Friday, January 27, 2006

STREAM - Primeiro álbum à vista

Os terceirenses Stream, conhecidos por temas como "S.O.S", "Touch Me" ou "My New Guitar", entrarão em estúdio no próximo dia 6 de Fevereiro com Ivo [guitarrista e produtor dos Lulla Bye] nos IM Studios, Porto, para a gravação daquele que será o seu primeiro álbum. O [agora] quarteto, após a inclusão de António Vasconcelos [Volkanic, ex-God's Sin] para a guitarra ritmo, chega a esta fase como o culminar de um extenso trabalho de promoção feito desde 2002, ano em que se formaram, através de inúmeros concertos pelos Açores nos mais importantes palcos da região e, ainda, alguns pelo continente, nomeadamente, nas Fnac's de Santa Catarina e Norteshopping no Porto. Para além disso, contam com uma prestigiante vitória no Concurso Angra Rock, edição de 2002, uma demo ao vivo e vários singles que lhes proporcionaram excelentes críticas, tanto do público como das rádios e ainda alguma imprensa nacional, como o Blitz e a Rock Sound. Espera-se então que este álbum seja editado este ano pela Brain Music Records mas, antes disso, contamos ter disponível um single da banda antes do próximo Verão.

www.followthestream.net

www.acormusic.com

Monday, January 23, 2006

Entrevista Cycles

[FINALMENTE] RENASCIDA

Se há casos de persistência e personalidade no nosso cenário underground, então os Cycles são certamente um deles. Com um álbum na forja há já dois anos, os Cycles tiveram que ultrapassar um caminho repleto de obstáculos psicológicos e físicos para trazer à luz do dia “Phoenix Rising”. Finalmente acolhido por uma editora – a Independent Records -, o primeiro álbum dos portuenses Cycles está já disponível, com distribuição a cargo da banda, e espelha um percurso começado a traçar em finais de 2001 por elementos muito experientes do nosso panorama heavy como, por exemplo, Filipe Moreira e Carlos Barbosa [Fears Tomb/Karnak] Vera Sá [Godless Beauty, Scarlet Veil, Martyrivm] e Augusto Peixoto [Dove, In Solitude, Paradigma]. É com enorme prazer que vemos mais uma banda portuguesa alcançar o seu álbum de estreia e ultrapassar uma situação que, para muitos, teria sido fácil concluir com um abandono. Contactámos o baterista (e designer) Augusto Peixoto para falar sobre “Phoenix Rising”, este período difícil e uma outra série de assuntos que vieram subtilmente à conversa e que a tornou tão agradável para esse vosso escriba.


Lembro-me de estar a falar com o Filipe Moreira há mais de um ano e já ele na altura demonstrava uma enorme ansiedade em lançar este álbum. Entretanto, e infelizmente, este feito veio a atrasar-se ainda mais. Todos sabemos, pelo menos por alto, que isso se deveu a problemas com as editoras, certo? Queres explicar-nos o que se passou?
Bem, realmente contactámos várias editoras e houve pelo menos duas interessadas. Infelizmente, esse interesse foi algo que atrasou ainda mais a edição do álbum e nos prejudicou seriamente ao ponto de ficarmos com a sensação que o álbum nunca iria sair.

Digamos que houve "promessas" que apenas resultaram como "manobras" para atrasar a edição deste álbum...
De certa forma, foi isso. Mas não queria estar muito a falar de determinadas situações, pois isso teria que ser aprofundado e com certeza iria mexer com muita coisa... E cheio de más intenções já o mundo está cheio! O meu tempo de polémico já passou e com 34 anos já me sinto "cota" para isso. Não sei se sabes mas já vai fazer 20 anos, em meados de 2006, que ando nisto. Por exemplo, quando comecei a ouvir metal o nosso vocalista tinha um ano julgo... Portanto, é muito ano metido no underground e em vez de ver isto a andar para a frente vejo talvez o contrário...

Já que falas nisso, ainda te lembras como entraste para esse "mundo"?
Como entrei? Boa pergunta... Mas acredito que se deveu à paixão que sinto pelo metal, paixão essa que tenho a certeza que ainda existe porque senão já não estava nisto.

Há bocado falavas na diferença de idades entre os membros dos Cycles... Explica-nos lá como é que isso se conjuga dentro da banda.
Existem 3 elementos cujas idades não são assim tão diferentes, ou seja, os dois guitarristas e eu somos pessoas que já andamos no metal há muitos anos, bem como a Vera [baixista], apesar de ser mais nova. Somos uma banda com imensa experiência no que toca a passagens por bandas. Só o nosso vocalista é que se poderá considerar novato mas, como já está na banda há mais de 3 anos, já tem experiência e está completamente ligado ao nosso "feeling" de gurus do metal! (risos)

De facto, não conhecia o Henrique antes...
O Henrique tocava e cantava em bandas de garagem da zona onde morava. Acho que os Cycles foram a primeira experiência a sério que teve. O facto dele ter entrado para a banda ajudou certamente a solidificar o nosso som, o que foi óptimo, pois foi algo que sempre andamos à procura.

Relativamente às dificuldades que estavam a surgir para lançar o vosso álbum, chegaram alguma vez a esmorecer ou a pensar em coisas menos "saudáveis" para a banda?
Certamente! Esta banda já esteve para acabar e digo-te isto com muita sinceridade. Mas a união faz a força e os anos que os guitarristas têm em comum, tocando há mais de 11 anos juntos, a minha persistência conhecida por muitos aliada à vontade de vencer os obstáculos, fez-nos repensar e assumir esta banda como algo que nos está enraizado e que, por mais que nos tentemos desfazer dela, não iría-mos conseguir.

Os temas de “Phoenix Rising” têm precisamente quanto tempo desde que foram compostos?
Bem, alguns mais de 4 anos talvez... Quando entrei para a banda (ainda se chamavam Karnak) haviam já alguns temas compostos, tais como a "Paradise" (agora "Foul Paradise" por questões de direitos de autor), a “End Of December” e a “World Of Sand”. Entretanto, esses temas foram arranjados e actualizados, pois a minha forma de trabalhar, experiência e visão complementarizou-se com as ideias que o Filipe e o Carlos tinham para a banda e, mais tarde, com a ajuda do grande Luís Barros, passaram a soar como podes testemunhar no álbum. Só temos pena de talvez não podermos voltar a trabalhar com ele...

Porquê?
Porque não há dinheiro para outra aventura dessas!(risos) A qualidade paga-se bem neste país e como para mim, e acredito que para os restantes elementos da banda, o Luís Barros é simplesmente o melhor produtor português, não temos capacidade financeira de momento para tornar a investir fortemente noutro álbum.

Bem, mas até lá nunca se sabe o que se pode passar... Vocês estão agora a lançar o vosso álbum, vão começar os concertos, logo depois verão o que podem fazer atendendo às receitas.
Não me parece... As bandas em Portugal, e particularmente as ligadas ao metal, ainda têm que “pagar” a maior parte das vezes para tocar, portanto, eu neste “departamento” não sou crente e sinceramente nem acredito que o álbum vá vender assim tão bem. Quem compra álbuns prefere comprar estrangeiros e alguns com qualidade duvidosa... Sendo assim, somos pessimistas e, como tal, se acontecer algo que nos surpreenda melhor ainda, pois será uma coisa completamente imprevisível.

Mas explica-me melhor: “pagar” para tocar como?
Então se vais tocar a um local em que nem te dão cachet ou ajudas de custo, ou nem sequer dividem as entradas pela banda, isso é o quê? Há muitas bandas a tocar neste país sob estas condições e as pessoas ainda pensam: "cuidado, estes fulanos tocam muito"! Mas a maior parte não sabe que eles estão lá a "pagar" para tocar.

Aqui também muitas vezes as bandas têm que levar o backline todo e não lhes pagam nada por isso...
Exacto. Agora faz as contas aos anos que tocamos, os concertos, por poucos que tenham sido (no meu caso não foram poucos), e diz-me quanto dinheiro investimos em algo que nem sequer retorno teve? Depois há os casos em que, por exemplo: ainda há pouco tempo demos um show que deveria começar a uma determinada hora e começou bem mais tarde. Como era um Festival, os Cycles nem podiam queixar-se muito pois estávamos colocados a meio do cartaz, agora a banda headline tocou tipo 5/6 da manhã... É um absurdo! Portanto, em 20 anos a tocar em bandas acho que realmente nada mudou, ao contrário do que alguns apregoam. Tirando os casos dos chamados “privilegiados”...

(risos) Referes-te a quê? Cunhas?
Hmmm... Eu se calhar também as tenho, mas como nunca me agarrei a elas para vencer, prefiro pensar que o que consegui até hoje foi com o meu "suor" e com algumas lágrimas também... As cunhas servem para dizer que as conheço, nada mais do que isso.

Sim, mas estava-me a referir àqueles que têm a “papinha” toda feita...
Eu sei, e quem anda nisto sabe como é... Mas foi algo que sempre tentei elucidar com quem toco: "pensemos em nós e não no que os outros têm ou conseguem".

Sim, é realmente importante este sentimento presente nos músicos. Mesmo musicalmente, pois só assim talvez se consiga criar algo genuíno...
Completamente. Mas é algo extremamente raro de conseguir...

Do mesmo modo que não há necessidade de se seguir modas... No vosso caso, isso não acontece pois vocês mantém-se bem tradicionais!
Sim, somos metaleiros tradicionais que sempre ouviram metal tradicional! (risos) Para quê esconder isso?

Supostamente, isso só deveria acontecer quando somos putos e andamos naquela fase de descobrir e estabelecer a nossa identidade. Mas em pouco tempo descobrimos que não há nada mais belo e prático do que sermos aquilo que somos no fundo...
Pois, mas há quem nunca descubra. Ao longo dos anos toquei com músicos que queriam ser iguais aos seus ídolos e influenciar os outros a serem quem eles queriam que fossem... Eu nunca fui assim e nunca quis isso para os outros. Talvez por isso ainda ande por aqui e eles não. Estes são os chamados “pára-quedistas”! (risos)

Sim, realmente só os mais genuínos prevalecem, este é mesmo o verdadeiro “segredo”: o deixar fluir do ser...
Exacto. Aliás, como dizia o malogrado e grandioso Chuck Schuldiner: “Floating Of Emotion”. Mas não concordo que seja o “segredo”, acho que se trata mais da simplicidade com que vês as coisas. Se fosse “segredo” não mostrávamos a ninguém! (risos) Nunca me fartei do que fiz e não é agora que me vou fartar. Sempre adorei o que fiz e o que toquei em todas as bandas pelas quais passei (Dove, In Solitude e até mesmo Paradigma apesar da sua curta existência). Se assim não fosse, estava a ser falso comigo mesmo, com quem toco e, acima de tudo, com quem respeita e aprecia o meu trabalho.

