CONTRA O SISTEMA
É hoje, manifestamente, uma certeza de que o nosso underground tem vindo a expandir-se tanto em quantidade como em potencial. A sucessão de lançamentos consistentes num perímetro de bandas em fase inicial de carreira, faz-nos crer cada vez mais no profissionalismo e na exigência com que as bandas mais novas encaram os seus projectos. Os Switchtense, formados na Moita em 2002, são um exemplo desta garra e vontade de vingar, solidificando esta ideia com o lançamento de “Brainwash Show”, na primeira metade deste ano. As palavras que trocámos com Hugo [vocalista] dão-nos a perceber os ideais e objectivos desta promessa nacional dentro das sonoridades thrash/metalcore.
Como foi erguer os Switchtense? A Moita é um cenário privilegiado para o vosso género, certo?
Antes de mais quero agradecer, em nome dos Switchtense, ao Nuno e ao seu projecto SounD(/)ZonE, por todo o apoio ao underground nacional. Não desistas, que nós deste lado também não iremos desistir de fazer o que mais gostamos neste mundo. A banda surgiu das “cinzas” de outra banda em que eu e o guitarrista tocávamos! Esse outro projecto terminou e sentimos necessidade de continuar a fazer música. Foi fácil arranjar os elementos e em duas semanas estávamos a ensaiar músicas, a definir ideias... o normal neste processo. Quanto ao facto de a Moita ser um cenário privilegiado, não concordo... Até há bem pouco tempo não haviam sítios para tocar ao vivo. Contudo, as coisas têm mudado! Nós há 4 anos que organizamos, em conjunto com a autarquia, um festival de metal. Por cá já passaram, entre outros, os W.A.K.O., Seven Stitches, Painstruck e Mindlock. Acredito que tenhamos ajudado nessa mudança de mentalidades e, hoje em dia, já se aposta alguma coisa nessa área, embora de forma limitada!! É uma luta...
Entretanto, já houve algumas mexidas na banda...
Sim, é uma selecção natural que acaba por acontecer em todas as bandas, ou quase todas. Há sempre questões pessoais, gostos e objectivos que causam essas situações. Desde 2002 até 2004 mantivemos a mesma formação. Durante essa altura gravámos duas demos que nos permitiram uma boa exposição. Durante esses dois anos tocámos mais de 30 vezes ao vivo - concursos, concertos em bares, festivais... Em 2005, saíram o baterista e o guitarrista, mas eu e o Karia [baixista] quisemos continuar com a banda! Arranjámos um guitarrista, o Pardal, fizemos o E.P. e, no final de 2005, apareceu o Antero [baterista]. Foi com esta formação que durante este ano andámos aí a tocar as músicas do novo E.P..
Como olhas os Switchtense de hoje e os que se formaram há quatro anos atrás?
Com muito gosto pelo que estamos a fazer nesta altura, mas não esquecendo o início. Contudo, gosto muito mais desta fase. Acho que encontramos um equilíbrio muito bom entre gostos musicais e relações humanas! Somos um grupo de amigos que se diverte bastante com os Switchtense. Acho que estamos muito melhores... e ainda bem!
O vosso último E.P. - “Brainwash Show” - já foi editado no primeiro semestre deste ano. Acredito já ser possível fazer um balanço mais preciso dos seus resultados...
O E.P. esta disponível desde Março. Sem dúvida que foi um grande veículo de divulgação do nosso nome, tem resultado muito bem. Temos recebido críticas muito positivas desde sites até pessoas que nos visitam na internet (www.myspace.com/switchtenseportugal). Deu um gozo enorme fazer este E.P. e, como tal, dá um gozo enorme ver que as pessoas gostam!
As vendas têm algum significado para vocês nesta fase? Digo isto porque, realmente, numa fase inicial todo o esforço vai para promoção…
Tem um significado simbólico. O mais importante é que conseguimos chegar a muitas pessoas! Ate à data já vendemos cerca de 150 cópias em concertos e na internet. Para uma banda que não tem editora e se auto-promove acho que é muito satisfatório!
E a promoção ao vivo como tem decorrido?
Essa parte tem sido a melhor. Até à presente data, durante o ano de 2006, já demos mais de 20 concertos, entre festivais, bares e uma data em Espanha. As pessoas têm aderido de uma forma espectacular. Vemos os pescoços a rodar nos concertos, vemos as rodas de “pancadaria” que o pessoal faz quando tocamos e depois, no final, vem sempre alguém deixar uma palavra de incentivo e força. E são pessoas que falam a verdade, que estão ali a ver o concerto e que sentem na pele o que queremos transmitir. É, sem duvida alguma, o momento em que tiramos o maior gozo disto! E é para essas pessoas que queremos continuar a tocar!
