Tuesday, May 27, 2008

Review

ETERNAL DEFORMITY
“Frozen Circus”

[CD – Code666/Aural Music/MLI]

Às vezes são precisos mesmo muitos anos para uma banda amadurecer, assumir uma identidade e descobrir realmente para onde quer seguir. No caso dos Eternal Deformity foram precisos mais de dez anos para estabelecerem convincentemente os motivos por que cá estão. Da fria Polónia chega-nos agora um disco de ímpetos progressivos, marcando a ruptura dos Eternal Deformity com um passado que já passou pelo doom, na altura da demo debutante “Forgotten Distant Time”, em relação a um presente tão mais interessante quanto difícil de classificar.

Preso a um conceito circense obscuro e sarcástico, “Frozen Circus” ganha pela relação deste tema com a experimentação que inspira o disco e que demonstra uma banda a esforçar-se realmente por fazer algo minimamente diferente. Sem assombros de originalidade, a verdade é que os Eternal Deformity conseguem despertar o nosso interesse à medida que o disco corre, pois neste há muitas misturas atípicas. As vozes tanto podem ser death metal como góticas, as guitarras de riffs tão pesados como melodiosos, as batidas simples e compassadas como rápidas e incisivas e os teclados e arranjos tão sóbrios e orquestrais como provocantes e grotescos.

A grande diferença deste disco para os seus, três, antecessores é que o colectivo parece ter conseguido construir um trabalho equilibrado e fluente numa perspectiva global. A banda parece ter-se apercebido também da importância dos pequenos detalhes e é neste aspecto que “Frozen Circus” se torna um disco interessante. Sente-se a forma cerebral como a banda tentou prepará-lo e fica a ideia de que esta começa agora a enveredar pelo caminho certo para o seu futuro.

A acutilância avantgard do grupo de Saari confere-lhe, portanto, uma classe capaz de surpreender quem só agora o conheceu e o toma como outsider. Fica só a nota de que faltam riffs memoráveis a este conjunto de temas e as letras… parecem demasiado banais e rudimentares para a complexidade que o disco por vezes atinge. Apesar dos 15 anos de carreira podem ainda desculpar-se este tipo de lacunas, sendo que o grupo as compensa, de certa forma, com a sua mentalidade audaz. Um disco ao qual deve ser dado hipótese já que pode significar o virar de página para algo de muito bom que ainda pode vir. [7/10] N.C.

Estilo:
Avantgard/Death/Goth Metal

Álbuns:
- "Nothing Lasts Forever" [1998]
- "In The Abyss Of Dreams... Furious Memories" [2000]
- "The Serpent Design" [2002]
- "Frozen Circus" [2008]

Painted Black - No Festival de Música Aragens

Os gothic/doomers Painted Black actuam no dia 21 de Junho no Festival de Música Aragens que decorre no concelho do Fundão, em Alpedrinha, de 6 a 28 de Junho. Entretanto, a banda anuncia que em Agosto próximo arrancam as gravações do seu primeiro longa-duração nos Ultrasound Studios, em Braga, com Daniel Cardoso.

Hard Club - Prepara regresso

O histórico Hard Club está a ser alvo de um novo projecto para o fazer voltar aos espectáculos na cidade do Porto. Um site muito interessante encontra-se disponível em www.hard-club.com onde pode ter uma retrospectiva dos seus nove anos de actividade e o projecto futuro do grupo Hard Club Productions. Reviva alguns momentos e veja o que o futuro nos reserva.

V aniversário Musicofilia - Anomally são atracção

A coluna semanal “Musicofilia” editada no jornal terceirense “A União” e autoria de Miguel Linhares, comemora o seu quinto aniversário no próximo dia 31 de Maio, no Cine-Teatro Recreio dos Artistas, em Angra do Heroísmo, com a actuação dos locais Anomally. Para além disso, estará disponível uma exposição/mostra com todo o trabalho do jornalista efectuado durante os últimos cinco anos. Para quem não tem acesso ao material impresso tem a oportunidade de o consultar em www.musicofilia.blogspot.com.

Thursday, May 22, 2008

Review

WARREL DANE
“Praises To The War Machine”

[CD – Century Media/EMI]

Já com este projecto no horizonte quando gravava “This Godless Endeavour”, último disco dos Nevermore, de 2005, o talentoso vocalista Warrel Dane e também símbolo dos extintos Sanctuary e Serpent’s Knight consuma agora a edição do seu primeiro disco a solo. O mote foi dado com o intuito – já comum em músicos que usam estes “escapes” para descansarem da seriedade técnica dos seus projectos de origem – de criar um trabalho orientado para o potencial das canções. E assim foi.

Acompanhado pelo multifacetado Peter Wichers [guitarrista ex-Soilwork] que assina grande parte da composição e toda a gravação e produção do álbum, Dirk Verbeuren [baterista dos Soilwork] e Matt Wicklund [guitarrista ex-Himsa], Warrel Dane oferece-nos em “Praises To The War Machines” temas incrivelmente contagiantes, começando logo da melhor maneira com “When We Pray” e “Messenger”, com ritmo mais compassado mas de um groove tremendo, complementados com refrões de eficácia cirúrgica mas que nunca chegam a soar plásticos. Até porque, pelas suas letras profundas mas também verdadeiramente rebeldes – “the world is ruled by fools and thieves”, assim versa o refrão do tema de abertura – comprovam mais uma vez que Dane é um intérprete que sabe usar a sua mensagem de forma prática e para despertar consciências.

“Praises To The War Machine” é um disco que se divide em peso e melodia de forma perfeita. Por um lado temos a preocupação de dar um peso modernaço a alguns temas, com riffs tão simples quanto demolidores e que já seriam de esperar por parte de Wichers que sabe perfeitamente o que uma canção deve ter, e temas “baladescos” como “Brother” ou “Your Chosen Misery” [este último com uma viola acústica a sustentar Dane] em que se sobrepõe sempre a intensidade, a graciosidade e o feeling de um conjunto de intérpretes de uma liga superior.

Confirmando a atracção de Dane por covers, aqui são-nos oferecidas duas bem conseguidas, nomeadamente “Lucretia My Reflection” dos Sisters Of Mercy e “Patterns” de Paul Simon, esta última sujeita a uma transformação impressionante. Mas é pelo seu todo que este disco vale e principalmente pelos seus temas originais. Canções no verdadeiro sentido da palavra que embora nos levem a pensar numa tendenciosa repetição de fórmula, o que se verifica em alguns casos, é verdade, conseguem entusiasmar e agarrar-nos até ao fim. Este é um sinal de que existem características muito próprias nos seus autores e que imprimem muita personalidade a este material. Para além disso, o colectivo foi também inteligente em controlar as dinâmicas do alinhamento do disco de forma a este fluir os mais naturalmente possível.

Quanto à interpretação de Dane mantém-se, como seria de esperar, a alto nível, embora predominantemente em tons mais baixos mas que dão uma profundidade e sentimento fantásticos a este material. O melhor destes exemplos poderá ser “This Old Man” que para além da beleza arrepiante do seu refrão tem grande força para nos deixar deprimidos graças às palavras tocantes e entoações viscerais de Dane.

Para além de um conteúdo muito coeso, quer em termos líricos quer instrumentais, “Praises To The War Machine” é, sem dúvida, um marco na carreira do vocalista de Seattle. A aposta foi ganha e ficamos descansados, pois enquanto não estiver ocupado com os Nevermore, Dane vai continuar, com certeza, a oferecer-nos [muito] boa música! [8/10] N.C.

