores vai contribuir muito para o despoletar desta revolução. Gostaria de endereçar algum comentário aos fãs de metal açorianos que durante anos nunca pensaram que eventos destes seriam possíveis na região?
Esta é uma revolução e sinto-me honrada por fazer parte dela. Não estou ciente de nada como isso em mais parte alguma do mundo e tenho grande respeito pelo Pedro Maia e pela Global Point!

O seu segundo DVD – “The Zen Of Screamming 2” – está disponível desde Março. A que são dirigidos os seus conteúdos?
O “The Zen Of Screamming 2” é sobre berros e dirige-se àqueles que completaram os conceitos básicos do primeiro volume. Nele participam os Underoath, Unearth, Arch Enemy, All That Remains, Sick Of It All, Thursday, A Life Once Lost, God Forbid, entre outros. Compareçam no seminário, vão estar lá à venda os dois volumes do DVD.

Por agora creio que é tudo. Quer deixar algum comentário antes de segurar a sua bagagem e partir para as bonitas ilhas dos Açores?
Vais ajudar-me a carregar a bagagem? [risos] Fixe, os DVD’s são muito pesados! Mal posso esperar por chegar aos Açores!

Nuno Costa

Monday, July 16, 2007

Especial Alta Tensão - Entrevista Concealment

FUGA PARA A LOUCURA

Criaram furor na segunda metade dos anos 90 com o lançamento de uma demo tape – “Naked, Drowned, Art” – e um E.P. – “Imperaffection” –. Inicialmente, tocavam sob a insígnia do death metal técnico, mas com o seu segundo registo começaram a enveredar por campos experimentais e lentamente foram dando origem a uma sonoridade mais complexa, provocadora e sui generis. No entanto, a entrada no novo século impôs-lhes uma paragem estratégica regressando mais tarde, em 2005, com uma nova garra e o E.P. “Of Malady”. Este mês “Leak”, o primeiro longa-duração da banda, é finalmente editado e promete impressionar pelo seu arrojo. Muitos terão oportunidade de ouvir os seus temas na segunda tournée indoor do festival Alta Tensão, que arrancou no passado sábado [14] e passa pelos Açores nos dias 20 e 21 de Julho. A antever a vinda dos Concealment a Ponta Delgada, a SounD(/)ZonE teve uma fugaz conversa com Filipe [vocalista/guitarrista], o qual, aliás, revelou raízes açorianas.


Os Concealment regressaram ao activo em 2004 após quatro anos, sensivelmente, de paragem. O que originou esse hiato e, mais tarde, o vosso regresso?

Como em qualquer relação existem momentos melhores e piores. Por isso, a determinada altura foi necessário parar. O que motivou o nosso regresso foi o amor à arte e a amizade.

Talvez por esta longa ausência e por nunca terem lançado um longa-duração os Concealment reservam-se ainda a algum anonimato. Sentem o vosso regresso como um assalto ao lugar que, de facto, bem merecem?

Sem dúvida! E vamos trabalhar bastante para atingir os nossos objectivos.

Nos anos 90 como era a postura das pessoas perante o vosso trabalho? Desde o início nunca foram uma banda com um som de fácil “digestão” ou para qualquer mente desprevenida. Isto foi uma contrapartida para vós ou, por outro lado, serviu para vos tornar singulares no panorama nacional?
A singularidade sempre fez parte da nossa carreira e é assim que queremos continuar. De outra forma nada faria sentido.

Sentem algum tipo de preocupação com o que o público acha da vossa música? Pelas vossas composições dão-me a clara sensação de que são músicos bastante ousados, ambiciosos e, sobretudo, independentes...

Claro que sim, o público é prioritário e é, sem dúvida, sempre tratado com o maior respeito. Aquilo que fazemos é nosso e verdadeiro e as pessoas percebem isso.

Como caracterizas, no fundo, o som dos Concealment?
Intenso e discordante!

De que influências podemos falar que sirvam para ajudar a construir o som dos Concealment? Li numa entrevista vossa muito antiga de que são fãs dos Dream Theater. É verdade?
Nós gostamos muito de rock progressivo e, sem dúvida, de Dream Theater também. No entanto, as nossas influências vêm mais de trás, de bandas como, por exemplo, Frank Zappa, King Crimson, Pink Floyd [da fase Syd Barret] e também de bandas novas como Converge e The Dillinger Escape Plan.

Quando ouvi os momentos iniciais de um tema como “Minus Eye” fiquei também com a ideia de que poderão ser apreciadores de bandas como Meshuggah, pela sua experimentação e som de cordas bem downtuned. Interessava-vos este tipo de banda?
São uma boa banda, sem dúvida, mas a abordagem artística dos Meshuggah é diferente da nossa. Em relação às afinações graves posso dizer que me interessa mais a sonoridade de bandas como Morbid Angel do que propriamente Meshuggah.

Em suma, acho que se há termo que caracterize melhor o som dos Concealment é o termo prog! Concordas?
Sim, existe bastante “progressão” nas nossas músicas, mas concordava mais com o termo “independente”.

Qual o melhor método para se construir música? Pergunto-te isso porque, como já disse, o som dos Concealment é algo bastante complexo e muito pouco ordinário...
Quando criamos música o método consiste em controlar o caos dando-lhe algum sentido...

A maior parte das pessoas nem deve sonhar que os Concealment já existem há 12 anos! Que momentos, tanto bons como maus, gostarias de salientar para que as pessoas fiquem com uma pequena ideia do vosso percurso?

Penso que se há alguma coisa a salientar no percurso da banda é o facto de sermos as mesmas pessoas que éramos desde os tempos da escola preparatória - amigos sempre prontos a amparar a queda dos outros!

Operou-se alguma mudança brusca a nível de som entre a fase Dust e a que iniciaram com os Concealment?
Os Dust eram uma banda de thrash na veia de Nuclear Assault e Kreator. Concealment é... Concealment! [risos]

Após todos esses anos que motivações regem ainda a vida dos Concealment? Óbvio que ainda há muito por conquistar...
Existe um barco que está a ser remado para o mesmo lado. Isso motiva a vida desse projecto.

