Thursday, March 29, 2007

More Than A Thousand - Em Abril no Paradise Garage

Os More Than A Thousand voltam aos palcos no dia 7 de Abril, tendo como convidados os Cubic Emotion, One Hundred Steps e Easyway, num concerto a realizar-se no Paradise Garage. Os espectáculos têm início às 19h00. Bilhetes à venda no Paradise Garage, Fnac, Bliss, Livrarias Bulhosa e Lojas Abreu. Reservas em http://www.plateia.pt/ ou pelo número 21 434 63 04 e http://www.ticketline.no.sapo.pt/ ou pelo respectivo número 707 234 234.

Agenda - Ella Palmer no Lótus

No próximo domingo [1 de Abril] sobem ao palco do Lótus Bar, em Cascais, os Radioactive Sounds, Lost Chance, From Now On e Ella Palmer. O concerto tem início às 16h00 e os bilhetes custam 3,5€.

Festival S. Silvestre Jovem 2007 - Rock e Metal em Tomar

A Câmara Municipal de Tomar promove nos dias 13 e 14 de Abril, em Beselga, duas noites de rock e metal no âmbito do Festival S. Silvestre Jovem 2007. Sendo assim, temos no primeiro dia do evento os The Spektrum [Batalha], Puzzle de Anima [Abrantes], Xtigma [Tomar], Tiago Correia [Tomar], The Grim Reaper Society [Sardoal] e FH5 [Tomar] e no segundo os Sacrilegion [Ourém], Perfect Sin [Abrantes], Fucked Up [Riachos], Underneath [Tomar], Just Under [Tomar], Slime Fingers [Torres Novas], Ashes [Tomar] e Gritali & Os Tratantes.

Primitive Reason - Compõem novo álbum

Os já veteranos Primitive Reason encontram-se em estúdio a compor material para aquele que será o seu sexto longa-duração, sucessor de “Pictures In The Wall” [2005]. Apesar da banda se encontrar em trabalhos de estúdio vai operar uma ligeira paragem no mês de Abril para subir a um palco de Odemira, no dia 24, e ao da Semana Académica de Ponta Delgada, em São Miguel, no dia 28. A anteceder o seu novo álbum, ainda sem nome, teremos oportunidade de registar o lançamento de um single já este Verão.

Wednesday, March 28, 2007

Madcab - Hoje no Music Box

Os Madcab actuam hoje, pelas 22h00, no bar Music Box, em Lisboa, ao lado dos Riding Panico. Neste concerto estará também disponível o CD dos Madcab - "Keeping Wounds Open" - que poderá ser adquirido juntamente com a entrada por 6€.

Loud Like Devil - Dois anos comemorados em Abril

Durante o mês de Abril a agência de promoção e organização de eventos Loud Like Devil vai pontuar duas datas comemorativas do seu segundo aniversário. Assim sendo, temos no dia 14 de Abril as actuações dos A Last Day On Earth e dos Mosh e a 21 dos In Your Blood e 8 Rockin’Shoes, no In Loco Bar [Golpilheira], em Leiria. Em ambos os casos os espectáculos têm início às 23h00.

Agenda - Rock alternativo na Casa 99

No dia 31 de Março vão subir ao palco da Casa 99, no Cartaxo, os Mollycoddled [Lisboa], os Fiona At Forty [Lisboa] e os Ella Palmer [Setúbal]. O concerto tem início às 22h00 e o preço do bilhete custa 3€.

Napalm Death - Em Corroios

Os lendários Napalm Death vão subir ao prolífero palco do Cine-Teatro de Corroios no dia 9 de Maio. Os autores do clássico “Scum” ensaiam assim mais uma presença em Portugal desta feita com as honras de abertura a cargo dos lisboetas Painstruck e dos luso-romenos God. Os bilhetes estarão à venda brevemente em locais a designar pela organização por 20€ [antecipadamente] e 22€ [no dia do espectáculo].

Void Maze - Apresentam E.P. este sábado

No próximo sábado [31] os viseenses Void Maze vão apresentar o seu novo E.P. – “Heavy Duties” - no Gramado Bar, em Sta Comba Dão, a partir das 22h30. A primeira parte do espectáculo ficará a cargo dos Zonked. As entradas valem 1,5€.

Pitch Black - Novo álbum ao vivo

Apesar de ainda se desconhecer a data para o lançamento do seu novo álbum, os Pitch Black vão continuar a apresentar material de “Hate Division” nas datas que aí seguem e que já fazem parte da “Hate Tour 2007”. Sendo assim, teremos oportunidade de ouvir novos temas já no próximo sábado [31] no Moita Metal Fest, na Sociedade Filarmónica Estrela Moitense [Moita], a partir das 21h30 [entrada livre], mais tarde no SWR X Barroselas Metal Fest, no dia 29 de Abril, em Barroselas, e a 14 de Julho no Festival Metal GDL, em Grândola. Brevemente serão anunciadas mais datas.

Tuesday, March 27, 2007

Review

WITH PASSION
“What We See When We Shut Our Eyes”

[CD – Earache Records]

Já quase de forma estereotipada e premeditada se vira as costas ao metalcore a cada vez que surge um disco do género. A mesma forma deliberada que colocou o género no topo com o estatuto quase profético de nova moda resguardadora do futuro do metal durante os próximos tempos. Ora como tudo o que tem força para conceber tem força para destruir, todos os esforços do género que chegam ao mercado actualmente já vêm com um selo de desprestigio e fim de validade. E em muitos casos até há razões para se fazerem estas acusações. Por outro lado, também bem sabemos que associado a uma nova corrente musical estará sempre igualmente o estigma da forma abusiva como a indústria discográfica explora estas mesmas correntes até as tornar inassimiláveis para o público.

Sem dúvida, já testemunho de melhores dias, tendemos a acreditar que o espectro metalcore já nem busca nada de novo. No entanto, consegue ainda assim ter espaço para uma certa “libertinagem” para explorar inadvertidamente e com pressupostos de extremização certos campos do metal. Os With Passion, de Sacramento, formados em 2002, são o exemplo de uma banda que, não acrescentando nada ao género, consegue cativar pela sua rebeldia e destreza, tanto técnica como de composição. Este trata-se do longa-duração de estreia dos With Passion e que sucede ao EP “In The Midst Of Bloodied Soil”. Se a banda já havia demonstrado a sua capacidade complexa de tocar, com este álbum a fórmula é elevada ainda mais.

A banda apresenta aqui, acima de tudo, um metalcore como já se deu a perceber, embora diluído em várias influências todas elas pouco mainstream, o que torna o resultado mais apetecível. Não conseguimos apontar aqui uma só influência mas várias. O som dos With Passion consegue ser bastante abrangente atingindo a complexidade de uns Sleep Terror ou Between The Buried And Me com um toque death técnico na linha de uns Necrophagist, sempre demarcados pela sua versatilidade. As mudanças rítmicas são mais que muitas, embora, verdade seja dita, isto não contribua muito para a digestão fácil deste disco. Mas ainda assim, podemos dizer que é uma situação mais honrosa do que aquela em moldes que levam a um esgotamento precoce. A acrescentar a isso os With Passion possuem uma técnica muito apurada e uma concepção musical bastante ousada que faz da sua música uma experiência quase esquizofrénica.

No entanto, numa “medalha” com esta face, o seu reverso é inevitavelmente o da pouca harmonia. Neste caso o da música que pudesse ficar retida mais facilmente no ouvido. Apesar de valorizarmos a extravagância musical dos With Passion estes cinco músicos não perderiam nada se aliassem alguns ganchos ao seu produto que pudessem magnetizar e aproximar o ouvinte. Será certamente uma opinião discutível e até diria inquestionável uma vez que a convicção com que os With Passion se apresentam neste trabalho e já apresentaram no anterior, faz-nos crer numa defesa peremptória das suas origens musicais, relegando qualquer facilitismo. Contudo, mantemos a crença de que a banda poderá manter-se absolutamente fiel aos seus propósitos mudando um pouco a sua forma de compor no sentido de tornar os seus temas mais memoráveis. [7/10] N.C.

Monday, March 26, 2007

Cycles - Em Abril no Timeout Rock Café

Os portuenses Cycles actuam no dia 13 de Abril, pelas 23h00, no Timeout Rock Café, em Ovar. As entradas custam 3€ [com direito a uma bebida]. Ainda antes disso, já no próximo dia 31 de Março, a banda vai pisar o palco do 13º Mangualde Hard Metal Fest ao lado de nomes como Rotting Christ, Malevolent Creation e Rotten Sound.

