Thursday, October 30, 2008

Entrevista Echidna

NÃO ACORDEM A “BESTA” ADORMECIDA

Um ano e meio separam os lançamentos da demo “Tearing The Cloth” do álbum “Insidious Awakening”. Os vila-novenses Echidna parecem ter envergado, rigorosamente, o “fato-macaco” neste curto período de tempo, pois a evolução que agora registam com o seu álbum de estreia é admirável. É verdade que a dedicação e uma intensa actividade ao vivo potenciam o crescimento de uma banda, mas seria igualmente retirar-lhes mérito se disséssemos que tudo foi construído “mecanicamente”. Pelo aspecto sonoro de “Insidious Awakening”, os Echidna comprovam que para além de serem uma máquina muito bem oleada, são também um organismo com talento inato. Se é sempre relativa e escusada a discussão sobre a validade de um estilo ou sobre o seu timing de existência, é preferível então – e mais justo – avaliarmos a qualidade de um trabalho dentro da sua esfera criativa. E sem preconceitos, consideramos os Echidna uma mui digna banda de death/thrash metal com aquilo que muitas bandas estrangeiras têm e que muitas não têm. O guitarrista David Doutel revelou-nos a receita para tanta consistência.

Sete anos de existência e só ao fim de quatro é que fizeram a vossa primeira aparição ao vivo. Porquê?
Esse é, de facto, um ponto importante no que respeita ao percurso da banda. Achámos, acima de tudo, que seria fundamental dar tempo para podermos crescer e ganhar maturidade suficiente, sem a pressão que um concerto ou um registo implicam. Crescer como banda e músicos pareceu-nos sempre fundamental no que respeita a todo o futuro de um projecto em que acreditamos e para o qual trabalhamos com a maior dedicação possível.

Este momento, para além de ter sido o vosso primeiro espectáculo, certamente foi marcante por ter ocorrido, precisamente, no mítico Hard Club. Quer recordar-nos esse momento?
Foi, sem dúvida alguma, um momento marcante. Não só pelo facto de ter sido o primeiro concerto, mas também, como referiste, por ter acontecido no Hard Club. Foi um concerto envolto numa grande dose de nervosismo, uma vez que era a primeira vez que pisávamos um palco enquanto banda. Não vamos, certamente, esquecer esse momento, pois foi o início de todo este processo de relacionamento entre público e banda, que correu da melhor maneira possível, oferecendo-nos a motivação e confiança suficientes para tudo o que se seguiu. O nervosismo, esse desapareceu ao fim do primeiro acorde...

Ao que tudo indica esta sala regressará numa nova infra-estrutura brevemente na cidade do Porto. Sendo do norte, isto alegra-o particularmente? Está ao corrente de como está o projecto?
Sim, sem dúvida. Qualquer músico residente no distrito do Porto [e não só] terá todo o interesse em acompanhar o projecto. Pelo que sei este ficará situado no interior do Mercado Ferreira Borges, bem no centro da cidade. Acima de tudo, enquanto músicos, temos a esperança de que se mantenham as excelentes condições acústicas que a antiga casa oferecia. O Hard Club foi um marco na história da música em Portugal, pelo que faz falta tanto às bandas como ao público. Da nossa parte, esperamos que a reabertura esteja para breve.

Se é, por um lado, curioso que tenham atravessado um período relativamente longo de gestação até se exporem ao vivo, não é menos curioso que o processo entre a gravação da vossa primeira demo e do vosso primeiro álbum tenha sido bastante rápido. Como explica que as coisas tenham corrido assim?
Acho que foi, principalmente, o resultado natural da evolução dos processos de composição e execução. O tempo que “perdemos” até ao lançamento de “Tearing the Cloth” foi compensado com o entendimento e experiência que tivemos na criação de “Insidious Awakening”. Neste sentido, creio que este tempo curto entre um lançamento e o outro acaba por ser um reflexo da nossa preocupação em maturar, sem pressões, antes da exposição ao vivo. Para além deste aspecto surge também de forma algo inevitável a nossa motivação relativamente ao desafio que é compor um LP, que acabou por ser um modo de exigirmos mais de nós próprios, com um propósito válido e motivante.

Mas, concretamente, como acham que brotou essa evolução natural?
Acho que há um aspecto fundamental a referir relativamente a esta questão, que se prende com a experiência adquirida com actuações ao vivo no período que antecede e sucede o lançamento de “Tearing the Cloth”. Aprendemos imenso com as prestações ao vivo, ganhamos muita motivação e, acima de tudo, permitiram-nos perceber o caminho que queremos seguir. Nesse sentido, o ano que passou entre um lançamento e o outro foi extremamente rico em termos de aprendizagem. Compor e gravar o álbum foi apenas um resultado óbvio desse período mais intenso de trabalho em conjunto.

Até agora não há como a banda se possa sentir desiludida com o lançamento de “Insidious Awakening”, imagino. Até agora muitos o consideram uma das revelações nacionais do ano. Como têm vivido todo este entusiasmo em redor da banda?
Temos vivido este momento com enorme prazer e sensação de gratificação. Acaba por ser algo que resulta de todo o trabalho que desenvolvemos até aqui, o que nos enche de orgulho e motivação para continuarmos. Sabemos que o que queremos fazer é mais ainda e de modo algum este entusiasmo serve para nos ficarmos por aqui. Acreditamos que temos ainda muito para dar à musica e que temos muito trabalho pela frente. Este momento presente serve, acima de tudo, para nos dar força para continuar com este projecto. Ainda assim, temos plena consciência da responsabilidade que advém de tudo isto, fazendo crescer a pressão de um segundo álbum, o que por um lado pode funcionar positivamente no que respeita à exigência que temos para connosco.

O som dos Echidna será de fácil exportação ou por outro lado, devido à forte concorrência, dá-se o cenário de poderem ficar algo encobertos em termos mediáticos?
Creio que, salvo raras excepções, é complicado para qualquer banda conseguir exportar o seu trabalho. Os mercados estão a funcionar de maneira bastante diferente, já que existem novas dinâmicas criadas, principalmente, com o aparecimento de espaços virtuais como o Myspace. Neste momento, creio que se torna fundamental aproveitar todas estas novas ferramentas, perceber no que é que nos podem ajudar e partir em definitivo para a exportação da música que praticamos. Neste momento e com as excelentes críticas que temos recebido pela Europa, creio que estão abertas as portas para a exportação. No entanto, este é um passo que requer um grande esforço da nossa parte, principalmente no que respeita à auto-promoção e angariação de novos fãs da música que praticamos. Acima de tudo, sem público lá fora, dificilmente se consegue exportar com sucesso.