Da vossa discografia constam uma demo tape e dois EP’s. Pedia-te que traçasses um plano sobre estes lançamentos, sobretudo a nível musical, para quem não teve acesso a eles.
O nosso primeiro trabalho foi a demo tape “Naked... Drowned... Art”. Neste trabalho participou o primeiro guitarrista/vocalista dos Concealment - o Luís - e o baixista Pedro e nele ainda se encontram algumas das influências de Dust, mas com um toque mais progressivo. O segundo lançamento de autor foi o E.P. “Imperaffection”. Neste assumi a composição de todas as letras e preocupei-me bastante com a sua mensagem. O seu conteúdo lírico relata as marcas de uma vida sem sentido e objectivos. A nível musical era já um “suspiro” daquilo que somos actualmente. Em terceiro lugar lançámos o E.P. “Of Malady...”, um trabalho mais intenso e sludge. Foi o disco onde experimentámos dar mais valor ao sentido dinâmico do que ao complexo. A mensagem de “Of Malady...” é direccionada à inconsequência de certos planos afectivos. Por exemplo, tanto amor pode matar.

Conseguiram alcançar os objectivos estabelecidos com estes lançamentos?
Sim, os nossos objectivos com estes trabalhos foram compensados.

Pelo que sei “Leak”, o vosso primeiro álbum, está prestes a ser lançado. Será este mês pela dFX Media, certo?

Sim, correcto.

O que podemos esperar do seu conteúdo?

Traduzindo em três palavras: austero, colérico e esquizofrénico!

Tenho também a ideia de que o processo de gravação de “Leak” foi um bocado demorado. Quais as razões para isso? São perfeccionistas, quiseram tratar de tudo com o maior pormenor?
Simplesmente, queremos lançar um trabalho com uma boa qualidade.

Pelo que li de vocês fiquei também ciente de que são uma banda que sente muito cada momento da sua carreira. Por exemplo, admirei a maneira como falaram das digressões com os Ethereal ou dos concertos com os Disassembled e Grog. É para isso que a banda vive?
Sem dúvida! Somos bons humanistas e adoramos a estrada e as pessoas que se relacionam com ela.

Terem hoje a oportunidade de virem aos Açores para um grande um evento será também, à partida, um momento que vai ficar especialmente marcado... É a primeira vez que tocam fora do continente?
A oportunidade é inesquecível e bastante marcante, principalmente para mim, visto que a família da parte do meu pai é de Vila Franca do Campo! Ir aos Açores, para além de ser muito especial profissionalmente também o será pelo lado espiritual. Para o resto da banda será também muito especial.

Que ideia têm sobre qual será a reacção do público açoriano ao vosso som? Aliás, como é normalmente a reacção do público aos vossos concertos atendendo à excentricidade da vossa música?
Por vezes estranha... Muitas vezes as pessoas ficam sem reacção, mas gostam.

Bom, o tempo é de comemoração aqui nos Açores por irem receber, pela primeira vez, um evento da envergadura do Alta Tensão. Que comentário gostaria de deixar sobre este assunto?
Muito obrigado pela vossa gentileza e continuem a promover este tipo de música da forma como têm feito. Um especial abraço dos Concealment para os Açores!

Nuno Costa

http://www.eyeofconcealment.com/
www.myspace.com/concealment

Friday, July 13, 2007

Alta Tensão - Coliseu Micaelense sorteia bilhetes

Com a data do festival Alta Tensão nos Açores a aproximar-se, o Coliseu Micaelense está a promover um passatempo através do seu site oficial – http://www.coliseumicaelense.pt/ - que visa sortear 100 convites para o festival [50 convites para o dia 20 de Julho e 50 convites para o dia 21]. Basta para isso que envie um e-mail para director@coliseumicaelense.pt, até 17 de Julho, indicando o assunto “Sorteio Alta Tensão” e escrevendo no texto apenas o seu nome completo. Só será considerado o envio de um e-mail por cada endereço electrónico remetente. No dia 18, no site do Coliseu Micaelense, será divulgada a lista dos 100 espectadores premiados que receberão um e-mail com a devida credencial para levantarem o seu convite na bilheteira do Coliseu Micaelense que funciona, de segunda a sábado, das 13h00 às 20h00. Relembramos que o Alta Tensão Indoor Tour #2 arranca já no próximo sábado, dia 14 de Julho, na Associação de Músicos, em Faro, e termina com duas datas nos Açores, a 20 e 21 de Julho, no Coliseu Micaelense. Seguem as datas completas:

Bandas residentes:
MNEMIC [Dinamarca]
REAKTOR [Lisboa]
CONCEALMENT [Sintra]
FORGODSFAKE [Almada]

14.07.07 – Associação de Músicos, Faro – My Enchatment [banda convidada]
15.07.07 – Sol Posto, Castro Verde – Pubkrawl [banda convidada]
17.07.07 – Blá Blá, Matosinhos – Crushing Sun [banda convidada]
18.07.07 – A.D.A.C., Pombal – This Is Mafia [banda convidada]
19.07.07 – Freira Bar, Moita – Confront Hate [banda convidada]
20.07.07 – Coliseu Micaelense, Ponta Delgada – Morbid Death, Concealment, Forgodsfake, Anomally
21.07.07
– Coliseu Micaelense, Ponta Delgada – Mnemic, Reaktor, Stampkase, Psy Enemy

Especial Alta Tensão - Entrevista Forgodsfake

UM NOVO FÔLEGO

Há alturas em que nada melhor do que um regresso à grelha de partida para se investir com uma nova força e vitalidade. Este é o caso dos Forgodsfake que decidiram romper com um passado marcado por passagens pelos Painstruck, Twentyinchburial, Judge By Greed, Straightshot e, essencialmente, pelos Shrapnel, para encetar um projecto com uma alma rejuvenescida. O núcleo duro desta última banda sobrevive nos Forgodsfake e, por isso, acumulando grande cumplicidade, a banda apresenta-se à nascença como um projecto muito coeso e promissor. “Life Or Debt” é o primeiro marco desta nova etapa, a conhecer a luz do dia já no dia 14 de Julho, que coincide também com o arranque da segunda edição do Alta Tensão Indoor Tour, da qual fazem parte e onde poderemos testemunhar o músculo, a crueza e a sensibilidade tradicional do seu metalcore. O vocalista Ricardo Pedro foi o anfitrião da nossa viagem pelos meandros desta nova criação nacional.

