Thursday, December 29, 2005

Concurso Guitarrista Metalicídio já com vencedores

Decorreu ontem a tão esperada iniciativa organizada pelo site açoriano www.metalicidio.com. O concurso de guitarristas Metalicídio reuniu ontem muitas dezenas de pessoas no bar PDL, em Ponta Delgada, num ambiente de casa cheia para presenciar o talento e a prestação dos 9 guitarristas concorrentes, já que 3 acabaram por desistir. Desta forma, o evento decorreu com o máximo rigor e entusiasmo, tanto por parte da organização [que tinha a lição bem estudada e se empenhou para que o evento começasse a horas marcadas, atrasando-se apenas 10 minutos] como do público, e assim, durante cerca de duas horas ouviu-se muita música e revelaram-se muitos talentos. A concurso estavam dois prémios em duas categorias - "Prémio Técnica" e "Prémio Criatividade". O júri elegeu como vencedor do "Prémio Técnica" Rodrigo Raposo [Massive Sound Of Disorder] e do "Prémio Criatividade" Luís Silva [Reborn]. Como prémio, cada um levou para casa um troféu, uma guitarra Jackson e um desconto de 50 euros nos Estúdios Nebur Records.

Brevemente, a SounD(/)ZonE publicará uma reportagem do evento e uma entrevista com as primeiras reacções dos vencedores.

Monday, December 26, 2005

"Portuguese Nightmare" - Tributo exclusivamente nacional

“Portuguese Nightmare – A Tribute To The Misfits” trata-se do primeiro álbum tributo inteiramente português feito a uma banda estrangeira. Lançado pela Raging Planet, esta compilação conta com versões do mítico colectivo de New Jersey efectuadas por bandas nacionais como os Easyway, The Temple, Mofo, Cinemuerte, D’evil Leech Project, [f.e.v.e.r.], We Were Wolves, TwentyInchBurial, Mata Ratos, entre outras, num total de 18 versões muito bem elaborados e adaptadas ao estilo de cada banda. O artwork do disco ficou a cargo do ilustrador Rui Sanguinho, o qual conseguiu, com o seu traço, um soberbo trabalho de adaptação à imagem que o grupo de Glen Danzig cultivava. Para terem uma maior ideia do que foi participar neste projecto, a SounD(/)ZonE recolheu a opinião de alguns dos intervenientes do disco:

É brutal para Simbiose participar neste tributo! É algo especial para nós, uma vez que, desde putos, ouvimos Misfits. A variedade sonora que têm, desde o rock, billy, punk e hardcore, influenciou a nossa adolescência. Misfits é a banda sonora daqueles momentos em que nos recordamos quando putos fazíamos merda e tínhamos as vizinhas a correr atras de nós de cabo de vassoura na mão!!! Esta compilação exclusivamente de bandas tugas é um marco histórico - o primeiro tributo só de bandas tugas e ainda para mais com a qualidade apresentada, que está excelente. Sentimo-nos privilegiados. Misfits é uma banda que influenciou metaleiros, punks e rockeiros como é provado neste tributo e sinceramente todos juntos fizemos jus a uma banda tão marcante na história da música.

Hugo Rebelo [SIMBIOSE]

Para ser sincero, os Misfits são uma banda que não marcou o nosso percurso como músicos. Penso que não há ninguém realmente fã dos Misfits nos Twentyinchburial! Mas é sempre positivo termos o privilégio de contribuir com o nosso trabalho para uma banda histórica que, apesar de não nos ter marcado pessoalmente, temos grande respeito por ela! De maneira que foi uma honra !!

Ricardo Correia [TWENTYINCHBURIAL]

Começou tudo por um simples convite para um tal tributo aos Misfits... Porque não? Certamente, é uma banda que todos os membros dos Capitão gostam ou acham piada e, certamente, co-habitam em muitos imaginários comuns. Mais a uns que a outros, é certo, mas também seria mentira dizer que nenhum de nós não curtiu uma das fazes dos Misfits. Ora mais agressivos e crus, ora mais "static-age" e "black elvis"... Há para todos os gostos. Escolhemos "Theme For A Jackal" após várias sondagens internas, demos-lhe uma roupagem nossa e mantemos o balanço tão característico do tema. E assim foi... Umas horas de estúdio no Crossover, a torrar a cabeça ao Sarrufo, e assim “parimos” o que podem ouvir no disco. Gostem ou não......já está. Nós gostamos!!

CAPITÃO FANTASMA

Friday, December 23, 2005

Heavy Christmas

A SounD(/)ZonE não gostaria de deixar passar esta data sem vos desejar um santo Natal e um feliz Ano Novo, cheio de música. Especialmente, a todos aqueles que lêem, apoiam e estimam a nossa fanzine. Um bem haja para todos!

Cumprimentos metálicos

Nuno Costa

Entrevista Hiffen

IMPACTO VULCÂNICO

Vencedores do Concurso Angra Rock 2003, os micaelenses Hiffen têm vindo a progredir no sentido musical e a nível de gestão da sua carreira. Se a vitória no Angra Rock já lhes tinha dado uma projecção e prestígio consideráveis, agora com o lançamento do seu disco de estreia – “Crashing” –, os Hiffen ameaçam conseguir um lugar importante no nosso panorama metaleiro nacional. “Crashing” é um disco de estreia bastante coeso, recheado de boas canções e com uma abordagem estilística que vai do power metal, ao progressivo, com algumas nuances góticas e uma agradabilidade pop em alguns momentos. Como mentor deste projecto, o guitarrista Renato Medeiros falou-nos da importância da vitória no Angra Rock, do lançamento deste disco, e das próximas metas a atingir com os Hiffen.