Os temas de "Phoenix Rising" estão muito longe daquilo que os Cycles fazem hoje em dia ou não?
N
em por isso. Continuamos a ser os mesmos cinco elementos a tocarem a música que gostamos, mas poder-se-á dizer que os temas novos estão mais equilibrados. Mas no álbum a maioria deles já o está, portanto... (risos) Acho que os outsiders é que poderão julgar isso, mas já tocámos dois temas novos ao vivo - "My Darkest Friend" e "Revolt" - e as críticas têm sido excelentes, o que é bom sinal. Já estamos a preparar aquele que será o nosso segundo álbum e os temas estão a sair muito balanceados. Há mais equilíbrio entre melodia e o peso, o que advém daquilo que sempre quisemos fazer e pretendemos fazer. Podes escutar os temas de que te falei numa gravação oficial que temos ao vivo gravada num show do Hard Club no ano passado. A nível de downloads tem sido incrível a adesão a esse "álbum" ao vivo... Digo isto dessa forma, porque a nossa baixista não acha muita graça a considerarmos este disco uma edição oficial!(risos)

Realmente só tive conhecimento desse disco há pouco tempo... Como o podemos adquirir?
Através de partilha na internet. Mandem um mail para a banda que nós “desenrascamos” os interessados!

Já que falamos em edições, diz-nos lá: "Phoenix Rising" sai quando precisamente, que é o que toda a gente está realmente ansiosa por saber?
Já saiu! (risos) Pelo menos já temos as mil cópias, mas como a nossa editora não faz distribuição teremos mais uma luta pela frente – arranjar distribuidora. Se não aparecer, terão que nos comprar por encomenda, nos concertos ou a alguém que tenha interesse em o vender. O álbum chegou 5ª feira passada à editora. As promos já foram quase todas...

Para quem não sabe, as promos de “Phoenix Rising” foram distribuídas pelos media mediante a cobrança dos seus portes de envio...
Sim, mas até nisso a minha ideia surtiu efeito. Como temos muitas dificuldades financeiras, surgiu-me a ideia de pedir aos media interessados em que eles mesmos pagassem os portes de envio. Com isso vim a saber quem realmente apoia a cena e quem não apoia e apregoa o contrário.

Augusto, há pouco dizias que alguns temas de “Phoenix Rising” já têm mais de 4 anos... Como ainda te sentes em relação a eles? Já estás digamos que “farto” deles? (risos)
Não! (risos) Por exemplo a “Paradise” ainda me dá uma pica enorme de ouvir! É onde a voz do Henrique ficou melhor. Ele quando entrou para banda teve somente um mês para preparar o álbum, o que não foi nada benéfico. Mas mesmo assim, fez na minha opinião um excelente trabalho dada as limitações, embora saiba que vá haver crítica que não vai ter isso em conta. Mas enfim, nada é perfeito... Por isso, ele está ansioso por tocar ao vivo para demonstrar o seu potencial. A “Paradise” é também o tema que conta com dois solos do Paulo Barros (guitarrista dos Tarantula), e um deles é dos melhores solos que ouvi até hoje e dos melhores solos que já fez em todos os anos que o conheço! Temos também um vídeo da “World Of Sand” que foi o vocalista dos Shadowsphere que fez e está excelente dada as limitações. Foi editado a partir de umas filmagens que a minhas esposa fez de um concerto nosso no Hard Club há dois anos. Podem encontrá-lo na internet através do servidor Stormbringer.

Por falares em internet, já reparei que não tens “problemas” nenhuns quanto à pirataria! (risos)
Nada! Sou a favor dos MP3 e sou da opinião que se tu gostares mesmo do álbum vais comprar o original. Para além de que ajuda a promover as bandas, claro... É como o caso de eu criar imagens ou fazer capas: não me chateio se alguém pegar numa ideia minha ou mesmo num work e o reinterpretar à sua maneira. O que fiz está feito! Eu faço mesmo. A originalidade não se pensa, nasce! Se pensas que consegues ser original de uma forma propositada, estás a fazer uma valente “merda” sem originalidade nenhuma! Agora, se fizeres uma cena com paixão e te sentires orgulhoso, talvez isso realmente se torne original, quem sabe... Mas como eu nunca quis ser original nem me preocupo com isso, apesar de achar que os Cycles têm um som algo original... (risos)

Olha, por falares nisso e transpondo isso para a música... Tu, por exemplo, o que achas de bandas que compõem mais com a cabeça do que com o "coração", se é que se pode pôr as coisas nesses termos...
São “cabeçudos”!(risos)

Por exemplo, bandas como Meshuggah ou bandas “matemáticas”...
Adoro bandas como Watchtower, Cynic, Coroner porque eles faziam o que gostavam e a sua música transpirava isso, pois se fazes por ser técnico a música soa plástica e, principalmente, sem interesse nenhum.

Mas no caso dos Meshuggah, como eles têm um estilo tão próprio, acaba afinal de contas por ser algo genuíno, vindo do coração...
Há quem goste da banda A, B ou C, e há quem goste da D, e por aí além... Os Meshuggah são uma cena marada, feita por gajos marados! (risos) A minha “maradice” como tá virada para outro lado não são algo com que possa dizer que me identifico! (risos) Acho os Spiral Architet mais marados, por exemplo, apesar de serem os Watchtower modernos...

Que perspectivas tens para “Phoenix Rising”? Alguns temas já andam a ser divulgados há bastante tempo, ora na demo que vocês lançaram ora ao vivo, e por essas reacções o que consegues perspectivar para “Phoenix Rising”?
Nada... O que tiver de vir que venha com agrado! Os Cycles já se autopromoveram o suficiente e, como este álbum sai com um atraso significativo, não é algo que seja novo, a não ser os temas que não foram ouvidos em condições, pois todos já foram tocados ao vivo.

Temos também no álbum uma convidada, a Patrícia Rodrigues [ThanatoSchizo]. Como surge esta colaboração?
A Patrícia surgiu por iniciativa do Luís Barros e foi uma mais valia para os temas em que participa. Ela e o Guilhermino foram duas pessoas que nos apoiaram logo quando o Luís surgiu com a ideia, o que para nós foi um acto louvável.

Resume-nos o contexto lírico de “Phoenix Rising”.
As letras falam de assuntos pessoais. São na maior parte deles muito introspectivos. Outros têm a ver com a sociedade, algo típico das bandas thrash com as quais estamos bastante ligados. Temos também temas muito “loucos” com letras extremamente maradas! (risos) O álbum fecha com uma trilogia e há também um tema dedicado ao meu falecido pai que é a "balada" à la Cycles chamada "Epitaph" (uma em que a Patrícia entra). Existem algumas ligações líricas em alguns temas pelo conteúdo que transmitem, mas nada conceptual, a não ser a trilogia final.

Saindo agora um pouco do mundo dos Cycles e entrando no mundo do design: tu fazes muitos trabalhos nessa área, inclusive, ilustrações para capas de CD’s e já és algo reconhecido por isso. Conta-nos como nasceu esse “bichinho”?
Eu sempre estive ligado ao desenho desde miúdo e, como em tudo na vida, há evolução, e como fui desenhador gráfico durante 15 anos tive que me actualizar e comecei a trabalhar com computadores e com o Photoshop. A partir desse momento dediquei-me à criação e ao design. Tenho desenvolvido algumas capas para bandas como, por exemplo, Oratory – “Interludium” –, uma banda Italiana chamada Exwatt, Shadowsphere – “Darklands” – e fiz ainda o artwork final para o “Thrash Killing Machine” dos Pitch Black. Tenho também um site que tem tido grande receptividade a nível mundial – http://www.irondoomdesign.deviantart.com. É bom saber que és acarinhado pelas pessoas e saber que os teus trabalhos criam impacto.

Não só tu como também o Henrique fazem trabalhos na área do design. Fala-nos também um pouco do seu Dream Design.
O Henrique é um puto maravilhoso com quem tenho imenso orgulho em partilhar ideias. Ele em termos de web design, para mim, é do melhor que há. Gosto muito de alguns trabalhos dele mas em termos de paginas Web ele bate muitos aos pontos, aqueles que são considerados famosos. Mas como em tudo na vida, nem sempre os melhores são os mais bem vistos ou os considerados como tal, portanto...

Augusto, tu és designer e músico... Consegues escolher um desses ramos em que te sintas melhor ou te satisfaça mais?
Não, apesar de que o design tem-me trazido mais frutos, mas a música é a minha maior paixão se queres realmente saber. Mas talvez só 0,1% em relação à arte digital! (risos)

Agora que têm finalmente uma editora como tem decorrido as coisas? Eles têm já planos para vos promover?
Não. A Independent Records edita o álbum como um especial favor de amizade que me une ao dono, nada mais que isso. Estamos a estudar formas de promoção mas não nos vamos chatear muito com isso. Acho que é uma daquelas edições de ficar na prateleira pelo atraso que teve no seu lançamento e que só sai por um favor enorme de alguém que coloca a amizade acima do dinheiro. Como te digo, a distribuição vai aparecer se os interessados se interessarem realmente.

Para terminar Augusto, uma palavrinha para o pessoal dos Açores e um apelo para que oiçam o trabalho dos Cycles.
Adoro o pessoal daí! Ao longo dos anos tive contacto com essa gente maravilhosa e só tenho a dizer bem! Já nos convidaram para ir aí tocar mas, infelizmente, não havia poder financeiro para tal... Mas foi bom ao mesmo tempo, não me estou a ver andar de avião! (risos) Quanto aos Cycles, só tenho a pedir que acreditem no nosso trabalho e que dêem força a quem realmente luta para merecer isso.

www.cycles.com.sapo.pt

Saturday, January 21, 2006

CANNAE
“Gold Becomes Sacrifice”

[CD – Prosthetic Records]

Para quem não sabe, Cannae é a designação atribuída à batalha travada pelo francês Hannibal e seu exército contra as tropas romanas em 216 A.C., precisamente por ter sido consumada perto da cidade de Cannae junto ao rio Aufius (Itália). Uma batalha que ficou conhecida como uma das mais sangrentas de toda a história, ultrapassando mesmo as Cruzadas e as duas Guerras Mundiais. E é com este espírito guerreiro e, não direi sanguinário mas com um arsenal sonoro bastante violento, que esta banda de Massachusetts chega ao seu terceiro tomo.

Após lançarem “Troubleshooting Death” [2000] pela East Cost Empire, e depois a estreia pela Prosthetic com “Horror” [2003], os Cannae assinam mais um disco devastador, cruzado pela brutalidade death metal e algumas reminiscências hardcore. Mas há semelhança do que temos vindo aqui a falar a respeito do metalcore e à recente tendência [saudável] de "endurecê-lo", os Cannae, também eles, não se deixam ficar pelos ajustes e, ao invés das melodias atractivas e da tentação dos refrões orelhudos, os Cannae preferem seguir o trilho de bandas como Darkest Hour, Despised Icon, Black Dahlia Murder, só para citar alguns dos que, nesta nova geração do metal pesado, têm tentado fazer tudo para fugir à previsibilidade que se instalou no estilo há já algum tempo. A alternativa é mesmo a técnica, alguma [pouca] melodia, e o pendor predominantemente agressivo na sua fórmula, que assim pode eventualmente assegurar mais alguns tempos de sobrevivência a este espectro. De facto, da maneira que as coisas se têm transformado, já se torna difícil catalogar esta sonoridade de metalcore. O termo death é cada vez mais apropriado a este tipo de bandas mas, mesmo assim, ainda se lhe consegue compreender alguma contemporaneidade e crossover.