Os Shrapnel encerraram actividades há cerca de dois anos, certo? O que esteve por detrás desta decisão?
Os Shrapnel nunca encerram actividades, nunca tivemos parados. Decidimos foi, ao fim de algum tempo, mudar o nome visto que entrou um elemento novo e queríamos ter, por assim dizer, um “ fresh start”..

Então o núcleo duro dos Shrapnel continua nos Forgodsfake…
Por mais incrível que pareça há muita gente que não associa os Forgodsfake aos Shrapnel, talvez ainda por falta de exposição... Quisemos de, certa forma, começar de novo, reconquistar o nosso lugar e conquistar também novas pessoas que, se calhar, noutros tempos nunca foram muito nossos fãs, por qualquer razão. Agora com novo nome, novo som, novos elementos e mais experiência tencionamos abrir novas portas e talvez caminho para novos fãs. Os antigos serão também sempre bem vindos.

Para além disso, será sempre mais fácil trabalhar com pessoas que conhecemos bem. Imagino que o funcionamento interno dos Forgodsfake seja muito harmonioso. Aliás, certamente por isso é que surgem tão repentinamente no nosso cenário e já com um álbum prestes a ser lançado!
Os Forgodsfake conhecem-se desde os tempos da escola e somos os melhores amigos possíveis! Se não ensaiarmos ou estivermos com namoradas ou trabalho, estamos sempre juntos. Saímos sempre juntos! Somos uma família, sem qualquer dúvida, porque se assim não fosse, certamente, não estaríamos juntos há nove anos. Isso não implica que, às vezes, não tenhamos discussões, mas tudo acontece dentro dos limites.

Como foi a fase de composição dos temas para o primeiro disco dos Forgodsfake? Há bocado dizia que basicamente apenas mudaram de nome, mas a vossa sonoridade também mudou em relação à dos Shrapnel...

O álbum foi projectado com alguma calma, tivemos cuidado ao fazer as músicas e estas não se tratam apenas de bons riffs empilhados, sem lógica. Há músicas no álbum que já vêm do tempo dos Shrapnel como a “Ode To You” ou “Dillema”. Contudo, o resto do material já foi construído com o Alexandre na banda e, sem dúvida, que ele foi uma grande ajuda na composição, introduzindo novas ideias, conceitos e bons solos.

Como podemos encarar a transformação que operaram na vossa maneira de compor? Será, essencialmente, o reflexo de novas influências que adquiriram ou também a necessidade de evoluir?

Sem dúvida, tanto influências como a necessidade de evoluir. Nós somos de, certa forma, um reflexo daquilo que ouvimos no momento, nunca esquecendo as influências de sempre. A evolução é natural, com o passar do tempo e os ensaios quase diários. A evolução é inevitável.

Para que as pessoas percebam melhor quem são os Forgodsfake gostaria que falasse, sucintamente, do background dos seus elementos – que não se resume apenas aos Shrapnel – e, particularmente, do guitarrista Alexandre Carvalho de quem conhecemos muito pouco...
Os Forgodsfake contêm elementos que, para além de já terem feito parte dos Shrapnel, já tocaram em bandas como os Painstruck, Twentyinchburial, Judge By Greed e Straightshot. Inclusive, o Nuno Silva [baterista] está neste momento a tocar com os Hills Have Eyes. O Alexandre é nosso amigo há muitos anos. Conhecemo-nos na escola, sempre tivemos bandas e sempre tocamos juntos em concertos. O Alexandre afastou-se um pouco do mundo da música pesada há uns anos, mas nunca perdeu o “bichinho”. Calhou um dia em conversa com o João [baixista] ser convidado para ir à nossa sala de ensaios dar uns toques, experimentar a cena e ficar, se possível. Foi o que acabou por acontecer. Hoje em dia, é um elemento fundamental na formação a qual já não faz sentido sem ele.

A banda é recente e pode até ser uma surpresa para muitos, mas os Forgodsfake já têm actuado algumas vezes. Como têm corrido essas experiências, nomeadamente, no que se refere à reacção do público?
Até agora, positivo. Contudo, achamos ainda ser muito cedo para avaliarmos alguma coisa.

Pelo informação que circula parece já haver muito boas notas em relação ao vosso trabalho e, por isso, creio que se abrem boas perspectivas em relação ao lançamento do vosso álbum. Estão muito ansiosos por colocá-lo cá fora?
Claro, sem dúvida.

Uma vez que só vai ser lançado no dia 14 de Julho como o descreves estrutural [número de temas], lírica [nomeadamente a que se refere o seu título “Life Or Debt”] e musicalmente?
É um álbum pesado, sem dúvida. Quisemos manter uma linha musical constante, não nos esquecendo de fazer algo mais calmo ou harmonioso como a “Prove Us Wrong” e dando também atenção a partes mais melódicas e cantadas como em “Ode To You”. Liricamente, é um álbum revoltado, com muito a dizer. Porém, contém letras de amor ou dedicações que, de uma forma ou outra, são uma lufada de ar fresco. Não somos de todos pessoas sempre revoltadas que só falam do que está mal, mas também sabemos escrever dedicatórias para alguém que gostamos. Somos uma banda polivalente. Quanto ao título do disco surgiu depois de alguma discussão em que pedimos sugestões a várias pessoas amigas. Não somos de todo uma banda fechada a ideias ou opiniões e dessa forma partilhamos um pouco as nossas ideias com amigos. Achamos que, sem dúvida, nos ajudaram a escolher o título do álbum. Quanto ao número de faixas, foi o que se conseguiu arranjar… [risos]

Já agora, o disco está com um óptimo aspecto sónico! Onde e por quem foi gravado?
Foi gravado em Braga, nos Ultra Sound Studios, pelo grande Sr. Daniel Cardoso!