Renato, o vosso álbum está finalmente cá fora! Levou algum tempo até chegar este momento histórico...O facto de vocês terem auto-financiado o álbum é um dos motivos para se ter verificado este atraso?
Não. Este não foi o motivo pelo qual se deu um “atraso” no lançamento do álbum, mas sim outros, principalmente os motivos profissionais de cada um.

Mas porque se encarregaram de financiar todo o álbum sozinhos? Não surgiu nenhum apoio das entidades culturais ou nem se derem ao trabalho de pedir porque preferiram perfazer este percurso com a maior independência possível?
Nós não financiamos o álbum sozinhos, pois tivemos os apoios da Direcção Regional da Juventude, o primeiro prémio do concurso AngraRock 2003, e também através dos nossos concertos. Apenas a edição foi totalmente suportada por nós.

Por falar em AngraRock, sentes que foi a partir daí que ganharam ainda mais confiança para levar este projecto mais à frente? Fala-nos deste momento e já agora do que sentiste naquela altura...
Sim. Foi desde aquele dia que os Hiffen se sentiram ainda mais capazes de “demolir” as “barreiras” e os “limites” da música. Aquele foi e é um momento único e indescritível da minha memória, pois sei que me irei lembrar daquele dia para sempre. Naquela altura senti-me como se estivesse no centro do Universo e que um dos meus sonhos se havia tornado realidade.

Em que outros aspectos sentes que o Angra Rock é importante? O facto de terem convivido com os Paradise Lost trouxe-vos algum beneficio, conseguiram tirar partido disso?
Sem dúvida alguma que o Angra Rock é um concurso/festival bastante importante para lançar uma banda no meio musical açoriano e não só. Em relação ao convívio com Paradise Lost isto é outra coisa. Fez-nos ver que os “grandes” são como nós, sem nos estarem a menosprezar ou a qualquer outra banda, pois falam connosco como se já nos conhecessem há muito. Tiramos o proveito de ter ficado registados em várias páginas de jornais portugueses, e não só, e também em diferentes sites da net ao lado do nome “Paradise Lost” e “Killing Miranda”, que também merece alguma atenção!

E já agora, o que achas do público terceirense?...Estabelece uma comparação com o nosso.
Bem... pergunta difícil... (risos). O público terceirense é bem mais intenso que o micaelense e apoiou-nos como nunca dantes vi! Tivemos mais público que os próprios Paradise Lost e até sabiam algumas canções. O público micaelense também é intenso mas há um pequeno senão: apenas o são com as bandas não micaelenses.


Remontando agora ao vosso início, os Hiffen antes eram uma banda de rock português, certo? Como mudaram tanto ao longo do tempo? Fala-nos um pouco da vossa formação...
Certo. Os Hiffen tocavam um rock típico português do qual eu até nem desgostava, mas é claro que as mudanças são sempre feitas mais tarde ou mais cedo. Primeiro, em 2001, com as saídas do Hugo e do Marco e depois com a minha entrada, a da Catarina, a da Andrea e, finalmente, a do Rui. Com a saída do Hugo, os Hiffen tiveram que abdicar de todos os seus temas pois estes pertenciam a ele. Nada que não tivesse solução pois eu estava em alta e escrevi 7 temas que nos fizeram pelo menos percorrer alguns palcos mesmo em 2001.

Tu é que assinas toda o material do grupo... Porquê? Os restantes elementos da banda não participam no processo de composição?
Bem, eu “assino” todo o material do grupo porque eles assim o desejaram, desde a minha entrada lá, e tudo porque eu era quem mais tempo tinha para escrever e compor, mas todos os arranjos são feitos por todo o grupo, pois há muitas ideias que até eu, por vezes, não consigo ter sozinho!

Falando agora do vosso disco de estreia... Como foi trabalhar com o Luís H. Bettencourt e com o Paulo Melo? Segundo te ouvi dizer houve muito companheirismo e a aprendizagem acabou por ser mútua...
Trabalhar com eles foi algo de extraordinário, ou seja, para os que já os conheciam houve uma maior dinâmica e inteiramento de ideias mas, mesmo para aqueles que não os conheciam, este mesmo inteiramento acabou por se dar por igual. Todos nós ali aprendemos a crescer musicalmente e não só, pois nesta vida estamos sempre a aprender uns com os outros!

Já agora, o aspecto sonoro final do disco satisfaz-te plenamente ou não?
Sendo este o nosso primeiro álbum, no geral, o som final satisfaz-me plenamente pois ainda não ouvi nenhum outro álbum “made in azores” com a qualidade sonora que este propõe. Mesmo além fronteiras, as críticas têm sido excelentes e superaram as minhas expectativas!

Então “Crashing” tem sido bem recebido...
Sim, as críticas têm sido excelentes. Há muita procura do álbum em todo o país, e não só, e espero que assim continue.