Estilo: Groove/Gothic Metal

Álbuns: "Praises To The War Machine" [2008]

www.warreldane.com
www.myspace.com/warreldane

Resposta Simples - Lançam primeiro álbum

O grupo de punk/hardcore terceirense Resposta Simples chega ao seu longa-duração de estreia pela Impulso Atlântico, após uma demo-tape e dois EP’s editados em mais de meia década de carreira. Este disco tem por título “Sonho Peregrino” e foi gravado nos estúdios Restart por Francisco Santos [Sannyasin, Barafunda Total, Last Hope], nos estúdios Mastermix por Pedro Janela [The Legendary Tiger Man, D30] e masterizado por Paulo Veira [Broken Distance, Reaching Hand]. O disco é distribuído pela Infected Records DIY e pode ser reservado pelos e-mails info@impulsoatlantico.com e respostasimples@hotmail.com. Em jeito de apresentação o grupo disponibiliza os temas “Branca Enevoada” e “Descanso Eterno” para escuta no seu Myspace. A apontar que “Sonho Peregrino” será apresentado ao vivo já no próximo domingo, dia 25 de Maio, no Centro Cultural Artes Jah Nasce, em Coimbra, pelas 16h00, com os convidados X-Cons, The Un-X-Pected e Wild Ones. A entrada custa 3€ ou 6€ com oferta de CD dos X-Cons.

Monday, May 19, 2008

Review

TEXTURES
“Silhouettes”

[CD – Listenable Records/MLI]

A força da visão [extrema e experimental] dos suecos Meshuggah e consequente sucesso que esta gerou, leva hoje muita gente a falar em “filhos” ou “discípulos” do grupo liderado por Fredrik Thordendal e Tomas Haake. Os holandeses Textures serão um destes casos em que a veia polirítmica contagiou e influenciou em grande parte a sua obra. Contudo, a personalidade deste colectivo ultrapassa qualquer conotação negativa que este factor lhe possa trazer. Afaste-se qualquer acusação de “clone” – que é bem diferente – e preste-se atenção a um verdadeiro mundo progressivo, pesado, melódico e técnico. A palavra de ordem é competência a todos os níveis e bom gosto, muito bom gosto. A [louvada] diversidade impera e aí não há espaço para a monotonia se instalar.

Delicioso é também reparar como a banda suplantou um excelente disco como “Drawing Circles”, embora quem já conheça o percurso do grupo possa alegar que este não se transfigurou assim tanto. A verdade em parte é esta, mas é notório, após escutados poucos temas, que a banda deu um salto de gigante em termos de composição. Para além de que parece que envelheceram 20 anos e transmitem agora no ar a classe de uma banda plena de experiência e que está prestes a explodir.

Desde sempre responsáveis pela produção dos seus discos [desde a gravação até ao grafismo], o grupo de Tilburg equilibrou ainda mais os elementos da sua música, com destaque para a melodia. Não se pode dizer que o grupo tenha ficado ansioso por sair do anonimato – pois deste saiu desde o anterior disco – e que daí tenha amaciado subtilmente o seu som, mas sim graças ao magnânime desempenho vocal de Eric Kalsbeek, que regista uma das maiores evoluções neste disco, e faz os Textures ganharem uma dimensão melodiosa fantástica. Tecnicamente, a banda está então agora no seu estado zen. Isto aliado à sua inteligência como visionários do que deve ser o metal moderno, quase não restam dúvidas de que o mundo metálico ganhou um nome para o futuro ou para o presente para quem já não tem dúvidas em relação ao seu potencial.

“Silhouettes” é um disco para se ouvir repetidamente, pois o talento destes músicos faz com que os pormenores se escondam atrás de cada passagem. Não querendo entrar em comentários repetitivos, há que acentuar novamente a diversidade que este disco apresenta. O grupo manteve-se intrincado mas apercebeu-se também da necessidade de se soltar em ritmos mais thrash e corridos, como “State Of Disobedience”, que deixa transparecer a sua admiração pelos riffs de Dimebag Darrel. Para além disso, temos os calmos “Awake” e “Messengers”, este último testemunho pleno do portento vocal que é Eric, quer em registo berrado [em tom mais hardcore] ou melódico [a invocar as expressões quentes de Lajon Witherspoon dos Sevendust], ou “One Eye For A Thousand” que, a dada altura, emana um feeling post-doom/core à Neurosis.

A culminar estas nove faixas, a prova de um verdadeiro tema progressivo – com uma dinâmica e capacidade hipnótica fantástica. “To Erase A Lifetime” é como que um espelho de água que reflecte um quadro nítido e que começa lentamente a distorcer-se por força do caos técnico e do peso que lhe vai sendo incutido.

Se muitos se tentam aproximar da herança [rica] que os Meshuggah deixaram, então há a aprender com os Textures como ter personalidade mesmo que pegando naquilo que outros já criaram. [9/10] N.C.

Estilo:
Progressive/Thrash/Math Metal

Álbuns
:
- "Polars" [2004]
- "Drawing Circles" [2006]
- "Silhouettes" [2008]

Faithfull - Novo disco no horizonte

Os Faithfull, banda de AOR onde pontifica o ex-vocalista dos Evidence, Sérgio Sabino, lançam o seu segundo álbum no dia 20 de Maio. Intitulado “Horizons”, o sucessor de “Light This City”, de 2003, chega-nos pela editora norte-americana Perris Records. De realçar que o último longa-duração do grupo obteve notáveis classificações no Japão, incluindo disco do mês na revista “Burn” e 11º lugar no top Hard’n’Heavy local. Estão disponíveis no Myspace da banda vários previews de temas de “Horizons”.

Friday, May 16, 2008

Porcupine Tree - Regressam a Portugal em Outubro

Este será provavelmente dos regressos mais esperados na agenda de espectáculos nacionais para 2008. O génio de Steven Wilson e dos seus Porcupine Tree regressa a Portugal nos dias 7 e 8 de Outubro para concertos no Incrível Almadense, em Almada, e no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, respectivamente. O grupo inglês traz na bagagem “Fear Of A Blank Planet”, de 2007, um disco que já se revelou o mais bem sucedido, comercialmente, da sua carreira. Os ingressos estão disponíveis na Ticketline, Fnacs, Carbono [Lisboa e Amadora], The Shoppe Bizarre [Lisboa], Piranha [Porto], Lost Underground [Porto], Break Point [Vigo] e nos locais dos espectáculos a 23€ [venda antecipada] e 25€ [venda no dia]. O arranque dos espectáculos é às 21h00 faltando ainda anunciar as bandas de abertura para ambas as datas. A apontar que esta tournée está a servir para captar imagens para o próximo DVD da banda e que pode contemplar as datas portuguesas.

Thursday, May 15, 2008

Review

SHIVAN
“When Wishes Sicken”
[CD – My Kingdom Music]

Mais um trabalho que nos chega pela italiana My Kingdom Music, editora que, aliás, a partir de agora passa a ser-nos mais familiar por terem assinado com os “nossos” ThanatoSchizO para a edição de “Zoom Code”. Mas a verdade é que o que nos vem chegando deixa-nos algo duvidosos quanto ao bom gosto do selo transalpino e a reforçar, por outro lado, a ideia de que será para eles um enorme prestígio terem no seu catálogo a citada banda de Guilhermino Martins e Cª. Entretanto, ainda fica o benefício da dúvida pelo muito que há a explorar da enorme quantidade de lançamentos da editora.