Estou convicto de que a banda estava ciente de que ao praticar o som que está a praticar pudesse vir a viver o estigma de um modelo, actualmente, desvalorizado e estereotipado. Preocupa-vos o vosso futuro por esta razão?
Não, de modo algum. A gravação deste álbum, como referi anteriormente, foi assente, fundamentalmente, na honestidade e sinceridade que queríamos garantir estarem presentes. Nesse sentido, não sentimos que isso possa prejudicar em nada o nosso futuro. Temos ainda tempo para crescer mais, para aprender e melhorar tudo o que fomos fazendo e, acima de tudo, temos plena tranquilidade ao pensar que gravámos aquilo que nos apetecia sinceramente gravar. O que aí vem não podemos adivinhar, podemos sim continuar a trabalhar e daqui para a frente explorar mais e melhor o universo do death/thrash que, por si só, está longe de estar saturado em termos de variedade musical. Todos os géneros vivem de ciclos de maior e menor adesão do público. O death/thrash teve o seu esplendor mais recente aquando do despoletar de inúmeras bandas na Suécia, mas a continuidade e sucesso desta sonoridade não está nem nunca esteve em causa.

Mudar seria, a partir daqui, uma grande falta de honestidade… ou não? É curioso, porque a partir do momento em que uma tendência se desvanece é supostamente a partir daí que se desvenda quem andou a deambular, pelos mais variados interesses, por uma vertente musical. Isto sem querer ser conservador, pois defendo também fortemente a renovação e evolução… O que pensa deste assunto?
Sim, seria um enorme revés naquilo que é a nossa forma de estar na música. Como já referi, pretendemos, acima de tudo, ser sempre sinceros naquilo que fazemos, nunca perdendo o enorme prazer que sentimos nas actuações ao vivo e mesmo nos ensaios. Nesse sentido, mudar seria bastante estranho no nosso percurso. O que posso dizer relativamente a isto é que, de facto, tudo evolui, tudo se renova e nós não fugimos à regra, apesar de termos bem presente que o universo death/thrash é aquele onde nos sentimos bem e servirá sempre de base para a nossa criação. Há muitas outras coisas que podem ser exploradas, sem correr o risco de perder a identidade da banda. Para um próximo trabalho, queremos pensar este género de maneira diferente, com uma abordagem mais própria, trabalhando alguns aspectos que durante as gravações de “Insidious Awakening” fomos percebendo de maneira diferente. De resto, acho que o processo de gravação é extremamente importante precisamente aí, na possibilidade que dá à banda de se autoavaliar, de perceber como soa o seu trabalho. Logo, um segundo álbum será sempre uma evolução, como o foi da demo para o LP.

Até que ponto Daniel Carvalho foi importante na produção deste novo trabalho? A lição estava toda muito bem estudada antes de entrarem em estúdio ou muita coisa foi mudada e melhorada pelo dedo do produtor?
Planeámos este álbum bastante bem antes de entrarmos em estúdio. Sabíamos perfeitamente o que queríamos dele, que assentava, essencialmente, na honestidade e sinceridade do trabalho desenvolvido. Queríamos que o álbum soasse verdadeiro e representativo do enorme prazer que sentimos enquanto músicos e enquanto banda. Partimos para o estúdio com tudo bem planeado em termos de composição, deixando apenas alguns momentos em aberto, pois parece-nos importante esse lado da improvisação que acaba por dar ao álbum esse toque menos mecânico e rígido. A participação do Daniel Carvalho foi, ainda assim, fundamental, pois acreditamos que é importantíssimo o ambiente de convívio e naturalidade entre banda e produtor, que permite pensar as coisas de uma forma menos pressionante e, acima de tudo, dá a possibilidade ao músico para se exprimir na sua totalidade. O Daniel tem uma relação bastante próxima connosco, aproveitando isso mesmo para puxar por nós em termos de execução. Mesmo na parte da composição, houve vezes em que discutimos com ele algumas das opções tomadas, o que para nós é extremamente importante uma vez que o Daniel ofereceu, em primeira instância, uma perspectiva exterior.

Recentemente participaram no Alliance Fest. Que balanço fazem desta experiência?
Foi uma experiência bastante positiva, principalmente no que respeita à aceitação do público perante o nosso trabalho. Foi a primeira vez que actuamos em Lisboa e podemos afirmar que correu da melhor maneira. A oportunidade de partilhar o palco com bandas como Arch Enemy ou Anathema, foi bastante enriquecedora, pois acabamos sempre a aprender alguma coisa com o contacto de proximidade neste tipo de eventos. Relativamente ao festival em si, acabou por se transformar numa excelente oportunidade para nós em termos de divulgação, já que raramente temos presentes tantos meios e canais de comunicação num mesmo local. Aproveitámos o melhor que conseguimos esta oportunidade e, acima de tudo, ficámos com a sensação de dever cumprido para com o público que presenciou o nosso concerto.

Para breve prevêem uma promoção mais massificada a “Insidious Awakening” ao vivo. Há alguma surpresa nesse sentido?
Sim, estamos, neste momento, a promover o álbum na digressão “No Lenience Tour”, tentando passar um pouco por todo o país. Não sendo essa uma tarefa fácil, fica já anunciado que a partir de Fevereiro de 2009 daremos início à segunda parte da digressão, tentando chegar a outras cidades pelas quais, infelizmente, ainda não passámos. Em estudo está também a possibilidade de partirmos para a Europa, mais concretamente para a Alemanha, pela excelente aceitação que “Insidious Awakening” tem tido por lá, tanto no que respeita à crítica especializada como ao público em geral.

O que acha que está a tornar os trabalhos das bandas portuguesas cada vez mais profissionais? A logística das gravações e/ou a sua mentalidade e métodos de trabalho?
Creio que se deu, nos últimos tempos, uma enorme revolução nos processos de gravação, muito por culpa da evolução do universo digital da música. Hoje em dia temos mais produtores, que estão a aparecer numa espécie de nova geração, o que tem permitido às bandas encarar uma ida para estúdio com maior seriedade e noção de que os resultados podem ser excelentes em termos de produção. Nem sempre foi assim, pois uma gravação analógica profissional implicava custos muitas das vezes excessivos para bandas que se queriam lançar, fazendo com que centenas de bandas, provavelmente, tenham ficado pelo caminho muito por culpa da produção e qualidade áudio do registo. Mas este facto não justifica tudo, acho que parte da “culpa” deste fenómeno positivo na música nacional parte também das bandas, que passaram com os novos meios de comunicação e exportação de música, a apostar de uma forma mais séria nos seus trabalhos, mas, mais uma vez, acaba por ser o universo digital a permitir alcançar públicos e mercados que anteriormente eram pura e simplesmente miragens.