Este também sai já sob chancela de uma editora. Foi fácil arranjar quem o lançasse tratando-se de uma estreia?
Foi, pois somos uma grande banda e tivemos sempre pessoas interessadas! [risos] Não, estou a gozar. A hipótese foi discutida com o nosso management que, após algumas reuniões, achou que a dFX Media seria uma boa aposta para lançar o nosso álbum. Quem não arrisca não petisca e decidimos acreditar no trabalho da editora.

O lançamento de “Life Or Debt” coincide com o arranque da segunda edição do festival Alta Tensão Indoor Tour, encabeçada pelos dinamarqueses Mnemic, e em que vão fazer parte entre 14 e 20 de Julho. Antes de mais, digam-me: já tinham passado por uma experiência como esta, uma digressão com esta duração e importância?
Pessoalmente, nunca tinha feito uma tournée desta dimensão e com bandas com este peso na cena musical. Tocamos em tempos com Línea 77, mas não passaram de duas datas, e demos alguns concertos em Espanha. Temos elementos na banda como o Nuno, que fez parte dos Twentyinchburial, que é, sem dúvida, o elemento mais experiente nesse campo das digressões tendo já tocado em Espanha, França, Dinamarca e Alemanha. Para nós é bom ter alguém com essa experiência na banda e que possa partilhar connosco ideias e conceitos.

Como é que estão a viver este momento que se aproxima que, para além de servir de sobremaneira para promover “Life Or Debt”, vai também trazer-vos aos Açores pela primeira vez? Está a ser uma grande supressa surgirem todas essas oportunidades em tão pouco tempo de banda?
Estamos super ansiosos por essa oportunidade e de apanharmos o avião para fora de Portugal continental. No entanto, não quero com isto dizer que não damos valor aos concertos no continente…

Concretamente, o que esperam do concerto no Coliseu Micaelense? Não menosprezando, como disseste bem, as outras datas, mas poderá esta nos Açores ter um significado especial por ser fora do continente e num Coliseu?
Sem dúvida! No fundo é quase como um sonho que temos desde putos e o facto de apanharmos o avião parece que vamos tocar numa tournée mundial! Vivemos o momento como banda e tudo o que vier é vivido intensamente.

Bom, não sei se quer acrescentar alguma coisa, nomeadamente para o público que estará interessado em ver o Alta Tensão e o açoriano, especialmente, que vai ter, merecidamente, o seu primeiro grande festival de Metal da história! E vocês vão fazer parte desse momento histórico!Gostava de agradecer a toda a gente que sempre nos apoiou nos tempos dos Shrapnel e que continua a apoiar-nos com os Forgodsfake. Iremos dar o nosso melhor e contamos com ajuda do público açoriano para “partir tudo”! Vai ser um concerto em que não iremos dar tréguas.

Thursday, July 12, 2007

Festival Metal GDL - Fim-de-semana de peso em Grândola

É já este fim-de-semana, nos dias 13 e 14 de Julho, que é levada a cabo a segunda edição do festival Metal GDL que tem o apoio da SounD(/)ZonE. Relembramos que do cartaz fazem parte 13 projectos distribuídos por dois palcos. Sendo assim, actuam no primeiro dia do festival, no palco “Viva o Metal”, os Behatred, Monogono, Cryptor Morbius Family, Omen From Hell, Assemblent e Bleendig Display. No segundo dia actuam, também no palco “Viva o Metal”, os Spoiled Fiction, Goldenpyre, Process Of Guilt e Holocausto Canibal. No palco “Metal GDL” estão previstas as actuações dos W.A.K.O., Pitch Black e os cabeças-de-cartaz Moonspell. As bilheteiras abrem às 17h00, o recinto às 19h00 e os concertos têm início às 21h00. O custo do bilhete para os dois dias é de 10 euros [compra antecipada] e 12 euros [compra no dia]. O bilhete dá também direito a campismo gratuito. Para além do recinto, os bilhetes podem ser adquiridos na Piranha [Porto], Rock Lab [Moita], Bar Capelinha [Faro], Carbono [Lisboa], D’arteMúsica [Coimbra e Viseu], Old Skull [Évora], Fotografia Infante e Estúdio Jovem [Grândola]. Outros dos grandes atractivos do festival é o fácil acesso a Grândola, quer de carro, comboio [http://www.cp.pt/] ou autocarro [http://www.rede-expresso.pt/]. Grândola fica a 80 km de Évora, 110 km de Lisboa e 130 km de Faro. O recinto fica a cerca de 20 km de belas praias. Durante o festival será distribuído um jornal com entrevistas às bandas presentes no cartaz e informação sobre a zona [onde comer, beber, dormir].

www.myspace.com/metalgdl
Entrevista especial efectuada a Carlos "Bixo" Santos [organização] aqui.

II Sobreirus Festival - Este fim-de-semana

Nos próximos dias 13 e 14 de Julho realiza-se a segunda edição do Sobreirus Festival, no Sobral, S. Vicente de Paúl, em Santarém. No dia 13 actuam os The Shame Busters, Ciborium, W.A.K.O. e Hyubris. No dia 14 é a vez de subirem ao palco os Artworx, Attick Demons e Ethereal. Em ambos os dias os concertos iniciam-se às 22h30 e as noites encerram-se com a presença de um DJ do programa de rádio Fogo No Gelo. Os bilhetes custam 4 euros para um dia [com direito a uma bebida] e 7 euros para os dois [com direito a duas bebidas]. De realçar ainda que o segundo dia arranca, pelas 16h00, com uma palestra de sensibilização para a plantação de sobreiros [espécie protegida e em vias de extinção] a cargo de um representante da Quercus e na presença de elementos da junta de freguesia de S. Vicente, do Município de Santarém e da Sobreirus-Festival-Associação.