Mas voltando aos Cannae e a este trabalho, vê-se claramente que este quinteto formado por Adam DuLong [voz], Stephen Colombo e Alex Vieira [guitarras] , Shane Frisby [baixo] e Colin Conway [bateria] amadureceu imenso nos últimos tempos, também graças às extensas digressões que fez com Chimaira, Soilwork, Bury Your Dead, Bleeding Through, As I Lay Dying e 3 Inches of Blood. Apesar de não ser um grande álbum, “Gold Becomes Sacrifice” apresenta, para além da capacidade técnica que penso que é indiscutível nas bandas desse género, um interessante sentido de composição, sendo que o álbum se consegue digerir do princípio ao fim com certa facilidade, graças a alguma dinâmica e diversidade. Mesmo assim, temos que dividir este álbum em duas metades, sendo que uma é bem melhor que a outra, e a outra não vai para além do mediano.

Gravado e produzido no início de 2005, na Flórida, pelo conhecido Jason Suecof [Trivium, God Forbid], os Cannae demonstram realmente que são uma banda com muita garra e potencial, e espera-se apenas que o tempo os vá amadurecendo e moldando a personalidade num sentido cada vez mais pessoal. Há bocado restou-me referir que a grande lição da batalha de Cannae foi, efectivamente, a da vitória dos mais “fracos” sobre os mais fortes. De facto, não sei se os Cannae terão possibilidade de se afirmar assim tanto como referência mas, para já, representam uma agradável proposta. [7/10] N.C.

Friday, January 20, 2006

Entrevista The Fire

PREPARADOS PARA A DIVERSÃO?

São já uns autênticos “dinossauros” dentro da cena hard rock portuguesa! Após 14 anos de carreira, os The Fire são das poucas bandas em Portugal que ainda preservam raízes oitentistas, nomeadamente do glam hard rock popularizado por nomes como L.A. Guns, Poison e Cinderella. Hoje chegam ao seu terceiro trabalho e provam mais uma vez porque são das bandas mais emblemáticas do nosso país. Com uma maturidade invejável, mas já sem as cabeleiras e pinturas da época, incitamos o vocalista Rui “Kid” para nos falar dos The Fire e do seu novo álbum, “Are You Ready”.


Para remontarmos ao início dos The Fire temos que recorrer a 1991!! Nunca pensei que já andassem nisso há tanto tempo!!... Conta-nos lá como foi o vosso começo.
Aconteceu normalmente... Éramos amigos e conhecíamos bem os gostos uns dos outros. Fomos para a garagem de um vizinho e começámos a fazer barulho com as guitarras! Claro que no início tudo isto era apenas uma brincadeira mas quando demos conta estava-mos a tocar no palco da “Queima das Fitas” no Porto para umas quinze mil pessoas... Já lá vai muito tempo!

O hard rock na altura tinha mais força...Conta-nos lá: vocês eram fãs de que bandas, o que vos inspirava no estilo? Viviam também muito fogosamente aquela filosofia do “Party, Fun & Rock’n’Roll”?
Na altura éramos bastante mais novos e gostávamos das bandas mais conhecidas do hard rock americano, especialmente a cena L.A. (Guns`N`Roses, L.A. Guns, Poison , Cinderella, etc.) mas os Led Zeppelin e os AC/DC ainda mexem muito comigo e com os meus colegas... Sempre foram uma grande inspiração, quer musicalmente quer visualmente. Nos primeiros concertos ficámos conhecidos porque aparecemos vestidos como os Motley Crue... É claro que na altura ninguém ficou indiferente, além disso arrastámos muitas miúdas para os concertos dos The Fire... Enfim, fomos sempre diferentes das outras bandas portuguesas da altura, talvez por isso ainda por aqui andamos.

Entretanto, já muitos quilómetros percorreram por essas estradas e pisaram inúmeros palcos, inclusive fora do país e com nomes de respeito dentro da cena. Partilha connosco algumas das experiências mais marcantes para vocês ao longo destes anos.
Todos os concertos dos The Fire foram uma aventura. De Viana do Castelo a Portimão já demos cerca de 250 concertos, todos foram diferentes mas a loucura acaba sempre por tomar conta da cena e acaba por acontecer sempre alguma coisa fora do normasl. Olha só ainda não tocamos nos Açores, o que é imperdoável!!!No próximo ano vamos aí porque queremos tocar para pessoas que ainda nao tiveram oportunidade de ver os The Fire.

Apesar de, efectivamente, vocês já terem uma invejável experiência ao vivo e três discos editados, quer-me parecer que para alguns vocês ainda são algo desconhecidos... Com que achas que isso se prende? Talvez pelo facto de vocês estarem agora com a Recital as coisas tenham começado a mudar? Sentes isso?
Preferimos ser “underground” mas fazer o que gostamos. Não queremos editoras a mandar no nosso trabalho, por isso escolhemos a Recital porque gostam de nós e respeitam a música que fazemos e tratam-nos bem... Agora as coisas vão chegar mais longe e a mais pessoas. Tenho a certeza porque a Recital está mais implantada no mercado do que a nossa anterior editora.

Traça-me uma perspectiva acerca de “The Fire”[1994], “Burning Rock” [1998] e o novo “Are You Ready” [2005]. Quais as mudanças e progressos que podemos verificar nestes três álbuns? Como os representarias?
Todos os CD’s são diferentes... O primeiro é o mais melódico, o segundo é o mais rock´n´roll e o novo, para mim, é o mais heavy metal... Mas eu gosto muito dos três, embora para tocar ao vivo prefira as músicas do “Burning Rock”,mas os temas novos como “2 Loud 2 Proud “ ou “Are You Ready” são grandes malhas e têm muito “power” ao vivo!!!

Atrás falávamos do espírito “Party, Fun & Rock’n’Roll” muito presente no vosso estilo musical... Neste álbum existe alguma história curiosa que queiras contar, algum contexto lírico em especial?
Nada em especial... Fizemos estes temas durante quase dois anos, ensaiámos tudo direitinho e, quando fomos, para estúdio escrevi as letras todas de novo em apenas uma semana!!! No rock tudo acontece... Só descanso quando está tudo como eu quero em estúdio, porque ao vivo gosto que tudo aconteça naturalmente...

Quanto a reacções a este novo “Are You Ready”, estão satisfeitos, estão a ir de encontro às vossas expectativas, tanto a nível de vendas como da parte da imprensa?
Para começar, as vendas estão muito boas e as críticas não podiam ser melhores! Por tudo isto, só podemos estar muito contentes.

Sabemos que o Hard Rock não é um estilo muito enraizado no publico português. No entanto, ainda surgem alguns actos com muita qualidade como é o caso de vocês e dos Arya... Como vês a cena Hard Rock nacional?
Durante todos estes anos não nos podemos queixar porque nunca faltou gente nos nossos concertos e os nossos discos sempre venderam razoavelmente bem. Por vezes, convidam-nos para fazer primeiras partes de grupos conhecido (Doro, Gotthard, etc) e tudo corre muito bem e as pessoas respeitam-nos muito. Quanto a relação com outras bandas não podia ser melhor, quer sejam de hard rock ou de thrash metal. Temos amigos em muitas bandas e tocamos com bandas de todos os estilos... Dos Pitch Black aos Tarantula ou dos Arya aos Genocide, somos todos amigos.

A nível de concertos o que se prevê futuramente?
Tocar nos Açores era espectacular!!!

Algum comentário final?
“Rock´N´Roll is a fucking business …but we like it!!!!”

PLAYLIST RUI “KID”

Velvet Revolver
- "Contraband"
Pretty Boy Floyd – "Size Does Really Matter"
Cherry Monroe – "Cherry Monroe"
Vain – "On the Line"
Pitch Black – "Thrash Killing Machine"

Nuno Costa
THROUGH THE EYES OF THE DEAD
"Bloodlust"
[CD - Prosthetic Records]

De facto, já nos excita receber material da americana Prosthetic Records, pois esta já nos tem vindo a demonstrar um óptimo apuro na sua política de contratações. Se para muitos ainda lhes é desconhecido este facto, fiquem a saber que a Prosthetic Records foi a editora que deu a conhecer ao mundo os Lamb Of God e, daí em diante, nos tem presenteado com vários bons lançamentos dentro da área metalcore, como é o caso dos Byzantine, HIMSA e Crematorium.

Em Outubro último, foi a vez dos Through The Eyes Of The Dead se estrearem com a camisola da Prosthetic, após terem lançado um EP, em 2004, e um split CD com os Knife Trade, em Julho de 2005. Quanto a essa estreia, receio concluir que foi um dos trabalhos mais "pálidos" de que tive conhecimento da editora de Los Angeles ultimamente. É já preocupante a forma como cada vez maior número de bandas se “seca” de ideias dentro do panorama death metal com influências hardcore. De facto, os TTEOTD não são uma vulgar banda de metalcore se é que isso vos faz pensar logo em bandas como os Killswitch Engage, onde a melodia e os refrões orelhudos têm grande predominância. Aqui do que se trata é de uma verdadeira descarga death metal com umas pequenas referências hardcore, à semelhança daquilo que têm vindo a fazer os The Black Dhalia Murder, The Red Chord ou All Shall Perish. Aqui praticamente não há espaço para melodia, sendo que esta pequena porção está conferida às guitarras. Mas no restante espaço do disco, a violência das guitarras e do pedal duplo [absolutamente “furioso” em alguns momentos] nos faz lembrar bandas como os Morbid Angel ou Suffocation. Tudo comprimido com uma ligeira melodia sueca [nomeadamente de uns At The Gates], os TTEOTD revelam bom poderio técnico, uma máquina rítmica deveras musculada, capaz de nos esmagar contra uma parede, mas, de facto, no que concerne a composição e originalidade, que é o que realmente nos interessa nos dias de hoje [e neste género em particular], este quinteto demonstra uma preocupante falta de ideias num campo já praticamente estéril de tanto explorado. Sendo assim, é difícil olharmos para este “Bloodlust” com algum optimismo pois, mesmo espremendo o seu “sumo”, ele só nos reserva uma ou duas gemas de maior realce – estou-me a lembrar de “Trust Shade Of Crimson” e “Bringer Of Truth”. Com certeza muito pouco para o nível médio de qualidade da editora e, acima de tudo, para uma banda que se está a lançar e para as quais desejamos sempre a maior sorte.

Espero que no futuro este colectivo se consiga realmente encontrar e ultrapassar a actual falta de criatividade que patenteia. No entanto, é preciso que se compreenda que essa se trata de uma estreia e que muito ainda há para aprender. Mas afinal de contas, acredito que este disco vai deixar entretidos muitos incondicionais das tendências mais extremas do chamado NWOAHM. [5/10] N.C.

