Friday, July 13, 2007

Especial Alta Tensão - Entrevista Forgodsfake

UM NOVO FÔLEGO

Há alturas em que nada melhor do que um regresso à grelha de partida para se investir com uma nova força e vitalidade. Este é o caso dos Forgodsfake que decidiram romper com um passado marcado por passagens pelos Painstruck, Twentyinchburial, Judge By Greed, Straightshot e, essencialmente, pelos Shrapnel, para encetar um projecto com uma alma rejuvenescida. O núcleo duro desta última banda sobrevive nos Forgodsfake e, por isso, acumulando grande cumplicidade, a banda apresenta-se à nascença como um projecto muito coeso e promissor. “Life Or Debt” é o primeiro marco desta nova etapa, a conhecer a luz do dia já no dia 14 de Julho, que coincide também com o arranque da segunda edição do Alta Tensão Indoor Tour, da qual fazem parte e onde poderemos testemunhar o músculo, a crueza e a sensibilidade tradicional do seu metalcore. O vocalista Ricardo Pedro foi o anfitrião da nossa viagem pelos meandros desta nova criação nacional.

Os Shrapnel encerraram actividades há cerca de dois anos, certo? O que esteve por detrás desta decisão?
Os Shrapnel nunca encerram actividades, nunca tivemos parados. Decidimos foi, ao fim de algum tempo, mudar o nome visto que entrou um elemento novo e queríamos ter, por assim dizer, um “ fresh start”..

Então o núcleo duro dos Shrapnel continua nos Forgodsfake…
Por mais incrível que pareça há muita gente que não associa os Forgodsfake aos Shrapnel, talvez ainda por falta de exposição... Quisemos de, certa forma, começar de novo, reconquistar o nosso lugar e conquistar também novas pessoas que, se calhar, noutros tempos nunca foram muito nossos fãs, por qualquer razão. Agora com novo nome, novo som, novos elementos e mais experiência tencionamos abrir novas portas e talvez caminho para novos fãs. Os antigos serão também sempre bem vindos.

Para além disso, será sempre mais fácil trabalhar com pessoas que conhecemos bem. Imagino que o funcionamento interno dos Forgodsfake seja muito harmonioso. Aliás, certamente por isso é que surgem tão repentinamente no nosso cenário e já com um álbum prestes a ser lançado!
Os Forgodsfake conhecem-se desde os tempos da escola e somos os melhores amigos possíveis! Se não ensaiarmos ou estivermos com namoradas ou trabalho, estamos sempre juntos. Saímos sempre juntos! Somos uma família, sem qualquer dúvida, porque se assim não fosse, certamente, não estaríamos juntos há nove anos. Isso não implica que, às vezes, não tenhamos discussões, mas tudo acontece dentro dos limites.

Como foi a fase de composição dos temas para o primeiro disco dos Forgodsfake? Há bocado dizia que basicamente apenas mudaram de nome, mas a vossa sonoridade também mudou em relação à dos Shrapnel...

O álbum foi projectado com alguma calma, tivemos cuidado ao fazer as músicas e estas não se tratam apenas de bons riffs empilhados, sem lógica. Há músicas no álbum que já vêm do tempo dos Shrapnel como a “Ode To You” ou “Dillema”. Contudo, o resto do material já foi construído com o Alexandre na banda e, sem dúvida, que ele foi uma grande ajuda na composição, introduzindo novas ideias, conceitos e bons solos.

Como podemos encarar a transformação que operaram na vossa maneira de compor? Será, essencialmente, o reflexo de novas influências que adquiriram ou também a necessidade de evoluir?

Sem dúvida, tanto influências como a necessidade de evoluir. Nós somos de, certa forma, um reflexo daquilo que ouvimos no momento, nunca esquecendo as influências de sempre. A evolução é natural, com o passar do tempo e os ensaios quase diários. A evolução é inevitável.

Para que as pessoas percebam melhor quem são os Forgodsfake gostaria que falasse, sucintamente, do background dos seus elementos – que não se resume apenas aos Shrapnel – e, particularmente, do guitarrista Alexandre Carvalho de quem conhecemos muito pouco...
Os Forgodsfake contêm elementos que, para além de já terem feito parte dos Shrapnel, já tocaram em bandas como os Painstruck, Twentyinchburial, Judge By Greed e Straightshot. Inclusive, o Nuno Silva [baterista] está neste momento a tocar com os Hills Have Eyes. O Alexandre é nosso amigo há muitos anos. Conhecemo-nos na escola, sempre tivemos bandas e sempre tocamos juntos em concertos. O Alexandre afastou-se um pouco do mundo da música pesada há uns anos, mas nunca perdeu o “bichinho”. Calhou um dia em conversa com o João [baixista] ser convidado para ir à nossa sala de ensaios dar uns toques, experimentar a cena e ficar, se possível. Foi o que acabou por acontecer. Hoje em dia, é um elemento fundamental na formação a qual já não faz sentido sem ele.