Tuesday, July 10, 2007

Especial Alta Tensão - Entrevista Anomally

ANOMALIA NO SISTEMA

Num cenário reconhecidamente dominado pelas sonoridades rock e punk, a ilha Terceira, nos Açores, fez germinar, em 2005, um novo projecto absorto numa ideologia heavy e negra como não se via desde os tempos dos Gods Sin. São eles os Anomally, um projecto alicerçado numa amizade de longa data entre Miguel Aguiar e Tiago Alves que há dois anos o colocaram, finalmente, em prática, ainda que seguindo uma linha musical muito distante da actual – o metal de natureza electrónica. Hoje em dia impuseram-se no cenário metaleiro terceirense com o poder de um death/thrash/goth com melodias, em certos momentos, modernas e que se tem revelado suficientemente sólido e incisivo para reunir de novo o público local em volta do metal. A demo caseira que lançaram em 2006 e os concertos convicentes que têm dado serviram para despertar o interesse sobre o seu trabalho também por outras paragens. Certamente por este motivo, o sexteto vai estrear-se em S. Miguel, já no próximo dia 20 de Julho, no primeiro acto do festival Alta Tensão, no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada. Esta e outras razões serviram de divisa para uma conversa com o teclista Miguel Aguiar.

Formar os Anomally foi um processo algo faseado. Para além de terem indo acrescentando músicos aos poucos experimentaram também outras vertentes musicais até chegarem à que os Anomally explanam hoje em dia. Por exemplo, a fusão de metal com música electrónica...
A meu ver foi uma fase um tanto ou quanto experimental. Estávamos a começar a dar os primeiros passos como banda e ainda não tínhamos propriamente certeza daquilo que pretendíamos.

A saída de Jerry Rocha [programador] deu-se, sobretudo, porque a banda decidiu abandonar este estilo musical?
A saída de Jerry foi algo que acabou por ser inevitável. As razões só ele as sabe pois deixou de aparecer nos ensaios sem dar qualquer razão. No entanto, creio que mesmo que isso não tivesse acontecido naturalmente ia acabar por acontecer mais cedo ou mais tarde, pois a altura em que ele saiu da banda coincidiu com a entrada do nosso baterista e, consequentemente, com a alteração de estilo musical deixando assim de haver necessidade de recorrer à bateria electrónica.

Explica-me melhor como se dá a entrada do baterista José Pires [ex-Gods Sin, ex-4Saken] e do guitarrista Marco Lote [ex-Absinto, ex-Next] na vossa formação?
A entrada de José Pires [a.k.a. Zefa] nos Anomally deu-se por intermédio de uma amiga dele que, na altura, estava para pertencer à banda como baixista. Também já tinha havido alguma troca de palavras antes entre ele e o Nelson Leal [vocalista] que nos deixou pensativos em relação à sua entrada na banda. Devido às suas características como baterista achámos que ele seria o membro que nos faltava. Fizemos alguns ensaios com ele e desde logo houve um bom entendimento entre nós. Mais tarde sentimos falta de mais um guitarrista. Nessa altura, ponderámos alguns nomes, mas acabámos por fazer apenas uma audição antes do Lote que acabou por não dar em nada. Como o Nelson já conhecia o Lote há algum tempo e, inclusive, tinha conhecimento do seu trabalho como guitarrista e do seu possível interesse em se juntar a nós, acabou por ser natural a sua entrada na banda. Tivemos sempre a preocupação de procurar alguém que, para além de gostar daquilo que estávamos a fazer, conseguisse assimilar o espírito da banda e estes dois membros, Zefa e Lote, tinham tudo o que era necessário para construirmos uma “família”!

Por acaso, só recentemente descobri que o vosso baixista – Miguel Ângelo – é apenas convidado ao vivo. Têm intenções de resolver essa situação ou a banda prefere trabalhar nestes termos?
Temos e sempre tivemos intenção de resolver esta situação. Contudo, não tem sido nada fácil. Fizemos já várias tentativas que, infelizmente, nunca passaram disso mesmo. O Miguel tem sido um grande amigo e sempre que pôde ajudou-nos, mas não lhe é possível acompanhar-nos sempre devido à sua indisponibilidade. Continuamos com esta situação resolvida apenas temporariamente. Porém, já posso adiantar que dentro em breve estaremos com este problema resolvido definitivamente.

Atendendo ao vosso percurso e média de idades pode-se depreender que a vossa experiência facilite as coisas no funcionamento dos Anomally. É assim?
Sem dúvida! Já temos alguma maturidade para poder pensar em tudo ao pormenor sem corrermos grandes riscos. Essa tem sido uma das nossas grandes preocupações - fazer com que tudo funcione. Quanto ao nosso background só mesmo eu e o Tiago não fizemos parte de bandas anteriormente. Quanto aos restantes membros todos fizeram parte de bandas importantes como os Gods Sin, Absinto ou Lithium. Isso fez com que eles ganhassem a consciência daquilo que se deve passar numa banda e em seu redor e acabou por se tornar uma mais valia para aqueles que nunca tinham vivido esta experiência.

O Nelson Leal é o membro mais novo da banda e com influências um pouco diferentes das do resto da banda. Isto contribui para que a banda soe minimamente diferente de uma banda convencional de death/goth metal?
Bem, não digo que seja apenas por ele ter influências um pouco diferentes, porque se formos a ver, um adora Metallica outro Cradle Of Filth outro Devildriver outro Pantera e é precisamente isto que faz com que a banda soe diferente. Como fora referido inicialmente, a ideia inicial era misturar o metal com electrónica... Com o evoluir da banda comecei a ver que aquilo que estávamos a fazer era precisamente juntar todas as nossas maiores influências. Não é uma fórmula mágica mas tem resultado connosco. Não é nada nunca antes visto mas é aquilo que pretendíamos e só assim podemos agradar a nós próprios. Imagina que todos os membros da banda adoravam Opeth... Iríamos ter tendência a criar musica muito semelhante a esta referência. Acabávamos por ser os Opeth da Terceira e não é isso que queremos! [risos] É natural que surjam algumas comparações com bandas que nos servem de referência mas, hoje em dia, isso é quase inevitável.

Voltando um pouco atrás... Que cumplicidade havia entre ti e o Tiago Alves para quererem iniciar um projecto?
Somos amigos de longa data. São dez anos de amizade que surgiram praticamente com a ideia “vamos formar uma banda?”. A verdade é que acabou por nunca resultar em nada em concreto, ora por falta de espaço para ensaiar, ora por falta de membros para completar uma banda, ora por falta de disponibilidade da nossa parte... Os estudos estavam em primeiro lugar e devido à minha deslocação para fora da ilha aquele que era um sonho nosso foi sendo adiado. Ainda me lembro de estarmos no quarto do Tiago a tocar “Goat On Fire” dos Moonspell... Foram belos tempos ao longo dos quais fomo-nos conhecendo e desenvolvendo capacidades essenciais para formar um dia uma banda com pés e cabeça. Passados estes anos todos fico com aquela sensação de que foi o melhor que nos podia ter acontecido.