No caso dos Echidna, sob que métodos e com que frequência praticam os vossos instrumentos ou ensaiam em conjunto? Este é também um factor importante…
Neste momento, ensaiamos regularmente para manter o nível máximo de profissionalismo ao vivo que queremos sempre apresentar. Presentemente, e já que nos encontramos em digressão, torna-se fundamental aproveitar todas as oportunidades possíveis para ensaiar e preparar os próximos concertos, com o intuito de oferecer ao público o máximo que conseguimos enquanto músicos e banda. Relativamente aos instrumentos, creio que isso já se tornou um hábito diário, que raramente não acontece. Acima de tudo, gostamos e sentimos prazer a tocar, pelo que acaba por ser natural o nosso contacto constante com os instrumentos que cada um toca.

Que principais aspectos entende que serão precisos os Echidna trabalharem para se manterem em alta e rumarem a uma grande carreira?
Será fundamental continuar a acreditar neste projecto como sempre acreditamos, não sacrificando nunca o prazer que sentimos. Depois... há quase tudo para fazer. Em termos de promoção, achamos que este álbum pode ainda oferecer-nos algo mais, principalmente a nível internacional, que é algo em que estamos a trabalhar presentemente. Em termos de futuro da banda, temos a certeza que há ainda muito para explorar e aprender, pelo que o que pretendemos, sobretudo, é dar continuidade ao trabalho que temos vindo a desenvolver e, esperançosamente, continuar com o percurso ascendente que temos vivido até aqui. Para isso, será preciso trabalhar individualmente em primeira instância e depois como banda, aumentando o desafio da composição e explorando novos caminhos. Depois de tudo isso, será preciso um enorme esforço de promoção do nosso trabalho que, actualmente, parte, principalmente, das próprias bandas e das pessoas que vão acompanhando o projecto. Lançámos, recentemente, a Street Team oficial dos Echidna no Myspace, o que nos parece um conceito excelente, uma vez que cria um espaço com uma dinâmica interessante para todos aqueles que nos querem ajudar a crescer.

Já agora, há um grande sonho a sustentar o vosso trabalho ou pela forma como o mercado está, lotado, trabalham sem sequer criarem grandes expectativas e muito menos a pensar em viver da música?
Temos grandes expectativas relativamente ao nosso trabalho. Viver da música é, sem dúvida, um dos objectivos, mas não vivemos obcecados com essa ideia. Acima de tudo, para já, os nossos objectivos passam por dar a conhecer o nosso trabalho ao maior número de pessoas possível. Mas respondendo directamente à pergunta... sim, sonhamos bastante alto, o que consideramos fundamental no estabelecer de padrões elevados para o projecto e, principalmente, potenciador de motivação suficiente para não desistirmos.

Nuno Costa

Wednesday, October 29, 2008

Review

DIMENSION ZERO
“He Who Shall Not Bleed”

[CD – Vic Records/Recital]

Um aglomerado de pesos pesados nórdicos é como podemos classificar, em primeira instância, os suecos Dimension Zero. Experientes como banda, ou já não existissem desde 1995, e ainda mais “calejados” no papel de músicos, já que incluem figuras como Jesper Strömblad [guitarrista dos In Flames], Jocke Gothberg [ex-baterista e vocalista dos Marduk], Daniel Antonsson [ex-guitarrista dos Soilwork e actual baixista dos Dark Tranquility] e Hans Nilsson [baterista dos Diabolique e The Great Deceiver], não seria de esperar outra consistência do que aquela que, de facto, apresenta “He Who Shall Not Bleed”.

Aliás, mais fácil se torna quando Jesper, o fundador e principal compositor dos Dimension Zero, é também um dos grandes responsáveis por aquilo que se popularizou como o “som de Gotemburgo”. Ora, sem poder ser mais fiel, nomeadamente aos primeiros tempos de carreira dos In Flames, acabou por criar uma banda à sua própria imagem, sem que o estatuto de “paralelo” tornasse, afinal, este projecto num escape para aquilo que gera na sua “banda-mãe”. Dimension Zero é a continuidade directa daquilo que perpetra nos In Flames. Com uma orientação musical tão previsível, caso é para pensarmos que Jesper, principalmente ele, transborda em criatividade ao ponto de não caber toda nos In Flames. Ou então são fruto de um passatempo de amigos que também não almeja nada para além de… tocar o que já bem sabem.

Entretanto, é preciso que se esclareça que aqui se nos depara um exercício bem mais cru e sujo do que aquele que assumem hoje em dia quer In Flames, quer Soilwork. Ao mesmo tempo, e olhando para os seus dois discos lançados até à data, ficamos com a ideia de que desta vez não se refrearam de injectar mais um pouco de melodia ao seu material. Ficamos na expectativa de saber se será uma fórmula a esmiuçar em próximos lançamentos [esperemos que não].

Ainda assim, a sua música continua suficientemente thrashy e “venenosa” para nos instigar e manter em sua órbita ao longo dos 34 minutos deste disco. A fúria da bateria aliada à qualidade assegurada dos riffs de Strömblad e Antonsson e uma voz sórdida e reincidente geram um resultado final, não obstante vulgar em termos criativos, bastante interessante. Mesmo que este projecto exista como passatempo [e sem propósitos inovativos] damos aval à sua continuidade. [7/10] N.C.

Estilo: Death Metal melódico/Thrash Metal

Discografia:
- “Penetrations From The Lost World” [EP 1997]
- “Silent Night Fever” [CD 2002]
- “This Is Hell” [CD 2003]
- “He Who Shall Not Bleed” [CD 2008]

www.dimensionzero.se
www.myspace.com/dimensionzerometal

Halloween Metal Fest III - Esta sexta em Ourém

Como é habitual nesta altura do ano, as actividades de Halloween multiplicam-se por todo o país. Sendo assim, também o Freixo Bar, em Ourém [em Outeiro de Matas], recebe as actuações dos Rising Force, Sacrilegion e Echoes Of The Fallen Messiah. O espectáculo, como não podia deixar de ser, acontece na noite de dia 31 de Outubro, a partir das 23h00. A entrada custa 2,50€.

Monday, October 27, 2008

Review

ADDICTION CREW
“Lethal”

[CD – Aural Music/SPV/MLI]

O facto de se ter passado um atestado de óbito ao nu-metal há bastante tempo parece não ter afectado as convicções dos italianos Addiction Crew, de modo algum. Formados numa altura em que o nu-metal explodia, em 1996, os Addiction Crew trilharam um percurso marcado por um som rock/metal orelhudo e acessível o suficiente para lhes valer várias subidas a tops europeus e japoneses.

Volvidos dois álbuns, três com este “Lethal”, este quarteto de Bolonha viu-se privado de alguns elementos e viu entrar sangue novo no seu organismo. Aparentemente os propósitos não mudaram muito – particularmente o de manter um som bastante susceptível a infiltrações “massificadas” – mas a cadência rappada das vocalizações que marcou a identidade da banda até então perdeu clara preponderância. Actualmente, os Addiction Crew parecem abertos a riffs mais pesados e directos, mas mantendo sempre uma conjuntura de composição virada para as canções. Melodia a rodos brota do meio de ritmos groovy, simples [é verdade] mas contagiantes e a grande atracção dos Addiction Crew continua, sem dúvida, a ser a voz de Marta Innocenti que, para além do seu “meio palmo" de cara, dispõe, realmente, de uma boa voz, quente e muito “açucarada” – muito ao jeito das artistas R&B da actualidade.