Este trabalho foi apresentado a editoras, certo? Alguma ilação que se possa tirar daí, alguma perspectiva animadora para o futuro em relação a um vínculo com alguma etiqueta?
Por acaso, até nem apresentámos a muitas editoras. Aliás, em Portugal, penso que não apresentámos o trabalho a ninguém! Poderá ser um erro, mas acho que cá não se trabalha a sério com as bandas de metal! Falta muito apoio, divulgação, etc. Para isso preferimos ser nós a tratar de tudo – da agenda de concertos, das vendas, de todos os detalhes! Enviámos algumas cópias do E.P. para algumas editoras estrangeiras. Houve respostas com a mensagem de que no futuro poderão dar alguns frutos. Temos, por exemplo, a distribuição do E.P. no Brasil assegurada por uma editora de lá. A ver vamos…
Vocês sempre trabalharam até hoje num verdadeiro regime Do It Yourself. Gravam, produzem e masterizam os vossos trabalhos, financiam-nos, promovem-nos... É difícil acumular todas estas funções e conseguir obter os resultados pretendidos?
Dá algum trabalho, mas pelo menos sabemos que não vamos trabalhar em vão. Ás vezes, as bandas depositam toda a confiança em terceiros e, algumas dessas vezes, essa decisão revela-se errada. E quem corre por gosto não cansa!
Relativamente ao facto das gravações serem feitas por vocês, esta é uma opção deliberada ou realmente não têm ainda possibilidade de experimentar outro produtor ou outro estúdio?
Realmente não tivemos ainda possibilidade monetária. Também achamos que, nesta fase, podemos perfeitamente assegurar todo esse trabalho. Tenho algum material que me permite fazer uma produção “caseira” com a mínima qualidade. Este E.P. é mais um exemplo disso! Contudo, num futuro próximo, queremos trabalhar com outra pessoa. Acho que podemos ganhar muito com isso.
Tu é que é que tens a responsabilidade de escrever as letras para a banda. “Brainwash Show” representa o quê para ti?
O E.P. representa, basicamente, uma revolta e inconformidade para com as normas que todos os dias nos são impostas! Acho que estamos a caminhar para uma “standartização”exagerada das pessoas! Hoje em dia somos mais facilmente influenciados por tudo um pouco e foi contra essa postura apática que escrevi estas letras! Evoluímos em tantas coisas, mas continuamos a regredir em outras. Já não pensamos por nos próprios e cada vez mais estamos sujeitos a pressões que nos tentam conduzir à tal “standartização” de comportamentos de que falei atrás. A resignação é sempre um bom caminho para a evolução.
Agora em jeito de provocação: quando falam na “desinformação” dos media e como deles depende muito do pensamento e das escolhas das pessoas, não tiveram algum receio a nível de promoção quando submeterem o vosso EP aos media na área do Metal? (risos)
Não, até porque já sabíamos de antemão que esses meios de comunicação que criticamos nunca nos iriam passar cartão nenhum. Não estás a ver os Switchtense na televisão, certo? (risos)
Fala-nos um bocado da vossa “maneira musical” de estar. Já vos ouvi dizer que não aspiram à originalidade mas, certamente, existe algum cunho pessoal...
Não temos aspirações de soar com esta ou aquela banda, mas também sabemos que estamos expostos às mais diversas influências, como todas as pessoas. Contudo, fazemos simplesmente a música que gostamos de ouvir. Não nos interessa se soa mais a Pantera ou Slayer, pois o importante para os Switchtense é fazer a música que mais gosta. Existem bandas que a primeira preocupação é a parte estética e original da “coisa”. Isso não nos preocupa, por exemplo. E lá está: a falta de preocupação também acontece, porque sabemos que fazemos as nossas músicas sem querer parecer a esta ou aquela banda. Não procuramos soar assim ou assado. Temos é várias influências, mas ainda bem que nos conseguimos descolar delas.
Agora qual será o próximo passo a atingir para os Switchtense?
Tocar ao vivo mais e mais. Contudo, nesta altura já estamos a preparar temas novos para gravar durante o próximo ano. Queremos fazer um álbum de qualidade superior. Garanto que será mais rápido, mais forte e mais agressivo! Um grande abraço a todos e continuem a apoiar o metal português. Obrigado!