Thursday, January 19, 2006

Promoção irresistível PJ - Prods & Management

A açoreana PJ - Prods & Management apresenta, a um preço super acessível, um pack promocional com algumas bandas do seu catálogo. Por apenas 15€ (sem portes de envio) pode adquirir os seguintes produtos:

- HIFFEN - "Crashing" CD 2005
- ZYMOSIS - "Disharmonical Symphony Of Black Dimensions" - MCD 2004
- ANGLACHEL - "Hellish Domains" - MCD2005
- T-SHIRT (preta) Anglachel

Para todos os interessados em adquirir este pack, deverão entrar em contacto com a PJ - Prods & Management através dos seguintes contactos:

Paulo Jorge Sousa
Rua João Leite nº 25 S.Roque 9500 - 708 Ponta Delgada
S.Miguel - Açores - Portugal
Telemóvel: + ( 351 ) 91 865 08 59
email: paulojsousa@gmail.com

Wednesday, January 18, 2006

Viva pessoal!

Como já tevem ter reparado, o visual do blog da SounD(/)ZonE está um pouco diferente... De facto, o que ocorreu foi um incidente estranho com o template que nos fez perder o logotipo e todos os links. Esperamos muito brevemente ter o blog restabelecido à sua normalidade mas, entretanto, podem continuar a visitá-lo. Pedimos desculpa por qualquer eventual incómodo.

Cumprimentos metálicos

Nuno Costa

Tuesday, January 17, 2006

MEDIA BIZ - Entrevista Gino Alache [www.rockumweb.com]

Numa das minhas recentes pesquisas pela internet, acabei casualmente por ir parar a um site peruano chamado Rockum. Com o vasculhar dos seus tópicos, e atendendo ao seu currículo e qualidade de informação, decidi dar um pulinho a “contactos” e sacar o contacto do seu responsável, Gino Alache. Rapidamente começamos a confraternizar e a trocar ideias sobre os nossos projectos e sobre música, claro, e assim achei por bem que este peruano, simpático e afável personagem de 32 anos, que até já foi correspondente do “Headbangers Ball” para a MTV Latina, merecia que aqui também fosse dado a conhecer o seu trabalho. Em nome desta amizade que se formou, e também a comemorar a cooperação que se estabeleceu entre a SounD(/)ZonE e o Rockum, deixo aqui a conversa que tive com Gino numa madrugada recente.

Gino, quando foi que “despertaste” para o metal?
Bem, eu penso que foi quando tinha seis anos... Andava sempre a ouvir rádio e, entretanto, pedi à minha mãe que me comprasse uns discos, e ela correspondeu. A minha mãe é muito fixe!

Ela ouve metal também?
Ela adora música! Ela, inclusive, assistiu a um concerto dos The Beatles, em Nova Iorque, numa das suas primeiras digressões, se não me engano, em 1964. Ela sabe o verdadeiro significado da palavra Rock’N’Roll! (risos)

Portanto, sempre te apoiou neste aspecto...
Sempre!

Que idade tens?
32 anos.

Ainda te lembras quais foram os primeiros discos que a tua mãe de comprou?
Penso que foram dois: Deep Purple e Slade. Depois ela veio com The Beatles e Rolling Stones.

E mais tarde como vens a ingressar no mundo do jornalismo musical?
Tudo começou na escola primária quando um puto da minha sala foi aos Estados Unidos pelas férias e regressou com um LP de Iron Maiden - “The Number Of The Beast”. Eu lembro-me de ter ficado “chocado” com o artwork do LP e, mais tarde, ele ofereceu-me o disco. A partir daí, apaixonei-me pelo metal, estávamos em 1982..

Mas chegaste a tirar algum curso de comunicação ou jornalismo?
Não... Estava demasiado ocupado a ouvir metal na minha casa para desperdiçar o meu tempo com outra coisa qualquer! (risos)

Oh ok! Mas deixa-me ver se entendo então: foi a partir de 1982 que começaste a fazer trabalhos jornalísticos na área da música?
Bem, eu sempre quis apoiar a cena do metal mas, de facto, as coisas só começaram em 1994 através da MTV Latina, transmitida a partir de Miami. Eu ajudava o programa “Headbangers Ball”. Era eu quem mandava a informação e as notícias sobre a “cena” na América do Sul para ser divulgado no programa. Isto aconteceu durante três anos até o programa se extinguir em 1997. Eram sábados estupendos!

Sim, imagino!
Acredita! Era magnífico ouvires o teu nome num programa de TV sobre metal!

E mais tarde, como surge o Rockum? Apresenta-nos um pouco da sua estrutura.
Surge já no novo século, mais precisamente em 2002. Chegou o dia em que estava realmente aborrecido, não havia o “Headbangers Ball”, nenhum outro programa sobre metal...Nada que me sarasse as “feridas”! (risos) E esta foi então a razão que me levou a criar o Rockum e a cena da rádio online vem como o realizar de um velho sonho de ser DJ de metal.

Eu fiquei realmente surpreendido quando consultei o teu historial de entrevistas e constatei nomes tão sonantes como Fear Factory, Marty Friedman, Cannibal Corpse, Twisted Sisters, etc... Deve ter sido realmente um prazer muito grande estabelecer esses contactos...
Sim, são grandes músicos, tão normais como eu e tu! Imagina uma entrevista com as tuas estrelas preferidas: eu estava a sorrir como um puto quando tem um brinquedo novo quando falei com um membro dos Twisted Sister! Eu estava muito receoso mas, com o passar do tempo, ele foi dizendo algumas palavras na minha língua e disse até o meu nome como se fossemos dois velhos amigos. Isso foi estupendo! Os Fear Factory também são muito fixes e o Friedman também é uma pessoa muito simpática. Falei também com bandas como os Gorgoroth, que, apesar de serem uma banda de black metal, os seus elementos são todos muito simpáticos. Para além disso, conheci também o Mike Tramp [White Lion], os Trivium, Three Inches Of Blood... Enfim, foram muitos... Tudo grandes experiências!

Sim, imagino que tenham sido momentos verdadeiramente memoráveis! Em relação aos media (magazines, webzines, rádios, programas de TV) quais são as tuas inspirações?
Hmmm... Bem, gosto muito do Blabbermouth e a nível de revistas a Terrorizer... Ah e a SounD(/)ZonE, claro!

(risos) Obrigado, na parte que nos toca, mas isso parece-me demasiado suspeito! (risos) Adiante: que tarefas gostas mais de executar no site? Reviews, entrevistas, o programa de
rádio?...
O programa de rádio, reviews, entrevistas... Enfim, gosto de tudo! (risos)

Em relação a sub-géneros do metal, por quais tens mais preferência?
Boa pergunta... E difícil de responder também! (risos) Bem, eu gosto muito de Thrash, mas é difícil de dizer porque eu gosto de muitos tipos de metal.

Mas nada que esteja dentro do Nu-Metal, pois não? (risos)
Bem, existem muito boas bandas dentro do Nu-Metal e elas são muito profissionais, não podemos negar isso. Nós temos que extrair o positivo de cada banda. Por exemplo, os Disturbed são uma das minhas bandas preferidas e eles têm imenso talento! Eu gosto de Nu-Metal, e isso não faz de mim um poser. As pessoas dizem muito mal do Nu-Metal, do género “são músicos de Hip Hop”... Mas alguém lembra-se dos Anthrax? Eles gravaram álbuns com os Public Enemy! Lembram-se de “Bring The Noise”, “Im The Man”? Agora eles são autênticas estrelas, mas ninguém os vai chamar de posers por causa disso!

Sim Gino, era exactamente a este ponto que queria chegar. Eu também gosto de Nu-Metal e quis, precisamente, que elucidasses as pessoas! E quanto à receptividade do Rockum? Há muita gente que conhece o teu projecto?
Bem, eu quando comecei com o projecto só tinha cerca de 180 visitas por mês. É tão curioso... (risos) Agora tenho 20.000! Mas aspiro ter umas 500.000 um dia!

E com certeza vais ter! E quais foram as maiores dificuldades que encontraste para erguer o Rockum?
Bem, eu preciso de apoio, porque a cena musical é muito grande... Preciso de pessoas que queiram trabalhar profissionalmente e não por um dia apenas. O dinheiro é outro factor também. Precisamos de patrocinadores como qualquer outro meio de comunicação. Se alguma pessoa que estiver a ler isso estiver interessada, considere-se convidada!

Portanto, encontras-te sozinho nisso e torna-se muito difícil manter o site por questões de tempo. Afinal de contas, manténs o teu emprego diário, certo?
Sim.

Em que é que trabalhas se não for indiscrição?
Sou um sicário da Mafia! (risos) Estou a brincar. Sou um designer de sites, mas a minha graduação é em administração, nomeadamente no ramo do Turismo e gerência de Hotéis.

Que planos tens para aumentar a projecção do Rockum?
Simplesmente, continuar a trabalhar como faço todos os dias.

Gino, em relação à cena musical hoje em dia, que pontos positivos e negativos encontras?
Bem, hoje em dia existem muitas mais editoras, mais distros, mais digressões, mais bandas, revistas, fanzines e programas de TV... Mas a coisa má disso, é que isso só acontece em alguns países. Isto irrita-me porque vivemos todos no mesmo mundo! Eu tenho ouvido muito boas bandas aqui mas as editoras preferem assinar uma banda da Suécia ou dos Estados Unidos do que, por exemplo, de Portugal ou do Peru. Mau para elas também...

Concordo plenamente contigo. Por falar nisso, tenho te estado a mostrar alguns mp3 de bandas açoreanas, não tantas como podia também por uma questão de tempo, mas das que ouviste até agora o que achaste da qualidade?
De facto, têm todas muito talento!

Recordas-te do Rodrigo Raposo e do Luís Silva que ganharam recentemente um concurso de guitarristas?
Sim, claro! São dois grandes guitarristas com muito talento!

Bem, e para terminar, qual a tua opinião sobre a SounD(/)ZonE? (risos)
É a melhor zine de Portugal!

Pois, bem me parecia que ias dizer isso... (risos)
SounD(/)Zone kicks ass! (risos)

(risos) Bem suspeitas à parte... Já agora, uma última palavra para os açoreanos que queiram conhecer o Rockum?
Bem, eu sou do Peru e vivo aqui, mas o Rockum é para todo o mundo!

Nuno Costa

Monday, January 16, 2006

Entrevista Sencirow

ESTREIA DESTEMIDA

Os Sencirow são germânicos e já lutam por um lugar ao sol desde 1996. Os últimos anos passaram-nos a gravar demos – “Dreamspace” e “Crown Of Creation” -, a abrir alguns concertos importantes como os de Doro e Grave Digger, e a lançar [literalmente] maquetas para os palcos na esperança de algum manager ou músico os contactar com o intuito de os ajudar a dar um pulo na sua carreira. No entanto, e como isso não se verificou a banda continuou muito empenhadamente a lutar pelos seus sonhos, e eis que em 2005 lhes surge um contracto com a AFM Records, que lhes vale agora a edição do seu primeiro álbum intitulado “Perception Of Fear”. Os Sencirow mostram nessa estreia um Heavy Metal tradicional poderoso e rápido, na veia de uns Iron Maiden e Rage, onde lhes é possível conferir a marca indelével do metal germânico. Lançado no último fim-de-semana, a SounD(/)ZonE anteviu a festa de lançamento de “Perceptions Of Fear”, entre muitas outras coisas, com o vocalista e guitarrista Daniel “Kensington” Seifert. Fica aqui o testemunho.