Se, por outro lado, os Addiction Crew escreveram os seus riffs mais pesados até à data com “Lethal” – mesmo assim muito longe de roçar o violento – a face baladesca da banda também vem ao de cima. Mas verdade seja dita que “Make A Sense” e “Hagin’ In The Air” – com a suavidade dos seus pianos, violas acústicas e até loops – revelam que os Addiction Crew conhecem muito bem os terrenos que pisam e como exercitar a sua criatividade nessa área.

No fundo, o único problema de uma banda com o seu cariz é perceber a potencialidade da sua validade e longevidade numa altura em que estão deslocados dos actuais índices de interesse do mercado Metal. [7/10] N.C.

Estilo: Nu-metal

Discografia:
- “Doubt The Dosage” [CD 1998]
- “Break In Life” [CD 2005]
- “Lethal” [CD 2008]

New Dawn Metal Fest - Em Dezembro no Indycat Piano Bar

No dia 13 de Dezembro o Indycat Piano Bar, em Medas [Gondomar], acolhe as actuações dos Mons Lunae, Artworx, Mindfeeder e Cycles. Os espectáculos iniciam-se às 21h30 e as entradas custam 6€.

Revolution Within - Próximas datas

Os Revolution Within têm duas datas marcadas para os próximos tempos. No dia 31 de Outubro, em mais uma celebração de Halloween, a banda de Santa Maria da Feira actua no Cine-Teatro António Lamoso com os After Hate e Anonymous Souls que servem-se dessa data para lançar o seu novo álbum “Agony”. O espectáculo tem início às 21h30 e as entradas são livres. Uma semana mais tarde, no dia 8 Novembro, é a vez dos Revolution Within subirem ao palco da Fábrica do Som, no Porto, com os Coldbreed e Breed Destruction. As hostilidades abrem-se às 21h30 e o ingresso vale 4€.

Friday, October 24, 2008

Anomally - Lançamento de disco e concerto ao vivo

No próximo dia 31 de Outubro, os terceirenses Anomally realizam a sessão de lançamento do seu álbum de estreia “Once In Hell…” no Snackbar Americano, em Angra do Heroísmo, a partir das 22h00. Para além de escuta integral do disco será também possível assistir ao primeiro videoclip do grupo para o tema “No Words From The Dead”. No dia seguinte, a banda apresentará o disco ao vivo num concerto no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, acompanhados pelos System Failure e por uma banda ainda a designar. Os concertos têm início às 21h00 e as entradas são livres. Numa fase inicial o disco estará à venda no site da banda www.anomally.com.

Thursday, October 23, 2008

Review

CRONAXIA
“The Solution Above Continuity”

[EP – Edição de autor]

Onze anos foram precisos para termos acesso a um registo dos lisboetas Cronaxia. Uma longa resistência a entradas e saídas de elementos foi a chave para a continuidade da banda até aos dias de hoje, banda esta que chegou a ser composta por elementos dos Bleeding Display e D’evil Leech Project. A capital primeira amostra do grupo surge-nos este ano e, com certeza, abrirá portas à banda que até agora estavam fechadas. Até porque, e talvez pela experiência acumulada pelos seus membros fundadores em todos estes anos de “cativeiro”, fazem estrear-se em parâmetros bastante aceitáveis de qualidade.

Com uma dieta feita à base da tradição death metal norte-americana, os Cronaxia apresentam-se como uns competentes executantes e intérpretes desta facção popularizada por bandas como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Hate Eternal, Deicide, Suffocation, Immolation, entre muitos outros nomes que fazem de regiões como a Flórida habitats basilares para a construção histórica da música extrema.

Entretanto, apenas quatro são as amostras [já contando com uma intro] que compõem “The Solution Above Continuity”. Compreendendo-se a escolha deste formato no timing em que surge este trabalho [afinal de contas a banda ainda agora está a sair do “casulo” e a tentar ganhar exposição], podem, no entanto, soar inconclusivos perante aquilo que a banda, artisticamente, pode oferecer. Se a execução é sólida [não, os Cronaxia não entram aqui em concursos de rapidez ou técnica, mas não são propriamente lentos nem toscos] e a composição, ainda que sem revelar nada fora do comum, é aprazível, o ponto de destaque deste trabalho acaba por ser o seu conceito e teor lírico. Ao invés do sangue “convencional” a banda adopta termos e pensamentos futuristas, científicos e sociais, o que lhes vale, sem dúvida, pontos a favor.

Fica, por fim, o desejo de que os Cronaxia não encontrem mais obstáculos ao seu percurso que os submeta a mais longas paragens, pois de Lisboa parece estar a nascer mais um nome promissor para o death metal nacional. [7/10] N.C.

Estilo: Death Metal

Discografia: “The Solution Above The Continuity” [EP 2008]

Judas Priest - Em Portugal com Megadeth e Testament

Os Judas Priest regressam a Portugal no dia 17 de Março para um espectáculo único no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Esta paragem por terras lusas insere-se na “Priest Feast Tour” que serve de apoio ao último álbum do grupo britânico intitulado “Nostradamus” lançado este ano pela Sony/Epic. Como bandas suporte estão os não menos emblemáticos Megadeth e Testament, num pack que promete atrair muitos fãs à sala da capital. Os espectáculos terão início às 19h30 e os bilhetes encontram-se já à venda a preços entre os 28€ e os 36€ nos seguintes locais: Pavilhão Atlântico [www.pavilhaoatlantico.pt e 707 780 000], Worten, FNAC, CTT [www.ctt.pt], Plateia [www.plateia.pt], Megarede, El Corte Inglês, Media Markt [Benfica, Braga, Porto, Rio Tinto, Aveiro, Sintra e Alfragide], Lojas de Turismo de Lisboa [aeroporto e Praça do Comércio], Agências de Viagens Abreu, Agências ABEP e Alvalade, Lojas ACP, Bulhosa [Oeiras Parque e C.C. Cidade do Porto], Bliss [Fórum Montijo] e Ticketline [reservas: 707 234 234 e www.ticketline.pt]. Esta é uma produção Everything Is New.

Wednesday, October 22, 2008

Review

THE BANNER
“Frailty”

[CD – Ferret Music]

Se actualmente a independente norte-americana Ferret Music é capaz de nos repelir à distância pela imagem que criou em virtude de uma série de lançamentos de qualidade duvidosa, também não deixa de ser previsível ou lógico que em [quase] tudo há um lado bom. E seria até injusto dizer que esta entidade falhou sempre as suas apostas – basta que nos lembremos que foram os responsáveis pelo lançamento de bandas como Killswitch Engage e Every Time I Die. Os The Banner, banda de New Jersey já praticamente a comemorar os dez anos de existência, acabam por ser um activo importante no catálogo da editora, quer pela sua grande projecção em território norte-americano, traduzindo-se em digressões verdadeiramente extensas, quer pela sua sonoridade que revela uma atitude minimamente própria.