Em 2006 auto-financiaram uma demo. Apesar de esta ter propósitos restritos acabaram por distribui-la e receber algumas reacções. Que balanço fazem da sua edição?
O balanço foi bastante positivo. Temos vindo a receber boas críticas por parte da imprensa, melhores até do que estávamos à espera.

O objectivo era qual propriamente? Nunca pensaram em esperar um pouco e tentar lançar a demo de forma mais elaborada?
O objectivo inicial era apenas ter um registo para consumo próprio, ou seja, apenas para vermos como estavam a soar as músicas ou se era necessário alterar alguma coisa. Entretanto, começámos a achar que aquele seria um bom veículo de promoção para a banda e foi com esse intuito que apostámos em divulgar essa demo. Na altura, era o que tínhamos entre mãos, ninguém nos conhecia e foi a única maneira por nós encontrada para conseguirmos mostrar aquilo que estávamos a fazer há alguns meses. Estávamos conscientes que aquela estava longe de ser a melhor gravação, mas ficámos tão entusiasmados com o que tínhamos que decidimos não esperar mais! Foi quase como quem acaba de ter um filho e o que quer é mostrá-lo aos seus amigos, por mais feio que seja! [risos] A verdade é que, apesar de termos noção de que se calhar deveríamos ter esperado mais um pouco e lançado a demo com melhor qualidade, não nos arrependemos do rumo que tomámos. Costuma-se dizer que os arrependidos vão para o céu, por isso mesmo, cada vez mais, não me quero arrepender do que faço! [risos]

Os refrões fortes e bastante orelhudos dos Anomally fazem parte de um método de composição algo premeditado, digamos assim? Ou seja, os Anomally incutem este elemento na sua música porque preocupam-se em ter um som minimamente original?
Preocupamo-nos em ter um som que agrade a gregos e troianos, mas, principalmente, a nós próprios. O que quero dizer com isto é que pretendemos ter um som que ao mesmo tempo seja algo actual e que consiga agradar ao pessoal mais “old school”. Esta “faceta” dos Anomally deve-se praticamente ao Nelson. Acho que se fosse por mim nunca iríamos ter refrões melódicos, mas aí é que entra aquilo a que me referia há pouco - tentamos dar espaço a todos os membros da banda para que cada um contribua com a sua parte, aquela que lhe vai fazer evidenciar na banda. Há que dar o mérito ao Nelson e também ao Lote que tem um registo vocal limpo muito interessante.

Passado algum tempo desde a edição da vossa primeira demo já devem ter vários novos temas compostos. Mantém a orientação dos anteriores?
Exacto, já contamos com mais alguns temas novos desde a edição da nossa demo. Dois deles já foram apresentados ao público terceirense e dentro em breve iremos apresentar mais um novo tema no festival Alta Tensão. A sua orientação mantém-se a mesma, não queremos fugir muito àquilo que tanto nos agrada e agrada também a quem já nos conhece. Posso talvez dizer que alguns temas têm uma orientação um pouco mais gótica mas, no entanto, mantêm o cariz pesadão do death metal. Um dos novos temas já apresentados tem alguns aspectos um pouco diferentes, algo que nunca tínhamos experimentado durante a fase de composição. Quem estiver presente no próximo dia 20 de Julho no Coliseu Micaelense vai ter oportunidade de os constatar e, certamente, não ficará desapontado. Quem gostar de um bom headbanging vai gostar dos novos temas. Quanto à edição de um novo trabalho, temos previsto o lançamento de um EP ainda este ano, talvez mais para o seu término. Estamos ainda a decidir onde o vamos gravar mas já é certo que desta vez iremos apostar em algo mais profissional. Neste momento, infelizmente, ainda não posso adiantar nada em concreto, pois não temos a certeza onde e com quem o iremos gravar. Têm surgido várias soluções que nos têm deixado um pouco indecisos...

Dada a realidade musical da ilha Terceira como é manter uma banda sob as vossas características? Os Anomally acabam até por ser a banda mais pesada da vossa ilha!
É necessário muito amor e dedicação ao que fazemos! Sem essa grande dedicação não conseguiríamos nada, mas acho que isso não se resume apenas a uma banda da ilha Terceira. Talvez a nossa grande desvantagem cá na ilha é sermos a banda mais pesada o que torna um pouco mais difícil a aceitação por parte de quem organiza os concertos ou festivais... Acho que estes apenas pensam nas massas enquanto que não se preocupam em saber aquilo que na realidade está a motivar algum interesse nas camadas mais jovens e até mesmo no pessoal da nossa idade que começou a ouvir metal, tal como eu, com 13 ou 14 anos.

Sentes-te, de alguma forma, desgostoso por não haver tanto espaço para bandas como a vossa na Terceira? O punk acaba por ser a vertente que comanda....
É evidente que gostava de ver mais bandas a tocar dentro do nosso género na ilha Terceira. A verdade é que a realidade é outra... O punk, tal como afirmas, comanda e o rock também tem bastantes seguidores. O mesmo já não se pode dizer do metal... Existem alguns seguidores mas a camada mais jovem tem tendência para aquilo que está mais na moda, aquilo que é “mais fácil” de ouvir. Também é verdade que a ilha Terceira nunca foi uma ilha de grandes tradições dentro do metal. Tivemos bandas como os Deathfull, Gods Sin, Enuma Elish [na sua fase inicial], Absinto, e pouco mais... Talvez por isso não me admire muito de não haver mais bandas agora. Somos os eternos resistentes! Pode ser que consiga convencer o meu irmão de 12 anos a ouvir mais metal e ele crie a próxima banda de metal cá da ilha! [risos]

Após esta análise, apetece-te deixar alguma mensagem ao público terceirense? [risos]
Que comecem a ouvir mais metal! Comecem por bandas de culto como os Iron Maiden, Megadeth, Metallica, Pantera e vão ver que não custa nada! Talvez as primeiras vezes custe um bocadinho, mas isso é como tudo na vida! [risos] Ok, agora a sério... Tenho uma mensagem de agradecimento a deixar ao público terceirense por todo o apoio manifestado pelos Anomally. Acho engraçado certas pessoas virem-nos dizer que gostam da nossa banda, apesar de não gostarem de música pesada. A eles o meu obrigado!