Entrevista José F. Andrade

UMA VIDA DEDICADA À MÚSICA

José F. Andrade é uma das personalidades mais prolíferas do Rock e do Heavy Metal dos Açores. Com 37 anos e natural da ilha de São Miguel, estabeleceu o seu primeiro contacto com estes géneros musicais em 1987, assimilando os legados de bandas tão seminais como Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin. “Fui influenciado pelos meus amigos a ouvir este tipo de música e depois fui lhes tomando o gosto. A minha mãe também foi pedra fundamental neste processo, pois sempre ouviu rádio e eu acabei por crescer a ouvir música”, refere.

Apesar de se considerar fã acima de tudo, José F. Andrade começou a pisar os trilhos da imprensa musical por intermédio de uma fanzine tradicional e de baixo orçamento intitulada “Reino Metálico” [mais tarde transformada em programa de rádio] e, posteriormente, estreou-se numa publicação oficial no jornal Correio dos Açores, a convite de Jorge Medeiros, corria o ano de 1991.

Ao nível da escrita José F. Andrade encontrou as suas primeiras inspirações nos textos de Paulo Simões [actual director do jornal Açoriano Oriental] que possuía uma página de música chamada “Rock Rendez Vous”, a qual coleccionava conjuntamente com o jornal Blitz. A partir de então surgiu a admiração por António Freitas [Antena 3, Loud!, Sic Radical], mas o seu espólio de influências não se fica por aqui ou por um género. Miguel Sousa Tavares é outra das grandes referências literárias de José F. Andrade.

A nível de entrevistas o jornalista considera a entrevista ao guitar virtuoso sueco Yngwie J. Malmsteen como o seu primeiro grande momento jornalístico. “Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira por dois motivos: primeiro, porque era um grande nome da música internacional e, segundo, porque revelou-se uma pessoa muito arrogante. Tinha uma imagem completamente oposta dele”, exclama José F. Andrade. “A minha segunda grande entrevista foi a Anneke Van Giersbergen, dos holandeses The Gathering, e, após isso, veio muitos nomes, entre eles King Diamond – uma pessoa muito acessível com quem passei duas horas ao telefone”.

Senhor de um riquíssimo currículo, José F. Andrade já realizou mais de 150 entrevistas a artistas musicais e possui uma discoteca privada com cerca de 8 mil itens. Porém, nos primeiros tempos as movimentações nestes meandros operavam-se com bastantes dificuldades. “Tínhamos que estar muito atentos às revistas temáticas que chegavam aos Açores e gastava-se muito dinheiro com a correspondência a tentar contactar bandas e editoras. Hoje em dia é tudo mais fácil fruto do desenvolvimento dos meios de comunicação, nomeadamente da internet”.

Ainda antes disso, José F. Andrade estreou-se na rádio com o programa “Rock Station” na então Rádio Açores, em 1990. Tudo se desenrolou de forma “inadvertida”, pois o jornalista não detinha qualquer experiência na área. “Eu tinha um colega, que hoje em dia trabalha numa rádio na Madeira, com quem trocava LP’s e que, em determinado dia, propôs-me fazer um programa de rádio. Sondámos junto da estação as hipóteses de fazer um programa de rock e, na mesma semana, arrancámos com as emissões. Mas começámos a fazer rádio sem saber nada, sem dicas nenhumas, apenas pelo nosso conhecimento empírico como ouvintes”, enfatiza. Posteriormente, seguiu-se o programa “Stage Diving” e, mais recentemente, o “Overdose” que culminou com o encerramento da Rádio Académica da Universidade dos Açores.

Homem dos sete ofícios, José F. Andrade já foi também manager, organizador-coordenador de eventos e júri em concertos. Nesta última situação, o jornalista confessa que é sempre “desconfortável” e delicado estar-se a avaliar o trabalho alheio, inclusive porque, muitas vezes, gera más interpretações. “Já fui mal interpretado, mas porque as pessoas confundem muitas vezes amizade com profissão. Neste ramo tem que se ser imparcial, invariavelmente. As “palmadinhas nas costas” são os amigos que as dão, não propriamente quem se preocupa com as carreiras dos artistas ou percebe do assunto”, explica José F. Andrade. “Por outro lado, e citando o que me disseram uma vez numa entrevista: a música ou é boa ou é má! Se nos desperta é música, se não não é, independentemente do estilo. Por isso, avaliar qualquer tipo de arte é subjectivo”.

Como ouvinte José F. Andrade faz ainda questão de sublinhar que é um pessoa de “horizontes abertos” e efectua entrevistas a artistas dos mais variados quadrantes musicais. “Já realizei entrevistas a artistas Pimba, a um senhor de 72 anos que gravou recentemente um disco, etc. Para ouvir gosto também de Strauss, Beatles e Blues – o meu segundo género. Não é preciso ser Rock para que eu faça notícia”. Neste momento, é responsável pela página semanal “Notas Soltas” editada no Açoriano Oriental às terças-feiras. No entanto, os projectos não se ficam por aqui. “Quero escrever um livro! Comecei há quatro anos, mas a falta de tempo não me permite tê-lo concluído ainda”, confessa José F. Andrade. Segundo o jornalista o livro pretende ser um misto de auto-biografia e uma retrospectiva ao Heavy Metal açoriano.

Profundo conhecedor da “causa” e da região em particular, José F. Andrade conclui em análise que “hoje em dia é mais fácil ser-se músico nos Açores. Todas as acessibilidades que se desenvolveram ao longo dos anos – o aparecimento da internet, o aumento do poder de compra e o acesso mais fácil e barato aos instrumentos – fez com que os músicos nos Açores não tenham que enfrentar algumas das dificuldades de outrora. Porém, o lado menos positivo de hoje é que o grupo de pessoas que gere a Cultura e cria as suas políticas na região não percebe, na maioria dos casos, do seu ofício. Normalmente, no nosso país, as pessoas certas estão nos lugares errados. As outras... talvez tenham arranjado um “tachinho””, reivindica José F. Andrade.

Nuno Costa
in Factos Magazine [www.unicacomunicacao.pt]

Fotos: João Bruno Raposo & www.metalmachine.no.sapo.pt

Friday, March 23, 2007

XII Festival Música Moderna Corroios - Amanhã última sessão

Amanhã [24], pelas 22h00, no Cine-Teatro de Corroios, decorre a 5ª e última sessão do XII Festival de Música Moderna de Corroios com a avaliação dos projectos The Cynicals [Coimbra] e Skalibans [Almada]. A encerrar a noite estarão os Easyway, finalistas da edição 2002 do festival. A final do concurso será realizada no dia 31 de Março com a actuação das três bandas mais pontuadas e com o fim da noite a ficar a cargo dos Bunnyranch. Entretanto, já estão disponíveis vídeos das eliminatórias do concurso no youtube.

Festival de Metal na Quinzena da Juventude do Barreiro

A Câmara Municipal do Barreiro e o Espaço J – Gabinete de Apoio à Juventude, promovem no próximo dia 24 de Março um concerto na SFAL, pelas 21h30, com os Mind Over Flow, Monogono, For God’s Fake e Artworx como cabeças-de-cartaz. Este concerto é mais uma iniciativa inserida na quinzena da juventude do Barreiro. As entradas são livres.

Dr. Zilch - Presença em Vilar de Mouros decidida amanhã

É já amanhã (dia 24), pelas 22h00, que os amadorenses Dr. Zilch vão estar no In Live Caffé, na Moita, para uma actuação inserida na última eliminatória do concurso Arena Rock que dará o acesso ao Festival Vilar de Mouros. Por este motivo, os Dr. Zilch apelam à presença e voto de todos.

Hell Xis Fest - Hardcore de alto grau em Corroios

Dia 13 de Abril promete grandes lances de prazer para os amantes do hardcore em Portugal. O Hell Xis Fest vai levar ao Cine Teatro de Corroios os portugueses Grankapo e For The Glory, os alemães Team Killer e Zero Mentality, os holandeses No Turning Back e os norte-americanos Full Blown Chaos e Terror, estes últimos como cabeças-de-cartaz e em estreia em Portugal. Os concertos têm início às 19h00 e os bilhetes custam 20€ (compra antecipada) e 23€ (compra no local no dia do evento). Os bilhetes encontram-se à venda na Portugal Ultra, Discoteca Carbono e nos locais habituais.