Ainda assim, não sendo isso o suficiente para afugentar o “fantasma” do metalcore, os The Banner trazem-nos um imaginário abstracto e sinistro concebido em antecipação pelo aspecto da capa deste seu segundo longa-duração. Ouvindo o seu conteúdo musical, “Frailty” assume-se, sobretudo, como um disco de hardcore, de espasmos modernos, mas que mesmo assim não comprometem a veia obscura e asfixiante proporcionada por alguns trechos de “The Wolf”, “A Hellbound Heart” ou “Dusk” – este último com uma base melódica interessante.

É verdade que a introdução “Welcome F**kers” nos deixou em guarda para algo que parecia bastante diferente daquilo que a editora costuma apresentar – a sua aura vincadamente southern parecia antever tudo menos um disco de punk/hardcore/metal. Contudo, fomo-nos apercebendo que o peso destas mesmas sonoridades no seu universo criativo é ainda bastante grande, mas momentos quase fúnebres como o início de “The Wolf”, a lembrar-nos Black Sabbath, e outros a subjugar-nos ao monolitismo de uns Neurosis fizeram-nos ganhar uma especial empatia por este quinteto.

É sabido que o mercado do Metal é bastante vasto e, felizmente, sobra público para praticamente todos os subgéneros musicais, mesmo para aqueles que pensamos que estão saturados. Não sendo os The Banner uma banda revolucionária, possuem, no entanto, características que lhes farão agradar tanto a fãs de Madball e Hatebreed como de Neurosis e Poison The Well. [7/10] N.C.

Estilo: Post-Hardcore/Punk/Metal

Discografia:
- “Your Murder Mixtape” [CD 2003]
- “Each Breath Haunted” [CD 2006]
- “Frailty” [CD 2008]

Friday, October 17, 2008

Nightmare Before Halloween Fest - Cancelado

Depois dos Moléstia, os Anonymous Souls dão como cancelada a sua participação no festival Nightmare Before Halloween por motivos de saúde do seu vocalista. O evento que iria decorrer já amanhã no Indycat Piano Bar, em Medas [Gondomar], é igualmente dado por cancelado pela organização do espectáculo já que entende que “não estão reunidas as condições para continuar”.

Obscurii Lunae - Completam formação

Depois de em 2007 Frimost, mentor dos Obscurii Lunae, se ter visto privado de todos os seus colegas, o grupo comunica que voltou a completar o seu line-up após algum tempo de busca criteriosa. Sendo assim, a banda de black metal lisboeta fica completa com Lord Baalberth na voz, Wolfclaw na guitarra, Carpathian Wolf no baixo, Nazgul na bateria e Frimost nos teclados. Os próximos objectivos da banda passam por compor temas para um novo trabalho, dar os seus primeiros concertos e reeditar “Ruína Granítica” – primeira demo da banda lançada em 2006 pela Hell Unleashed Records - com mais seis faixas.

Thursday, October 16, 2008

Hatin' Wheeler - No Red Hot Bar

No dia 31 de Outubro os micaelenses Hatin’ Wheeler actuam no Red Hot Bar nas Portas do Mar, em Ponta Delgada, a partir das 00h00. A banda de hardcore/metal onde figura Honório Aguiar [Tolerance 0, Trauma Prone] apresentará um guitarrista convidado, Bruno Carreiro [ex-Zymosis], em virtude da ausência de André Batista por questões curriculares. As entradas são gratuitas.

Metal Bit IX - Segunda edição lançada hoje

O segundo número da revista açoriana Metal Bit IX, responsabilidade da Associação de Juventude Bit IX, será oficialmente lançada hoje pelas 22h00 no Salão de S. José, em Ponta Delgada, numa cerimónia integrada no programa do festival October Loud que decorre até sábado no mesmo espaço com variados concertos de bandas locais. A revista é impressa em formato A4 a cores e é composta por 36 páginas, onde se destacam entrevistas a bandas como In Peccatvm, Death To Rise, Hiffen, Prophecy Of Death, Luciferian Dementia, God’s Fall, Spank Lord, Duhkrista, Askara, A Different Mind, a músicos como Paulo Arruda [Corsários, Summoned Hell], João Oliveira [Spank Lord, In Peccatum, Sweet Misery] e Miguel Perez [Luciferian Dementia] e contém ainda artigos de Jorge Medeiros do site Música Total e uma reportagem sobre o festival Wacken Open Air 2008. A revista vai estar à venda por 1€ e pode ser encomendada pelo e-mail umlouco@hotmail.com.

Wednesday, October 15, 2008

Review

UNDERSAVE
“After The Domestication Comes The Manipulation”
[EP – Edição de autor]

Fácil será começar por dizer que franca evolução tem tido o death metal em Portugal nos últimos tempos. Se este estilo exige técnica apurada por parte dos seus executantes e alguma vez se sentiu que os nossos músicos ainda não tinham atingido esse nível, acho que a ideia começa a dissipar-se por completo. Ao mesmo tempo e com os limites do extremismo [quer em termos líricos, conceptuais e rítmicos] atingidos, pode-se sentir sempre algum constrangimento pela presumível falta de novas formas de interpretação a cada vez que agarramos um novo lançamento dentro deste quadrante. Contudo, continua a ser a nossa crença em inadvertidos rasgos de génio, bem como a força aniquiladora tradicional do death metal que nos faz sempre querer submeter a mais escutas.

No caso dos Undersave a experiência é, de facto, agradável. Um tema inicial – “Dried And Tumbled” - a rasgar impiedosamente com ritmos e breaks complexos dão o mote para uma viagem sempre tortuosa e onde a capacidade técnica é suficientemente elevada para que sintamos vontade de estar atentos a todos os pormenores. Entretanto, falamos aqui de um death metal em impúdica e frutífera comunhão com o grindcore, impregnada, com maior ou menor evidência, em vários momentos deste trabalho. Bandas seminais como Cannibal Corpse, Morbid Angel ou Suffocation servem aqui de base inspiradora, mas a banda sabe como diversificar as suas dinâmicas, enxertando abrandamentos e uma transitória melodia como se assiste em “Blood Eyes”.

Numa perspectiva mais técnica, o grupo de Loures encontra-se num patamar muito aceitável, fazendo-nos crer que se deixa seduzir pelo arrojo de bandas como Cephalic Carnage ou Cryptopsy; noutra vertente mais pútrida remetem-nos para o mundo de uns Regurgitate, Disgorge ou mesmo Holocausto Canibal.