Um infeliz ocorrido foi o facto de vocês terem tido pouco público a presenciar o lançamento do vosso CD... A que achas que se deveu isso?
Recebemos uma proposta para que uma outra banda pudesse lançar o seu álbum naquele mesmo dia. Concordei, mas deixei o alerta para que eles iniciassem antes das 22h e terminassem antes das 23h. Assim não aconteceu e a outra banda iniciou para lá da hora que eu propus, 23h25, e terminaram para lá das 00h15. Ficamos nós fulos e o público impaciente também! Não houve sequer um agradecimento nem um pedido de desculpas por parte deles o que não lhes teria ficado nada mal!

Já agora, e aliás como tens bem conhecimento disso, o público de cá é imenso crítico contigo pela forma como tocas e te expressas com a guitarra em palco... O que tens a dizer a essas pessoas? Como reages a essa situação?
Bem, desde novo que sou tímido, ou seja, a música levou-me a poder estar perante as pessoas e tive que perder este medo. Não o perdi ainda por total e já devem ter notado que em palco sou uma pessoa totalmente diferente daquela que sou fora dele. Tento apenas fazer o meu papel como artista e a forma como toco e me expresso é sem intenções secundárias, mas sim por prazer, e não quero que estas pessoas pensem que estou ali para ser exibicionista, mas sim porque estou a fazer aquilo que gosto e do modo como gosto!

Achas que isso tem prejudicado a vossa aceitação cá?
Sinceramente não sei!? Talvez se promoveres no teu site uma votação, isto possa ser esclarecido! Mas se for o caso eu passo a tocar sentado! (risos)

“Crashing” simboliza o quê? Este vosso álbum aborda que temas?
“Crashing” é impacto! É tudo o que queríamos causar com este nosso primeiro álbum e acho que a missão está a ser cumprida! Este álbum conta-nos de tudo um pouco, desde os primeiros passos deste nosso mundo até ao que poderá vir a acontecer. É uma antevisão global dos problemas e como estes devem ser ultrapassados!

A vossa situação contratual com as distribuidoras está em que pé? Já têm “Crashing” a circular pela Europa e pelo nosso país?
Em relação a distribuição, esta ainda está a nosso cargo mas já existem alguns contactos de boas editoras e apenas falta a proposta de contrato. Mesmo assim, “Crashing” já se encontra disponível em alguns países da Europa, e não só, através da net e por catálogos!

E para o futuro, que passos a atingir com os Hiffen?
Para o futuro estamos a preparar uma tournée para apresentação do álbum nos Açores e em Portugal e também, quem sabe, fora destes. Para além disso, já estou a preparar novos temas com vista a uma nova entrada em estúdio, talvez para 2007, mas de certeza que antes disto haverá um ou outro single para manter sempre a “chama” acesa!

E para finalizar, uma análise ao nosso metal açoriano.
Estou a par disto! Espero que com tantos talentos que temos, a nossa região possa começar a circular na “boca do mundo” musical. De ano para ano novas bandas são formadas e com bons valores, mas são necessário ter sempre coragem e inovação e isto eu tenho a certeza que todos serão capazes com esforço e dedicação!

PLAYLIST RENATO MEDEIROS

Hiffen – “Crashing”
Death – “Symbolic”
Control Denied – “The Fragile Art Of Existence”
In Flames – todos!
Labÿrinth – todos!

Nuno Costa

Entrevista Hate Profile

PERFIL CAÓTICO

De Itália chega-nos, pela Cruz Del Sur Music e distribuido pela Nemesis, o primeiro capítulo do one-man-project intitulado Hate Profile. Talhado à imagem do multi-instrumentista Fabio (a.k.a. Amon 418) “Opus I: The Khaos Hatefile” é a primeira parte de uma trilogia assente num conceito bem intricado de destruição e ruína da raça humana versus a procura e a exploração do lado espiritual. Tudo isto vem embrulhado num black metal frio e tenebroso, carregado de um negativismo bem à altura do conceito aqui inerente. Amon 418 apresentou-nos o seu projecto muito pessoal e deu-nos a conhecer o valor metafórico, esotérico e espiritual de “The Khaos Hatefile”.


Os Hate Profile existem desde 1998, embora tenha demorado algum tempo até que tomasses uma decisão definitiva sobre o caminho que querias tomar com a banda...Inclusive, chegaste a fazer algumas sessões com outros músicos, mas tudo isso parece que não te satisfez...Explica-nos a história por trás da formação dos Hate Profile.
Sim, os Hate Profile existem desde 1998, mas demorou algum tempo até que achasse o som certo. Cheguei a ensaiar com alguns amigos de bandas locais com os quais aliás ainda colaboro, mas cheguei à conclusão que este era o meu próprio caminho, a minha própria expressão. Por isso, simplesmente decidi prosseguir por minha conta, não porque estivesse insatisfeito com os músicos, mas sim porque achei que este era um projecto particular.

E como classificas a particularidade dos Hate Profile?
É um projecto particular porque, acima de tudo, é uma banda conceptual. Eu escrevo todas as letras e quero que a música encaixe na atmosfera invocada sem ter que discutir com alguém acerca do som ou de outra coisa qualquer. Não menos importante, é o facto dele estar intimamente ligado à minha evolução, como que uma espécie de “crescimento alquímico”... É impossível partilhares tudo isso.