A festa de lançamento de “Perception Of Fear” é já amanhã! Deves estar bastante contente e ansioso!
Antes de mais, quero-te desejar um feliz ano novo! E sim, estou muito contente, mas não estou ansioso. Levou muito tempo até que lançássemos este primeiro álbum e estamos satisfeitos por concluir este capítulo e seguir em frente. Agora é tempo de mostrar às pessoas a nossa música nos próximos concertos e vender o nosso álbum.

Existe alguma preparação especial para a festa de amanhã?
Sim, claro! Nós preparámos algumas coisas mas nem tudo o que queríamos se pude tornar possível. Em primeiro lugar, queríamos vender as nossas novas t-shirts e casacos, mas a companhia não os conseguiu ter prontos para amanhã. Por isso, não temos t-shirts... Em segundo lugar, estava a produção de uns chocolates com o logotipo dos Sencirow, mas isto também não possível ter pronto. Para além disso, temos preparado alguma pirotecnia para o nosso concerto, e teremos três bandas amigas a tocar antes de nós amanhã. Um amigo nosso pintou a capa do nosso CD numas bandeiras para serem colocadas ao lado da bateria. Elas estão impecáveis! Provavelmente, também vamos tocar duas covers de bandas bem conhecidas, mas não queria adiantar muito... É suposto ser uma surpresa!

Em relação à vossa formação, as pessoas poderão pensar que vocês são uma banda muito recente, mas de facto vocês já andam nisso há dez anos. Fala-nos dessa primeira fase.
Nós começámos a nossa carreira muito jovens, em 1996. No Verão de 1999, começámos com a gravação da nossa primeira demo, e até essa altura tínhamos cerca de vinte músicas. Após essa gravação, o nosso baixista abandonou a banda para se poder dedicar mais à família. Entretanto, esta formação vem-se mantendo desde o Inverno de 2000/01: eu [voz e guitarra], o Thorsten [guitarra e coros], o Holger [baixo] e o Timo [bateria]. Gravámos depois a nossa segunda demo no Verão de 2001. Obtivemos muito boas reviews a ambas as demos e, entretanto, demos dado muitos concertos.

Existe uma frase no vosso press release que diz que vocês passaram os primeiros três anos de existência na sala de ensaios, mas creio que isso não é para ser levado à letra, certo?
Sim, nós não passámos o tempo todo a ensaiar. Demos alguns concertos nas localidades mais próximos de onde vivemos e divertimo-nos muito nesses tempos. A maioria desses espectáculos foram marcados por caos total e muita cerveja! (risos) Ah podes crer que foi... (risos)

É muito difícil erguer e sustentar uma banda na Alemanha?
Nós sempre fizemos por estar sempre a divulgar o nosso trabalho e sempre tentamos tocar o maior número de espectáculos possível. No sabemos que é difícil erguer uma banda desconhecida na cena metaleira Alemã, mas nós sempre seguimos em frente e nunca desistimos, sempre divulgando notícias em revistas e fanzines. Mandámos as nossas demos para editoras e contactámos revistas no sentido de fazerem reviews às nossas demos. Foi um período longo e difícil, mas finalmente alcançamos aquilo com que sempre sonhámos – assinamos um contracto com uma editora!

Existe também uma comentário no vosso press que explica que vocês chegavam a atirar promos para os palcos das bandas famosas a que assistiam aos concertos para promover o vosso trabalho. Esta é uma maneira curioso de promoção...
Sim, é verdade. O Timo e eu viajámos até Praga e Atenas e atirámos promos para o palco dos Iron Maiden. Igualmente, distribuímos CD’s pelo público, porque o público que gosta de Iron Maiden também aprecia o nosso som, acho eu! (risos) Fizemos isso com a nossa primeiro demo e, nessa altura, eram cassetes a voar directamente para os músicos em cima do palco!

E isto resultou em alguma ocasião? Alguma banda ou manager chegou a vos contactar?
Infelizmente, não. Mas nós vendemos muitas demos desta maneira, porque o público gosta da nossa música.

Em relação ao título do disco, que “medo” é este que vocês estão a percepcionar?
Toda a gente tem medo de alguma coisa, a única questão é de quê!... Talvez da guerra, da manipulação, das trevas, das decisões políticas, da morte, dos desastres naturais... Acho que existe um pequeno medo em todos nós. Olhem para dentro de vós próprios e irão encontrá-lo.

Como descrevem o vosso som? Trata-se de um estilo bem “germânico”, certo?
Penso que se trata de um Heavy Metal tipicamente germânico com um toque americano. Não gostamos da descrição Power Metal, porque muitas pessoas pensam logo em Rhapsody ou Hammerfall. Mas nós pensamos que a nossa música parece-se muito mais com os primórdios dos Iron Maiden, Rage ou Grave Digger. Puro Heavy Metal. Nós todos temos influências muito diferentes dentro da bandas. Nelas incluem-se, para além das que já citei, Nevermore, Running Wild, Slayer, Pantera, Guns’N’Roses, Blind Guardian, Iced Earth (na altura do Matthew Barlow), Destruction, Cannibal Corpse, Annihilator, entre muitas outras. Mas as influências mais importantes são mesmo os Iron Maiden e os Rage.

A promo de “Perception Of Fear” já anda a circular há algum tempo... Têm recebido boas críticas, têm feito muitas entrevistas?
Sim, temos recebido muitas reviews e temos respondido a algumas entrevistas, inclusive, algumas por telefone. Na Metal Hammer conseguimos o quinto lugar na secção “Soundcheck” e o décimo quarto lugar na revista Rock Hard. É realmente muito bom.

Vocês têm uma canção muito bonita em “Perception Of Fear” intitulada “Dreamspace”. Este é precisamente o título de uma das vossas demos. Existe portanto uma relação entre elas?...
Sim, este é o título da nossa primeira demo. Nós tocamos este tema em todos os concertos e quisemos inclui-lo no CD com um melhor som. O Henner da AFM inclusive sugeriu que gravássemos esse tema nos estúdios Stage One com o Andy Claasen e, como tínhamos muito tempo de estúdio, decidimos grava-lo.


Após tantas dificuldades iniciais, vocês acabam por assinar com uma grande editora. Desta forma, vão beneficiar, com certeza, de uma promoção muito decente. O que tem a editora planeado para vocês após essa festa de lançamento?
Estamos realmente interessados nos dias que se seguirão ao lançamento. Queremos saber o que a AFM achou do nosso desempenho ao vivo, porque eles nunca nos viram ao vivo... O que têm planeado para nós? Bem, neste momento o que sabemos é que eles fazem um excelente trabalho a nível de promoção. Após a festa de lançamento nós iremos falar com eles saber melhor que planos têm para nós.

Para finalizar, queres deixar algum comentário aos açoreanos e aos leitores da SounD(/)ZonE?
Sim. Quero, antes de mais, agradecer-te por essa entrevista. Talvez alguns leitores saibam sítios para se tocar aí. Gostaria muito que nos contactassem para organizarmos aí uns concertos em Portugal... Bem, tudo de bom para ti e para a tua zine. Diverte-te! Saudações para todos os metaleiros em Portugal! Stay heavy!

PLAYLIST DANIEL “KENSINGTON” SEIFERT

Nevermore – "This Godless Endeavor"
Arch Enemy – "Doomsday Machine"
Iron Maiden – "Brave New World"
Rage - "Trapped"
Annihilator – "Never, Neverland"

www.sencirow.de

Nuno Costa

Entrevista Khold

ABANDONADOS NA ESCURIDÃO

Formados em 2000 em Oslo, Noruega, os Khold bem se podem gabar da carreira e ascenção que atingiram em tão pouco tempo. Estrearam-se logo em 2001 com o aclamado “Masterpiss Of Pain”, isto após apenas terem gravado uma demo e merecido logo a confiança de Satyr (Satyricon) e da sua Moonfog Records. Seguiram-se-lhe “Phantom” (2002) e “Morke Gravers Kammer” (2004) e duas digressões com os Satyricon. O seu black metal primitivo e balançado, muito característico em contrabalanço com a vulgaridade das bandas rápidas do género, fizeram com que os Khold se afirmassem com alguma facilidade e representassem uma proposta muito fresca nos meandros da música extrema. Nesta altura, chegam ao seu quarto disco, “Krek”, nos escaparates desde 10 de Outubro pela Tabu Recordings. A SounD(/)ZonE teve agora oportunidade de falar com o mentor e baterista Sarke.


Bem, sei que os Khold são muito conhecidos na Europa, mas sinto que isso ainda não acontece aqui nos Açores... Gostarias de nos dar uma perspectiva da vossa carreira?
Bem, nós apenas gostamos de fazer a nossa “cena”... Música muito fria e obscura.

Não sentiram que foi realmente fantástico terem obtido uma ascensão tão rápida como aquela que tiveram em 2000, e que logo vos valeu um contracto com a Moonfog do famoso Satyr? Ainda mais quando só tinham gravado uma demo até à data e o vosso black metal era de facto muito primitivo...
Sim, tens razão! Fizemos e gravámos algumas boas músicas. O seu som era brutal e, de certa forma, novo dentro da cena black metal. Black metal primitivo, sujo e pesado... A Moonfog gostou dele imediatamente.

Ainda acerca do vosso estilo musical… Aquele groove e tendências doom injectados na vossa música foi algo espontâneo quando criaram os Khold ou foi algo deliberado no sentido de oferecer realmente algo novo ao mundo do black metal?
Surgiu tudo naturalmente. Até mesmo o black metal tem que fluir! Nós gostamos deste tipo de música directo, frio e primitivo. Começo a notar que cada vez mais bandas começam a seguir este tipo de black metal.

Tens noção de que a Noruega é a terra mãe “amaldiçoada” do black metal...Sabes, muita gente que tem bandas de black metal pelo mundo gostaria imenso de viver e tocar aí... Que dirias a essas pessoas?
Muita gente já se interessava pelo black metal aqui na Noruega antes de ele se tornar famoso. Eu comecei a ouvir bandas como os Mayhem, Darkthrone e Cadaver em 1987/88 e vi-os muitas vezes ao vivo. Eu penso que a coisa mais importante para as bandas mais jovens é simplesmente criarem aquilo que gostam. Não copiem as outras bandas. Tu podes ser influenciado por eles e pelo mesmo estilo de música, mas fá-lo à tua maneira. Acreditem na vossa própria música mesmo quando algumas pessoas disserem que ela não vale nada.

Como surgiu a próxima relação que vocês gozam com Satyr?
Tudo aconteceu quando ele nos assinou pela Moonfog... A partir daí, tem feito um grande trabalho de promoção aos nosso trabalhos.

A partir deste relacionamento também provieram duas digressões com os Satyricon. Fala-nos dessas experiências.
Nós temos feito imensos concertos com os Satyricon... É sempre, simplesmente, muito bom!

Que outros benefícios têm tirado deste relacionamento?
Bem, desta forma temos mais pessoas nos nossos concertos. Realmente, comparecem muitas mais pessoas quando tocamos com os Satyricon do que quando tocamos por nome próprio.

Relativamente a “Krek”… Bem, antes de mais, e para acabar o ano em beleza, foi lhe atribuído o prémio “Álbum do Ano 2005” pela revista online Friedhof. Nada mau, hein?
Sim, foi realmente muito bom! Isto significa que algumas pessoas gostaram realmente do nosso trabalho. Fomos também já nomeados para “Melhor Álbum de Metal” na Noruega duas vezes.