Wednesday, March 21, 2007

Review

PAINTED BLACK
“Verbo”

[EP – Edição de Autor]

Embora os Painted Black já existam há quase seis anos foi apenas nos dois últimos que começaram a descerrar o seu talento e a fazê-lo chegar junto do público. Muito graças a “The Neverlight”, de 2005, que revelou-se uma enorme surpresa no que ao doom de contornos góticos, recheado de melancolia e ambientes envolventes diz respeito. Uma aura muito particular parecia brotar dos espíritos destes seis músicos que regressaram, em 2006, ao estúdio para registar um novo trabalho. Mais uma vez pelas suas próprias mãos lançaram um EP, este intitulado “Verbo”, e que determinantemente dá continuidade ao caminho trilhado em “The Neverlight”.

O grande trunfo desta banda continua a ser, sem dúvida, a forma muito intensa e tocante como embebe a sua música em sentimentos de tristeza e dor coadunados com uma fragilidade e delicadeza dissolvente. Muito facilmente nos ocorrerão bandas como Anathema ou My Dying Bride para descrever a linha artística dos Painted Black face à forma como a banda mistura ambientes e usufrui da dicotomia melodia-agressividade na razão das passagens faladas ou cantadas de Daniel Lucas [ao jeito de um Aaron Stainthorpe], ou ainda no seu registo gutural a fazer lembrar Darron White [vocalista dos Anathema até 1995], bem como os dedilhados harmoniosos e inundados de emotividade de Luís Fazendeiro.

Não temos aqui um teclado omnipresente como acontece em muitos casos neste tipo de música, embora depois da gravação de “Verbo” a banda já tenha incluído um teclista fixo – Bruno Aleixo -, mas de quando em vez este oferece um importante preenchimento a estas cinco faixas. Por outro lado, temos aqui as prestações da violinista convidada Susana Ribeiro em “Nightshift” e “Expire” que, diga-se, resultam encantadoramente. Ainda no plano das participações temos Mark Kelson [The Eternal] que empresta um solo, embora bastante discreto, a “Nightshift”.

A única diferença que podemos encontrar entre "Verbo" e "The Neverlight" é certamente o incremento de peso que a banda deu a estas composições. Ainda assim, a melodia continua a ser o prato principal na música dos Painted Black que, de resto, centram todo o seu mérito na forma visceral e honesta como expelem os seus sentimentos. Se falámos em comparações há bocado, podemos também esmiuçar que os Painted Black, apesar de não dissimularem as suas influências, mantêm sempre uma considerável distância em relação às suas referências, encontrando, eventualmente, na sua alma lusitana e fadista um forte argumento para esta personificada abordagem.

No desfecho desta análise, resta assegurar que, se depois do lançamento de “The Neverlight” as expectativas dispuseram-se altas, em “Verbo” a surpresa não é grande, mas, no caso dos Painted Black, linearidade e seguimento significa termos entre mãos outro excelente trabalho. [8/10] N.C.

Tuesday, March 20, 2007

Entrevista Stream

UM NOVO CAPÍTULO

A história começou a esboçar-se há mais de dez anos quando três amigos de infância dos Altares, na ilha Terceira, se começaram a juntar, incondicionalmente, para satisfazer a sua paixão pela música. Ao longo dos tempos foram cúmplices em muitos projectos e das mais diversas categorias musicais, mas só, em 2002, criaram algo que já parecia vir com um selo de qualidade. A começar pela vitória no Angra Rock até à tournée que os fez passar por quase todos os recantos dos Açores e ainda pela Fnac do Porto, os Stream foram conquistando gradualmente, mas com bastante eficácia, o reconhecimento do público. Em inícios de 2006, decidiram rumar de novo ao Porto, mais precisamente aos I.M. Studios, para registar alguns temas com Ivo Magalhães [Lullabye]. Destas sessões resultaram “Another Story” o tema-single lançado em finais de 2006 e que tem feito a banda atingir, ultimamente, feitos bastante inusitados para o padrão regional [nomeadamente um contracto nos Estados Unidos, um no Brasil e muitas presenças em tops de rádios e na comunicação social em geral]. O rock mais acessível e orelhudo que os Stream hoje explanam bem pode ser um dos factores abonatórios para esta situação, mas, por outro lado, tem servido para dividir os seus fãs mais antigos. No entanto, a banda nega veementemente que alteraram a sua postura e muito menos que se “venderam”. Estas e muitas outras perguntas que há muito o público queria ver respondidas na SounD(/)ZonE por Eddy [baixista] e Toni [vocalista Volkanic, ex-God’s Sin].

Ocorre-me agora um pequeno gracejo em relação ao nome do vosso novo single... Realmente, com "Another Story" e tudo o que se tem passado ultimamente, a história agora é mesmo outra! [risos] Foi também assim que encararam este single na hora de o baptizar?
Eddie: De facto, até tem a sua lógica visto que foi um ponto de viragem na banda em vários aspectos, mas não foi seguindo essa lógica que baptizamos o single. Significa, sim, um ponto de viragem, mas não só para os Stream como também para toda a gente.
Toni: Estamos conscientes que esta nova fase deve-se à entrada de novos elementos na banda; o querer fazer bons temas, boas canções. Já somos bem maduros e com muitos anos disto e se agora o nosso som está a ser aceite, porque não?

Embora acredite que já tenhas respondido a esta pergunta a várias pessoas (não creio que na comunicação social), continua-se a impor a questão: porquê esta mudança de sonoridade, embora se calhar não tão drástica, mas tão declaradamente mais mainstream e com pretensões bem óbvias?
Eddie: Quanto à mudança de sonoridade é um assunto que, para nós, não nos diz muito, visto que estes temas surgiram todos dos Stream, inclusive, compostos pela formação antiga. Por isso, a sua composição e mudança surge com naturalidade. O tema “Invisible” que está no single, já é tocado por nós há dois ou três anos, por exemplo. E claro, vem da necessidade de nos afirmarmos como uma banda que sabe o que quer e para onde quer ir.

Subscreves o que dizem algumas vozes de que a passagem para esta nova fase é resultado da vossa consciência actual de que está na hora de tentar tudo para tentar viver da música?
Eddie:
Viver somente da música seria um bocado utópico. Mas temos a consciência de que fizemos tudo ao nosso alcance para nos destacarmos...

É esta a única maneira de uma banda açoriana conseguir verdadeira notabilidade?
Eddie:
Nada se consegue sem trabalho. E no caso das bandas açoreanas é preciso muita perseverança e não desistir ao mínimo contratempo.
Toni: Não sei! Quem sabe? Existem fórmulas? Sabes? Ninguém sabe…

Será que podemos falar numa certa frustração ao fim destes anos todos da vossa parte a tocar sem conseguirem realmente aquilo que esperavam?
Eddie:
Uma coisa eu posso dizer: não me sinto nada frustrado. Desde a criação da banda, em 2002, que aconteceu tanta coisa positiva...

A insularidade é ou tem sido, realmente, o vosso maior adversário?
Eddie:
Eu não diria isso, a insularidade até nos tem dado inspiração. Mas os custos inerentes à insularidade, esses sim, retiram-nos algumas hipóteses de conseguir fazer sair a nossa música dos Açores, mas nada é impossível!

Voltando um bocadinho atrás, têm a perfeita noção que esta nova abordagem musical dividiu completamente a vossa massa de fãs? Os antigos essencialmente...
Eddie:
Como disse há pouco, a vida está em constante mudança. Ainda bem que as coisas evoluem e se modificam. Infelizmente não se pode agradar a gregos e troianos. Mas tenho notado muitas pessoas que antes não ouviam Stream e agora adoram o novo single. Penso que estamos a captar um outro tipo de público.
Toni: Os “ditos” fãs verdadeiros compreendem esta mudança. Atenção que isto de fãs é relativo, não temos nem vamos generalizar como uma massa. Vamos continuar a tocar as mesmas coisas constantemente? Da mesma forma? É que depois ficas saturado das mesmas ideias, etc…

Aceitas, no entanto, comentários mais corrosivos do género: os Stream venderam-se completamente?
Eddie:
Não tenho problema nenhum com quaisquer tipos de comentários. Desde que esteja de consciência tranquila as pessoas são livres de dizer o que quiserem.
Toni: Claro, são comentários! Podem ser com poucos fundamentos que na verdade, na sua maioria, são… Mas vivemos numa democracia. Temos que aceitar as coisas. É normal este tipo de comentários, é em Portugal que vivemos… Agora que temos algum sucesso (atenção que isto é relativo) é fácil de acusar. Porque é que os concertos do dito underground não são de graça? Será que estas bandas vendem-se?...