Uma vez que a maior particularidade dos Hate Profile é o seu conceito, fala-nos dele...
Sim, este é realmente o ponto mais importante dos Hate Profile. Tanto que as letras de toda a trilogia já estão completas desde 2004. O conceito em questão foca mais que um tema, uma vez que quis que as letras fossem “multi-níveladas”, também quis que elas tivessem vários significados consoante a maneira que o lesses. Nele podes encontrar verdadeiro ódio, amargura, visões apocalípticas...Mas também podes encontrar um patamar espiritual, incluindo todas as coisas que servem para construir um campo desses: procura interior, dor, referências esotéricas, metáforas as quais podem ser definidas de várias formas consoante a forma como olhas para elas. Espero que alguém penetre profundamente nesse conceito para encontrar a sua própria interpretação.

Já agora, onde foste buscar o pseudónimo Amon 418?
Escolhi esse nome porque encaixa comigo. Sou um europeu que tenta seguir o seu caminho solar, mas que também sente o chamamento da noite, do mistério, a cor negra da nossa Era chamada Kali Yuga. Daí o nome Amon (Sol Negro): trata-se da terceira manifestação do Sol segundo o antigo Egipto, o Sol durante a sua jornada negra através da noite antes de imergir na Luz do Novo Dia. O significado de 418 daria um livro inteiro!! Digamos que me representa de diferentes formas: está relacionado com o Fogo, com o número 13, com a iniciação, o 1 significa unidade, espírito; 8 representa a força resgatável de Mercúrio. O universo (4) está unido (1) pelo poder do espírito (8). 418 significa meditação, unidade, vácuo, o filho de Horus, a visão e a voz, a linha central do mundo.

Como processas o encaixe da música neste conceito lírico?
Simplesmente deixo-o fluir. Ás vezes crio um riff e, imediatamente, sinto que foi concebido para encaixar em certa parte da letra. Ás vezes simplesmente leio uma letra e sinto-me inspirado para criar um riff. Eu não tenho nenhum método para além da intuição. Obviamente, este não é um processo totalmente livre, eu ajo dentro de uma escala: a música tem que reflectir o modo das palavras. Mas, como disse, eu não imponho regras. Por exemplo, o tema “17 Empty Rooms” teve um processo realmente mágico. As letras foram escritas em 5 minutos, comigo sentado no chão, como se tivesse recebido uma “visão”. Quanto toquei o seu riff pela primeira vez soube imediatamente que tinha sido feito para aquela canção.

Faz-nos uma pequena introdução aos dois capítulos que faltam desta trilogia.
Bem, eles intitulam-se “The Soule Proceeds...Amongst The Dead” e “Spirit Breed Era Vulgaris”. Todos os três álbuns são muito parecidos do ponto de vista existencial: eles representam a revolta, a raiva, uma visão negra da decadência. Mas eles diferem fortemente na sua essência. A viagem esotérica fortalece-se, a consciência própria cresce dia-após-dia, a procura interna continua e não pode parar. O segundo capítulo vai ser mais directo, abordando as manifestações degeneradas do mundo moderno, as suas pessoas e religiões degeneradas. O terceiro capítulo traz individualização – sabemos o que somos. Sabemos o que devemos ser. É uma marcha, um orgulho...Infelizmente, é também falta de esperança, uma batalha já perdida que tens que combater de qualquer maneira. Não existe regresso para o “guerreiro espiritual”.

Musicalmente, o que podemos esperar dos próximos dois discos?
O segundo vai ser mais agressivo, caótico e rápido. Tenho uma série de riffs de black metal desarmónicos, será menos melódico do que o “The Khaos Hatefile”. No entanto, irá ter provavelmente mais uso de sintetizadores, mas sempre sendo algo violento, doentio e caótico. Estarão também presentes no segundo disco um par de temas escritos em 2002... Quanto ao terceiro capítulo, ainda é muito cedo para dizer como ele vai soar. Provavelmente, mais atmosférico...

O Grom é um músico com quem já partilhaste velhos projectos, certo? Foi por isso que o escolheste para integrar este projecto?
Eu toco com o Grom nos Hortus Animae, uma banda em que colaboro desde 2003 tocando um tipo de música extrema muito diferente: uma mistura gótica, progressiva, “dark” e melódica. Obviamente, conheci-o por ser o baterista dos Ancient. Andava à procura de um baterista convidado e foi com naturalidade que escolhi o Grom para tocar nos temas, uma vez que conheço as suas capacidades. Ele é capaz de se sentar, ouvir rapidamente um riff e, simplesmente, acompanhá-lo, fazendo preenchimentos de improviso que ele só vai fazer uma vez na vida. Eu achei isso muito enquadrado com o “The Khaos Hatefile”, por isso, eu só tive que dizer o que queria para os diferentes temas e depois deixá-lo tocar livremente e instintivamente.

Uma vez que és o único compositor do projecto, como é que suportas todas essas tarefas sozinho?
Sim, sou o único compositor do projecto. E também quero continuar a produzir o projecto. Já tive demasiadas más experiências no passado e, desta vez, quero que os Hate Profile soem exactamente como eu quero. Não é muito difícil aguentar tudo isto sozinho, é sim difícil arranjar tempo para produzir algo diferente como o projecto electro/ambiental que estou a planear há já um par de anos. De qualquer maneira, esta é a única maneira de fazer os Hate Profile funcionar, esta é uma viagem pessoal. É suposto ela ser entendida e filtrada pela sensibilidade das pessoas, mas vai continuar a ser uma expressão da minha própria alma. Uma alma lacerada, antiga e em luta, deixando o seu legado oculto para os tempos que hão de vir.