No final, este cinco temas parecem suficientes para confirmar o potencial desta banda da zona de Lisboa e projectar a representatividade que pode vir a ter num plano nacional cada vez mais numeroso e qualitativo em que se destacam bandas como Decrepidemic, Goldenpyre, Bleeding Display, Theriomorphic, The Firstborn, entre outros. [7/10] N.C.

Estilo: Death Metal/Grindcore

Discografia:
- “Domestication Of The Human Race” [Demo 2005]
- “After The Domestication Comes The Manipulation” [EP 2008]

www.undersave.no.sapo.pt
www.myspace.com/undersave

March Of Metal - Edição especial em Novembro

O festival, especialmente dedicado ao Metal tradicional e melódico, March Of Metal terá uma edição especial no dia 30 de Novembro no In Live Caffe, na Moita, com as bandas Attick Demons, Mindfeeder, Cycles, Crystal Dragon, Shivan e Castle Mountain. As entradas custam 8€ [compra antecipada] ou 10€ [compra no dia]. Entretanto, os Cycles estão a organizar uma excursão com origem no Porto. Os interessados deverão entrar em contacto com a banda pelo e-mail cycles.band@gmail.com. De realçar ainda que o grupo portuense irá aproveitar este momento para estrear o seu novo line-up.

Nightmare Before Halloween Fest - Moléstia cancelados

A organização do festival Nightmare Before Halloween anuncia a desistência dos Moléstia do cartaz do evento, apontando compromissos profissionais inadiáveis da parte de um dos membros da banda como razão para o sucedido. Pelo aproximar da data do espectáculo, a organização não pretende arranjar substitutos. Recordamos que o evento decorrerá no dia 18 de Outubro [próximo sábado] com as bandas Anonymous Souls, Equaleft e The Last Of Them no Indycat Piano Bar, em Medas [Gondomar]. Os concertos têm início às 21h30 e as entradas custam 4€ [com a cerveja a 0,80€].

Morbid Death - DVD de estreia lançado este mês

No dia 31 de Outubro, os açorianos Morbid Death fazem o lançamento oficial do primeiro DVD da sua carreira, intitulado “Spinal Factor-Maintaining aLIVE”. O feito será celebrado no bar Baía dos Anjos, em Ponta Delgada, e será acompanhado de uma actuação da banda a partir das 23h00. Este registo audiovisual é baseado no concerto que a banda deu a 3 de Agosto de 2005 no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada. A banda aproveita também a ocasião para apresentar novo merchandise.

Echidna - No Lenience Tour sábado no Metalpoint Bar

No próximo sábado, dia 18 de Outubro, os nacionais Echidna, Repulsive Strife e Revolution Within actuam no Metalpoint Bar, no Porto, a partir das 22h00. Este evento insere-se na “No Lenience Tour” com efeito de promoção a “Insidious Awakening”, o surpreendente álbum de estreia dos Echidna, tendo arrancando a 9 de Agosto no Alliance Fest e prevendo-se durar até 21 de Novembro com mais seis datas agendadas, incluindo Lagoa, Faro, Porto, Figueira da Foz, Lisboa e Coimbra. Mais informações em www.myspace.com/echidna.

Wednesday, October 08, 2008

Review

MENCEA
“Dark Matter, Energy Noir

[CD – Indie Recordings/Recital]

Em terra de forte espólio clássico e antiguidades “divinas” também há lugar a manifestações de contemporaneidade. Aliás, como é natural pela evolução dos tempos e pelo fortalecimento dos instrumentos globalizadores. Trocando por miúdos, na Grécia também o metal moderno tem expressividade e um dos seus maiores símbolos pode muito bem assumir figura nestes Mencea, avaliando pelo que aqui se ouve.

A começar pelo excelente trabalho conjunto de Stamos Koliousis e Vangelis Labrakis [guitarristas e teclistas da banda] na captação e produção, Daniel Bergstrand [Meshuggah, In Flames, Soilwork, SYL] na mistura e George Marino [Metallica, Iron Maiden, AC/DC] na masterização, “Dark Matter, Energy Noir” soa como uma pedra sólida e explosiva. Em termos estéticos, a banda grega demonstra uma inteligente aproximação e consequente fusão de vários estilos e ambiências mantendo uma matriz sonora moderna – sim, podemos afiançar o metalcore como importante força motriz deste trabalho. Contudo, será tremendamente redundante classificar o trabalho dos Mencea como um banal e convencional disco de metalcore. Os termos prog, math, black ou mesmo death metal são evidentes aglutinadores da real essência da sua música. Como exemplo temos os teclados a gerarem estruturas ora progressivas, ora obscuras e frias ou até subtilmente sinfónicas. A ferocidade rítmica – com blastbeats à mistura - também se faz sentir remontando a um universo black ou death metal. Alguma excentricidade em termos de compassos fazem-nos pensar em bandas como Meshuggah, ainda que não pretendam alcançar níveis de extremismo como os dos suecos. Mesmo assim a banda reclama-os como influência e não é uma visão totalmente descabida se tomarmos em atenção alguns pormenores deste trabalho.

Apraz-nos, de facto, sentir que aqui há alguma frescura de ideias e músicos de mente aberta. Assim será mais fácil afastarem-se do rótulo sentencioso em que se tornou o metalcore e muitas já foram as razões dadas para que os Mencea não sejam assim considerados ou sequer como uma banda propriamente vulgar. Podemos ainda afiançar que aqui há pouquíssimo lugar a melodia e refrões orelhudos e “sensacionalistas”, passe a redudância. Estes são conceitos completamente descartados do universo destes gregos, o que pode, à partida, agradar a muita gente. O vocalista Andreas G. é também um dos grandes responsáveis por este resultado graças a um desempenho impiedoso, sempre berrado, digno de alguém em estado de fúria descontrolada. Sendo assim, é fácil resumir que os Mencea carregam a grande virtude de conferirem um sentido de versatilidade e autonomia ao seu som e será com base nestas qualidades que o grupo poderá evoluir para algo até bastante distinto no futuro. Para já, temos aqui, sem dúvida, uma estreia interessante. [8/10] N.C.

Estilo: Death/Black/Prog/Metalcore

Discografia:
- “Dark Matter, Energy Noir” [CD 2008]

http://www.mencea.com/
www.myspace.com/mencea

Monday, October 06, 2008

Metal Terror IV - Traz Minotaur a Portugal 19 anos depois

Proclamando o underground a 100% o festival Metal Terror dará lugar à sua quarta edição no próximo dia 29 de Novembro. O evento decorrerá no Pin Up Coffee Bar [Rua de Sá da Bandeira], no Porto, e apresenta no seu cartaz os Midnight Priest, Atomik Destruktor, Alcoholocaust, Omission [Esp] e Minotaur [Ale]. Os grandes destaques do seu cartaz vão para o regresso dos Minotaur a Portugal, 19 anos depois, e para apresentação da nova demo dos Omission – “V.P.A. – Violence Power Agressiveness”. O início dos espectáculos está marcado para as 21h00 e os bilhetes já estão à venda pelo e-mail sepulchral@hotmail.com a 12€.