Provenientes de Veneza, os Shivan registam com este segundo longa-duração várias mudanças de line-up e, particularmente, de sonoridade. Outrora, praticantes de black metal – que aqui se preserva em alguns subtis ripanços e batidas um pouco mais rápidas -, o grupo assume agora um rock melancólico onde se acentua um ambiente gótico. Dissecando este universo pessoal, podemos dizer que os Shivan estão num estado absolutamente débil em termos de criatividade, onde tudo soa tremendamente banal. Torna-se até quase intragável absorver certos momentos para não referir que “When Wishes Sicken” tem muito poucas hipóteses de rodar mais que duas ou três vezes no nosso leitor.

Chega a meter-nos confusão como certos grupos portugueses sentem tanta dificuldade em arranjar abrigo editorial enquanto lá fora há entidades que não hesitam em assinar projectos, pelo menos em quantidade, como é o caso. Perante isto, pouco há a dizer de um trabalho tão desinspirado, tanto em termos técnicos como de composição, e de mais um tiro ao lado desta editora. Se grande parte do catálogo da MKM representa o underground italiano então bem nos podemos orgulhar do que geramos entre portas. [3/10] N.C.

Estilo: Dark/Goth Rock

Álbuns:
- "Whatever Lot's Above" [2002]
- "When Wishes Sicken" [2007]

Cannibal Corpse - 20 anos de carreira em DVD

“Centuries Of Torment: The First 20 Years” é o título do primeiro DVD retrospectivo da carreira dos Cannibal Corpse. O lançamento comporta 3 DVD’s, num total de 7 horas e 20 minutos de duração, de filmagens ao vivo e outras raras, entrevistas com antigos e actuais membros da banda e muito material bónus. O DVD sai a 11 de Julho pela Metal Blade e é dirigido por Denise Korycki [“The Zen Of Screaming” Melissa Cross]. A tracklist de “Centuries Of Torment: The First 20 Years” está disponível aqui. Entretanto, a banda da Flórida já garantiu que o sucessor de “Kill” não será lançado antes do Inverno de 2008.

Burning Sunset - Novas datas

Em fase de promoção do EP “Bruma”, os aveirenses Burning Sunset anunciam três datas para os próximos tempos. A mais próxima é já esta sexta-feira, no dia 16 de Maio, no Anesthesia Bar, em Aveiro, seguida das actuações no II Festival da Primavera, em Mira, no dia 23 de Maio e no Auditório C.E.R. de Vagos, em Aveiro, com os Ava Inferi, no dia 14 de Junho. A banda apela aos interessados em agendar concertos para contactarem-na pelo e-mail burningsunsetpt@hotmail.com.

Perfect Sin - De volta aos palcos em Junho

Após uma paragem forçada pela saída do baixista Manteigas, os Perfect Sin regressam aos palcos no dia 11 de Junho num concerto na sua cidade, Abrantes, no Jardim da República pelas 21h30. Mantém-se como destaque a promoção ao seu último EP “SchemA” e a apresentação do novo baixista Carlos Santos, enquanto a banda continua à procura de um segundo guitarrista. Os interessados deverão contactar perfectsinband@gmail.com.

Tour Tribus MS - Ekxtaktika promove tournée para bandas de Setúbal

A Ekxtaktika – Associação Artistas Underground Unidos está a promover uma tournée nacional intitulada “Tour Tribus MS”, em parceria com várias salas do país, destinada apenas a bandas do distrito de Setúbal às quais solicita inscrição pelo envio de um e-mail para ekxtaktika@gmail.com.

Arte Sacra - Na Metal's Alliance

Os lisboetas Arte Sacra anunciam que a partir de agora passam a ser agenciados pela Metal’s Alliance Management. Enquanto isso, a banda continua a promover o álbum “Formula” composto por nove temas de death metal progressivo. Os novos contactos para booking são 96 637 25 93 ou metalsalliance@gmail.com.

Teixo Garagem Rock - Quinto "volume" esta sexta

É já na próxima sexta-feira, 16 de Maio, que decorre a quinta edição do Teixo Garagem Rock na discoteca Ora Viva, na Covilhã. As atracções musicais são os One Hundred Steps, Hills Have Eyes, My Cubic Emotion e Harakiri. Pelo montante de 3€ assista a este espectáculo que tem início pelas 22h00.

Monday, May 12, 2008

Entrevista Venomous Concept

CONCEITOS DE "RELAXAMENTO"

Numa indústria onde tudo tende a ser o mais polido possível e sério, as coisas podem ganhar especial “graça” quando o objectivo é unicamente criar algo no calor do convívio com os amigos e reacendendo as memórias daquilo que nos marcou na nossa adolescência. Os elementos em questão poderiam até se dar ao luxo de não perder tempo com mais um projecto, enquanto gerem as activas carreiras dos grupos por que se popularizaram, mas enquanto fiéis companheiros e apaixonados pela música extrema, eis que Kevin Sharp [voz, Brutal Truth], Danny Lilker [baixo, Nuclear Assault, Brutal Truth], Shane Embury [guitarra, Napalm Death] e Danny Herrera [bateria, Napalm Death] geram um novo projecto onde cospem veneno punk/grind/crust segundo matrizes que bem conhecem. Neste momento dão à luz o segundo disco desta aventura musical simples mas de uma atitude cheia de encantos. Kevin Sharp falou-nos de “Poisoned Apple”, do seu regresso com os seminais Brutal Truth e de como se deve preservar o espírito metaleiro de outrora.

Algo que marcou negativamente o lançamento do vosso primeiro álbum – “Retroactive Abortion” – foi o facto de só terem actuado uma vez. Desta vez as coisas estão a ser preparadas para serem diferentes?
O que se passa é que todos nós temos uma série de coisas a acontecer ao mesmo tempo nas nossas outras bandas e vidas pessoais. O Shane e eu, por exemplo, casámo-nos e eu tenho uma filha; os Brutal Truth têm dado alguns concertos e gravado algum material; os Napalm Death também têm seguido o mesmo rumo… É difícil organizarmos o nosso tempo mantendo as coisas divertidas. Porém, em Agosto próximo devemos dar alguns concertos ainda antes dos Brutal Truth passarem pelo festival Hole In The Sky, na Noruega. Vou decidir esses pormenores quando o Shane acabar a tournée de promoção a “Smear Campaign”.

Possivelmente está cansado desta pergunta, mas será que as pessoas devem começar a encarar os Venomous Concept como algo mais do que um projecto paralelo?
Venomous Concept é, acima de tudo, uma amizade, quer estejamos com o Buzz [guitarrista original, entretanto, ausente por compromissos com os The Melvins] ou o Danny [Lilker] ou seja com quem for que eu, o Shane e o Danny [Herrera] decidirmos gravar ou tocar. Baseia-se tudo num grupo de velhos amigos que se juntam, bebem umas cervejas e ouvem cassetes. A única diferença é que compomos discos. Daí, chamem-nos banda, projecto… não nos importamos na verdade. Para nós, Venomous Concept é como sair e ter uma grande noite, só que sem ressaca! [risos]

O título do vosso novo disco – “Poisoned Apple” – pode significar uma confissão muito directa da vossa admiração pelos Poison Idea? Podemos também entender os Venomous Concept como um projecto retro onde os seus intervenientes satisfazem os seus desejos de infância?
A questão com os Venomous Concept é que existem sempre ligações a tudo: riffs, letras, arte... Encontramos neles vários significados, várias piadas privadas. Com o título deste álbum há ligações à arte. Parte dele surgiu por ter reparado que tudo o que tinha lido durante o processo de gravação do álbum foram livros para crianças! Do género, uma mistura entre “Snow White Holocaust” com “Doctor Seuss”. Então a minha escrita tornou-se rimas de difícil soletração. Mas o significado oposto reflecte os aspectos do trabalho de equipa deste disco; o trabalhador de colarinho azul a ir para o trabalho apenas para provar a “maçã”, o sonho… Matas-te a trabalhar para quê?