Em relação à imprensa e ao público em geral, já nos consegues apontar tipos de reacções?
Já tivemos algum feedback, mas ainda é muito cedo para dizer alguma coisa. Amigos, músicos, distribuidoras e zines parecem ter gostado, mas não consigo relatar nada acerca do público. Fico feliz por ver que as pessoas percebem e tentam dar um sentido pessoal ao disco.

Tendo em conta que Hate Profile é um projecto de uma pessoa só, como planeias a sua vertente ao vivo?
Não sei se alguma vez vou tocar ao vivo com Hate Profile...Ás vezes penso que gostaria. De qualquer maneira, isso exige certas coisas: um bom equipamento, um bom sítio, músicos de respeito com quem partilhar o palco... Lamento, mas após 15 anos de sangue e suor – muitas vezes – perdido, eu nem gosto de ouvir a palavra “compromisso”...

Existem muitas bandas de black metal na Itália? Como está a cena nacional?
Eu penso que a Itália tem uma cena verdadeiramente forte e cheia de vitalidade. Infelizmente, os italianos parecem só estar interessados no produto estrangeiro. Mas temos, efectivamente, muitas boas bandas, tanto na área do old school como na avant-garde, por isso tenho a ideia de que isto ainda vai mudar. Eu aprecio verdadeiramente, e apoio, bandas como os Aborym, Ensoph, Spite Extreme Wing, Thee Maldoror Kollective, Impure Domain, Hiems, Grimness e muitas mais. Eu irei muito provavelmente colaborar com algumas delas no futuro, e com músicos do resto da Europa...O tempo o dirá...

E a nível de influências, que bandas te inspiram?
Eu tive muitas influências ao longo do tempo. Eu oiço Thrash, Death e Black Metal desde os finais dos anos 80. Toquei numa banda de Thrash/Death de 1990 a 2000 e continuo a gostar de todo este tipo de música, embora o Black Metal me assente melhor. Eu continuo a tocar Death Metal técnico com os Opposite Sides, mas encontrei a minha própria dimensão noutro sítio. Não me sinto muito inspirado por bandas...Mas realmente aprecio e respeito o lado artístico de um grande leque de músicos. Considerando Hate Profile, eu sinto-o perto de Satyricon, Thorns, Darkthrone, Dissection, Disiplin, bem como com as bandas italianas que misturam Black Metal com electrónica e elementos industriais que mencionei atrás. Oiço ainda EBM, música electrónica, Noise, Industrial, musica ambiental...

Um último comentário para os Açorianos e para os leitores da SounD(/)ZonE em particular.
Primeiro que tudo, obrigado a ti pelo interesse nos Hate Profile e pela agradável e interessante entrevista. Para o público: sejam vocês próprios, mantenham-se fortes e, orgulhosamente, caminhem sobre as Ruínas.

PLAYLIST AMON 418

Aborym - “With No Human Intervention”
Satyricon - “Rebel Extravaganza”
Thee Maldoror Kollective - “New Era Viral Order”
Thorns - “Thorns”
Ulver - “Blood Inside”

www.cruzdelsurmusic.com/H_P_MP3/prev_hateprofile.htm

Nuno Costa

Wednesday, December 21, 2005

HIFFEN
“Crashing”

[CD – Edição de autor]

Formados em 1996 pelas mãos de Lizardo Melo (guitarra), Marco Couto (guitarra), Nuno Pereira (baixo) e Mário Tavares (bateria), este colectivo do Pico da Pedra (S. Miguel) viria a substituir o seu inicial nome - Angel Minds - para Hiffen, um ano mais tarde, com a entrada do vocalista Hugo Sousa. Nesta data explanavam um rock tradicionalmente português, mas as mexidas no seu line-up, nomeadamente a saída de Hugo Sousa e Marco Couto, em 2001, para a entrada de Renato Medeiros (guitarra solo) e Catarina Medeiros (voz), começou a operar uma mudança profunda na sonoridade dos Hiffen. Em 2002, com a entrada de Rui Sousa para os teclados e de Andrea Furtado para as segundas vozes, veio a consolidar-se uma nova fase na carreira dos Hiffen, com o Rock português a dar lugar a um Power Metal com algumas nuances progressivas. Em 2003 deu-se o maior marco na carreira dos Hiffen, com a vitória no Concurso Angra Rock e consequente abertura para os britânicos Paradise Lost. Desta forma, abriram-se-lhes muitas portas e criaram-se condições para que este álbum nos chegasse mais cedo. Sendo assim, 2005 marca mais um momento histórico para a banda (e para o metal açoriano) com o lançamento do seu primeiro álbum.

A experiência que o grupo foi granjeando ao longo dos anos permite-lhe agora demonstrar um conjunto de composições maduras e muito coesas, bem estruturadas e com uma capacidade notável de apelar pelo seu sentido melódico e de canção. Sendo assim, temos nas baladas “Empty Sea” e “Soul Never Ends” (este último a fazer lembrar as bandas Hard Rock dos anos 80 pelo ecoar de tarola) dois potenciais hits de rádio pela sua melodia e certo cariz pop. Por falar em cariz pop, esta é uma característica que se mantém muito presente no som dos Hiffen pela sua parte vocal, já que as capacidades vocais de Catarina Medeiros estão muito longe de atingir aquelas que normalmente figuram nas frontwomans deste tipo de bandas, como por exemplo Tarja Turunen, Sharon Den Adel ou mesmo a nossa Ana Lara (Oratory). Assim, envereda-se por um caminho mais sóbrio e de registos médio/baixos, longe dos registos sopranos característicos do estilo. De qualquer forma, é de admitir que este factor até contribui para fugirem a um certo cliché, mas as limitações de Catarina, nomeadamente em notas altas, e mesmo na clareza da dicção, acabam por tornar este material um bocado monótono. Não fosse o excelente suporte da bela voz de Andrea Furtado e o resultado não soaria certamente tão brilhante. De qualquer forma, os Hiffen surpreendem pela qualidade das suas composições e pela forma como inserem alguns elementos progressivos nos seus temas, como no início de “Blind Thought” [com seus compassos bem intrincados], um aroma gótico em “The Never Endless Road” [especialmente pelos floreados dos teclados] e ainda a velocidade de “Look Upon the Rainbow” a invocar os típicos temas power metal. A gravação apresenta-se cristalina e coesa, notando-se apenas alguma falta de força nas guitarras.