Que espírito envolveu a composição deste novo álbum?
O mesmo de sempre: criar música obscura.

Já agora, o que significa o título deste álbum?
“Krek” refere-se a uma pobre criatura abandonada e esquecida...

Que distinções podemos encontrar entre este álbum e os vossos anteriores?
Desta vez, todos os membro entraram no processo de composição. Normalmente, eu faço a maior parte dos temas juntamente com o Gard... Penso que neste álbum o som ainda é mais cru que nos outros álbuns.

E no que concerne a feedback do público e imprensa, como tem sido?
O feedback tem sido bom, mas claro que haverão sempre pessoas que não vão gostar do nosso material.

E o público tem gostado da performance dos temas ao vivo?
Sim, o público tem gostado muito dos temas e acho que eles resultam muito bem ao vivo. Vamos ver como as coisas se desenrolam, ainda nos faltam três concertos esse mês.

Uma vez que vocês são uma banda que foge ao padrão de bandas que toca black metal veloz, como olham para elas? Sentes que existe alguma falta de criatividade nessas bandas?
Não, eu gosto de bandas velozes. Mas eu gosto muito mais de criar e tocar música mais lenta.

Vocês nunca pensaram em escrever temas em inglês?
Nos Khold sempre cantamos em norueguês e nunca pensámos em escrever letras em inglês... Com certeza que seria óptimo se toda a gente compreendesse o que dizemos, mas simplesmente vamos continuar fiéis a nós próprios.

O vosso álbum saiu há pouco tempo mas, no entanto, já gravaram dois vídeos! Isto é óptimo! Importas-te de fazer um breve resumo dos seus conteúdos?

O primeiro vídeo, “Blod og Blek”, é pouco usual... O novo vídeo “Innestengt I Eikekiste” acabou por ficar muito bom e deu imenso trabalho... Posso dizer que é o vídeo mais “Khold” que fizemos até hoje. Rinn, o nosso guitarrista, foi quem fez o vídeo e podem consultá-lo em www.khold.com

O que podemos esperar dos Khold para os próximos tempos?
Estaremos em digressão pela Europa depois do Verão. De resto, não existem mais projectos por agora.

Para finalizar, queres deixar algum comentário aos açoreanos?
Continuem fiéis à música extrema!!

PLAYLIST SARKE

Slayer - "Reign In Blood"
Slayer - "South Of Heaven"
Slayer - "God Hates Us All"

www.khold.com

Nuno Costa

Friday, January 13, 2006

SEVENDUST
"Next"
[CD - Roadrunner Records/Universal]

Para quem os julgava fora de cena, aqui têm a prova de como os nova-iorquinos Sevendust estão vivos e bem vivos. Após quatro álbuns e um Best Of, rescindiram com a TVT Records e agora representam a vasta “equipa” da Roadrunner Records. Como estreia com a sua nova “camisola” lançam o seu quinto álbum intitulado “Next”. Mesmo após algumas alterações na formação ainda permanecem três dos pioneiros da banda - o carismático frontman Lajon, o baterista Morgan Rose e o Guitarrista Vinnie Miller, aos que se juntaram agora o guitarrista Sonny Mayo (ex-(Hed)p.e. e Snot) e o baixista Jonh Seger. Com “Next” os Sevendust não apresentam uma sonoridade muito distante daquela que nos têm mostrado anteriormente, mas por outro lado transformaram um pouco a sua imagem (logo e lettering) e adoptaram também novas maneiras de conjugar peso e melodia. Podemos anotar deste disco bons riffs poderosos, bonitas melodias de viola acústica, um baixo bem vincado, ritmos “irrequietos” de bateria e um jogo de vozes ainda mais inovador e cativante entre Lajon e Morgan. A nível de produção, o som do disco está muito equilibrado e longe da monotonia. Para finalizar, destacaria temas como “Hero”, “This Life” e “Desertion”, que demonstram bem como esta banda continua firme dentro do vasto leque de bandas de nu-metal existentes. São independentes e maduros para fazer o que lhes “dá na gana”! Blow the dust from your heads! [8/10] Ruben Bento

Entrevista Resposta Simples

GRITO DE REVOLUÇÃO

Formados no ano de 2003, os Resposta Simples são mais um manifesto de que o punk/hardcore vive na Terceira, e com saúde. Após lançarem uma maqueta - “Resposta Simples” – e um EP – “Teatro da Vida”, eis que nos chega em finais de 2005 mais um trabalho, o EP “Revolução Pessoal”. Muito dinâmicos na forma como se movimentam dentro do meio musical, os Resposta Simples souberam sempre lutar pela sua projecção, bem como procurar as oportunidades certas e disso valeu-lhes três trabalhos gravados no continente e várias concertos por terras continentais. Neste momento, a banda encontra-se sediada em Lisboa e prepara-se para começar a gravar o seu primeiro álbum em Fevereiro próximo. Sobre estes e muitos outros pormenores, a SounD(/)ZonE falou com o guitarrista e vocalista Paulo Lemos.


Conta-nos como foi que se conheceram e formaram os Resposta Simples?
Somos três amigos de longa data, conhecemo-nos a todos desde há largos anos e a ideia de criar um projecto musical foi algo que sempre nos suscitou interesse e que passou assim de uma simples conversa para o real. Formámo-nos deste modo em inícios de 2003. Embora tenhamos sofrido algumas mudanças desde a nossa formação, de momento encontro-me na voz e guitarra, o João Pedro no baixo e coros e o Tiago na bateria e também nos coros.

Quer-me parecer que a nível de punk rock, a Terceira é realmente o foco por excelência de bandas do género nos Açores...Creio até que se pode falar num movimento, certo?
Bem, posso dizer-te desde já que essa questão é um pouco ambígua. Realmente, é um facto que a Terceira reúne grande número de bandas do género, mas o dito cujo "movimento" acaba por se entrelaçar, inevitavelmente, na íntegra com o movimento musical terceirense, entendes? Ou seja, não existe, por enquanto, uma actividade coesa e um público específico para este estilo, sendo que os concertos do género ocorrem sempre com misturas de diferentes bandas de diferentes estilos musicais.

Mas de facto, a Terceira preservou esta face musical até aos dias de hoje...Pelo contrário, em S. Miguel as coisas mudaram muito ao longo dos anos e houve uma certa actualização do rock e do metal. A Terceira parece-me ter uma personalidade musical muito própria. Não se vê, por exemplo, por lá bandas de nu-metal, nem black, nem thrash metal... Como analisas essa situação?
Infelizmente, essa situação não está apenas circunscrita às bandas de metal, mas sim à sua grande generalidade, independentemente do estilo musical. Existe presentemente um atenuamento (e alguma falta de vontade, na minha opinião) na Ilha por parte dos antigos e novos projectos. Existem no activo ainda algumas bandas de metal e posso dizer-te que, em comparação, subsiste um maior público mais virado para o metal do que para o punk e hardcore. O problema é inevitavelmente o desinteresse das pessoas pelo rock, o que se traduz num decréscimo de músicos e, consequentemente, na falta de surgimento de novas bandas. Se fores a ver ao pormenor, à excepção de um ou outro caso, as poucas bandas terceirenses que em 2006 estão no activo são praticamente as mesmas que existiam quando nos formámos, há cerca de 3 anos atrás, não existindo assim sangue novo a renovar o movimento musical.

Entretanto, desde essa altura, muita coisa boa vos tem acontecido... Uma participação no concurso Angra Rock, uma maqueta e dois EP’s, vários concertos ao vivo, inclusive, alguns no continente!! Que balanço fazes de todo esse tempo?
Mesmo com pouco tempo de formação, estamos bastante satisfeitos com o decorrer dos acontecimentos. Temos já alguns registos a circular e as actuações ao vivo vão surgindo e o reconhecimento a nível nacional também. Pretendemos continuar com a mesma, ou mais, força de vontade que até agora e demonstrar o nosso trabalho ao maior número de pessoas.

Os Respostas Simples, actualmente, estão sediados no continente, certo?
Sim, de momento estamos os três a viver no continente português. Embora a insularidade não seja mais uma barreira a combater, infelizmente a distância ainda continua a dificultar-nos a vida: vivo em Lisboa, o João Pedro na Covilhã e o Tiago em Vila Real. Contudo, após viver largos anos no arquipélago, esta distância não nós é assim tão significativa e, felizmente, conseguimos sempre até agora arranjar tempo e forma de ensaiarmos, gravarmos e actuarmos ao vivo.

Como tem sido a experiência no continente a nível de concertos? Sentes que o público é mais fervoroso, adere mais?
Sim, sem dúvida alguma. Nos Açores, mais propriamente na Terceira, existe ainda de certa forma desconhecimento e não à vontade das pessoas em relação aos mosh pits, slam dancing, stage diving e afins, o que acaba por empobrecer os concertos do género. Aqui, no continente português, sentes que o público está mais liberto e reage mais à música havendo por regra mosh, as pessoas a cantarem, a divertirem-se e, inclusive, vêm falar contigo no fim dos concertos. São gestos como estes a que todos nós damos grande valor.

Vocês sempre manteram uma relação muito própria e proveitosa com o continente desde o início. Já a vossa primeira maqueta foi gravada no continente...
É irónico que, para demonstrarmos o nosso trabalho no arquipélago, tivemos que nos deslocar ao continente, já que os estúdios locais cobravam (e cobram) imenso e a qualidade em relação ao preço deixa algo a desejar. Estando os Resposta Simples inseridos no meio punk hardcore, tivemos conhecimento de alguns estúdios da "cena" que cobravam preços acessíveis com produtores que sabiam que som queríamos produzir e que, além disso, eram impecáveis enquanto pessoas. Acabámos assim por produzir a nossa maqueta nos estúdios “Burning Desire”, em Bombarral, e os dois EPs em Coimbra, nos estúdios “SoundChemistry”.

O que achas que falta realmente às bandas de cá para terem verdadeira projecção e se conseguirem lançar? No vosso caso, digamos que vocês se “desenrascaram” muito bem, imbuídos pelo verdadeiro espírito DIY (Do It Yourself), coisa que talvez falte a muitas bandas de cá... Talvez a insularidade não seja assim um problema tão grave quanto isso, mas sim a falta de empenho e espírito de sacrifício...
Sim, creio que por muitas vezes as oportunidades estão lá, só que não são aproveitadas por uma ou outra razão, talvez maioritariamente por falta de empenho das pessoas. Além do talento, é preciso também muito trabalho de fundo e sacrifício (que não é por muitas vezes reconhecido) e, por vezes, as bandas não estão dispostas a isso. O espírito DIY foi algo que certamente nos impulsionou, inspirou e fez acreditar em nós enquanto banda.