Na sua opinião, o actual mundo musical e seus fãs continuam receptivos à vossa brutalidade? As bandas clássicas do género tiveram o seu auge nos anos 80 até meados de 90. Sente a falta desses tempos?
Bem, eu penso que as gravações digitais e a indústria discográfica destruíram a alma da música. Com a gravação digital tudo se tornou demasiado cristalino e limpo. Não detectamos caos, coração… Soa bem na rádio, mas aquilo não é verdadeiro, é tudo gerado por uma máquina. As bandas também são culpadas por deixarem outras pessoas tomarem este tipo de decisões nas suas gravações. Na minha opinião, os subtis erros criam o caos!

No vosso caso, a vontade de tocar é primordial. Basta ver que consumaram este projecto apenas 14 anos depois de conhecer o Shane…
Encontrávamo-nos, na altura, numa longa viagem e tivemos tempo para falar do passado. Foi aí que as coisas pareceram uma boa ideia. E como disse antes, o mais importante é: cerveja, trocar cassetes, vinis e passar um bom bocado.

Imagino o quão divertido seja então manter uma banda como os Venomous Concept – algo muito descomprometido…
Fazemos música extrema há muitos anos. É tão importante para nós como respirar. Portanto, as coisas não demoram muito tempo até ficarem prontas.

Podemos falar numa química especial entre si e o Shane? Afinal de contas preservaram uma ideia durante tantos anos, mesmo estando afastados um do outro…
Viciados em bandas não têm o que as pessoas costumam chamar “vidas normais”. Os nossos melhores amigos também não, por isso, cultivamos as nossas amizades na estrada. Estas experiências são comuns entre nós. Tendo a ter amigos em tudo o que é lado, menos onde vivo! [risos]

Que ambiente se viveu durante a concepção do “Poisoned Apple”?
Antes de mais, fazemos tudo para nos mantermos envolvidos com a música; aceitamos empregos malucos, temos estilos de vida malucos… Fazemos também tudo para tratar das nossas famílias. Trabalhar e interagir com o público pode dar-te cabo do cérebro. Trabalhei num restaurante durante os últimos cinco anos e quase me custava a sanidade mental e o casamento, por isso… Mas a “maçã envenenada” não me matará! [risos]

Na verdade, sentia-me curioso por saber como sobreviviam, ainda mais por ocuparam um nicho “extremo” do mercado musical que, na realidade, gera muito pouco dinheiro. Ao mesmo tempo admiro muito a vossa fidelidade para com as vossas raízes…
Podemos tocar qualquer tipo de música e ter sucesso, mas este é o que adoramos. Espero que as pessoas apreciem o que fazemos, mas para nós é tudo uma questão de amor pelo extremismo, pois este faz rolar muito pouco dinheiro. Penso que seja por isso que a nossa música soa mais honesta do que as fotocópias todas bem cozinhadas do mainstream.

“Poisoned Apple” é um disco mais directo e agressivo do que “Retroactive Abortion” e que evita alguma da sua técnica. Também é dessa opinião?
Bem, com o “Poisoned Apple” tomámos um rumo diferente. Metade do disco foi escrito e gravado em nove horas. Nada foi sobre-analisado. Este novo disco revela-se mais reaccionário, um músculo em movimento… Tudo foi gravado em um ou dois takes. Sim, nele existem erros, mas nós aceitámo-los. Faz parte do caos. Este disco é um “murro” de honestidade! Como o Shane costuma dizer: “Querem perfeição? Vão-se lixar”!

Vêem-se capazes de manter todos os vossos projectos a rolar ao mesmo tempo ainda mais numa altura em que os Brutal Truth estão de volta ao activo?
Os Brutal Truth acabaram de compor para o seu novo álbum e vão gravá-lo no final do ano. Prometo que vai “magoar-vos”! [risos] Trata-se de um animal diferente quando todo junto! Um “ruído” muito técnico e melodioso que soa a nada que ande por aí. Vai ser completamente bizarro e os fãs vão receber exactamente o que merecem. Os Venomous Concept significam uma abordagem mais directa. Encontro diferente satisfação em ambas as bandas.

Como podemos interpretar que tenha estado tantos anos afastado dos Brutal Truth? Será que começou a sentir o “bichinho” a roer cá dentro novamente?
Não propriamente. Continuo a mesma pessoa que sempre fui. Ando nessas andanças desde 1984 e esta paragem permitiu-nos evoluir e viver um bocado, sentir as coisas simples da vida. Neste momento, sinto-me mais completo e feliz do que nunca. Encontrei um equilíbrio – este é a chave para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Descobre quem és, aceita-te e goza a tua vida. Não é o que fazes que te define, mas sim quem és e como vives com isso.

Recentemente, estiveram em Corroios e consta que a assistência não fez jus à importância do momento. Sentiu muita diferença entre este espectáculo e o vosso primeiro em Portugal, em 1994?
Bom, nessa altura tocámos no coração de Lisboa, desta vez foi nos arredores. Contudo, passei um bom bocado em ambas as alturas, penso até que um pouco diferente do que a maioria dos músicos. Defino um bom espectáculo quando te envolves e curtes o set. “Ruído” periférico, promotores, salas de espectáculos, dramas, não se compadecem comigo. Tem tudo muito mais a ver com: eu curti? As pessoas curtiram? Passei um bom bocado em ambos os concertos.

Como surgiu a ideia de convidar o Bruno Fernandes dos The Firstborn para cantar num dos vossos temas? Já se conheciam ou foi tudo fruto de um bom ambiente no backstage?
Não o conhecíamos. Acontece que, entretanto, tu conheces pessoas, passas um bom bocado com elas e a partir daí… O nosso palco é para toda a gente! [risos]

Mencionei há pouco a importância e características dos fãs actualmente. Relativamente à indústria discográfica pensa que se torna cada vez mais difícil encontrar uma editora capaz de se deixar seduzir por nomes tão extremos? Os Napalm Death parecem ter tido este problema a partir de certa altura…
Os Napalm Death e os Brutal Truth já partilharam este problema com editoras. Todas as editoras têm as suas questões, não só com a música extrema. É um negócio que está em causa e vão haver sempre diferenças de opiniões e ideais. A Ipecac é uma editora espantosa, mas queríamos fazer algo diferente. A Century Media tem sido fantástica e parece seguir os procedimentos correctos. Nós fazemos os discos e eles vendem-nos. Não nos metemos nos seus negócios e eles não se metem nos nossos. A forma como devia ser!

Embora toquem música extrema sempre conseguiram ter “luz verde” de um grande selo. Porque acha que acreditaram em vós?
Terias que lhes perguntar. Estou bastante contente com eles. Como disse, eles fazem o seu trabalho e nós o nosso.

