Tuesday, October 18, 2005

DREAM THEATER
“Octavarium”
[CD – Atlantic/Warner Music/Farol]
Chegado aos escaparates em Junho deste ano, “Octavarium” marca o regresso – sempre tão esperado – dos nova-iorquinos Dream Theater. A banda prog rock que dispensa quaisquer apresentações, regressa de novo aos discos com um trabalho algo diferente dos seus antecessores, tanto a nível técnico como de abordagem estilística. Será verdadeiro afirmar que Labrie, Petrucci, Portnoy e Cª sempre nos habituaram a esperar tudo deles e a ouvir álbuns que vão desde o mais progressivo até ao mais pesado, daí que não seja de estranhar mais esta mudança na sua forma de tocar, pois aliás é isso que os torna a banda genial, impar e inesgotável que é. Desta forma, e após dois álbuns direccionados para ritmos mais pesados – tendência que se começou a evidenciar com “Six Degrees Of Inner Turbulence” e culminou depois com o potentíssimo “Train Of Thought” – os Dream Theater decidem agora “dar a volta”, após já terem explorado quase tudo na sua carreira e construir um álbum mais calmo, ainda assim com alguns momentos mais pesados, mas onde a característica demarcante é mesmo a “simplicidade” técnica com que os DT elaboraram esses temas. Apesar de não estarmos a falar de nada demasiado minimalista, longe disso, este álbum pode chocar alguns fãs mais exigentes, mas é preciso que se tenha em conta que estes músicos têm que gerir muito bem a sua carreira, pois já foram capazes de quase tudo e tocaram já milhares e milhares de notas. Deste ponto de vista, respeita-se essa mudança de atitude.

Como notas a este trabalho, pudemos constatar que os solos de Petrucci são menos predominantes e rasgados que antes, cabendo até mais às teclas este protagonismo. Para além disso, nota-se que as inspirações para este álbum foram bem diferentes das que inspiraram os seus últimos trabalhos – escutem “I Walk Beside You”, com um refrão completamente à U2 ou “Never Enough” onde se notam laivos de Muse, por exemplo. Contudo, estes temas repartem-se com outros mais pesados como o inicial “The Root Of All Evil” ou “Panic Attack” mas, mesmo assim, as peças mais pesadas de “Octavarium” nunca chegam a ser tão empolgantes e energéticas como as que pontuaram em “TOT” ou “6DOIT”. Sendo assim, os destaques acabam por ir para “These Walls”, um bonito tema que abre com bastante potencia mas que depois se vai transformando num tema muito melódico e emocional; “Sacrificed Sons” um tema longo e bem sentido face à sua temática [os atentados do 11 de Setembro] e, por fim, um épico com o tema-titulo, desenvolvido ao longo de 24 minutos, onde tudo se inicia calmamente com um ambiente tipicamente Pink Floyd vindo depois a crescer e a desembocar nos habituais malabarismos técnicos só ao alcance destes músicos. De um modo geral, este álbum até poderá soar a desilusão se comparado com a magnitude e dimensão de outras das suas obras mas, após o impacto inicial e entrando no espírito do álbum, este até se pode tornar muito interessante. No entanto, há que reconhecer que este álbum está, efectivamente, um pouco abaixo da média daquilo que os Dream Theater já fizeram. [8/10] N.C.

Monday, October 17, 2005

Live Zone [report]

HIFFEN / THE GHOST
15.10.05 - Coliseu Micaelense, Ponta Delgada

Finalmente chegou a noite tão esperada por muitos. Sábado, dia 15 de Outubro, actuaram no Coliseu Micaelense os Hiffen no âmbito do lançamento do seu primeiro álbum - “Crashing”.

Como é sabido, o concerto estava agendado para as 22h00, com entrada livre. Contudo, e para não fugir à regra, os ponteiros do relógio marcavam as 23h00 e ainda não se ouvia nada... Temos, portanto, a primeira nota negativa da noite. Durante esse longo compasso de espera, fãs e curiosos dirigiam-se à banca de merchandising onde podiam comprar o debutante CD dos Hiffen e respectivas T-Shirts da banda. Conversa puxa conversa e continuava-se sem sinal dos Hiffen. Por volta das 23h15, ouve-se então uns primeiros sons ambiente provenientes do recinto… Tinha chegado a hora! Altura de apagar o cigarro, dar o último gole… Mas para espanto de todos, não eram os Hiffen, mas sim os The Ghost Band, uma experiente banda de covers convidada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada para servir como banda de abertura para este espectáculo. Nesta altura o recinto até que estava “semi-composto”, passe a expressão. Mas logo cedo desnudou-se quando o público se apercebeu que, apesar de talentosos, não eram mais do que uma banda de covers: Bob Marley, Beatles, etc... Ora, não foi propriamente a banda mais indicada para se trazer perante o público que se fazia sentir... Enfim, temos a segunda nota negativa da noite.