Vocês já contam com 3 registos... No entanto, só conheço dois! Por isso te pedia que nos traçasses um perfil destes 3 trabalhos.
Contamos com um total de 3 registos, tendo lançado cada um em cada ano da nossa existência. Sendo assim, em 2003 lançámos a nossa maqueta que é um registo punk rock cru, rápido e sem “papas na língua”. Em 2004, editámos o EP "Teatro da Vida" que devido à entrada de um guitarrista solo, o som acabou por sofrer algumas modificações, tendo comportado algumas influências metal, com solos conjuntos e um pouco mais melodioso de certa forma. Por fim, em 2005, lançámos pela nossa editora - Impulso Produções - o EP "Revolução Pessoal" que, na minha opinião, é o nosso melhor registo, tanto a nível de masterização como a nível temático. Pode-se verificar neste EP um maior crescimento musical, uma outra maturidade, estando sempre presente uma velocidade acelerada.

Uma das diferenças que noto entre “Revolução Pessoal” e a vossa maqueta de estreia, é a ausência dos solos... De facto, PP abandonou a banda e é uma pena... Têm ideia de trazer mais um guitarrista para a banda no futuro?
Em princípio, isso não deverá acontecer. Como entendes, os Resposta Simples são um grupo muito restrito e a questão da disponibilidade de horários e tempo obriga-nos de certa forma a perdurar num trio de modo a continuarmos com o projecto com a mesma energia. Temos actuado nestes últimos tempos com uma certa regularidade no arquipélago e no continente português e a inclusão de uma quarta pessoa que não fosse compatível em termos de tempo, iria com certeza acabar por reduzir o nosso ritmo de trabalho, o que certamente não desejamos.

Pelo que li, uma das maiores críticas ao vosso último trabalho foi a questão da produção. De qualquer maneira optaram por gravar de novo no mesmo estúdio...
Realmente, no nosso primeiro EP, tivemos alguns dificuldades quanto à produção do trabalho, mas isso deveu-se à reduzida disponibilidade económica que possuíamos na altura, o que nos obrigou a gravar e masterizar os temas de forma muito rápida e isso acabou por reflectir-se no "Teatro da Vida". Contudo, decidimos gravar o EP “Revolução Pessoal” novamente nos estúdios SoundChemistry pois sabíamos que, com mais tempo de estúdio, os erros de produção do primeiro single seriam sanados e sairíamos de lá com um bom trabalho, o que felizmente acabou por acontecer.

Lírica e conceptualmente, como achas que a banda tem evoluído nestes 3 anos? Que temas continuam a demover os Resposta Simples a expressar a sua revolta e raiva contra a sociedade?
A banda tem evoluído, certamente, de ambas as formas. Se antes encontravas na maqueta temas mais ásperos e crus como “Capitalismo é merda” ou "Caos total", acabas por te deparar no segundo EP com músicas como "Memória Desvanecida" e "Dor e Agonia". São temas mais maduros e virados agora para o introspectivo, estando sempre a questão social presente, talvez agora mais dissolvida na própria letra do que precisamente nos títulos das canções.

O EP já saiu esse Verão... A partir daí como têm sido as reacções? Estão satisfeitos?
Felizmente tem existido um bom feedback por parte da crítica, o que nos tem surpreendido de uma forma positiva. Reviews com boas observações em blogs como "Metal Incandescente" e "A Trompa", que se referem a nós como “um novo nome a reter” no meio punk hardcore, comentário que nos encorajou ainda mais com o nosso trabalho. Temos de momento já poucos exemplares em mão, estando este segundo EP dentro de pouco a esgotar-se, tal como aconteceu com a maqueta e o "Teatro da Vida".

Por falar nisso, o vosso novo EP está a circular em que sítios mais propriamente? Estrangeiro também?
O EP encontra-se disponível em quase todas as distros portuguesas do meio punk e hardcore. Podes encomendá-lo através da Ataque Sonoro, Dirty House, Rastilho, Invasion Rock Distro, Some Farwest Noizes, Hard to Break Recs, entre outros. Além das distribuidoras, está também disponível em algumas lojas no continente português como a Jurassic Shop ou na própria Ilha Terceira, como na Xamarrita. Quanto ao estrangeiro, estamos agora em conversações para distribuição do EP na Turquia, através da distro Attack To Society, que outrora lançou lá a nossa maqueta.

Como tem decorrido a promoção de “Revolução Pessoal”, nomeadamente a nível de concertos?
A nível de concertos tem corrido de forma muito positiva. Fomos já convidados várias vezes para actuar no continente português como, por exemplo, no Lotús Bar em Cascais e agora no HardClub em Gaia, no qual vamos partilhar novamente o palco com os Freedoom. Temos já mais algumas datas que iremos dar a conhecer mais à frente.

Vocês possuem uma editora própria, certo? Foi criada só com o intuito de promover a banda ou vocês também estão a assinar outras?
Sim, como deves saber possuímos a Impulso Produções. Esta foi criada com o propósito de lançar bandas locais, o que acabou por acontecer primeiramente com os Manifesto, depois com o nosso EP e futuramente com a banda punk angrense Fora de Mão. A Impulso está também de momento a tratar de uma compilação punk hardcore nacional dupla chamada “Ataque Frontal”, que contará com um total de 50 bandas.

Também li que vocês, em princípios de 2006, vão finalmente gravar o vosso primeiro álbum!!! O que nos podes adiantar sobre isso?
A gravação deste nosso primeiro álbum é algo bastante significativo e que nos entusiasma verdadeiramente. Posso antecipar que iremos entrar nos estúdios Restart em princípios de Fevereiro, para gravar um total de 11 temas e também um videoclip. Em princípio, o CD será editado pela Impulso Produções e distribuído pela Musica Activa, o que garantirá uma boa distribuição por todo o país. Temos mais umas surpresas reservadas, mas quanto a estas será o próprio tempo a pô-las a descoberto. (risos)

Para terminar, desejos para 2006 e uma mensagem para os leitores da SounD(/)ZonE...
Da nossa parte desejamos a todos um 2006 repleto de muita música, imensas oportunidades e que as iniciativas não deixem de surgir (não se deixem abater apesar das contrariedades pois, acreditem ou não, estas irão estar sempre presentes). Por fim, queremos agradecer a tua atenção nos Resposta Simples e desejar-te os parabéns pelo bom trabalho aqui desenvolvido!

PLAYLIST PAULO LEMOS

Hatebreed - "Perseverance"
For The Glory – "For The Glory"
Ratos de Porão – "Onisciente Colectivo"
Sin Dios – "Ódio al Imperio"
The Parkinsons – "Down With The Old World"

www.respostasimples.net

Nuno Costa

Wednesday, January 11, 2006

ONE MAN ARMY AND THE UNDEAD QUARTET
“21st Century Killing Machine”

[CD – Nuclear Blast/Mastertrax]

Quando se anunciou o regresso de Johan Linstrand aos The Crown em 2002, após uma ausência de quase dois anos, pensava-se que a banda iria tomar um novo fôlego e solidificar-se para mais uma série de anos de carreira. No entanto, dois anos mais tarde, anunciam o seu fim por considerarem-se cansados de suportar digressões sob fracas condições e pelo facto dos rendimentos serem muito baixos para as suas expectativas. Assim se “atirava a toalha” para o chão e ponha-se fim à carreira de uma das bandas thrash/death suecas mais carismáticas dos anos 90.

Apesar de tudo, e como seria de esperar, o ímpeto criativo de Johan Lindstrand não se deixaria ficar por aqui e, no mesmo ano, começou a compor temas sozinho e gravou uma demo de seis faixas intitulada “When Hatred Comes To Life”. Logo depois foi uma questão de arranjar o resto dos elementos para formar uma nova banda e apresentar a demo às editoras. Da Nuclear Blast veio uma proposta irrecusável e assim começaram a ensaiar para a gravação do seu primeiro CD. Em Setembro de 2005, entram nos Bohus Studios com o conhecido Dragan e, num mês, gravam este debuto que dá pelo nome de “21st Century Killing Machine”, a lançar na Europa no próximo dia 13 de Janeiro.

Na verdade, este álbum faz pouco jus ao seu título, pelo menos na perspectiva futurista de novo século, já que de agressividade e potência não lhe podemos acusar de falta. Quanto muito, a produção servirá para demonstrar a sua contemporaneidade mas, todo o resto acaba por soar datado e o mais preocupante é que parece aqui reinar uma grande falta de criatividade e irreverência artística. O que temos aqui é um thrash/death metal na veia de uns The Haunted, The Crown [pois claro], ou até mesmo de uns Slayer, mas sempre com a típica melodia sueca inerente. Todos os temas estão bem construídos, os riffs de guitarra, no geral, estão muito apelativos e potentes, os solos revelam belíssima técnica e a excelente produção faz destes temas uma autêntica “pedra” arremessada aos nossos ouvidos. Mas de facto, existe neles o problema [grave] da falta de personalidade, que é coisa que não se explica mas se consegue sentir ao longo do disco. É com alguma displicência que chegamos ao fim do álbum e, realmente, pouco conseguimos reter na nossa memória. Excepção feita a “Hell Is For Heroes” que é realmente o tema que nos consegue tirar verdadeiramente da “sonolência” que o álbum gera. É verdade que também existem outros momentos interessantes neste disco, como por exemplo “Killing Machine” ou “Public Enemy No 1”, e verão que esta “sonolência” a que me refiro está longe de ser sinónimo de mediocridade. Mas é um facto [estranho] que conseguimos escutar esse álbum variadas vezes e, apesar deste soar bem, nunca chegamos a encontrar nele nada que realmente nos apaixone.

Talvez pelas elevadas expectativas, o impacto deste álbum tenha saído frustrado, mas é um facto que Lindstrand e companhia terão que se esmerar muito mais para a próxima e trazerem cá para fora toda a sua alma para assim construírem temas verdadeiramente memoráveis. No entanto, acredito que este material resulte muito melhor ao vivo e teremos oportunidade de constatar isso no próximo dia 19 deste mês com Children Of Bodom e Ektomorf, no Hard Club em Gaia. Não percam. [7/10] N.C.

Tuesday, January 10, 2006

EDGUY
“Rocket Ride”

[CD – Nuclear Blast/Mastertrax]

Após seis álbuns de estúdio e uma carreira repleta de sucesso, Tobias Sammet e companhia regressam no dia 20 deste mês com o seu novo trabalho – “Rocket Ride”. Após uma breve audição creio que se torna evidente que a banda evoluiu numa direcção um pouco diferente daquela que pisava no início da sua carreira, mas é igualmente unânime que a banda do Sr. Avantasia soube inteligentemente preservar todas as características que a tornou famosa, desde o sarcasmo hilariante das suas letras aos temas rápidos e repletos de atitude rock’n’roll. Mesmo sendo vago conhecedor da obra destes germânicos, foi-me relativamente fácil perceber isso.