Sim, este era exactamente um ponto em que ia tocar... Apesar do metal não ser muito admirado na ilha Terceira, vocês têm já a vossa base de apoiantes! O balanço da vossa existência deve, por isso, ser positivo...
Sim, posso dizer que tem sido bastante positivo. Acho que estamos a abrir os olhos de quem pensa que o metal é só barulho. Temos vindo a cumprir praticamente todos os objectivos traçados para a banda, só isso é bastante satisfatório. Estamos a conseguir mostrar a quem nos acompanha que não estamos aqui para brincar às bandas e que aquilo que pretendemos é ser o mais profissionais possível! Por isso, sinto que as pessoas nos têm atribuído o mérito que eventualmente merecemos.

A participação no Alta Tensão será o culminar de dois anos positivos de carreira? O então merecido prémio?
Se é o merecido prémio ou não acho que só os nossos seguidores o podem dizer. A meu ver fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e a participação neste festival é, sem duvida, um grande feito para nós... É um prazer estarmos presentes num cartaz com bandas como Morbid Death, Reaktor e Mnemic! É algo que, infelizmente, não está ao alcance de todas as bandas. Felizmente, foi-nos dado algum mérito e, por isso, só tenho a agradecer à More Agency, à SounD(/)ZonE e ao Coliseu Micaelense.

Como estão a viver este momento? Quais as grandes expectativas para o festival?
Como deves imaginar as expectativas são muito grandes. Ir tocar a S. Miguel era um dos nossos objectivos para 2007 e vai ser agora cumprido. É a nossa primeira actuação fora da nossa terra natal e a emoção é muito grande, mas ao mesmo tempo vive-se um momento de alguma contenção, pois não fazemos ideia do que nos espera em S. Miguel. Tenho conhecimento de algumas pessoas curiosas por nos ver ao vivo mas existe sempre aquele “fantasma” que teima em pairar… De qualquer maneira, vamos chegar ao Coliseu, ligar os jacks e fazer aquilo que melhor sabemos fazer! Iremos dar o nosso melhor nem que seja apenas para uma pessoa. Temos noção que este pode ser um grande momento na nossa carreira mas, em primeiro lugar, queremos satisfazer o público que estiver presente e, claro está, a nós próprios. Vamos com o intuito de passar um bom fim-de-semana fora da nossa ilha, confraternizar com pessoal de outras bandas e amigos e beber umas cervejas! [risos]

Pela reconhecida audácia e espírito aventureiro dos terceirenses até que ponto podemos dizer que os Anomally estão dispostos arriscar? Em que circunstâncias estarão, por exemplo, dispostos a mudar de residência em prol da expansão do projecto?
Esta é uma pergunta que me dá, por vezes, para pensar... Neste momento, estamos dispostos a arriscar gravar um CD às nossas custas. Não temos apoios, logo será um risco, mas ao mesmo tempo um sonho concretizado! Não iremos lucrar nada com isso porque vamos apostar praticamente na sua divulgação em rádios, revistas e zines, daí se tornar um risco. Mas estamos mais que dispostos a corrê-los! Como já referi anteriormente, a nossa idade e background permite-nos premeditar bastante antes de tomar qualquer decisão e, se algum dia tivermos de optar pela mudança de residência, vamos ter de ponderar todos os aspectos. O mundo da música é deveras cada vez mais “selvagem” e corremos o risco de embarcar num “barco” sem destino... Esse barco um dia pode afundar-se. Se, porventura, um dia surgir uma oportunidade dessas, certamente iremos optar pelo que for melhor para nós. Tudo depende daquilo que se perspectivar.

Nuno Costa

http://www.anomally.com/
www.myspace.com/theanomally

Sunday, July 08, 2007

Black Widows - Renascidas das cinzas

Após uma profunda fase de reestruturação o conhecido colectivo feminino nacional Black Widows vai ensaiar o seu regresso aos palcos no dia 21 de Julho no Hard Bar, no Barrreiro. Rute Fevereiro, vocalista e guitarrista, foi o único membro a resistir a esta remodelação. Daí, reuniu-se há um ano meio com um novo naipe de músicos para dar continuidade ao projecto. O grupo tem já agendadas mais quatro datas até ao final do ano, inseridas nas sua Arising Tour, nomeadamente nos dias 22 de Setembro no Cine-Teatro de Corroios, 11 de Outubro no In Live Caffe, na Moita, 20 de Outubro no Muralhas Bar, em Cascais, e 24 de Novembro no Rock Lab, na Moita. Entretanto, a banda vai dispor de uma guitarrista convidada ao vivo, Ema dos Enchantya, enquanto não encontra membro fixo para este lugar.

Thursday, July 05, 2007

Tarantula - Abandonam Velha Guarda Metal Fest II

Os Tarantula, um dos nomes fortes do cartaz do Velha Guarda Metal Fest II, anunciaram ontem a sua desistência alegando “indisponibilidade de dois elementos da banda”. Posto isto, a organização do evento está já a lançar esforços para conseguir preencher a lacuna. O festival decorrerá no dia 29 de Setembro no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, com a primeira parte – que arranca às 14h30 – a cargo dos Framepitctures, Hybrid Corp., Oblique Rain, Mindfeeder e Thee Orakle, e a segunda – com início às 21h30 – da responsabilidade dos Cycles, Web, Heavenwood e Mosh. Os ingressos valem 10 euros.

Monday, July 02, 2007

Review

AKERCOCKE
“Antichrist”
[CD – Earache Records]

Se muita gente ainda não sabia quem eram os Akercocke, a partir de 2005, com a edição de “Words That Go Unspoken, Deeds That Go Undone”, certamente até os mais distraídos passaram a conhecer a insígnia desta banda britânica. Pela sua genialidade até há bem pouco tempo ainda me assustava algum anonimato a que a banda estava relegada, mas este cenário tem vindo visivelmente a mudar fruto de muito mérito próprio.