A entrada de novos elementos para a banda, ao que parece, está então também na origem desta mudança de sonoridade...
Eddie:
É claro que adicionando uma guitarra vai-se alterar o som de uma banda. Mas para nós isso é tudo a evolução natural da banda sempre com o intuito de melhorar.

Já agora, fala-nos porque saíram elementos originais da banda...
Eddie:
As pessoas têm a sua vida além da banda e é evidente que não podemos exigir devoção total e completa à banda. Chega uma altura em que se têm de tomar opções. A vida familiar e profissional de cada um são extremamente importantes. Clarifico, visto que fala no plural, apenas saiu um membro original da banda...

Como foi compor "Another Story"? Tiveram que desviar a vossa consciência daquilo que haviam feito até agora ou foi realmente algo espontâneo? Houve muito "cérebro" ao compor este trabalho?
Eddie:
O João e o Toni são os compositores da banda, eu e o Nuno complementamos o resto com alguns pormenores. Neste tema foi o Toni que fez o bruto. Ele tem facilidade em compor e é muito expontâneo ao fazer temas com bons refrões, com uma sonoridade mais apelativa. Agora se é preciso muito cérebro para ouvir a música… Já é diferente! [risos]

E os resultados estão a ser realmente os que esperavam?
Eddie:
O que esperávamos era promover a banda por todo o lado e isso está a ser superado e de que maneira.

Fala-se também muito da possibilidade de um tema dos Stream vir a fazer parte da banda sonora da série "Morangos Com Açúcar". Confirmas?
Eddie: Enfim, já ouvimos tanta coisa... Só falamos de factos concretos e esse não o é certamente..

No estrangeiro, como têm sido as reacções ou mesmo as vendas de "Another Story"?
Eddie:
Do melhor! Não estávamos habituados a ter reconhecimento por parte das pessoas e é óptimo vermos que lá fora é que nos dão algum valor. Resumindo: “Santos da casa não fazem milagres”!

Esta realidade está longe de ser nova, mas, Toni, como descreves o sentimento de um vocalista que passou por bandas bem pesadas como os God's Sin e Volkanic e está agora a cantar e a escrever letras que falam de amor?
Toni: Apesar de não ser um executante como o João, tenho muita facilidade e criatividade de composição. Oiço música de todos os feitios, línguas, até sonoridades bem extremas [muito mesmo]! [risos] Enquadro-me com facilidade em diferentes géneros. Mesmo nos God’s Sin as letras eram mais românticas apesar de ser metal. Em Volcanik é tudo diferente, mas costumo dizer que o que o público quer ouvir é uma boa canção, quer seja pop, rock ou metal. È claro que faz diferença tocar metal e agora um género mais soft como o dos Stream. Vai da pessoa, nem eu nem eles queremos estar limitados…

Como descreves, no fundo, o som que os Stream estão a explanar actualmente?

Eddie: Rótulos não nos cabem a nós dar, nós apenas queremos tocar. Mas se fosse para o definir, rock claramente.
Toni: Rock & Roll! Isto de “sub-labels” é complicado...

E quanto às reacções do público no vosso último concerto, ou seja, no festival Angra Rock 2006?
Toni: Nesse concerto verificou-se uma série de problemas técnicos que nada tiveram a ver connosco. Mas, no entanto, da parte do público deu para perceber quem realmente estava atento e conhecia a banda e quem realmente não percebia nada de nada… [risos]. Deu para aprender também que temos de adicionar ainda mais um técnico à nossa comitiva.

E para breve, o que se prevê a nível de agenda ao vivo para os Strëam?
Eddie: Já temos dois espectáculos marcados, um na ilha do Faial e outro na ilha de São Jorge. Mais novidade no nosso site http://www.followthestrëam.net/.

Creio também, no vosso caso, que esse surto de popularidade deve-se igualmente a um excelente trabalho de management. Concordas?
Eddie: Concordo plenamente. No nosso caso o manager é tão importante como qualquer um dos músicos. O trabalho desenvolvido pelo Pedro Fragoso é, de facto, muito importante na vida dos Stream. É impossível para um músico estar concentrado no seu trabalho se tem que tratar dos "negócios" da banda, preocupar-se com deslocações, contratos, cachets, etc... para além de promover a banda junto dos meios de comunicação social. Nós estamos satisfeitos com o seu trabalho.

Será este um dos pontos que tem falhado até hoje nos projectos açorianos?
Eddie: Não sei. Ao perguntares isso lembro-me de um músico canadiano dos Brasse Camarade que deu em Angra do Heroísmo um workshop sobre o rock chamado "O rock também se cria à mão" em que disse: “No mundo da musica não existe espaço só para os músicos mas também para técnicos de som, de luz, de instrumentos, produtores, agentes, manager, etc”. Acho que existe nos Açores uma mentalidade do género “ou sou músico ou então nada”. Mas no fundo o que é mais importante é credibilizar o rock açoreano torná-lo apetecível às pessoas de cá... e de lá!

Para terminar, alguma mensagem?
Eddie: Em primeiro lugar gostaria de agradecer à SounD(/)ZonE por esta oportunidade. Por outro lado agradecer também à Angra Music Agency, á Cutiepop Records e a todos os outros que acreditam no nosso sonho. A todos os que gostam dos Stream e não são aqui mencionados um obrigado muito especial. Gostava ainda de dizer a todas as pessoas que têm bandas nos Açores que nunca desistam. Os vossos sonhos estão nas vossas mãos. Bem hajam!

Monday, March 19, 2007

Byzantine - DVD em Abril

Os norte-americanos Byzantine vão lançar no dia 17 de Abril o DVD “Salvation”, que incluirá actuações ao vivo, bootlegs, entrevistas, tutoriais, uma versão mais extensa do vídeo de “Jeremiad”, entre outros. Já podem ser feitas reservas de “Salvation” no site da Prostethic Records, bem como ver um trailer do DVD aqui. De momento, a banda está de regresso ao estúdio após ter completado uma série de datas com os God Forbid, Arsis, Goatwhore e Mnemic, para a gravação do seu terceiro álbum. “Oblivion Beckons” está a ser produzido por Charles A. Fisher em Sissonville, West Virginia, terra natal da banda. A mistura será feita nos Highview Studios por Drew Mazurek e a masterização nos West West Side Music por Alan Douches.

Desaster - Sindicato blasfemo

Os Desaster já terminaram as gravações do seu novo álbum intitulado “666 – Satans Soldiers Syndicate”. A banda de black/thrash tradicional da Alemanha recorreu aos estúdios Harrow, na Holanda, por onde já passaram bandas como os Soulburn, Occult, Melechesh ou Asphyx, para gravar o seu sexto tomo. “666 – Satans Soldiers Syndicate” é, segundo a banda, um disco que não foge à linha dos seus dois antecessores: “Se estão à espera de inovação e música ambiciosa estão 666% enganados. Os Desaster continuam fiéis aos riffs tradicionais do black e do thrash sempre impregnado de blasfémia”. O álbum será misturado em Junho e terá edição entre Agosto e Setembro deste ano pela Metal Blade.

Unearth - Em banda sonora

Os Unearth vão fazer parte da banda sonora do filme “Aqua Teen Hunger Force Colon Movie Filme For Theatres” com o tema “The Chosen” gravado em Dezembro passado. Este tema apresenta-se muito diferente de todo o material que a banda já compôs, sendo um tema predominantemente hard rock. O filme vai estrear a 13 de Abril e vai ser lançado este mês no Fader Fort, Texas, numa cerimónia onde os Unearth vão apresentar este tema ao vivo. “The Chosen” pode ser escutado

Born From Pain - Che abandona

Che Snelting, vocalista dos Born From Pain nos últimos dez anos, anunciou a sua saída da banda holandesa na semana passada. Che concluiu que era hora de “procurar coisas novas na vida e seguir outras prioridades do que aquelas que implicam fazer parte de uma banda”. A separação foi amigável e põe a banda a desfilar com Carl Schwartz, dos First Blood, nas vozes, desmentindo a hipótese de vir a cancelar várias datas. Sendo assim, a banda mantém de pé o espectáculo marcado para dia 27 de Março, no Culto Club, em Cacilhas, onde vai aproveitar para apresentar em Portugal “War” o seu mais recente longa-duração.