Eventualmente, incomoda-vos supor que muita gente pode acorrer-vos por serem músicos com estatuto histórico?
Neste momento, nós escolhemos com quem queremos trabalhar…

O que diria aos músicos que têm demasiadas preocupações com dinheiro enquanto gerem as suas carreiras? Talvez dizer-lhes para se sentarem relaxadamente e beberem uma cerveja gelada?
Diria para pararem de se queixar. Não sabem nada durante os primeiros anos das suas carreiras. É às custas de trabalho árduo que se ergue uma carreira. Por isso, não sejam ingratos!

Tempo para uma mensagem de despedida…
Bebam e sejam alguém! [risos]

Nuno Costa

www.myspace.com/venomousconcept

Thee Orakle - Pré-produzem disco de estreia

Os Thee Orakle estão neste momento a operar em fase de pré-produção do seu primeiro álbum, a gravar em Agosto próximo nos Ultrasound Studios, com Daniel Cardoso. O grupo promete dez temas de “ambiente lírico e que a nível instrumental rondará o Death/Doom progressivo”. Entretanto, poderão ver a banda de Vila Real no Lagoa Burning Live 2008, a 25 de Julho, em Estombar.

"A Última Noite" - Panzerfrost e Cripta do Bruxo na Covilhã

No dia 31 de Maio as sonoridades mais extremas tomam conta do palco do Birras Bar, na Covilhã, com as actuações dos Cripta do Bruxo e Panzerfrost. O evento tem o desígnio “A Última Noite” e o seu acesso custa 4€. A organização apela à pontualidade do público, pois o período de espectáculos só pode estender-se das 22h00 às 00h00. Depois disso, os som ficará a cargo de Hugo Nevermore.

Pagan - Depressão a leste

“Monument Of Depression” é o título do novo álbum dos bielorussos Pagan. Oito temas do que a banda gosta de chamar “depressive evil black metal” é o que encontramos neste quinto álbum do projecto de culto de leste, comandado por Algkult, editado pela Werewolves Records. É possível aceder a um dos seus temas aqui.

Wednesday, May 07, 2008

Review

THE SUN OF WEAKNESS
“Trompe L’Oeil”

[CD – My Kingdom Music / MLI]

Com um percurso marcado pela edição de três demos a partir de 2003, os italianos The Sun Of Weakness chegam finalmente ao seu disco de estreia dispostos a mergulhar o mundo num manto de sentimentos melancólicos e macios. Condensando uma fórmula que encontra paralelismos em bandas como Anathema e Katatonia, o grupo mune-se de uma emoção outonal para atingir o lado sensível do ouvinte com recurso a [muitos] teclados e momentos limpos e acústicos em que os termos rock e gótico tomam sentido.

O grupo mostra-se audaz e competente na recriação de ambientes melódicos que nos embalam suave e eficazmente. Contudo, quando a ordem se “distorce” e o rock se impõe, as coisas têm muito menos impacto. Já para não falar no “pecado” que representa a prestação do vocalista Flavio Scipione que para além de se manifestar pobre em dinâmica possui um timbre muito pouco encantador.

Ao longo de 44 minutos de música são poucos [ou nenhuns] os temas que ficam para a posteridade ou conseguem um balanço arrebatador. Não sendo “Trompe L’Oeil”, contudo, um disco terrível, a verdade da sua beleza reside em passagens isoladas de etéreo mérito e não, naquilo que se pretende, num todo equilibrado. É, portanto, na composição que a banda falha. Tecnicamente esta também não possui grandes argumentos, o que pode agravar as lacunas já referidas.

Entretanto, não sendo este o principal pressuposto deste tipo de trabalho, que vive de brisas tristes e texturas simples, fica um interessante registo em termos de potencial para gerar sentimentos. O resto poderá ser colmatado com mais alguma rodagem. Reservam-se, portanto, melhores diagnósticos para mais tarde em condições, esperam-se, mais amadurecidas. [5/10] N.C.

Estilo:
Rock Gótico

Shining - Data única em Portugal

Os suecos Shining passam, em data única, por Portugal no dia 23 de Maio pelo Cine-Teatro de Corroios, no âmbito da sua Destroying Iberia Tour 2008 que comporta ainda dez datas em Espanha. A acompanhá-los estarão os espanhóis Kathaarsys e os nacionais VS777. Os bilhetes já estão à venda a 14€ [antecipadamente até dia 10 de Maio e apenas por transferência bancária]. A partir dessa data os bilhetes custarão 16€. O espectáculo tem início às 21h30. Mais informações pelo e-mail carlos.notre@gmail.com ou pelos telemóveis 966 664 979 ou 913 957 838. Este é um espectáculo apresentado pela Notredame Productions e Silent Tree Productions.

Devil In Me - Gravam espectáculo para DVD

Com uma existência ainda curta mas auspiciosa, os Devil In Me rumam no próximo sábado, dia 10 de Maio, à mítica sala para a cena punk/hardcore nacional Tuatara, em Alvalade, para uma actuação que servirá de base para a gravação do seu primeiro DVD. A acompanhar o grupo português estarão os Broken Distance e os espanhóis Sem Resposta. O ingresso para o espectáculo, que tem início às 20h00, custa 5€. Entretanto, os Devil In Me continuam a promover o seu segundo álbum, “Brothers In Arms”, de 2007, que lhes tem valido digressões por toda a Europa, um contracto de distribuição em território europeu e norte-americano pela conceituada I Scream Records [Agnostic Front, Madball], sendo que ficou também marcado por contar com as participações de Lou Koller e Craig Setari dos Sick Of It All e Martijn dos holandeses Turning Back.

Tuesday, May 06, 2008

Lostland - Este sábado no In Live Caffé

Enquanto preparam o seu álbum de estreia os Lostland marcam presença em alguns eventos pelo país. O próximo é já este sábado, dia 10 de Maio, no In Live Caffé, na Moita, com a banda de covers Triboo. No dia 7 de Junho é a vez de actuarem no Ponto de Encontro, em Almada.

Hell Summer Fest - Maratona de peso em Mangualde

A Rocha Produções apresenta mais um evento de muito peso no dia 24 de Maio na Associação Os Lavradores de Cubos [junto à estação da CP], em Mangualde. Intitulado Hell Summer Fest, o seu recheado cartaz é composto pelos espanhóis Omission e The Band Apart e pelos nacionais Painstruck, Filii Nigrantium Infernalium, Decayed, Raw Decimating Brutality, Angriff, Headstone, Fetal Incest, Unbridled e D3GR3DO. O ingresso para esta autêntica maratona extrema custa 8€ [venda antecipada] ou 10€ [venda no dia]. As hostilidades começam às 15h00.

Skewer - Próximas datas

Acabados de lançar o EP “Whatever” pela francesa Believe, os barreirenses Skewer têm agendadas, até agora, cinco datas até Julho. A mais próxima é a 17 de Maio no Bar Escadinhas, em Setúbal [na Avenida Luísa Todi], com os moitenses Excers. As entradas são gratuitas e o início do espectáculo é às 22h00. Mais tarde, a 24 de Maio, o grupo actua no Centro da Juventude Ponto de Encontro, em Almada, com os Gatos Pingados, a 5 de Junho, na Moita, com os Amarionette e a 5 de Julho, no Muralhas Bar, em Alcabideche, com os Rome Nine Roses. Mais informações aqui.