No cômputo geral, este é sem dúvida um marco importante para o panorama Heavy açoriano e para os Hiffen, obviamente, pois estão a dar um primeiro passo importantíssimo na sua carreira. Musicalmente, resta-nos esperar que crescam ainda mais com o tempo pois, pela prova que já deram a nível de composição, são capazes de fazer cada vez mais e melhores canções. [7/10] N.C.

Tuesday, December 20, 2005

THRASH PUBLISHING pelo Metal Nacional

A THRASH PUBLISHING tem disponível mais um "pacote" só de itens nacionais.

- PITCH BLACK - "Thrash Killing Machine" (CD)
- LVPERCALIA - "The New Blood" (MCD)
- ARAUTO MAGAZINE #4 (fanzine com CDr compilação)
- UNDERWORLD - Entulho Informativo (Magazine)

Todos estes produtos nacionais por apenas 15.00 € e sem quaisquer despesas de envio. São 4 bons produtos nacionais por um valor quase simbólico. Os interessados devem dirigir seus pedidos para:

thrash_pub@hotmail.com

http://www.metaldistro.pt.vu/

Sunday, December 18, 2005

Manifesto com blogspot

Os Terceirenses Manifesto têm agora um espaço na internet - www.manifestoazores.blogspot.com - um blog com o objectivo de divulgar o grupo e todas as novidades que forem surgindo a seu respeito. A banda de punk rock da ilha Terceira formou-se em 1997 e conta já com uma vasta experiência de palco, nomeadamente uma honrosa passagem pelo Hard Club, em Gaia. Este ano editaram a maqueta "Manifesto" e poderão escutar alguns dos seus temas em www.myspace.com/manifestoazores.
E-Mail: manifesto97@hotmail.com

Tuesday, December 13, 2005

Entrevista Byzantine

VENENO DE SERPENTE

Do pacato estado de West Virginia, nos Estados Unidos, surge um dos actos mais surpreendentes da nova vaga de metal norte-americana. Não presumíveis de se reduzir a vulgar metalcore mas sim misturado com thrash metal (na veia de uns Meshuggah), a melodia de uns Killswitch Engage e ainda solos à Pantera - com uns requintes tribais aqui e ali -, os Byzantine assinam um dos mais surpreendentes trabalhos que nos chegou ultimamente. De seu nome “...And They Shall Take Up Serpents” [2005] sucede a “The Fundamental Component” de 2003, e ameaça trazer rapidamente os Byzantine para a ribalta das novas tendências do metal extremo. São compostos por apenas 3 elementos – Chris “OJ” Ojeda [vocalista, guitarrista], Tony Rorhbough [guitarrista, baixista] e Matt Wolfe [baterista]. Chris Adler [baterista de Lamb Of God] apadrinhou este projecto...Percebemos bem porquê. Do outro lado do Atlântico – Matt Wolfe.

Quando decidiram formar os Byzantine?
A ideia partiu do OJ, do Tony e do nosso antigo baixista – o Chris – que formaram o grupo há cinco anos atrás. Eu juntei-me à banda um bocado mais tarde, à três anos atrás mais precisamente

Vocês fizeram parte de outras bandas antes, certo? Não conseguiram realizar-se nestes projectos antigos?
Sim, passámos por outras bandas antes, mas torna-se um bocado difícil notabilizarmo-nos quando estamos localizados onde estamos...

Fala-nos dos vossos gostos musicais…
Eu oiço imenso metal mais antigo, nomeadamente Thrash. Também muito jazz e blues... Basicamente, tudo o que envolva talento.

E em relação ao universo Byzantine? Sentes que se trata de algo realmente refrescante?
Pelo menos sinto que não é tão maçador como muita coisa que há por aí...

Algumas pessoas dizem que o facto de vocês viverem em West Virginia, um lugar sem um verdadeiro panorama metálico, faz de vocês uma banda com um som muito próprio...
Eu penso que este facto tem contribuído para nos separarmos de uma cena actual algo saturada dentro da musica de peso. Eu penso que temos um som diferente de muitas bandas que andam por aí hoje em dia e ser de West Virginia é de facto uma grande razão para isso.

Tanto quanto sei o Chris Adler [baterista dos Lamb Of God] foi um importante elemento no lançamento da vossa carreira...
Sim! O Chris ouviu algum material das nossas velhas demos na Internet e sacou-os, penso que foi assim... Portanto, sendo o individuo porreiro que é, assinou-nos pela sua antiga editora.