Suicide Silence - Assinam com Century Media

A banda de death/grind/hardcore de Riverside, Califórnia, Suicide Silence assinou este mês contracto com a germânica Century Media. Este levará a banda a estúdio com John Travis [Kid Rock, Static-X) já este mês para a gravação do seu primeiro longa-duração com edição marcada para o próximo Verão. Antes disso, a banda havia lançado um EP com cinco temas, em 2005, pela Third Degree Records que a par das suas actuações ao vivo despertaram a atenção da Century Media. A banda é conhecida por misturar inúmeros elementos musicais nas suas composições como, para além do death, grind e hardcore já mencionados, o black metal e o doom.

Despised Icon - Era doentia

21 de Maio marca o regresso dos canadianos Despised Icon aos discos com o lançamento do seu segundo álbum intitulado “The Ills Of Modern Man”. O sucessor de “The Healing Process” promete ser mais um assalto de agressividade com muitas mudanças rítmicas e devastadores blast beats numa linha muito ténue entre death metal e grindcore que caracterizou o som da banda no seu primeiro disco. Entretanto, o tema “In The Arms Of Perdition”, retirado a “The Ills Of Modern Man”, já pode ser escutado em www.myspace.com/despisedicon.

Paradise Lost - Inimigo à solta em Abril

A antecipar o lançamento do seu novo álbum – “In Requiem” –, os britânicos Paradise Lost vão fazer chegar ao mercado alemão, austríaco, suíço e italiano, no dia 13 de Abril, o single de avanço “The Enemy”. Para além de "The Enemy", o single é ainda composto por "Beneath Black Skies" [também extraído do álbum], "Godless" [uma faixa exclusiva] e um trailer do documentário “Over The Madness, dirigido por Diran Noubar a estrear no Festival de Cinema de Cannes em Maio deste ano. Sobre “In Requiem”, o guitarrista Greg Mackintosh já referiu que este “representa uma decisão muito consciente de levar o som dos Paradise Lost a um caminho mais cru, orgânico e menos polido. Trata-se de encontrar o balanço entre brutalidade e empatia, horror e beleza”. Na opinião do vocalista Nick Holmes os Paradise Lost quiserem com “In Requiem” “criar um disco mais pesado e obscuro, mas que também comportasse canções com a melodia que caracteriza a música dos Paradise Lost há dez anos”. Nas palavras do baterista Jeff Singer este novo álbum é “muito pesado, obscuro e tem imenso pedal duplo”. “In Requiem” foi produzido por Rhys Fulber que também produziu os dois últimos trabalhos da banda, e misturado por Mike Frazer [AC/DC, Aerosmith, Metallica]. “In Requiem” vai ser lançado na Europa no dia 21 de Maio pela Century Media.

Saturday, March 17, 2007

XII Festival de Música Moderna de Corroios - 4º sessão hoje

Hoje [17] seguem as sessões do Festival de Música Moderna de Corroios. Já na sua 4ª etapa, o concurso submete a avaliação os The Guys From The Caravan, de Lisboa, e os The Dolls And The Puppets, de Torres Novas. A fechar a noite estarão os Triplet, segundos classificados da edição 2004 do festival. Os bilhetes custam 2€ e as portas abrem às 22h00. Nesta noite todos os presentes terão também mais uma oportunidade continuar a participar no concurso de fotografia que a organização do evento está a promover.

Thursday, March 15, 2007

Entrevista Painted Black

O VERBO DE NEGRO

Na maior parte das vezes por detrás de grandes resultados estão peripécias e dificuldades que teimosamente tentam barrar muitos percursos. Porém, a paixão e dedicação a uma causa representa normalmente o elixir infalível que varre para trás das costas muitos dos “espinhos” que se nos vão tentando cravar nos membros dos nossos anseios. Da Covilhã chegam-nos os Painted Black, autores de “Verbo”, o seu segundo e mais recente EP editado em Janeiro passado, num de dois trabalhos surpreendentes que o nosso underground ofereceu no espaço de sensivelmente cinco meses num universo doom metal, neste caso com sobranceiras fragrâncias goth. Referimo-nos também aos Process Of Guilt que em conjunto com os Painted Black nos fazem crer numa virulenta contaminação de sentimentos negros que parecem estar a invadir o interior do país. Na voz de Luís Fazendeiro e Daniel Lucas, os Painted Black para a SounD(/)ZonE.

“Verbo” é algo de auspicioso e que dá continuidade às excelentes indicações dadas em “The Neverlight”. Como se começam a sentir com a crescente expectativa em torno do vosso trabalho?
Luís:
Como deves imaginar extremamente satisfeitos! Para além de ver reconhecido o nosso trabalho árduo, todas as palavras de apreço e críticas positivas à nossa música dão-nos mais motivação. Sabemos que temos de continuar a empenhar-nos e trabalhar mais, mas saber que há realmente pessoas a ouvir-nos e a falar de nós com alguma paixão dá-nos motivação para continuar em frente.

Também fora de portas as reacções têm sido positivas. O objectivo é certamente também internacionalizar os Painted Black...
Luís:
A partir do momento em que decidimos expor a nossa música a outras pessoas, para além dos membros da banda e amigos, o objectivo é mostrar o que fazemos ao maior número de pessoas e, claro, isso inclui um âmbito internacional. É mais um esforço que fazemos de exposição. Ter críticas lá fora também é muito positivo, porque abre-nos um pouco a percepção e permite-nos saber a opinião de pessoas com outra cultura e outra experiência a nível musical, o que é sempre enriquecedor. No entanto, será sempre algo que não vai influenciar directamente a maneira de fazermos música. O que me deixa mais feliz na maioria das críticas que tivemos até agora, tanto a nível nacional como internacional, é ver as pessoas escrever sobre nós com uma certa paixão, deixando transparecer que, para além de ouvirem a nossa música, também a conseguem sentir de alguma forma pessoal. Essa é a maior recompensa que poderia ter por parte de quem nos ouve.

Creio que já não haverão dúvidas, mas mesmo assim te pergunto: vocês sonham com algo grande mesmo ou o objectivo principal é essencialmente ir gravando demos, tocando e expurgar os vosso sentimentos através desta forma de arte?
Daniel:
Acho que todos que criamos música sonhamos com algo grande. Mas todos na banda temos os pés bem assentes na terra e sabemos que o “algo grande”, se não for uma golpada de sorte, é apenas conseguido com muito trabalho. Como não estamos à espera que a golpada de sorte nos caia no colo, fazemos pelo outro lado, pelo trabalho. Mas mesmo apontando para esse “algo”, o nosso objectivo principal é e sempre será expurgar os sentimentos pela música que fazemos. Foi por essa mesma razão que a banda começou e nada nos irá cegar desse propósito.
Luís: Pessoalmente, o meu sonho passa apenas por nos darem as condições necessárias para podermos mostrar a nossa música às pessoas. Por isso, de certa maneira, já estou a viver o sonho, apenas gostava de ter outras condições à minha disposição! Aliar a necessidade que tenho de fazer música e exprimir-me através dela, tendo a oportunidade de a partilhar com as pessoas, é a única coisa que posso ansiar disto tudo. Esse “algo grande” vai estar sempre, em última análise, dependente da quantidade de pessoas que gostarem e retirarem algo pessoal da nossa música.

Portugal oferece condições às bandas do vosso quadrante que queiram alcançar algo mais significativo?
Luís:
Acho que Portugal não oferece condições às bandas de qualquer estilo, excepto à música ligeira portuguesa. Temos o caso raro dos Moonspell, que conseguem viver da música, mas devem ter passado por muitas dificuldades e acredito que por vezes não seja fácil, visto que o mundo da música também é algo volátil. Por isso mesmo eu respeito imenso os Moonspell, para além de gostar muito da sua música e de comprar os discos todos. Admiro-os pela coragem e amor à música e confesso que não acredito que algum dia os Painted Black estejam numa posição em que apenas possam depender da música como uma forma de pagar as contas e as dívidas.