Stream - Lançam novo single

Volvidos dois anos desde a gravação do single “An Other Story” com o produtor Ivo Magalhães nos IM Studios, no Porto, e de terem alcançado um notável sucesso, particularmente, na Austrália e Estados Unidos, os terceirenses Stream lançam agora no seu Myspace o single “Stand Up”. Este conta nos créditos da gravação novamente com Ivo Magalhães e na masterização com Jorge Fidalgo. “Stand Up” consta do alinhamento do seu longa-duração de estreia, “Follow The Stream”, com edição prevista para Setembro pela Nine Media Records.

Monday, May 05, 2008

Entrevista ThanatoSchizO

CÓDIGOS INTERCEPTADOS

Sob a condição de se sujeitarem a uma profunda inflexão por um percurso musical recheado de aventuras estilísticas, o grupo de Santa Marta de Penaguião apelou ao apuramento do que o constituiu como entidade muito sui generis no panorama metálico português - e não só - e embarcou na construção de mais um disco pleno de maturidade. “Zoom Code” é o quarto trabalho do grupo liderado por Guilhermino Martins e que vem vincar ainda mais a sua atitude progressiva e aprumar o seu sentido de composição. De um grupo que trabalhou muito para criar o seu próprio universo – no qual se move da maneira mais autónoma possível -, solicitamos a palavra ao guitarrista, sempre muito acessível, Guilhermino Martins.

Os ThanatoSchizO abrem uma nova Era editorial com “Zoom Code”. Esta é a terceira mudança em termos de representação internacional. Têm sentido esta situação como um factor de instabilidade?
Honestamente, não. O facto de termos relações de “one night stand” com as editoras internacionais por onde temos passado acaba por não nos deixar acomodar e permite-nos sentir nisso um incentivo para evoluirmos. A situação de ruptura da inglesa Rage of Achilles foi, talvez, o facto mais relevante, uma vez que a editora nos comunicou estar prestes a encerrar a sua actividade pouco tempo depois de lhe entregarmos o nosso terceiro álbum, “Turbulence”. Isto após já terem editado o anterior “InsomniousNightLift” e terem feito um excelente trabalho de promoção. Nessa altura, sim, foi algo decepcionante, mas acabou por conduzir-nos a uma situação bastante interessante ao conseguirmos licenciar o álbum em Portugal à Misdeed Records e ao cedermos os direitos de edição internacional à australiana Burning Elf. Entretanto a nossa relação com a Burning Elf estava desde logo cingida à edição desse álbum, por isso já sabíamos que teríamos de mudar de pouso neste novo registo.

Como surge então a ligação com a italiana My Kingdom Music?
É uma editora com quem tínhamos uma relação de alguma proximidade. Aprecio, aliás, algumas bandas do seu catálogo [ou que por lá já passaram] como Rain Pain, Klimt 1918 ou Crowhead e o facto de terem demonstrado um entusiástico interesse em trabalhar connosco, aliado à bastante decente distribuição internacional que possuem, acabou por conduzir à assinatura do contrato.

Supõe-se então que esta aborgadem entusiástica vos deixe com expectativas mais altas do que o costume...
Sinceramente, penso que essa maior expectativa parte de fora da banda porque, para nós, o importante é criar música que nos dê gosto ouvir e editá-la, dá-la a conhecer às pessoas. Tenho perfeita consciência do quão “poéticas” possam soar estas palavras mas, em ThanatoSchizO, é isso que realmente se passa. É claro que estamos curiosos por saber como vão as pessoas [especialmente a nível internacional] reagir ao álbum, no entanto essa curiosidade não chega a tirar-nos o sono.

Que balanço faz da projecção do trabalho da banda no estrangeiro ao fim de dez anos de carreira?
Boa, tendo em conta as estruturas editoriais por onde passámos. Poderíamos estar num patamar acima em termos de popularidade se o término da Rage of Achilles não tivesse acontecido tão prematuramente, porque a editora estava, de facto, a promover a banda nos locais certos.

E sentem falta de tocar “fora de portas”?
Neste momento sentimos, sobretudo, falta de tocar! Estivemos praticamente dois anos sem dar concertos por nos termos decidido concentrar apenas e só na composição/pré-produção/gravação/mistura/masterização do novo álbum e, por esta altura, estamos com uma grande vontade de voltar aos palcos. De qualquer forma, curiosamente, o próximo concerto será “fora de portas”: em Zamora [Espanha].

Entretanto, o som da banda tem-se vindo a modernizar como resultado de um recorte cada vez maior de influências. A simbiose peso-melodia aliada a uma postura progressiva tem-se revelado algo benéfica para a vossa imagem?
É uma pergunta complicada. Esta nossa postura corresponde exactamente àquilo em que nós acreditamos e é o nosso “statement” artístico em cada momento da nossa carreira. Por outro lado, é inegável que ainda há muitas pessoas – inclusivamente – dentro do universo do metal que, por ora, não compreendem essa supra-citada simbiose e isso acabou por gerar ao longo da nossa carreira algumas catalogações que, embora proferidas com a melhor das intenções, não foram nada abonatórias no nosso entender.

“Zoom Code” não representa um corte abrupto para com o percurso que a banda tem vindo a traçar, mas creio poder assinalar-se um ligeiro pendor para a exploração da melodia e de ambientes um pouco mais sintetizados.
Sim, começamos cada vez mais a valorizar o papel das vozes na nossa música e a dar-lhes o devido destaque. Penso, aliás, que esse é provavelmente o grande progresso que este álbum encerra. Decidimos, também, fazer uso da tecnologia para enriquecer a nossa música, sim. Ao longo do álbum é possível encontrar um sub-mundo de detalhes na forma de sampling, o qual acaba por acrescentar uma nova camada aos temas. São pormenores muito subtis, apenas detectáveis ao fim de algumas audições mas que, no nosso entender, adicionam ainda mais interesse à música.

Os Opeth são, por exemplo, uma referência muito forte na hora de compor?
São uma banda que apreciamos, mas cuja obra não tomamos como base na hora de compor. Diria que têm tanto peso neste grupo como qualquer outra banda de que gostemos.

Na realidade o universo ThanatoSchizO acaba por ser perfeitamente personalizado. O que faz de vocês compositores distintos?
O facto de ouvirmos música tão diversa acaba por se reflectir na nossa prestação. Como temos diversas cores na nossa palete de tintas, é natural que o quadro que pintemos seja distinto. Penso que esse é o grande “segredo” dessa virtude.

Achei piada ao facto de ler num pódio seu de referências pessoais uma banda como Disillusion, que me parece perfeitamente anónima para o valor que tem. E a surpresa é maior por considerar “Gloria”, o segundo álbum destes germânicos [um trabalho muito pouco ortodoxo], um disco de sua referência. É tal como eles que gosta de estar na música?
Gosto particularmente desse álbum, sim. Aprecio quando as bandas se arriscam num mundo novo e conseguem continuar artisticamente relevantes. Lembro-me que esse álbum teve críticas paradoxais: algumas a destacar a sua genialidade e outras a negarem qualquer pingo de qualidade naquela música. Foi, portanto, um álbum que gerou controvérsia porque, provavelmente, muita gente não estava predisposta a ouvir algo tão, digamos, fora do comum. E sim, isso atrai-nos imenso: criar o nosso mundo, não seguir fórmulas pré-instituídas. Provavelmente o caminho é bem mais penoso em termos de aceitação pública [cada vez mais, as editoras procuram formatos pré-estabelecidos e, no fundo, isso é um reflexo do que o mercado transparece], mas a sensação de criar algo original ultrapassa qualquer crítica menos compreensiva.