Friday, October 03, 2008

Entrevista Into Eternity

SARANDO FERIDAS

Se é por vezes comum falar-se em “guerreiros” no Heavy Metal, provavelmente Tim Roth será um dos maiores. O guitarrista e fundador dos canadianos Into Eternity viu nos últimos três anos desaparecer a sua mãe, pai e dois dos seus melhores amigos, os últimos três sucumbindo a um cancro. Como muitas vezes também acontece, principalmente com artistas, a maneira mais revitalizante de ultrapassar lúgubres e duros períodos é criando música. À semelhança do que havia acontecido com o anterior “The Scattering Of Ashes”, inspirado em parte pela morte da sua mãe, desta vez Roth concedeu ao seu novo trabalho a totalidade da dedicatória aos seus entes queridos recentemente falecidos. Inevitável é o sentimento forte e tocante que rodeia “The Incurable Tragedy” e que promete deixar também marca em quem o ouve. Musicalmente, a banda de Regina continua focada na sua mistura dinâmica e original de heavy metal clássico e progressivo em conjugação com a aspereza do death metal. O regresso de uma das bandas mais interessantes vindas do outro lado do Atlântico é aqui celebrado com o próprio Tim Roth que, entre outras coisas, conta como foram os últimos anos [muito difíceis] da sua vida.

"The Incurable Tragedy" é um disco, sobretudo, marcado por mudanças, não é assim?
Sim, ocorreram muitas mudanças em termos pessoais durante seu processo de composição. Várias mortes afectaram este álbum de uma forma intensa e estou certo de que teria soado diferente se tivesse sido criado em outras circunstâncias. Mas tenho a sensação de que era suposto as coisas serem assim. A banda também recebeu alguns membros novos, o que também teve impacto no resultado final.

Este álbum está carregado de valor e significado para si. Foi difícil compor e cumprir todos os seus compromissos enquanto lidava com uma situação tão pesarosa?
Passei por muitos estados de espírito como desespero, raiva e depressão. Senti-me extremamente stressado também, o que destroçou-me completamente. Consegue-se ouvir e sentir estas emoções quando ouvimos “The Incurable Tragedy”, pois tudo foi real e se passou ao mesmo tempo em que compunha o disco. Agora tenho a certeza de quais foram os piores tempos da minha vida. O meu sentido de humor alterava-se muitas vezes por dia e eu sentia-me horrível. Ainda hoje em dia sinto-me mal, embora muito melhor do que antes.

Pode-se considerar um autêntico “guerreiro”! Acredito também que se sinta bem por poder homenagear os seus entes queridos através daquilo que mais gosta de fazer – música.
Sem dúvida! Sinto-me bem por ter feito um “tributo” a três pessoas muito importantes na minha vida. Estes temas vão perdurar para além de nós todos! Compor e tocar era mesmo a única coisa que conseguia fazer e sobre a qual tinha controlo naquela altura.

Estou certo que não foi um acto deliberado o de se ter inspirado nestes acontecimentos para escrever um novo disco, mas ao mesmo tempo não sente que ao ter motivos tão fortes para escrever está a ajudar os seus discos a terem um sentimento mais verdadeiro?
Naquela altura não pensava em nada. Escrever música era apenas um escape para tentar manter o meu pensamento afastado destes trágicos acontecimentos. Isto traduziu-se em música e penso que se pode ouvir claramente as emoções que estão a ser transmitidas. Seria totalmente diferente tentar e forçar a escrita de uma balada acústica ou ao piano. Os temas lentos deste novo álbum são os meus preferidos. “The Incurable Tragedy” é a minha composição preferida de todas as que já escrevi. Espero que os fãs gostem dos nossos novos temas agora que estão finalmente nas lojas.

Acha que muitos dos álbuns que simplesmente contestam a política e os políticos são mais “plásticos” do que aqueles que reflectem sentimentos como os que o inspirou a escrever “The Incurable Tragedy”?
Nunca escrevemos sobre política, mas não censuro nenhum músico que o escolha fazer. Música para mim tem a ver com arte e penso que lhe sobra espaço para todos escreverem o que realmente quiserem. A música actualmente está muito diferente, pois existem muitas bandas para ouvir… Eu entendo o que queres dizer. Penso que é importante haver verdadeira emoção na música que escrevemos, por isso não acho que os nossos álbuns soem “plásticos”. Mas entendo onde queres chegar – alguma da magia do Heavy Metal pode estar perdida hoje em dia.

Sendo que estes episódios trágicos foram vividos por si e não pelos seus companheiros, acredito que tenha assumido o comando da maior parte da composição do vosso novo álbum…
Realmente, a parte instrumental ficou mais a meu cargo, pois esta vem primeiro e só depois a lírica. O Justin escreveu a “Indignation” e metade da “Diagnosis Terminal” e quero continuar com este método no próximo álbum, embora colaborando mais com ele. O Stu e eu dividimos a tarefa de escrever as letras ao jeito do que fizemos no anterior “The Scattering Of Ashes”. A mãe do Stu tem cancro, daí que ele tenha sabido exactamente como transmitir as suas emoções. Não sou propriamente fã de escrever letras, por isso foi bom ter muita ajuda de novo.

“Indignation” será um tema que foca a fase em que vocês não aceitavam a trágica realidade que se abatia sobre vós?
A “Indignation” foi escrita pelo Stu. Queríamos que esta canção transmitisse a nossa ira e raiva em relação a esta situação e sentimos que ela era perfeita para isso. Todo o álbum submete a nossa “negação” perante a trágica realidade. A morte é uma coisa muito dura de se aceitar… Suponho que um certo nível de negação esteja envolvido com todo este assunto.

Este álbum marca a estreia do Steve e do Justin. Ao menos esta é uma boa notícia para vós… O que sente que vieram acrescentar aos métodos de trabalho dos Into Eternity?
O Justin e o Steve trabalharam muito nestes últimos dois anos em todas as tournées, vídeos, ensaios, viagens e na composição. Depois de todo esse tempo podemos, finalmente, ouvi-los num disco dos Into Eternity e sei que estão contentes por isso. Eles acabaram por fazer todas as tournées de apoio ao nosso álbum anterior. O Justin gosta de gravar, por isso foi-nos muito útil tanto na estrada como em estúdio. Ele é um músico sólido, com boa presença em palco e que está sempre disposto a aprender, o que é muito bom. O Steve é o único membro de nacionalidade americana na nossa formação, por isso tem que levar com umas piadas nossas de vez em quando! [risos] Ele é muito bom baterista. Tem excelentes pés e timming. O Steve está sempre a praticar, a aprender coisas novas com o seu kit e na sua mente está sempre a bateria. Penso que o Steve é o único músico com escola entre nós. Ele sabe tudo sobre ritmos e material fora de tempo. O início de “Spent Years Of Regret” tem um compasso muito fixe e foi ideia dele. Eu cheguei a contactar outros músicos, mas o Justin morava perto da nossa cidade o que tornava mais fácil a composição, gravação e os ensaios. Ele veio até minha casa, fizemos uma jam e depois, com a banda completa, fomos para a sala de ensaios tocar os nossos temas. Para a bateria o Steve mandou-nos um vídeo com ele a tocar a “Point Of Uncertainty” e estava arrasador. A partir daí, convidámo-lo a viajar até nós para fazer uma audição e saltámos pouco depois para a estrada para cumprirmos 200 espectáculos. Até agora o pessoal tem encaixado perfeitamente no universo Into Eternity.