Cigarro puxa cigarro e os ponteiros do relógio já marcavam as 00h15. As horas a passar e a tensão a aumentava. O público, em geral, estava a ficar aborrecido e irritado com a situação, pois tinham ido ao Coliseu ver os Hiffen e não uma outra banda qualquer. Esse contratempo ultrapassou por completo os Hiffen que não pensavam, nem de perto nem de longe, que a prestação da banda convidada se fosse alongar como se verificou. Em conversa particular para o METALICIDIO.COM, Renato Medeiros (guitarrista de Hiffen), considerou toda esta situação uma enorme falta de respeito pela banda e pelo público presente.

Por volta da 00h20 os Hiffen sobem, finalmente, ao palco. Apresentados por Emanuel Costa, animador da Rádio Atlântida, abrem o seu concerto com o tema "Blind Toughts". No geral, o som estava bom – primeira nota positiva da noite. Há que fazer somente um reparo para as guitarras que soavam um pouco estridentes. Após a prestação dos The Ghost, e dada a hora, o calor humano no recinto era cada vez menor. No intervalo de cada tema, o apresentador entrava em palco e fazia o seu dever, porém, essa opção tornou-se um pouco cansativa para quem estava a assistir, havendo assim quebras na actuação - o que não favorecia de todo a interactividade entre a banda e o público. Terceiro e último ponto negativo da noite.

O concerto prossegue com "Join of An Angel" - tema cantado em português -, "Para Além do Imaginário", "Empty Sea", o sonante "Look Upon The Rainbow", "Storm of Rain" e "The Never Endless Roads". Para fechar o concerto, Emanuel Costa enumera uma longa lista de agradecimentos e, em especial, para Paulo Melo (produtor), Luís H. Bettencourt (co-produtor), Paulo Bettencourt (guitarrista dos Morbid Death) e André Frias (fotógrafo) que são convidados a subir ao palco. Paulo Melo e Luís H. Bettencourt participaram como segundas vozes no tema final do concerto - "Soul Never Ends". Uma balada que retratou da melhor maneira a amizade que se fazia sentir em palco.

Texto: Rui Melo [www.metalicidio.com]

Fotos: André Frias [www.contratempo.com]

Thursday, October 13, 2005

CRYPTIC WINTERMOON
“Of Shadows... And The Dark Things You Fear”
[CD – Massacre/Mastertrax]
Apesar de já existirem há uma década, os alemães Cryptic Wintermoon só agora chegaram ao conhecimento deste vosso escriba. Segundo a minha pesquisa ao seu passado, os Cryptic Wintermoon eram descritos como uma banda de black metal, mas neste seu novo trabalho o meu primeiro contacto deixou-me demasiado longe de os considerar uma banda deste género. E muito menos se pense que se está a falar aqui de um black metal primitivo e gélido, tipicamente das géneses norueguesas, pois se no seu passado a banda nem chegava a ser assim, hoje em dia são muito mais difíceis de descrever ou inserir dentro de um género isolado, mas sim convindo dividi-los por muitos. Qual manta de retalhos, os Cryptic Wintermoon soam coesos e personificados o quanto baste para lhe prestarmos a devida atenção e se já com os anteriores trabalhos tinham vindo a surpreender, com este demonstram novo passo no seu crescimento como banda. Composições muito sólidas, embrulhada em riffs muito atractivos, numa dosagem muito equilibrada de peso e melodia e uma série de outros elementos que vão desde o gótico, ao dark e ao death metal sueco. O trabalho de teclas cria o preenchimento perfeito para estas composições que andam entre a brutalidade de um black e death metal, principalmente pelas vozes e por ocasionais arranques rápidos de bateria, e uma delicadeza e atmosfera góticas que fazem destes doze trechos um produto perfeitamente acessível a variados amantes do metal. É este, efectivamente, o sinal que fica da escuta deste trabalho – muita coesão e variedade. Desta forma, o trabalho desperta interesse desde o início da sua escuta e mantém-nos atentos em quase todos os momentos do seu percurso. Alguns altos e baixos, principalmente na segunda metade do álbum é que acabam por prejudicar o seu balanço qualitativo, perante uma primeira metade de álbum muito bom, o que nos faz pensar que os Cryptic Wintermoon ainda nos podem dar muito mais no futuro … Só ao alcance dos verdadeiros génios, mas os Cryptic Wintermoon, pelo seu poder técnico e espírito aberto, ameaçam construir álbuns cada vez mais interessantes e coesos ao longo do tempo. Keep in touch. [7/10] N.C.