Os ThanatoSchizO já exploraram muita coisa musicalmente desde que se formaram. Para onde acha que a banda caminha neste momento?
Sinto que estamos cada vez mais a apurar o nosso instinto de composição e que o futuro passará, decididamente por aí: criar temas cada vez mais bem estruturados.

Como pode entender-se o título “Zoom Code”?
O título equivale ao momento em que verdadeiramente nos consciencializámos de que era necessária uma inflexão [o tal zoom] sobre aquilo que pensamos serem as nossas maiores qualidades musicais. Assim, por ser tão personalizado, este disco acaba por ser o manifesto musical em que melhor nos sentimos até à data. Um zoom sobre a nossa capacidade artística, portanto.

Pode falar-se num cuidado redobrado ao preparar este novo álbum? Ao fim de contas nunca demoraram tanto tempo para lançar um trabalho.
Estivemos quase dois anos [2004-2005] a promover o álbum anterior na estrada. Depois decidimos que era tempo de parar, repensar, reformular e que nos íamos focar ao máximo para tentar criar o melhor registo de TSO até à data. Assim, no primeiro semestre de 2006 começámos a composição. Os primeiros seis temas que surgiram não nos satisfizeram e, como tal, recomeçámos tudo de novo com ânimo redobrado, ao ponto de em Setembro de 2006 termos iniciado a pré-produção deste CD. Em Março de 2007 entrámos em estúdio para a gravação efectiva dos temas e por lá estivemos até Julho. Entretanto ocorreu a masterização, a negociação do contrato com a editora e o lançamento acabou por ser agendado para o início deste ano. Por isso, para nós, este acabou por ser o tempo necessário...

O facto de ter entrado um novo guitarrista também contribuiu para que as coisas se processassem mais lentamente?
Não entrou propriamente um guitarrista. O Eduardo [vocalista] é que, a partir do álbum anterior, começou a tocar guitarra em estúdio e ao vivo. Isso enriqueceu o nosso som e não posso dizer que tenha contribuído para tornar o processo de composição mais lento. Bem pelo contrário, na medida em que as contribuições do Eduardo são cada vez mais relevantes e profícuas.

Há pouco falávamos da vossa repercussão no estrangeiro. Um dos pontos mais surpreendentes nesse aspecto terá sido a descoberta de um grupo de músicos muito jovem, oriundo da Argentina, a fazer uma cover de “Suturn”. Como se sentiram?
Orgulhosos, claro, por ver aqueles miúdos tão novos a tocarem uma versão nossa. Penso que é sempre elogioso ver que há bandas a tocar versões nossas mas, mais ainda, quando estamos a falar de argentinos com idades entre os 10 e os 14 anos. O vídeo continua, aliás, online no Youtube, basta procurar por “Gauchos de Acero ThanatoSchizO”.

Falaram com eles depois disso, por acaso?
Claro que sim! Entretanto contactámo-los e, desde aí, estabelecemos uma forte relação de amizade. Os Gauchos andam a tocar em dezenas de festivais de metal na Argentina e, caso tenham estofo para gerir correctamente a sua carreira, podem vir a ter um futuro bastante risonho.

Talvez pelo índice de popularidade que a banda já parece ter na América do sul, assinaram um contracto com uma editora mexicana para a reedição do vosso primeiro disco. Foram estes os motivos?
Sim, o nosso primeiro álbum teve um reconhecimento extra no território sul-americano e já tivemos várias ofertas de reedição do “Schizo Level”. Assinamos um contrato com a mexicana Sun Empire Productions, a qual tratou da reedição que vai, aliás, acontecer, na próxima semana. Será uma “deluxe edition” do álbum, em digipack e com nova capa.

“Zoom Code” é também um disco pródigo em participações especiais. Como se estabeleceram as parcerias com os convidados em questão?
Quer o Timb Harris dos Estradasphere quer o Zweizz são músicos que admiramos e sentimos que podiam acrescentar algo à nossa música, ao invés de apenas, do ponto de vista do marketing do álbum, poderem pesar positivamente na lista de participações do registo. Aliás, isso seria difícil por se tratarem de músicos com um reconhecimento [infelizmente] reduzido nos meandros da música extrema. Assim, estabelecemos o contacto com ambos e, depois de ouvirem as respectivas músicas onde foram convidados a colocar o seu dedo, aceitaram colaborar connosco. Quanto ao António Pereira, trata-se de um músico local com um historial essencialmente folk que convidámos para tocar saxofone e concertina em momentos-chave do álbum e que nos acompanhou até ao estúdio para registar a sua participação.

O disco já começou a chegar à imprensa nacional e internacional. As reacções têm-vos agradado?
Sem dúvida, apesar de haver críticas que são editadas no dia em que os escribas recebem o CD, algo que me provoca alguma confusão porque este – mais do que nunca – é um álbum que precisa de ser digerido com bastante tempo e audições. Apesar de bastante positivas, gostaria de pensar que as pessoas ouviram “Zoom Code” ao longo de algum tempo para depois explanarem o que pensam sobre ele. Bem sei que a culpa da situação advém da quantidade gigantesca de álbuns que são editados todos os meses, mas definitivamente ThanatoSchizO não são uma banda para consumir/digerir instantaneamente. Seja como for, o feedback que nos tem chegado é bastante positivo.

Agora suponho-vos ansiosos por prestar uma campanha massiva ao vivo. Muitas datas já agendadas?
Três oficializadas e uma série delas prestes a serem confirmadas. Por ora, como já referi, vamos tocar a Zamora, em Espanha, no próximo dia 10 de Maio. Uma semana depois encabeçamos o Liperske IV e em finais de Junho vamos partilhar o palco com Devildriver, Krisiun e Hatesphere no Metal GDL, em Grândola. Ao longo dos próximos tempos vamos divulgar mais datas, inclusivamente os showcases semi-acústicos nas FNACs.

Este ano a organização do Penaguião Metalfest: Liperske IV ficou também a vosso cargo? É uma tarefa complicada organizá-lo?
Dá algum trabalho e exige um grande empenho, mas a sensação de dever cumprido no final do dia do evento justifica e valoriza esse esforço extra. Em termos organizativos tentamos conceder às bandas as condições mínimas que exigimos quando somos convidados a tocar em determinado evento. É por isso que no Liperske não há atrasos nos horários das actuações e o ambiente entre bandas e público é sempre salutar.

Esta data tem um sabor especial por realizar-se na vossa terra e porque comemora o vosso décimo aniversário?
Sem dúvida. Vamos fazer a festa na nossa “casa”, com os nossos amigos [bandas e público] e vamos tocar um set list alongado com temas de todos os registos.

Prontos para mais dez anos de actividade?
Os primeiros dez passaram rápido, por isso, penso que vamos andar por cá enquanto sentirmos que temos algo musicalmente relevante para oferecer. E quer-me parecer que o fim não está para breve, perdoa-me a imodéstia.