Nuno Costa
www.myspace.com/switchtenseportugal
É hoje, manifestamente, uma certeza de que o nosso underground tem vindo a expandir-se tanto em quantidade como em potencial. A sucessão de lançamentos consistentes num perímetro de bandas em fase inicial de carreira, faz-nos crer cada vez mais no profissionalismo e na exigência com que as bandas mais novas encaram os seus projectos. Os Switchtense, formados na Moita em 2002, são um exemplo desta garra e vontade de vingar, solidificando esta ideia com o lançamento de “Brainwash Show”, na primeira metade deste ano. As palavras que trocámos com Hugo [vocalista] dão-nos a perceber os ideais e objectivos desta promessa nacional dentro das sonoridades thrash/metalcore.
Como foi erguer os Switchtense? A Moita é um cenário privilegiado para o vosso género, certo?
Antes de mais quero agradecer, em nome dos Switchtense, ao Nuno e ao seu projecto SounD(/)ZonE, por todo o apoio ao underground nacional. Não desistas, que nós deste lado também não iremos desistir de fazer o que mais gostamos neste mundo. A banda surgiu das “cinzas” de outra banda em que eu e o guitarrista tocávamos! Esse outro projecto terminou e sentimos necessidade de continuar a fazer música. Foi fácil arranjar os elementos e em duas semanas estávamos a ensaiar músicas, a definir ideias... o normal neste processo. Quanto ao facto de a Moita ser um cenário privilegiado, não concordo... Até há bem pouco tempo não haviam sítios para tocar ao vivo. Contudo, as coisas têm mudado! Nós há 4 anos que organizamos, em conjunto com a autarquia, um festival de metal. Por cá já passaram, entre outros, os W.A.K.O., Seven Stitches, Painstruck e Mindlock. Acredito que tenhamos ajudado nessa mudança de mentalidades e, hoje em dia, já se aposta alguma coisa nessa área, embora de forma limitada!! É uma luta...
Entretanto, já houve algumas mexidas na banda...
Sim, é uma selecção natural que acaba por acontecer em todas as bandas, ou quase todas. Há sempre questões pessoais, gostos e objectivos que causam essas situações. Desde 2002 até 2004 mantivemos a mesma formação. Durante essa altura gravámos duas demos que nos permitiram uma boa exposição. Durante esses dois anos tocámos mais de 30 vezes ao vivo - concursos, concertos em bares, festivais... Em 2005, saíram o baterista e o guitarrista, mas eu e o Karia [baixista] quisemos continuar com a banda! Arranjámos um guitarrista, o Pardal, fizemos o E.P. e, no final de 2005, apareceu o Antero [baterista]. Foi com esta formação que durante este ano andámos aí a tocar as músicas do novo E.P..
Como olhas os Switchtense de hoje e os que se formaram há quatro anos atrás?
Com muito gosto pelo que estamos a fazer nesta altura, mas não esquecendo o início. Contudo, gosto muito mais desta fase. Acho que encontramos um equilíbrio muito bom entre gostos musicais e relações humanas! Somos um grupo de amigos que se diverte bastante com os Switchtense. Acho que estamos muito melhores... e ainda bem!
O vosso último E.P. - “Brainwash Show” - já foi editado no primeiro semestre deste ano. Acredito já ser possível fazer um balanço mais preciso dos seus resultados...
O E.P. esta disponível desde Março. Sem dúvida que foi um grande veículo de divulgação do nosso nome, tem resultado muito bem. Temos recebido críticas muito positivas desde sites até pessoas que nos visitam na internet (www.myspace.com/switchtenseportugal). Deu um gozo enorme fazer este E.P. e, como tal, dá um gozo enorme ver que as pessoas gostam!
As vendas têm algum significado para vocês nesta fase? Digo isto porque, realmente, numa fase inicial todo o esforço vai para promoção…
Tem um significado simbólico. O mais importante é que conseguimos chegar a muitas pessoas! Ate à data já vendemos cerca de 150 cópias em concertos e na internet. Para uma banda que não tem editora e se auto-promove acho que é muito satisfatório!
E a promoção ao vivo como tem decorrido?
Essa parte tem sido a melhor. Até à presente data, durante o ano de 2006, já demos mais de 20 concertos, entre festivais, bares e uma data em Espanha. As pessoas têm aderido de uma forma espectacular. Vemos os pescoços a rodar nos concertos, vemos as rodas de “pancadaria” que o pessoal faz quando tocamos e depois, no final, vem sempre alguém deixar uma palavra de incentivo e força. E são pessoas que falam a verdade, que estão ali a ver o concerto e que sentem na pele o que queremos transmitir. É, sem duvida alguma, o momento em que tiramos o maior gozo disto! E é para essas pessoas que queremos continuar a tocar!