Há pouco deu a atender que não tinha formação musical. Curiosamente, numa lição sua no Youtube diz a data altura: “Não vou falar de notas porque sou um músico que toca mais pelo sentimento”. Isto vem então comprovar que um músico tão evoluído como você não tem qualquer grau de formação musical?
No liceu tive aulas de música mas nessa altura eu já tocava guitarra. Eu até afinava todos os instrumentos para o meu professor. Durante o período que estive na escola tive três anos de aulas de música, mas eram aulas de apenas meia-hora por semana e o professor não estava apto a qualificar-me numa abordagem Heavy Metal que era a que realmente queria desenvolver. Eu mostrei-lhe o “Cowboys From Hell” em 1990 e ele não mo conseguia ensinar a tocar porque ele era um professor de guitarra country. A partir desse dia decidi que ia aprender sozinho e comprei cassetes de vídeo instrucionais e revistas de guitarra. Eu tinha uma paixão grande por aprender como fazer solos muito rápidos. Bandas como Testament, Metallica e Megadeth fizeram-me aperfeiçoar muito a criação de ritmos, mas eu queria também aprender a solar. Músicos como o Paulo Gilbert, Yngwie Malmsteen e Vinnie Moore ajudaram-me nesta área. Desde aí que toco de ouvido e deixo-me levar pelo sentimento. Se o que estiveres a compor te soar bem, então está tudo ok. O público quando ouvir a tua música vai sempre tecer alguns comentários negativos. Portanto, apenas liberto-me e deixo a música fluir.

Os Into Eternity já comprovaram ter uma sonoridade bastante eclética e que podem oferecer muitas surpresas a cada álbum que lançam. É isso que desejam que as pessoas sintam quando compram um álbum vosso?
A mensagem principal que queremos fazer passar aos nossos fãs é que se sintam seguros de que fizemos o nosso melhor para criar os nossos temas e que o nosso Heavy Metal vai ter sempre um toque próprio dos Into Eternity. Tocamos metal progressivo, melódico, com toques de death metal e metal clássico. Até agora, em dez anos de carreira e com cinco álbuns lançados, posso dizer que nunca mudámos demasiado o nosso som ao ponto de “assustar” as pessoas. O elemento que mudou mais foram as vozes. Agora temos o Stu com um alcance vocal ultra-amplo que nos permite elevar o nosso material a outra dimensão. A coisa boa na nossa banda é que damos liberdade a todos para tocarem qualquer género de música pesada. Ao mesmo tempo conseguimos abrandar as coisas com uma balada acústica se quisermos. É bom ter-se esse tipo de opinião enquanto compositor.

São, portanto, músicos muito interessados nas mais variadas vertentes do metal…
Todos os elementos dos Into Eternity gostam de tipos de metal diferentes. Se uma música for boa, então as hipóteses são altas de gostarmos. Todos temos a mente muito aberta. Num momento podemos estar a ouvir Dragonforce e no outro Necrophagist. São ambas as bandas muito fixes e diferentes uma da outra.

Com tanta tournée que têm feito nos últimos tempos acredito que tenham guardadas muitas filmagens. Já pensam na edição de um DVD?
Realmente, temos muitas filmagens guardadas ao longo dos anos, inclusive do nosso primeiro concerto em 1996. Contudo, encontra-se em formato bootleg, pois não dispúnhamos de câmaras profissionais e em quantidade suficiente. Editar um DVD foi algo que sempre desejei fazer e espero que o consigamos concretizar algum dia com qualidade profissional. Seria muito bom conseguirmos também lançar o nosso próximo trabalho e todos os nossos “hits”! [risos]

Para quando se perspectiva o vosso regresso à Europa?
Começámos a ir à Europa em 2001, altura em que percorremos 20 países. A nossa última tournée aí foi com os Kataklysm já há quatro anos. Todos os anos temos tocado nos Estados Unidos e Canadá, excepto quando fomos ao Japão já este ano. O nosso plano é regressar à Europa em 2009. Esperamos mesmo que isso se concretize porque, realmente, já faz muito tempo que aí não tocamos.

Para fechar a questão dos problemas que lhe tem afectado: alguma vez lhe passou pela cabeça ajudar instituições que lutam contra o cancro?
Temos feito alguns concertos de beneficiência para uma instituição de caridade local chamada “The Band Of Brothers”. Eles dão dinheiro e outras coisas a famílias que enfrentam problemas com o cancro. O dinheiro pode ser um grande problema uma vez que as famílias com pessoas cancerosas não trabalham, pois estão no hospital a cuidar das pessoas que mais gostam. Eu doei a minha guitarra Ibanez para leilão para ajudar o Danny Stephenson [amigo muito chegado de Tim que faleceu em Novembro de 2006 com cancro] e a sua família. Eu tentarei sempre ajudar na medida das minhas capacidades e quando puder.

E para despedida resta-me dizer-lhe que nos Açores existem muitos fãs dos Into Eternity!
A eles endereço um grande abraço! Obrigado pelo apoio. Keep it Metal!

Nuno Costa

Lusitânia de Peso Metal Fest III - Amanhã em Valadares

É já amanhã, dia 4 de Outubro, que decorre a terceira edição do festival Lusitânia de Peso, autoria dos responsáveis pelo site nacional com o mesmo nome [www.lusitaniadepeso.wordpress.com] Do seu cartaz fazem parte os Urban War, Pressure, Dethmor, Decayed e Theriomorphic. Desde a apresentação dos novos álbuns de Decayed e Theriomorphic, “The Black Metal Flame” e “The Beast Brigade”, respectivamente, à estreia da nova formação dos Dethmor e às prestações das jovens bandas Urban War e Pressure, estes últimos finalistas do concurso Friday Rock Sessions, o Lusitânia de Peso Metal Fest III atrai para si suficientes motivos de interesse para que todos se desloquem já amanhã ao Orfeão de Valadares. Os espectáculos terão início às 21h00 e o bilhete custa 7€.