A banda é recente e pode até ser uma surpresa para muitos, mas os Forgodsfake já têm actuado algumas vezes. Como têm corrido essas experiências, nomeadamente, no que se refere à reacção do público?
Até agora, positivo. Contudo, achamos ainda ser muito cedo para avaliarmos alguma coisa.

Pelo informação que circula parece já haver muito boas notas em relação ao vosso trabalho e, por isso, creio que se abrem boas perspectivas em relação ao lançamento do vosso álbum. Estão muito ansiosos por colocá-lo cá fora?
Claro, sem dúvida.

Uma vez que só vai ser lançado no dia 14 de Julho como o descreves estrutural [número de temas], lírica [nomeadamente a que se refere o seu título “Life Or Debt”] e musicalmente?
É um álbum pesado, sem dúvida. Quisemos manter uma linha musical constante, não nos esquecendo de fazer algo mais calmo ou harmonioso como a “Prove Us Wrong” e dando também atenção a partes mais melódicas e cantadas como em “Ode To You”. Liricamente, é um álbum revoltado, com muito a dizer. Porém, contém letras de amor ou dedicações que, de uma forma ou outra, são uma lufada de ar fresco. Não somos de todos pessoas sempre revoltadas que só falam do que está mal, mas também sabemos escrever dedicatórias para alguém que gostamos. Somos uma banda polivalente. Quanto ao título do disco surgiu depois de alguma discussão em que pedimos sugestões a várias pessoas amigas. Não somos de todo uma banda fechada a ideias ou opiniões e dessa forma partilhamos um pouco as nossas ideias com amigos. Achamos que, sem dúvida, nos ajudaram a escolher o título do álbum. Quanto ao número de faixas, foi o que se conseguiu arranjar… [risos]

Já agora, o disco está com um óptimo aspecto sónico! Onde e por quem foi gravado?
Foi gravado em Braga, nos Ultra Sound Studios, pelo grande Sr. Daniel Cardoso!

Este também sai já sob chancela de uma editora. Foi fácil arranjar quem o lançasse tratando-se de uma estreia?
Foi, pois somos uma grande banda e tivemos sempre pessoas interessadas! [risos] Não, estou a gozar. A hipótese foi discutida com o nosso management que, após algumas reuniões, achou que a dFX Media seria uma boa aposta para lançar o nosso álbum. Quem não arrisca não petisca e decidimos acreditar no trabalho da editora.

O lançamento de “Life Or Debt” coincide com o arranque da segunda edição do festival Alta Tensão Indoor Tour, encabeçada pelos dinamarqueses Mnemic, e em que vão fazer parte entre 14 e 20 de Julho. Antes de mais, digam-me: já tinham passado por uma experiência como esta, uma digressão com esta duração e importância?
Pessoalmente, nunca tinha feito uma tournée desta dimensão e com bandas com este peso na cena musical. Tocamos em tempos com Línea 77, mas não passaram de duas datas, e demos alguns concertos em Espanha. Temos elementos na banda como o Nuno, que fez parte dos Twentyinchburial, que é, sem dúvida, o elemento mais experiente nesse campo das digressões tendo já tocado em Espanha, França, Dinamarca e Alemanha. Para nós é bom ter alguém com essa experiência na banda e que possa partilhar connosco ideias e conceitos.

Como é que estão a viver este momento que se aproxima que, para além de servir de sobremaneira para promover “Life Or Debt”, vai também trazer-vos aos Açores pela primeira vez? Está a ser uma grande supressa surgirem todas essas oportunidades em tão pouco tempo de banda?
Estamos super ansiosos por essa oportunidade e de apanharmos o avião para fora de Portugal continental. No entanto, não quero com isto dizer que não damos valor aos concertos no continente…

Concretamente, o que esperam do concerto no Coliseu Micaelense? Não menosprezando, como disseste bem, as outras datas, mas poderá esta nos Açores ter um significado especial por ser fora do continente e num Coliseu?
Sem dúvida! No fundo é quase como um sonho que temos desde putos e o facto de apanharmos o avião parece que vamos tocar numa tournée mundial! Vivemos o momento como banda e tudo o que vier é vivido intensamente.

Bom, não sei se quer acrescentar alguma coisa, nomeadamente para o público que estará interessado em ver o Alta Tensão e o açoriano, especialmente, que vai ter, merecidamente, o seu primeiro grande festival de Metal da história! E vocês vão fazer parte desse momento histórico!Gostava de agradecer a toda a gente que sempre nos apoiou nos tempos dos Shrapnel e que continua a apoiar-nos com os Forgodsfake. Iremos dar o nosso melhor e contamos com ajuda do público açoriano para “partir tudo”! Vai ser um concerto em que não iremos dar tréguas.

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