Tuesday, October 11, 2005

OUTUBRO NEGRO 2005

O festival OUTUBRO NEGRO decorre no Mercado da Ribeira, junto ao Cais do Sodré, em Lisboa. O evento realiza-se nos dias 21 e 22 (sexta-feira e sábado) de Outubro de 2005 com 4 bandas em cada noite, sendo que no dia 21 actuam DESIRE (por), HYUBRIS (por), HORDES OF YORE (por) e HEAVENLY BRIDE (por), e no dia 22 NIGHTRAGE (sue), SHADOWSPHERE (por), THANATOSCHIZO (por) e DAWNRIDER (por), seguidas dos dj´s YGGDRASIL e ANTONIO FREITAS até ás 4 da madrugada. Abertura das portas ás 21:30 até ás 4 da madrugáda. Bilhetes para o primeiro dia 10€ para o segundo dia 15€ para os dois dias 20€.

Mais informações em www.outubro-negro.blogspot.com

Live Zone [report]

UNDERCOVERS
06.10.05 - Bar PDL, Ponta Delgada

Esta é uma iniciativa que já começa a ganhar alguma tradição na nossa ilha. De UNRECOVERS a UNDERCOVERS, passaram-se quase dois anos mas o pretexto e o formato continuou o mesmo – entreter e tocar versões de (alguns) clássicos do heavy metal. Apesar de manter a mesma base que fundou esta iniciativa, este conjunto de músicos foi se sempre alterando, ou melhor dizendo, acrescendo-se de convidados especiais ao longo das suas três anteriores edições. Sendo assim, desta vez também não se quebrou a regra e como surpresas tivemos Zé (This Torsion, ex-Anthropology) na guitarra, Fábio (Psy Enemy) no baixo e Carlos na voz. A estes juntamos os residentes Steven (Hemptylogic) na voz, Honório (Tolerance 0) na voz, Rui (Tolerance 0) na guitarra, Esponja (Tolerance 0) no baixo e Dino na bateria.

Como já repararam, ¾ dos Tolerance 0 está de regresso após cerca de um ano e meio no estrangeiro, tendo sido este, certamente, um dos maiores chamarizes para o público que se deslocou em número razoável ao Bar PDL, em Ponta Delgada. Uma excelente oportunidade para rever algumas das “velhas glórias” do nosso panorama heavy, que tão bons momentos nos proporcionaram no passado. Se este era, de facto, uma das principais curiosidades do espectáculo, o mesmo acabou por não acontecer com os temas que compuseram o repertório desta sessão. Talvez este seja um dos aspectos a ter em conta no futuro, melhorar a diversidade dos temas, na medida em que alguns já começam a soar demasiado “usados”. Ainda assim, é inegável a força de temas como “Territory” dos Sepultura ou “5 Minutes Alone” dos Pantera que, pelo seu carisma e estatuto, justificam sempre uma presença neste evento, nem que seja pela reacção que provocam no público.

Em destaque, os pequenos arranjos talhados para este concerto, a demonstrar que já começa a haver a preocupação de elaborar um verdadeiro espectáculo, sendo exemplo disso o empolgante medley dos Pantera e um cómico remake de “Eye Of Tiger” tocado com letra de Sandro G, misturando-se logo de seguida com “5 Minutes Alone”. Foram realmente estes alguns dos momentos mais interessantes do repertório, uma vez que foram eles que dinamizaram e tornaram este espectáculo imprevisível. Tecnicamente, compreende-se que este grupo de músicos não está propriamente preocupado em recriar – ipsis verbis – os originais dos grupos, o que agradecemos, pois o cunho pessoal empregue é muito importante quando se tocam covers. Mas continua-se sem perceber a ausência do solo em “5 Minutes Alone”, pois não cremos que se trate de um problema de falta de técnica por parte dos executantes. A verdade é que este estranho facto já vem ocorrendo desde outras edições do UNRECOVERS. Para além disso, uma anomalia no micro de Carlos não nos permitiu escutar a sua voz como se desejaria, retirando-nos a hipótese de poder fazer uma análise legítima ao seu potencial, naquela que foi a sua estreia absoluta em palco. Por seu lado, todos os outros músicos confirmaram todo o seu talento, com normal preponderância para os membros de Tolerance 0, com toda a sua experiência, e mesmo Steven que não deixa transparecer minimamente que já não sobe a um palco há cerca de um ano. É caso para dizer que se trata de um talento natural. Outra das surpresas agradáveis da noite foi o guitarrista Zé, surpreendendo pela sua segurança e serenidade, vindo a confirmar a ideia que nos tinha deixado aquando da sua passagem pelos Anthropology, há uns atrás, e que já nos fazia prever que dali sairia um músico com talento. Para terminar, a nota de que este é um evento em evolução, no qual se deve apostar e tentar levar a outro patamar, ao próximo nível. Ver de novo estes músicos juntos foi, no entanto, uma enorme cereja no cimo do bolo. Que se “disfarcem” mais vezes!

Nuno Costa

Fotos: André Frias [www.contratempo.com]

Monday, October 03, 2005