Falar de Akercocke é falar de algo intrépido, audaz, negro, sarcasticamente diabólico, desafiante e provocador. No fundo, podemos defini-los como algo que facilmente se pode tornar viciante. Se há bandas que levam a sua vida a olhar para as identidades alheias com o simples intuito de lhes seguir as pisadas artísticas – e comerciais também – nos Akercocke sente-se o verdadeiro significado de integridade e independência e até nos chegam a “assustar” pelo alcance da sua loucura criativa. Se alusões ao satanismo nunca faltaram nos seus trabalho desta vez a forma de expressarem a sua ideologia não podia estar mais clara e explícita. “Antichrist” é o título do seu quinto trabalho e pela forma que a banda tem de compor desta vez quase nos apetece afirmar que estes quatro músicos venderam a alma ao diabo...

Brincadeiras à parte, para quem não conhece os Akercocke podemos rapidamente caracteriza-los como uma banda de death/black/progressive metal. De facto, pouco aqui é convencional embora o termo extremo se aplique em todas as circunstâncias, quer pelo peso propriamente dito quer pela forma alucinada e até “perigosa” como lhe adicionam melodia. O que é verdade é que aqui tudo soa bem! Numa outra análise, podemos também dizer que uma ousadia como essa só pode resultar ou no repúdio dos puristas ou então no despertar de uma grande legião de fãs. Acrescentava ainda que são esse tipo de bandas que ameaçam tornar-se facilmente em projectos de culto.

Neste novo trabalho os Akercocke partem exactamente do ponto em que terminou “Words That Go Unspoken, Deeds That Go Undone”. Os elementos progressivos continuam a ter importância vital na singularidade do seu som, com momentos de melodia etérea, como é o caso da final “Epode” - onde o estreante baixista Peter Benjamin se revela uma excelente aquisição, quer pela sua bela voz quer pela sua capacidade de composição -, e outras de travo árabe, como é “The Promise” e o interlúdio “Distant Fires Reflect In The Eyes Of Satan”. Isto tudo sempre envolvido numa densa camada negra de impulsos e espíritos malévolos – as introduções macabras continuam a marcar presença.

A voz de Jason Mendonca surge cada vez mais versátil – cavernosa no registo grunhido e cada vez mais cristalina e absorvente no registo limpo [a lembrar ligeiramente Mikael Akerfeldt]. Na verdade, Mendonca é um vocalista bastante esquizofrénico, capaz ainda de registos altivos entre o berrado e o limpo, mas sempre cheio de autoridade. David Gray, baterista e único fundador ainda presente na banda a par de Mendonca – está igualmente ainda mais acutilante e endiabrado, atingido aqui velocidades vertiginosas.

A nível de peso temos pérolas como “Footsteps Resounds In An Empty Chapel” – fundindo o gosto sanguinário do death/grind e a frieza do black metal – e a inicial “Summon The Antichrist” – com o seu arranque devastador. Contudo, nenhuma destas acaba por se desenvolver sem manifestar surpresas. Ambas atravessam momentos declaradamente experimentais onde a melodia comanda. Surpresa maior, e que faz desta uma das melhores faixas do álbum, é “Axiom”. Pergunte-se se não será realmente obra do diabo que alguém misture a mais embaladora das melodias acústicas com o mais rápido dos blast beats?

Pois, é por essas e por outras que é fácil ficar possesso pela música maquiavelicamente genial dos Akercocke. Um álbum que talvez não supere o anterior mas também não lhe fica a dever. Só ficamos sem perceber o porquê da crueza da sua produção... No entanto, sem dúvida que os Akercocke são uma das mais frescas, inspiradas e apaixonantes bandas extremas da actualidade. [9/10] N.C.

Stampkase - Na Festa do Chicharro

Os micaelenses Stampkase actuam no próximo dia 7 de Julho na Festa do Chicharro, na Ribeira Quente, pelas 22h00. Após este concerto, a banda salta para o palco do Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, no dia 21 de Julho, para actuar no festival itinerante Alta Tensão em que fazem parte do cartaz os locais Psy Enemy, os nacionais Reaktor e os dinamarqueses Mnemic. Para além dessas datas o quinteto tem já confirmada a sua presença na Fajã de Cima, no dia 23 de Agosto, num concerto com os Psy Enemy. Entretanto, a banda continua a pré-produção do seu primeiro álbum com data de lançamento, provisória, para o final deste ano.

Próximas datas:
07.07.07 – Festa do Chicharro, Ribeira Quente, Açores
21.07.07 – c/ Mnemic / Reaktor / Psy Enemy – Festival Alta Tensão, Coliseu Micaelense, Açores
23.08.07 – c/ Psy Enemy – Fajã de Cima, Ponta Delgada, Açores

II Concurso de Música Moderna da Ribeira Grande - Crossfaith e Motherfoca vencem

Os micaelenses Crossfaith e Motherfoca foram os grandes vencedores do II Concurso de Música Moderna da Ribeira Grande, nas categorias Heavy Metal e Pop/Rock, respectivamente. A final realizou-se ontem no palco principal das festas do município, no antigo mercado, e contou também na final com as presenças dos Psy Enemy e Neurolag, na classe Heavy Metal, e Spiriteen e Behind The Blanket, na Pop/Rock, apurados através das eliminatórias que decorreram a 1 e 2 de Junho no Teatro Ribeiragrandense. Aos primeiros classificados coube um prémio de 450€, atribuído pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, quatro horas de estúdio oferecidas pela Globalpoint Music, Lda. e o direito a gravar um videoclip, cortesia da Moxion Audiovisuais. O júri desta edição do evento foi composto por Eduardo Botelho [Globalpoint Music], Pedro Arruda [Moxion Audiovisuais], Manuel Moniz [músico e sub-director do jornal Diário dos Açores], Omar Moniz [Rádio Nova Cidade] e Sílvio Ferreira [vocalista dos Connection].