Curiosamente, surgiram quase em simultâneo dois trabalhos de doom [embora o vosso também se cruze com o gótico] de grande qualidade no panorama português. Refiro-me, para além do vosso, ao dos Process Of Guilt. Será que podemos falar de uma actual predisposição da parte do público para este tipo de música? Se bem que o potencial que estes trabalhos apresentam também não deixa muita margem para opiniões negativas...
Luís:
Bem, antes de mais, dizeres isso é algo extremamente lisonjeador para nós, e honroso! Pessoalmente não me consigo pôr lado a lado com os Process Of Guilt, mas ultimamente não és o único a colocar-nos ao lado de bandas de muita qualidade, o que só nos deixa contentes. Apenas esperamos trabalhar o suficiente para sermos merecedores. Quanto à predisposição por parte do público, acho que a questão é mais pelo lado de quem faz a música. Têm surgido mais bandas ligadas ao Doom, cada uma com uma linguagem diferente, por predisposição das próprias pessoas que integram as bandas. O público já existia. Esta é a minha opinião, embora não nos considere uma banda Doom, no sentido literal, até porque todos os puristas devem ficar “comichosos” com isso.

Painted Black é, segundo e para vós, uma maneira de expressar e exorcizar os vossos mais intimistas e obscuros sentimentos através da música. O que deitam no papel e na vossa música mais concretamente?
Daniel:
O imaginário das letras tenta sempre captar o espírito da melodia da música. Vão desde os “fantasmas” que nos atormentam até às histórias soturnas de amor perdido. O que me leva a escrever ou a procurar e adaptar algo que já tenha escrito é a própria música que o Luís cria. Outras vezes funciona ao contrário. Algo que eu escrevo pode tornar-se numa música. Estas duas partes juntas tornam-se a base das tempestades emocionais que são as músicas de Painted Black.
Luís: Muitas pessoas usam o adjectivo “negro” para caracterizar o nosso som e aceito e respeito, como é óbvio, mas não considero o nosso som negro, até pelo contrário, vejo-o com muita “luz”. Usamos a música para criar algo positivo para nós, a nível pessoal, é normal que esta também percorra o mesmo caminho. O percurso pode ser penoso, agressivo por vezes, embebido em saudade noutros, extremamente intimista ou apenas um reflexo de nós mesmos, mas é usado com a finalidade de nos sentirmos bem no final e exprimir o que nos vai na alma.

Inequivocamente, “Verbo” é um trabalho bastante mais pesado do que “The Neverlight”. A que se deveu essa mudança de postura?
Luís:
Essa costela mais agressiva já existia em nós e olhando para trás, temos vindo a incorporar mais peso na nossa música com o passar dos anos. Em “Verbo” está um pouco mais vincada, também graças ao trabalho que o Rui [baterista] tem vindo a desenvolver connosco, e que nos permite explorar melhor esse lado da nossa música. Mas isto não quer dizer que o nosso trabalho seguinte não possa ser mais atmosférico, depende dos estados de espírito. Não limitamos a nossa música. Gostamos e precisamos da nossa diversidade para nos exprimirmos de maneiras diferentes. É esse também o propósito. Se algum dia sentirmos necessidade de incorporar um ritmo tipicamente black metal na nossa música, não iremos hesitar, mas de certeza que isso será feito à nossa maneira e com o nosso cunho pessoal.

Anathema será a vossa maior influência?
Daniel: Não é a maior. É uma das influências. E certamente não é a mais “castradora e asfixiante”. [risos]
Luís: [risos] Todos na banda gostam de Anathema, e é verdade que em praticamente todas as críticas é apontado esse nome como um termo de comparação ou de influência. Eu não me importo absolutamente nada, eu adoro Anathema, é das minhas bandas favoritas e a qualidade da música deles é inegável. Mas quem conhece melhor o nosso trabalho, sabe que há temas que nada têm a ver com a sonoridade praticada por eles. Quando nos apontam temas “puramente death metal”, não sei onde conseguem encaixar aí Anathema, mas tudo bem. Gosto de pensar que essa referência é usada como um ponto de comparação para a intensidade da nossa música, a nível emocional. A música de Anathema tem uma forte carga emocional e se as pessoas acham que conseguimos transmitir dessa mesma forma a nossa música, é algo com o qual apenas podemos ficar extremamente contentes. Enquanto referirem a banda como comparação ou influência e não como algo que copiamos ou plagiamos, está tudo bem! :)

Em “Verbo” vocês contam com várias colaborações, uma delas é a de Mark Kelson [The Eternal]. Como surgiu a oportunidade deste gravar um solo num dos vosso temas?
Luís:
A oportunidade surgiu através da amizade que tenho com ele há já algum tempo e que é das melhores coisas que o estar envolvido neste mundo da música me trouxe. É uma grande influência para mim e quando ele se mostrou interessado, aproveitámos, como é natural. Enviei-lhe o tema pela net e ele gravou o solo na Austrália. Eu apenas tive que juntar as coisas cá. Foi uma experiência muito boa que não hesitaria em repetir! Para além de ser muito talentoso é muito boa pessoa e um bom amigo e espero um dia poder estar com ele pessoalmente para falarmos de música e claro, de cangurus e coalas! [risos]

Já agora, pedia-te que nos apresentasses os restantes convidados que intervêm em “Verbo”.
Luís:
Para além do Mark, tivemos a participação da Susana Ribeiro, que tocou violino em dois temas, e do nosso velho amigo Bruno Andrade que emprestou os seus dotes para gravar segundas vozes também em dois temas. A experiência com a Susana correu muito bem e ficámos todos muito contentes com o resultado final, mas ironicamente nunca estivemos com ela em estúdio, nem nunca chegámos a conhecê-la pessoalmente. Deixámos as melodias feitas e ela num dia gravou tudo. De qualquer maneira ainda estamos a dever-lhe um CD e esperamos estar com ele para o entregar.

Os Painted Black estão próximos de atingir o seu décimo aniversário. Que nos podes relatar de mais importante ao longo deste tempo?
Luís:
Bem, ainda faltam 4 anos para celebrarmos os 10 anos “oficiais” da banda, mas é um pouco injusto considerar estes anos todos, porque alguns deles estivemos basicamente inactivos. Para mim a banda começou como algo mais sério em 2005 quando finalmente conseguimos uma formação estável, com pessoas dedicadas ao projecto. Por isso, incluindo os primeiros tempos de concertos, diria que a banda vai para o 5º ano! [risos] Respondendo à tua pergunta diria que a gravação dos nossos dois demo/EP’s foram os dois marcos mais importantes para nós, para além de alguns concertos que tivemos com maior exposição. Para além disso, destaco também todo o feedback que recebemos até agora, de pessoas que se interessam e gostam da nossa música, e num lado mais pessoal, o facto da banda, e da minha paixão de fazer música, me ter aproximado de pessoas que admiro e respeito.

Há pouco falavas das dificuldades iniciais em encontrar uma formação estável e mais dedicada ao projecto. O que se passou mais concretamente? Certamente por isso só lançaram uma demo passados 4 anos desde a criação dos Painted Black, embora 7 desde que começaste a tocar com o Daniel nos My Sad Soul...
Luís:
Esses 3 anos que referes de My Sad Soul, realmente não podem ser contabilizados porque nunca chegou a ser uma banda ou projecto. Os My Sad Soul nasceram a partir do momento em que comecei a aprender a tocar guitarra e o Daniel a cantar e escrever especificamente para música. Foram três anos de aprendizagem e composição dos nossos primeiros temas, tudo de uma forma muito ingénua, e que culminaram em 2001 com a criação dos Painted Black. Desde essa altura até ao lançamento da primeira maqueta, tivemos problemas em arranjar um local de ensaio estável, o que levou a períodos de inactividade. Começámos a ensaiar no sótão do nosso antigo guitarrista, que esteve connosco desde a criação da banda até 2004, e ainda passámos para a garagem da nossa teclista na altura, mas a saída de ambos deixou a banda numa situação delicada. A juntar a isso, o nosso baterista da altura também acabou por sair da banda, por motivos pessoais e problemas de alcoolismo, o que deixou a banda apenas com os dois membros fundadores, e o Telmo, o nosso baixista. O projecto mantém-se hoje em dia graças à vontade e paixão que temos em fazer música, que também é uma necessidade nossa. Não consigo imaginar-me a viver sem fazer a minha música.

Para além disso, quase consigo adivinhar que continua a ser muito difícil editar discos ou demos independentemente e manter uma banda viva. Como é que vocês fazem para financiar tudo isto?
Daniel: Com algum dinheiro angariado em concertos e grande parte do nosso próprio bolso. É um investimento no qual temos confiança e muito gosto, daí não nos custar muito dar dinheiro para tal. É chapa ganha com a banda e chapa gasta com a banda.