Nuno Costa

Friday, May 02, 2008

Editorial

ENGANANDO-TE, ENGANO-ME A MIM PRÓPRIO

Realmente é difícil ficar-se preso por momentos de felicidade durante muito tempo. Este sentimento tão intenso quanto efémero pelo qual procuramos obsessivamente no nosso dia-a-dia como se de uma autêntica injecção de algo que nos provoque um clímax sensorial, físico ou espiritual, mas que rapidamente desaparece e assim reiniciamos a busca [vital] pela próxima dose.

Se o assunto me toca directamente? Não tenho dúvidas que sim. Contudo, a parte da lamúria e descontentamento que venho expressar não se prende com a SounD(/)ZonE. Corta-me, sim, é verdade, a felicidade de quem [ilusoriamente ou não, já nem interessa; com sentimento mais ou menos lúcido, também não interessa] adora este género musical e estilo de vida que lhe está aliado e, consequentemente, apoia e vive intensamente tudo o que concebe e serve de combustível para que esta grande engrenagem, mas sobretudo arte - o Heavy Metal -, funcione. Afecta-me, quer pensem que é só conversa ou não, que algo de mau aconteça a um músico, a um fã, a um/a promotor/a, a um organizador, a uma editora, distribuidora, revista, site, “and so on”…

Restarão dúvidas que em qualquer núcleo as coisas funcionam como uma cadeia, como uma sociedade onde nem se pode falar em maior ou menor preponderância/utilidade? Não se percebeu ainda que o menor que afecte o nosso próximo vai, com certeza, mais cedo ou mais tarde, afectar-nos a nós também? Ainda não se apercebeu toda essa “gentinha” que quer ter as suas bandas e alcançar sucesso [palavra esta, hoje em dia, cada vez mais podre, pois raríssimos são os casos em que revela algo sincero e de puras intenções] ou quer ouvir os discos das suas bandas preferidas e ir a todos os seus concertos, de que não conseguirão atingir os seus objectivos se algum elemento da cadeia começar a falhar? E não se interessam com isso? Será burrice ou teimosia? Dor de cotovelo ou arrogância? Tudo isto e, provavelmente, muitos outros adjectivos menos simpáticos…

Mas é a pura da verdade. Ainda me admira como é que ninguém falou nisso em fóruns [creio eu]. Sim, porque também não vou a todos. Mas pelo menos no que vou com maior frequência, por razões óbvias, ainda ninguém gastou nenhum caracter a construir um tópico sobre esse assunto. É verdade que as vidas pessoais, profissionais e económicas de cada um hoje em dia deixam-nos com muito pouco tempo e capacidade para executar certos actos, mas neste caso, nem é por aí… Mas pois, tem lógica. É precisamente por isso, por essa indiferença que venho aqui falar e invocar um assunto que merece ser falado.

É verdade que a Loud! anda a sair muito tarde, no fim do mês [nos Açores, claro] praticamente, mas digamos que apenas mudou o seu ciclo cronológico de edições. Não interessa, interessa é chegar-nos às mãos. Ora bom, quase me distraía de a comprar, certamente pelos atarefados tempos recentes passados a preparar o aniversário da SounD(/)ZonE, mas há horas lembrei-me que já tínhamos terminado Abril e já não comprava uma Loud! há bastante tempo. Fui a um quiosque perto, adquiri com enorme prazer mais um seu exemplar. Não resisto muito tempo a folheá-la mas colunas como o “Editorial” ou “Eternal Spectator” só faço questão de ler em circunstâncias e locais que me permitam realmente reunir a concentração devida para poder sorver, assimilar e digerir o seu conteúdo; opiniões de quem, quer queiram ou não, tem ideias ou experiências muito enriquecedoras para transmitir.

Desta vez a “refeição” não foi suave ou de fácil digestão… mas sim de temperos fortes que me deixaram azoado e a pedir por uma pastilha anti-acidez que ajudasse a acalmar o ardor que ia cá dentro. Não se trata de “lamber as botas” a ninguém. Aliás, vejo as polémicas e falta de consenso que a Loud! gera no continente. Talvez por isso, por residir num [outrora mais] calmo ilhéu, os lobbies, as mesquinhices e os enredos passam-me ao lado. Logo a minha análise é mais imparcial. Aqui limito-me a receber com enorme alegria as palavras sábias de quem, tanto ortograficamente, como em termos de cultura musical, sabe muito. Muitos pensam que isso é para todos, mas não é! Toda a gente hoje em dia quer ser jornalista musical [outros gostam mais de se apelidar “críticos musicais”] e ter a sua fanzine, o seu site, o seu blog, o seu fórum ou a sua revista. Ou então no que toca ao fã… Já ninguém quer ser só fã – quer-se também ser músico a todo o custo e a partir de certa altura começa-se a “inchar”, os egos crescem e facilmente a coisa descamba. Do tipo “tenho sabedoria e talento suficientes que me legitimem qualquer opinião e sinto-me capaz de impô-los sobre um qualquer suposto “sabichão” que pense que por andar há muitos anos nisso e a escrever para revistas sabe mais do que eu”. Há, primeiro, que ter respeito, muito respeito…

Contudo, o pressuposto deste texto não é directamente este. É verdade que muita gente tem [o que pelo menos nos Açores se diz] “mijo na cabeça”. Mania que sabe [para quem não está familiarizado com o termo], portanto. E isto, obviamente, mina uma comunidade e destrói a união necessária para que esta cresça e progrida.

Meus amigos, se pensavam que pelo menos a maior revista dedicada à promoção do Heavy Metal em Portugal vivia “desafogada”, concretamente em termos financeiros, recolham completamente a vossa ideia. Para quem não tem o hábito de ler os editoriais do nosso prezado José Miguel Rodrigues, director da Loud!, então que passe a ler ou pelo menos confira o último que assinou.

A Loud! atravessa um momento difícil ao ponto de, pela primeira vez, levar os seus responsáveis a colocarem em causa a sua continuidade! A Loud! pode[!] mesmo deixar de existir caso quem diz adorar, apreciar ou amar [o que for] o Heavy Metal, não preste o devido apoio à entidade mais forte, importante e competente em Portugal no acto de promover o Heavy Metal. Nada é perfeito, a Loud! também não o será, mas é impreterível que se comece a apoiar esta ilustre instituição condignamente, sob pena de passarmos a ser um país “iletrado” e um buraco no mapa europeu no que concerne a Heavy Metal press media.

A velha conversa: qual a importância dos meios de comunicação social para o “girar” de uma sociedade? Bom, nem vale a pena falar disso… Quem tiver fraqueza de espírito vai continuar a tê-la, infelizmente, e a não perceber este assunto. Aos que tentam arrancar essa ignorância de muitas pessoas arriscam-se a prejudicar-se e a perder tempo [e dinheiro] da sua vida.

Leiam o editorial #87, edição de Abril, da revista Loud! e perceberão melhor do que estou a falar. Uma lástima, uma vergonha o ponto a que este povo “metaleiro” chegou…. Ainda me dá vontade de rir [agora falando de um caso “caseiro”, pois tenho que falar é daquilo que sei e vejo], recordo-me de um comentário de um músico açoriano: “Sabes que não tenho o hábito de ler este tipo de revista”... Mais tarde, já a sua banda estava atrasada para mandar material biográfico para a “Scene Report Açoriana” e perguntam-me: “Man, sabes se ainda vou a tempo para mandar material nosso para a Loud!?”

Bom, nem é preciso dizer mais nada… Cheira-me tudo a um nojento jogo de interesses… Lamentável.

Nuno Costa