Vocês têem feito muitos concertos com eles, bem como com outros nomes muito conhecidos. Como te sentes em relação a essas experiências?
Têm sido experiências muito enriquecedoras. Penso que nos ajudou muito, como músicos, a pagar as nossas contas...

Falando agora do vosso novo álbum…Como é que ele tem sido recebido?

Estou certo que ele poderá parecer estranho nas primeiras audições. Mas nós quisemos escrever um álbum complexo e denso que fosse crescendo à medida que o ouvinte o fosse escutando.

Quais as diferenças entre este novo álbum e o anterior “The Fundamental Component”? Achas que conseguiram atingir todos os vossos objectivos com este novo trabalho?
Bem, nós somos todos muito perfeccionistas, por isso penso que nunca vamos atingir todos os nossos objectivos à medida que as gravações decorrem, mas chegamos bem perto desta vez. O “The Fundamental Component” podia ter sido muito mais trabalhado a nível de mixagem e da masterização, mas ficamos sem tempo nem dinheiro para isso. Eu penso que ele resultou bem, mas sempre haverão coisas que iremos querer mudar.

Fala-nos dos temas que vocês gostam de abordar... O último “The Fundamental Component” falava muito da religião e dos problemas da sociedade. E quanto a este, o que vos inspirou?
O OJ é que escreve a maioria das letras. Muitas delas são sobre assuntos relacionados com a nossa localidade, porque é o que conhecemos e sentimos. Alguns dos temas têm significados múltiplos e penso que cabe ao ouvinte retirar o sentido que quer de cada tema.

E porquê o nome Byzantine?

O OJ apareceu com o nome porque passou uma vista de olhos pelo dicionário e o significado de Byzantine era “carregado por um cruel e subjugado método” e ainda “complexo”, o que efectivamente encaixa muito bem no nosso som.

Vocês finalmente têm um álbum a circular na Europa. Isto ainda não havia acontecido ou já?
Ambos os nossos álbuns foram editados na Europa, pelo menos assim espero!(risos) É suposto estarem.

E quanto a concertos, já estiveram na Europa?
Tivemos em tournée no Reino Unido duas vezes, mas nunca tivemos oportunidade ainda de ir para o velho continente.

E desta vez há hipóteses disso acontecer?
Bem, nós realmente gostaríamos muito, mas teremos que fazer um grande esforço financeiro para ir para a Europa. Da última vez que fomos para o Reino Unido regressamos a casa num estado financeiro muito debilitado.

Pois, realmente as coisas são difíceis... Pelo que li, o OJ ainda mantém dois empregos, um de entregas de pizza ao domicílio e outro numa empresa de justiça, para poder se sustentar...
Pois...Definitivamente, ainda não ganhamos o dinheiro suficiente para poder viver disto.

No entanto, devem estar ansiosos por aqui vir, pois sabe-se que o público europeu está mais sintonizado com o vosso som do que o americano...
Eu penso que nos íamos dar bem na Europa. Lá as pessoas têm uma melhor apreciação de música.

PLAYLIST MATT WOLF

Forbidden - "Twisted Into Form"
Darkane - "Layer Of Lies"
Overkill - "Horrorscope"
Iron Maiden - "Seventh Son Of A Seventh Son"
Demolition Hammer - "Time Bomb"

Nuno Costa

Wednesday, December 07, 2005

Entrevista IRA

MITOLOGIA HISPÂNICO-ÁRABE

Detentora de uma voz forte, melodiosa e com uma ligeira sujidade rock, Célia Lawson é a cantora que venceu o Festival RTP da Canção em 1997 e se notabilizou pela chegada à final do “Chuva de Estrelas” em 1996. Passou por várias bandas, para além de muitas presenças na televisão e até mesmo em anúncios e spots publicitários, sempre acompanhada pelo seu espírito esotérico e multiétnico. De descendência Irlandesa, Célia Lawson chega agora ao seu segundo trabalho intitulado “On The Road To The Unknown”, sucessor de “Faith” de 2002. Olhando para o seu currículo, não se pense estranho termos aqui um trabalho como o de Célia na nossa fanzine. E se lhe dissermos que “On The Road To The Unknown” é distribuído pela Recital? E se lhe dissermos que Gonçalo Pereira é o guitarrista e produtor deste trabalho? Bem, não se espere um trabalho demasiado pesado deste disco, como é óbvio, quanto muito rock, mas acima de tudo um trabalho muito experimental, exótico, de muito bom gosto, cruzado com a World Music e o conceito da profetisa IRA (séc X.) que dá o nome a este projecto. Para vocês, uma admirável artista surpreendida pela nossa abordagem – Célia Lawson.

Para quem ainda tem dúvidas de quem é a Célia Lawson conta-nos lá um pouco do teu percurso como artista...Que começou bem cedo por sinal!
Sim, comecei tocar guitarra aos 11 anos. Aos 14 tinha a banda na escola e já fazia as minhas músicas e registava-as na SPA! Depois toquei em bares, coros, com a Adelaide Ferreira em digressões, e mais tarde televisão.

De certa forma não será estranho vermos-te agora a assinar um trabalho um pouco mais rock daquilo que são as tuas apetências mais naturais, pois ao longo dos anos tu passaste por algumas bandas de rock, certo?
Exactamente. Nos Mital - uma banda hard rock feminina – onde era guitarrista e segunda voz, nos V12 onda era terceira voz... Fiz parte também dos Crash - um projecto de covers - , gravei o meu álbum “Faith” e ainda - quando o seu vocalista está de férias - canto com os Rockover.