Terá sido coincidência ou algumas anomalias na impressão dos booklets das vossas demos são resultado de um labor caseiro ou de alguma gráfica menos dotada? Pergunto-te isto, mais uma vez, porque imagino algumas das dificuldades das bandas underground em gerirem os seus recursos...
Daniel:
A gráfica não era das melhores sem dúvida, mas como podes ver pela resposta anterior, funcionamos com o que temos e não nos podemos dar a grandes luxos. A maior parte de nós trabalha e tem contas para pagar. Gastamos com a banda aquilo que o resto nos permite gastar, tentando sempre o máximo para uma boa apresentação. Infelizmente as coisas nunca calham como se quer quando não se pode optar senão pelo mais barato.
Luís: Aproveito para dizer que essas anomalias já foram resolvidas e, neste momento, todas as pessoas que comprarem o “Verbo” irão ter booklets em condições.

Ainda assim, a vossa última demo foi masterizada nos estúdios Rec’N’Roll. No entanto, e apesar de ter sido uma boa aposta, concordarão comigo certamente se disser que uma masterização não basta para se ter um bom som. Acredito que estejam ansiosos por investir numa gravação num estúdio profissional. De facto, a única coisa em que continuo a verificar lacunas nos vossos trabalhos é ao nível da produção... ou seja, efeitos, ambientes e preenchimentos que tornem os vossos temas mais cheios...
Luís:
Sim concordo contigo. Ter uma masterização feita por um profissional não é suficiente para se ter uma boa produção. Como disse o Daniel, temos recursos limitados e fazemos as coisas com aquilo que temos. Realmente estamos ansiosos por estar num estúdio profissional, com um produtor competente ao nosso lado, que nos ajude a ter um som bom o suficiente para o podermos lançar mais seriamente. No entanto, a produção dos nossos dois registos auto-financiados é bastante aceitável, mas não deixam de ser maquetas em última análise.

De resto, como está a vossa agenda?
Daniel: Anda a melhorar aos poucos. Já temos um e outro concerto agendado mais para o meio do ano e há algumas apostas das quais esperamos uma resposta. A nossa agenda como banda também é limitada pela nossa agenda do mundo real, mas qualquer espaço que esta nos permita faremos os possíveis para estar disponíveis. Temos consciência que é necessário fazer-nos ouvir pelos eventos da especialidade, mas tal como em tudo que orienta os Painted Black tem de ser tudo feito passo a passo e muito ponderadamente. Desta forma também não se fartam de nós tão cedo. [risos]

Planos para os próximos tempos? Já falam na possibilidade de gravar o vosso primeiro disco?
Luís:
Já conversámos um pouco sobre isso e este ano vamos ausentar-nos de estúdios e apostar na divulgação e em tocar o máximo que conseguirmos para posteriormente começarmos a pré-produção de músicas novas. Em termos de composição, temos o álbum pronto! É só uma questão de acertar o alinhamento do álbum, trabalharmos as músicas no local de ensaio e termos sorte para que alguém nos dê condições necessárias para gravarmos algo com qualidade e em boas condições. Por isso na melhor das hipóteses, lá para 2008 teremos algo novo.

Algum comentário especial para os Açores?
Luís: O nosso outro guitarrista, o Miguel, tocou no bar da Madalena na Ilha Terceira, nos Açores, com os “Plug In”, um projecto que ele tem com o Andrade, que fez as segundas vozes em “Verbo”. Algo na veia do que chamam na música ligeira de “dupla romântica”! [risos] Mas neste caso apenas tocam covers em acústico. Eles foram muito bem tratados aí, por isso, esperamos um dia ter a possibilidade de actuar aí e conviver com as boas pessoas do arquipélago! Queremos-te agradecer e enviar um grande abraço, por todo o apoio e força que tens em manter uma das melhores webzines nacionais! Todas as pessoas interessadas podem visitar o nosso site em http://www.paintedblack.no.sapo.pt/. Desejamos as maiores felicidades para a SounD(/)ZonE!

Tuesday, March 13, 2007

Review

NAHEMAH
“The Second Philosophy”
[CD – Lifeforce Records]

Se é verdade que o Heavy Metal se expandiu ao longo dos anos em virtude de uma verdadeira entrega e devoção e arraigou-se no consciente de muita gente, criando modas, movimentos e formas de vida quase “religiosas”, não será também menos verdade dizer que, apesar disso, tratar-se-á sempre de um género de segundas facções ou segmentos sociais e artísticos mais alternativos. Em alguns países é vivido com maior afinco e tem mais força, tanto da parte do público como dos músicos. Em outros casos é mais débil, mesmo que, e verdade seja dita, muitos o tomem como verdadeira paixão e se multipliquem cada vez mais o número de fiéis a este género musical.

Ao contrário de grandes potências como a Suécia, Noruega, Inglaterra ou Estados Unidos, de Espanha pouco há a cronicar em relação ao Metal, apesar de já nos ter oferecido nomes como Dark Moor, The Dismal ou Terror. Contudo, apetece-me neste momento dizer que, para além das sevilhanas, do flamenco, da siesta ou do aguerrido e competitivo campeonato de futebol, temos mais um motivo para olhar para o nosso parceiro ibérico. Este é os Nahemah.

Apesar da sua formação já remontar a 1997, só nesta altura é que esta banda da pequena cidade de Alicante parece ter encontrado a alavanca para ascender e aproximar-se de um público mais extenso. Primeiro porque assinaram com uma editora já com grande visibilidade e segundo, e principal, pelo mérito criativo que apresentam em “The Second Philosophy”, o seu terceiro longa-duração. Se na estreia “Edens In Communion” e “Chrysalis”, editados em 1999 e 2001, respectivamente, já tínhamos uma banda coesa mas com um som geral que oferecia pouco de demarcável – falámos de um death/black metal com alguma melodia -, neste terceiro tomo quase podemos falar de uma revolução estética no conceito musical dos Nahemah.

E que bom sabe testemunhar o experimentalismo arrojado de “The Second Philosophy”, um disco que cruza momentos death, muito ao jeito de uns Opeth, com uma melodia e vozes também muito à maneira dos suecos [aliás uma associação incontornável na sua música mas que, pelo menos para já, só lhes traz benefícios], para além dos momentos etéreos numa visão próxima de uns Isis e um rock psicadélico e melódico cúmplice de uns Mogwai. Falta ainda referir o perfumado feeling progressivo e jazzístico que acompanha muito do espírito destes dez temas e ainda alguns efeitos e ambiências que nos fazem lembrar projectos electrónicos dos anos 80. Numa ronda “extra”, não resisto ainda a mencionar o saxofone envolvente e extremamente penetrante apresentado, com maior ênfase, em “Phoenix”. Tudo isto pode parecer uma mistura algo confusa, mas a verdade é que os Nahemah conseguiram aqui juntar com muita subtileza, classe e de forma muito cerebral um conjunto muito vasto e díspar de elementos musicais. E de que forma se poderá, nos dias “saturados” de hoje, marcar alguma diferença? Aqui está a resposta.

“The Second Philosophy” pode não ser um disco perfeito [acreditamos que ainda conseguirão aglomerar um conjunto mais homogéneo de grandes temas e evitar passagens escusadamente longas no futuro], mas é um manifesto veemente de grande potencialidade artística, talento e ousadia na procura de algo minimamente personalizado. Por isso, este é um trabalho que cresce de audição para audição, pois são imensos os pormenores a esmiuçar e a assimilar ao longo desta hora de música. Um terceiro trabalho de uma banda que finalmente encontrou o caminho [merecido] para atingir uma maior audiência, mesmo que já se tenha atingido os dez anos de carreia. É caso para dizer que nunca é tarde para se experimentar... quando o produto é como este! [8/10] N.C.

Monday, March 12, 2007

Passatempo 13º Mangualde Hard Metal Fest - Vencedores

A SounD(/)ZonE tem o prazer de anunciar que os vencedores do passatempo 13º Mangualde Hard Metal Fest, lançado há duas semanas e que oferecia dois bilhetes para o festival, são:

Alexandre Gonçalves Gaspar

Ana Paula Rodrigues de Menezes


Parabéns!