“Sacrifice” abre o álbum de forma suave com o piano a dar o mote para um tema que se desenvolve subtilmente, compassado, com violinos a darem um bonito preenchimento no fim do tema. “Rocket Ride”, logo de seguida, já nos traz de volta o típico universo Edguy com a velocidade do pedal duplo a se demarcar para deleite dos fãs mais antigos. Também no plano dos temas mais rápidos temos “Out Of Vogue” e “Return To The Tribe”, este último a demonstrar o particularíssimo humor de Tobias Sammet. Estou a falar de um solo de “guitarra” que Sammet executa com a voz sob um estranho efeito sonoro – bem, o melhor é mesmo ouvirem! Em “Trinidad” reza-se a história de uma mulher muito feia das Caraíbas e, no final de “Catch Of The Century”, ouvimos um Tobias Sammet em estado de histeria a “berrar” que vai ter muitos carros, mulheres e uma grande casa um dia! Enfim, nada a que esses germânicos já não nos tenham habituado mas, de facto, uma paródia sempre imprescindível. Momentos calmos encontramos a meio do disco. Primeiro “Asylum” com uma entrada lindíssima de violão para depois desenvolver-se num épico compassado e potentíssimo e, logo de seguida, “Save Me” uma balada que poderia bem estar na discografia de Bon Jovi e que, pelo seu ar pop e os seus três minutos e meio, tão perfeitamente se constitui para se tornar um verdadeiro hit single de rádio.

Isto tudo revela que os Edguy se souberam moldar muito bem com o tempo e que caminharam na direcção certa para se tornarem autores de trabalhos cada vez mais equilibrados e interessantes. Aqui apresentam uma maturidade a nível de composição impressionante, fazendo de quase todos os temas verdadeiros hinos. A técnica e o sentido de humor depois faz o resto. Como diria um conhecido anúncio de TV de uma famosa bebida: “Seriamente na boa”! [8/10] N.C.

Saturday, January 07, 2006

THRASH PUBLISHING - Kit Nacional #3

A THRASH PUBLISHING tem disponível mais um "pacote" só de itens nacionais. Desta feita, o pacote é composto por:

- LVPERCALIA - "The Sublimation Of Darkness" CD Digipack

- ZYMOSIS - "Disharmonical symphony of black dimensions" Demo-Cdr 2005

- ARAUTO MAGAZINE #5 - (fanzine com CDr Compilação)

- UNDERWORLD - Entulho Informativo (Magazine) -OFERTA

Todos estes 4 produtos nacionais estão disponíveis por apenas 12.50 € e sem quaisquer despesas de envio.

Qualquer um destes títulos está também disponível individualmente. Os interessados deverão contactar o site através do e-mail:

thrash_pub@hotmail.com

http://www.metaldistro.pt.vu/

Wednesday, January 04, 2006

Entrevista Sinamore

PECADO ADITIVO

A lançar a 30 de Janeiro, “A New Day” é o álbum que vai dar a conhecer ao mundo os finlandeses Sinamore. Oriundos do vasto arquipélago de Hamina, ao largo da Finlândia, este quarteto vem mostrar-nos o porquê do seu país ser um dos expoentes máximos a nível de rock gótico na Europa. A juntar a bandas como HIM, Nightwish ou Charon temos agora os Sinamore a debitar rock melancólico e melódico, num perfil tão enquadrado com o catálogo da conhecida Napalm Records, que agora os assina. Após um início conturbado, a banda conseguiu finalmente gravar o seu primeiro álbum e, por isso, a SounD(/)ZonE foi encontrar um Tommy Muhli (guitarrista) muito bem disposto.

Apresenta os Sinamore aos Açorianos! Como foi que tudo começou?
No final dos anos 90, um conjunto de amigos de infância pensou em formar uma banda...E foi basicamente isso. Penso que terá sido, mais precisamente, em 1998 quando os três membros fundadores Mikko Heikkilä [guitarra e vozes], Jarno Uski [baixo] e Miika Hostikka [bateria] começaram a trabalhar mais seriamente nesse sentido. Entretanto, foram fazendo os seus próprios temas, gravaram 3 demos e, após isso, juntei-me a eles, decorria o ano de 2002. Quanto ao som, penso que praticamos heavy metal numa onda mais dark...

Mencionaste, que a banda, após ter tomado a decisão de se formar, começou a fazer os seus próprios temas... Isto significa que antes era uma banda de covers?
Bem, toda a gente tem que começar por algum sítio. Mas penso que, após tocar a “Enter Sandman” por várias vezes seguidas no ensaio, começas a enervar-te! (risos)

Tu foste o último elemento a se juntar à banda. Como surgiu a possibilidade de te juntares a ela?
Eu tocava bateria numa banda de metal que ensaiava mesmo ao lado da sala deles, aqui em Hamina e descobri que eles estavam à procura de um segundo guitarrista,. Então combinamos tomar um copo juntos. E foi assim que a nossa relação começou – de uma conversa com odor a cerveja! (risos)

E como, efectivamente, entraste para o mundo da música/metal? Que bandas te inspiraram?
Bem, eu toco todos os estilos de música... Mas comecei a tocar guitarra quando tinha 6-7 anos quando ouvia Metallica e cenas dentro do estilo. Tempos depois comecei a tocar bateria numa banda de punk/rock e criei algumas coisas dentro do techno/metal. Eu sinto-me influenciado um pouco por tudo dentro da cena musical, desde o rock, metal, pop...

Achei curiosa a forma como vocês falam da vossa terra natal na vossa biografia. Aquele “cenário pitoresco de pescadores” foi algo que vos influenciou humana e musicalmente? Ou até mesmo aqueles “guetos” da cidade de Summa, ou até o “infame“ arquipélago de Hamina?...
Bem, eu penso que a Finlândia, sendo um país pequeno, obriga-te a fazer algo relevante. Nós temos um passado muito “colorido” mas, num sentido, moldou-nos de forma a que nos tornássemos nas pessoas modestas e melancólicas que somos.

É um bocado como o povo português e o seu Fado...

Sempre sendo arreliados pelos mais velhos...(risos)

Como está a cena aí na Finlândia?
Eu penso que está muito forte hoje em dia. A música finlandesa parece finalmente ter encontrado maneira de sair do seu espaço, graças ao sucesso de bandas como os HIM e Nightwish, por exemplo.

Achei curiosa a maneira como vocês descrevem o som dos Sinamore no vosso site – “um cruzamento de HIM com Katatonia com um aroma a Bon Jovi”. De facto, existe uma cena goth rock muito forte na Finlândia. Sentem-se inspirados por ela?
Bem, quanto aos Katatonia sim, mas não muito pelos Bon Jovi! (risos) Mas sim, de facto assimilamos muitas influências de bandas finlandesas e daquilo que escutamos todos os dias. No entanto, penso que não nos inserimos tão facilmente nessa cena gótica...Penso que somos mais rock.

Mas onde ficam as semelhanças com os Bon Jovi?
Eu penso que a descrição sobre os Bon Jovi tem a ver com a orientação das guitarras de uma banda que usa elementos dark e melancólicos na sua música, ou qualquer coisa parecida! (risos) De facto, a frase foi minha! (risos)

Vocês gravaram 5 demos antes do vosso álbum de estreia... Estava a ser difícil “romper” na cena finlandesa?
Bem, eu penso que a razão principal prende-se com o facto de que não estávamos preparados para isso na altura. A nossa capacidade técnica, bem como o nosso patamar musical só agora é o ideal para partirmos “à conquista do mundo”! Claro que precisamos de fazer melhor ainda, mas penso que percebes...

Sim, claro! E o que vos levou a quebrar contracto com a vossa antiga editora japonesa que ia lançar o vosso primeiro álbum?
Impuseram-se muitas dificuldades, em todos os aspectos. Nós não recebíamos o nosso dinheiro, a comunicação era difícil...Enfim, uma história muito longa.

Bem, e no entanto vocês permaneceram sem ninguém que vos lançasse o trabalho que, por sinal, já estava completamente gravado...
Sim, mas escolhemos não lançá-lo. Quando assinámos com a Napalm, nós fizemos a proposta de gravar um trabalho melhor. E eles aceitaram. Por isso, entrámos em estúdio de novo com um conjunto de novos temas e melhorámos tanto a gravação como a execução.

Mas algumas canções continuam a ser antigas em “A New Day”?...
Sim, algumas.

Antigas até que ponto?
“Crimson Leaf” foi originalmente gravada em 2001. “Sleeping Away” foi gravada em 2003. Todo o resto é novo ou ainda não foi lançado oficialmente.

Então podemos dizer que “A New Day” ainda representa bem o que os Sinamore são hoje...
Sim, podemos dizer que sim. Penso que estamos a caminhar para um patamar um bocado mais obscuro hoje em dia, mas também não demasiado. Não quero dizer com isso que vamos tocar black metal ou coisa parecida! (risos)

Como surgiu a hipótese de assinar com a Napalm?
Começou tudo por uma coisa simples: um e-mail. Escrevi ao Thomas (o nosso A&R) para perguntar-lhe se tinha recebido a nossa demo. Ele respondeu que não. Com essa resposta aconselhei-o que fosse ao nosso site e ouvisse o nosso material. A partir daí disse que sim! (risos) Daí pediu que lhe mandássemos material novo e depois foi só uma questão de assinar.

Em relação ao nome da banda, vocês primeiro tinham outra designação, certo?
Sim, passámos de Halflife [H/L] para Sinamore. Gostamos de nos ir mantendo actualizados. Primeiro, o nome Sinamore não passava de uma combinação estranha de palavras. Mas agora, pensando mais seriamente, ele reflecte o sentido da banda nas nossas vidas. Simbolicamente, representa qualquer coisa como o “pecado que adoramos fazer”... Até agora não nos arrependemos dele. “Pecado” no sentido em que extrai muito tempo e energia das nossas outras coisas da vida.

O vosso novo álbum aborda que temas?
Muitas coisas... Solidão, rejeição, a loucura do mundo, coisas desse género. Assuntos depressivos, não? É realmente difícil fazer-se canções alegres dentro do metal...

Desta vez vocês tiveram a oportunidade de gravar com um grande produtor. Acredito que tal não tenha sido possível com as vossas demos, certo?
Na verdade, fizemos duas gravações com o Teemu anteriormente. Mas desta vez, tivemos o Anssi Kippo a misturar o álbum. Penso que ele foi capaz de dar um novo ar “aguçado” ao nosso material. Mas o Teemu é realmente uma excelente pessoa com quem se pode trabalhar. Tivemos pouco tempo juntos porque estávamos com pressa em gravar mas, mesmo assim, divertimo-nos muito.

O que estão os Sinamore a fazer neste momento, uma vez que o seu novo álbum ainda não foi lançado?
Estamos a tentar promover o álbum o mais possível. Também me encontro a preparar o nosso próximo vídeo... Temos também ensaiado para os concertos, procurado agentes de espectáculos e um contracto com um manager, coisas do género...Temos muito trabalho a fazer!

Existe a possibilidade de uma tournée grande pela Europa?
Não direi que será uma tournée enorme, mas encontramo-nos a trabalhar para isso. Sinceramente, espero que possamos tocar fora da Finlândia o mais possível...

Para finalizar, um último comentário para os Açorianos e leitores da SounD(/)ZonE.
Se fores um fã de rock/metal gótico com uma tendência dark, estás convidado a visitar o nosso site para pesquisar vídeos e mp3. Comprem o nosso álbum, venham-nos ver ao vivo e, já agora, um feliz ano para todos!

PLAYLIST TOMMY MUHLI

MEW – “….And The Glass Handed Kites...”
Opeth – “Ghost Reveries”
Swallow The Sun – “Ghosts Of Loss”
Strapping Young Lad – “Alien”
Soilwork – “Stabbing The Drama”

Nuno Costa