Já agora, de que lado te sentes melhor?
Não tenho qualquer escrúpulo em dizer que, apesar de neste país nos apelidar-mos de azeiteiros, drogados e malucos - isto até na primeira pessoa -, que sou apenas genuína quando canto este estilo e pronto. Acabou. Mas queria ainda acrescentar que a minha honra é tanta que quando canto sinto que sou a “Ira”.

Quem é a Ira? Explica-nos melhor qual é este conceito místico inerente ao teu projecto.
As bandas escandinavas de metal são coerentes nas suas origens - deuses eslavos, influências eslavas, até financiamentos eslavos! Li um artigo na “Loud!” que me fez roer de inveja... Claro que quando um compositor norueguês pediu um fundo de maneio ao governo para gravar um álbum de metal com a intenção de falar das raízes da Islândia, sobre o seu povo, isto é utópico para mim que quis falar das influências hispânico-arabes no “On The Road To The Unknown”... Ira - que lê-se Aira - é uma profetisa do Sec X. Ela canta, dança e voa no universo tal qual uma Ira como ela quis ser. Tem asas, é incólume, atribuí-lhe todos os dons árabes de encantar, com a vingança no olhar que traz da Inquisição espanhola quando lhe chamam de pecado. É eterna e faz-nos sonhar com o conceito mitológico de ressurgir ciclicamente no tempo com o exemplo mais imediato do imaginário vampírico.

Quanto à composição... É fácil pensar nas coisas num lado rock e mais world music quando crias as tuas canções ?
Nós vivemos no ano V do séc. XX, posso misturar World Music com lã (risos) e isso gerar música... A tecnologia no rock pode-me influenciar e escrever poesia moralista e gerar o conceito avangart-pós Seatle. Não querendo ser original, beber em duas fontes tão distintas como Ozzy Osborne e Kaleb, se os situarmos geograficamente, estamos a ouvir praticamente o mesmo.

Li também que és capaz de cantar em italiano, espanhol, francês, para além do português e inglês. De onde te vem essa “polivalência” linguística?
Sim, e para além dessas também em árabe e alemão. Estudei algumas línguas, fui hospedeira da nossa companhia aérea em tempos. Para além disso, sou do tipo de comprar cursos de línguas e, por hobbie, aprendê-las .

Sei que já trabalhaste com muitos artistas... Mas como surge agora a participação do Gonçalo Pereira contigo neste trabalho? E já agora, quem são os restantes membros que trabalham contigo neste disco?
Mauro Ramos - um excelente baterista, um dos melhores que já conheci e com quem trabalhei. Dikk - um virtuoso baixista que também me encantou quando as suas qualidades de guitarrista foram demonstradas no tema Budapest, totalmente gravado por ele, não posso deixar escapar este pormenor... E o Gonçalo Pereira - um dos melhores músicos que já conheci até hoje... Ele queixa-se se de quando eu era vocalista dos V12 e nós precisámos de um condutor para levar a carrinha chamámos o Gonçalo e eu nem lhe disse obrigado! Quem diria que este gajo se tornaria num dos maiores guitarristas de Portugal e com quem ainda não toquei? Acho que foi uma maneira de lhe agradecer.

Este álbum já te tem trazido algumas surpresas?
Ter o “On The Road To The Unkown” nas Fnacs é uma grande surpresa... E esta entrevista, claro!

A nível de influências, diz-me que artistas te mais inspiram. Deixa-me que te confesse que me fazes lembrar por momentos a Alanis Morissette, a vocalista dos extintos 4 Non Blondes ou mesmo a Dulce Pontes!
Muito obrigada! Influências?... Bem, Metallica, Rammstein, System Of A Down , Cradle Of Filth, U2, Ozzy Osbourne, Robbie Williams e a minha mãe musical - Tina Turner.

Uma curiosidade! Esclarece-me: na página de agradecimentos no booklet do “On The Road To The Unknown” vejo-te mencionar que vocês usam um riff de Killswitch Engage e ainda excertos dos Gipsy Kings em determinados temas vossos! Fala-me disso.
Em vários temas da Pop que tenho verificado a utilização de samplers de outras músicas, como por exemplo a Madonna com o som dos Abba... Eu achei ideal samplar, o riff dos Killswitch Engage no tema “On The Road”. É apenas uma actualização, suponho... Exceptuando no “Andaluzia” em que o laire é do tema “Vento Del Arena “ um saborosíssimo tema instrumental andaluzo dos Gipsy Kings... Eu cantava o laire sempre que ouvia esse tema.

Agora, como vai decorrer a promoção a este álbum? O que há planeado?
É segredo, é segredo…(risos)

Célia, tu que já fizeste tanto na tua carreira, em diversos ramos, o que esperas ainda vir a concretizar na tua vida?
O DVD do “On The Road To The Unknown” ao vivo, é o que há-de vir, esperemos.

Para terminar, uma palavra para definir este álbum e que “caminho” é esse para onde te estás a dirigir?
Eu semeei, quero plantar, quero voltar a plantar, um não ás secas!!... O “Unknown” que me indique o caminho.

Nuno Costa

Playlist Célia Lawson:
- "My Last Seranade" –
Killswitch Engage
- "Planet Hell- Nightwish
- "Cigaro" – System of Down
- "New Blood" - Lvpercalia
- "Violent Pornography" – System of a Down