Review

PROCESS OF GUILT
“Renounce”

[CD – Major Label Industries/Recital]

Apesar de que Portugal se tem vindo a revelar, nos últimos tempos, um pólo absorsor de várias influências musicais, oferecendo trabalhos com tanta ou, em alguns casos, maior qualidade do que aqueles assinados por nomes estrangeiros e/ou percursores de uma cena, o doom metal é, ainda assim, um estilo que preserva alguma subtileza na nossa realidade à beira mar cravada. Não obstante, ao longo dos tempos, testemunhando um ou outro caso que serviu de exemplo para ir marcando a diferença como, por exemplo, os Desire, também os Process Of Guilt, a partir de 2003, começaram a reforçar a cena e a partilhar um significativo estatuto muito por culpa da auspiciosa demo de estreia “Portraits Of Regret”. O respeito foi logo adquirido por parte da crítica e do público que sempre viram neste colectivo de Évora um talento inato e, por aí, adivinharam só algum tempo até que o próprio conseguisse crescer num processo natural e “desenvencilhar-se” do seu negro e denso manto de escuridão para que chegasse a um público maior.

Esta hora foi chegada em Novembro passado, altura em que foi editado “Renounce”, o seu primeiro longa-duração, pela estreante Major Label Industries. Após duas maquetas em três anos e uma imagem de muito profissionalismo deixada tanto em gravações/composições como em concertos, este era um momento ansiado por todos e isso talvez tenha também ajudado “Renounce” a se tornar um caso repentino de sucesso capaz ainda de colocar os Process Of Guilt nos lugares cimeiros de muitos dos balanços de fim-de-ano difundidos sobre 2006. E isto só seria de admirar se “Renounce” não fosse, efectivamente, um excelente disco. É óbvio que para os conhecedores mais antigos do grupo a forma convincente como nos chega esta estreia não seja nada de inesperado, mas, de facto, “Renounce” reforça a posição dos POG no patamar do melhor que tem sido concebido em Portugal nos últimos anos. O profissionalismo cresceu. Embora ainda não esteja ao alcance de todos, os POG conseguiram, no entanto, com muito arte e engenho e até aparente facilidade criar um disco que, ainda muito jovem, será certamente uma rampa de lançamento para algo que se deseja inolvidável.

Musicalmente falando, o Doom arrastado, lento, ultra pesado, melancólico e com alguma melodia comanda estes sete longos temas. Porém, é, acima de tudo, a profundidade dos sentimentos que transmitem que tornam esta experiência em algo extremamente profundo e marcante. Referência ainda para o cruzamento que os POG fazem, em alguns temas, entre um Doom tradicionalmente funesto e um mais delicado e melódico (e actual) ao exemplo do que uns Cult Of Luna ou Isis fazem. Algumas passagens mais rápidas contribuem, igualmente, para que concluamos que os POG, no seu processo criativo, não se refugiam em teimosias ou mentes poeirentas. Nada de novo, contudo, é verdade, mas tudo aqui se apresenta muito sentido, visceral e torna “Renounce” num dos melhores trabalhos de Doom editados ultimamente... à volta do globo! [9/10] N.C.

Metal Blade - Reedições no seu 25º aniversário

Como forma de celebrar o seu 25º aniversário a editora alemã Metal Blade vai lançar a partir de hoje [12] várias reedições de discos que marcaram proeminentemente a sua história. As primeiras reedições a estarem disponíveis são as de “Vile”, o primeiro álbum dos Cannibal Corpse a contar com George “Corpsegrinder” Fisher, e “Master Of Disguise” dos Lizzy Borden. Todas estas reedições virão acompanhadas de novas capas, booklets e DVD’s bónus. Para adquirir estes itens pode, para além de recorrer às lojas convencionais, usar a loja online da Metal Blade.

XIII SBSR - Mais nomes confirmados

Depois da “bomba” que caiu a semana passada com o anúncio da presença dos Metallica no cartaz doXIII Super Bock Super Bock, os nomes para o festival organizado pela Música no Coração continuam a surgir. Mais recentemente, foi confirmada a actuação dos nova-iorquinos Interpol no dia 5 de Julho, último do festival. Os fãs portugueses vêem aqui consumada a sua estreia em Portugal, nesta que é também uma oportunidade para escutar ao vivo o seu terceiro e novo disco a editar em Junho próximo. Para além dos Metallica e dos Interpol, o cartaz do SBSR já tem asseguradas as presenças dos Arcade Fire, Klaxons, Magic Numbers, Bloc Party, The Gift e Bunnyranch. O festival será dividido em dois actos, o primeiro no dia 28 de Junho e o segundo nos dias 3, 4 e 5 de Julho. O espaço escolhido novamente é o Parque do Tejo, no Parque das Nações, e os bilhetes já estão disponíveis através de Multibanco, Fnac’s, Balcões dos CTT, agências ABEP e Alvalade, e Ticketline (Reservas: +351 707 2 34 2 34 e www.ticketline.sapo.pt) a 40€ por dia e 78€ para os quatro. O campismo será gratuito no Estádio do Sacavenense para os portadores do passe para os quatro dias. Relembramos que estão abertas as inscrições para o SBSR Preload III, onde a sua banda se habilita a excelentes prémios [entre os quais a oportunidade de tocar no festival], até dia 15 de Março [próxima quinta-feira]. Consulte o regulamento e as regras de participação aqui.

Agenda - Hardcore de qualidade em Portugal

Os Born From Pain vão regressar a Portugal para uma actuação no próximo dia 27 de Março no Culto Club, em Cacilhas. Já com um vasto historial no hardcore europeu, a banda holandesa junta-se assim no cartaz, numa fase em que se encontra a promover o seu novo álbum – “War”-, aos norte-americanos First Blood, que contam com actuais e antigos elementos dos Terror, aos Last Hope, uma das bandas mais antigas e importantes do hardcore português, e aos lourenses Grankapo que aqui se vão estrear e prometem uma boa actuação pela experiência que os seus músicos detêm [More Than Hate, ex-Omited Grass Reaction]. As portas do recinto serão abertas às 20h30 e os bilhetes para este concerto custarão 12€ e 15€ [com a demo de estreia dos Grankapo]. Esta é uma produção Hell Axis Agency.

Friday, March 09, 2007

Comunicado

Caros leitores

Já convém um comunicado... Bom, não se trata de nada de especial ou que não tenham já imaginado, mas a SounD(/)ZonE nesta última semana tem estado quase em "branco" devido aos meus compromissos "académicos". No entanto, já existe material na forja e muito brevemente esperamos retomar as actualizações com maior regularidade. Pedimos desculpa por qualquer incómodo ou "desilusão"!

Cumprimentos
Nuno Costa

Wednesday, March 07, 2007

Agenda - Kronos e The Ditch no Muralhas Rock

Na próxima sexta-feira [9] os Kronos e os The Ditch vão subir ao palco do Muralhas Rock, em Alcabideche, para uma actuação que terá início às 22h00.

ThanatoSchizo - Começaram as gravações

Hoje [7 de Março] os ThanatoSchizO entram oficialmente em estúdio, com Luís Barros nos Rec’N’Roll Studios, para registar o seu quarto álbum de originais. No plano das surpresas, a banda transmontana já revelou que vai contar no seu novo álbum com as colaborações de Timb Harris [Estradasphere] e Svein Egil Hatlevik a.k.a. Seh [Zweizz, Fleurety, ex- Dødheimsgard]. O disco, ainda sem nome revelado, terá edição em meados do presente ano. Entretanto, relembra-se que a banda vai disponibilizar através do seu site oficial, myspace e youtube um vídeo semanal com cerca de 10 minutos de filmagens de estúdio.

Elegy #6 - Já nas bancas

A edição #6 da Elegy portuguesa já está nas bancas. Conta este mês, entre outros, com artigos sobre os Nine Inch Nails, Theatres des Vampires, Einstürzende Neubauten, Fat Freddy, Therion, Sirenia, Sangre Cavallum, Spanking Machine, Of The Wand and The Moon, Patrícia Sucena, o aparecimento e desaparecimento do Hard Club e do Teatro Rivolli”, a compilação electrónica “Electronic Manifesto”, para além das ilustrações de Ravendusk, Darren Holmes e Rita Isabel. Na parte do cinema temos abordagens a "Castigo Final" e "Hannibal Rising".

Thursday, March 01, 2007

Delicta Carnis - Em estúdio

Os brasileiros Delicta Carnis encontram-se no Bolha Studio a registar aquele que será o seu disco de estreia. Ao que tudo indica, terá como título "The Pentagram (Vi Veri Veniversum, Vivus Vici)" e, de momento, já têm as baterias da sua primeira faixa gravadas. O MySpace passou também agora a ser mais um sítio ondem podem escutar o death/black metal deste colectivo de Vitória, Espírito Santo, no recentemente criado link www.myspace.com/delictacarnis.