Este trabalho foi apresentado a editoras, certo? Alguma ilação que se possa tirar daí, alguma perspectiva animadora para o futuro em relação a um vínculo com alguma etiqueta?
Por acaso, até nem apresentámos a muitas editoras. Aliás, em Portugal, penso que não apresentámos o trabalho a ninguém! Poderá ser um erro, mas acho que cá não se trabalha a sério com as bandas de metal! Falta muito apoio, divulgação, etc. Para isso preferimos ser nós a tratar de tudo – da agenda de concertos, das vendas, de todos os detalhes! Enviámos algumas cópias do E.P. para algumas editoras estrangeiras. Houve respostas com a mensagem de que no futuro poderão dar alguns frutos. Temos, por exemplo, a distribuição do E.P. no Brasil assegurada por uma editora de lá. A ver vamos…
Vocês sempre trabalharam até hoje num verdadeiro regime Do It Yourself. Gravam, produzem e masterizam os vossos trabalhos, financiam-nos, promovem-nos... É difícil acumular todas estas funções e conseguir obter os resultados pretendidos?
Dá algum trabalho, mas pelo menos sabemos que não vamos trabalhar em vão. Ás vezes, as bandas depositam toda a confiança em terceiros e, algumas dessas vezes, essa decisão revela-se errada. E quem corre por gosto não cansa!
Relativamente ao facto das gravações serem feitas por vocês, esta é uma opção deliberada ou realmente não têm ainda possibilidade de experimentar outro produtor ou outro estúdio?
Realmente não tivemos ainda possibilidade monetária. Também achamos que, nesta fase, podemos perfeitamente assegurar todo esse trabalho. Tenho algum material que me permite fazer uma produção “caseira” com a mínima qualidade. Este E.P. é mais um exemplo disso! Contudo, num futuro próximo, queremos trabalhar com outra pessoa. Acho que podemos ganhar muito com isso.
Tu é que é que tens a responsabilidade de escrever as letras para a banda. “Brainwash Show” representa o quê para ti?
O E.P. representa, basicamente, uma revolta e inconformidade para com as normas que todos os dias nos são impostas! Acho que estamos a caminhar para uma “standartização”exagerada das pessoas! Hoje em dia somos mais facilmente influenciados por tudo um pouco e foi contra essa postura apática que escrevi estas letras! Evoluímos em tantas coisas, mas continuamos a regredir em outras. Já não pensamos por nos próprios e cada vez mais estamos sujeitos a pressões que nos tentam conduzir à tal “standartização” de comportamentos de que falei atrás. A resignação é sempre um bom caminho para a evolução.
Agora em jeito de provocação: quando falam na “desinformação” dos media e como deles depende muito do pensamento e das escolhas das pessoas, não tiveram algum receio a nível de promoção quando submeterem o vosso EP aos media na área do Metal? (risos)
Não, até porque já sabíamos de antemão que esses meios de comunicação que criticamos nunca nos iriam passar cartão nenhum. Não estás a ver os Switchtense na televisão, certo? (risos)
Fala-nos um bocado da vossa “maneira musical” de estar. Já vos ouvi dizer que não aspiram à originalidade mas, certamente, existe algum cunho pessoal...
Não temos aspirações de soar com esta ou aquela banda, mas também sabemos que estamos expostos às mais diversas influências, como todas as pessoas. Contudo, fazemos simplesmente a música que gostamos de ouvir. Não nos interessa se soa mais a Pantera ou Slayer, pois o importante para os Switchtense é fazer a música que mais gosta. Existem bandas que a primeira preocupação é a parte estética e original da “coisa”. Isso não nos preocupa, por exemplo. E lá está: a falta de preocupação também acontece, porque sabemos que fazemos as nossas músicas sem querer parecer a esta ou aquela banda. Não procuramos soar assim ou assado. Temos é várias influências, mas ainda bem que nos conseguimos descolar delas.
Agora qual será o próximo passo a atingir para os Switchtense?
Tocar ao vivo mais e mais. Contudo, nesta altura já estamos a preparar temas novos para gravar durante o próximo ano. Queremos fazer um álbum de qualidade superior. Garanto que será mais rápido, mais forte e mais agressivo! Um grande abraço a todos e continuem a apoiar o metal português. Obrigado!
Nuno Costa
www.myspace.com/switchtenseportugal
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