Monday, October 02, 2006

Review

SWITCHTENSE
"Brainwash Show"
[EP - Edição de Autor]

Pese embora tenha sido lançado em Março do presente ano, só agora nos foi dada a oportunidade de estabelecer contacto com este “Brainwash Show”. Apesar disso, nunca é tarde para promovermos alguns trabalhos e as boas reacções que o seu lançamento gerou e também a sua chegada à final de um concurso/votação que por pouco não os levava a fazer parte do cartaz deste ano do festival Super Bock Super Rock, aguçaram desde cedo a nossa curiosidade em torno dos Switchtense.

Este quarteto da Moita formou-se em 2002 e deste então lançou duas maquetas. O seu terceiro trabalho surge no formato EP e é um verdadeiro manifesto de atitude DIY, sendo totalmente gravado, produzido e misturado pela banda nos The Fog Studios. Este espírito rebelde e insurgente está também bem patente no conceito e no teor musical das seis faixas que compõem este EP. Falámos de uma objecção à manipulação a que estamos sujeitos por parte dos media e como esta influencia os comportamentos de uma sociedade e, por outro lado, de um thrash metal com muita atitude hardcore. Podíamos muito bem, aos primeiros minutos de escuta, rotular este “Brainwash Show” como um mero produto fiel das tendências metalcore que reinam (ou reinavam?) no cenário metálico actual, mas aos poucos acaba por sobressair uma certa conjuntura musical tradicional. No entanto, é-nos difícil encarar estes Switchtense como uma novidade demasiado relevante, muito longe disso... Apesar da crueza da gravação que nos remonta a um cenário bastante longínquo, do peso e rapidez de uns Sepultura ou o balanço de uns Machine Head, muito do que aqui se ouve também é resultado de um universo referencialmente contemporâneo. Temas como “Your Own Agression” ou “My War” são impossíveis de passar sem nos fazerem lembrar Lamb Of God.

Acontece de facto que para além da força das guitarras e de uma técnica apreciável, os Switchtense demonstram ainda aqui pouco para aquilo que acreditamos que sejam capazes de fazer. Sente-se o potencial, mas a nível de composição continuam a faltar ideias que se sobreponham ao óbvio. Metade destes temas são muito fortes mas, gradualmente, o interesse decaí deixando até a sensação que os últimos temas foram lá deixados para “encher”. Esta é certamente uma banda explosiva ao vivo (que o provem alguns vídeos que se encontram na net), mas numa perspectiva artística e de carreira este trabalho revela ainda pouca ambição. Contudo, não perca de vista esta banda cuja força está elevada aos patamares mais altos das sonoridades thrash nacionais. [7/10] N.C.

4 comments:

Anonymous said...

Estes filhos da puta destes spammers deviam levar um tiro nos cornos.
Quanto ao CD: estes gajos são bons, podem ir longe. Têm muita garra.
Dico

SoundZone said...

Viva Dico!

Realmente! lol...
Quanto aos Switchtense, sem dúvida, garra não lhes falta! Sabes Dico, apeteceu-me comentar porque, não sei se é mania da perseguição minha (provavelmente lol), mas sinto que essa review pode ter sido mal interpretada por certas pessoas. Eu sei que não tenho que estar a justificar as minhas opiniões, nem ninguém me pediu para tal, mas queria deixar aqui salientado que as coisas mais "duras" que se diz numa review nunca é, pelo menos no meu caso, com um sentido depreciativo, obviamente. E tu bem sabes bem isso o que é e o quão é difícil dizermos certas coisas por vezes em relação a certos artistas, em reviews, etc... Ainda mais no meu caso que sou músico e absolutamente solidário com eles. Enfim, um pequeno desabafo...lol Há alguns anos nisso e ainda com essas dúvidas existenciais!lol É que eu sei o suor que escorre de quem se dedica a sério e ama isto...e vir agora um "badameco" metê-los para “baixo”...lolol Atenção, não estou a dizer que alguém se queixou, mas prontx... ainda me mete impressão isto de ser pseudo-jornalista musical!lol

Abraço
Nuno Costa

Anonymous said...

Nuno, tudo bem?

Acho interessante essa tua necessidade de fazeres essa análise intrsopectiva pq isso demonstra que sabes bem onde te moves. É um desafio ser-se músico e crítico ao mesmo tempo, pq se por um lado amamos o Metal, por outro temos que ser imparciais. Tb já fui músico vários anos e sei como é estar-se do outro lado.
No fundo, acho que um crítico não é mais do que um "consultor", um especialista que, ao memso tempo q expressa a sua opinião sobre um trabalho está a dar conselhos às bandas sobre a forma como poderiam melhorá-lo. No fundo, a função do crítico acaba por ser ajudar as bandas a evoluir. É pena q nem todos percebam isso, mas acredita q as bandas q têm discernimento para aceitar as críticas de bom grado e aprender com elas vão longe. Desde que escrevo sobre música já tive vários exemplos desses. Já houve bandas às quais dei notas miseráveis e q me escreveram a dizer "obrigado pela tua sinceridade e dicas para o futuro, esperamos estar à altura para aprender com elas e melhorar" E evoluíram mesmo, pq a predisposição para fazer mais e melhor está directamente associada à humildade e vontade de aprender. Acho q os Swithctense fazem parte deste grupo: são bons, não são obviamente originais, mas têm muita vontade de fazer boa música. Além disso, não julgam que os críticos são inimigos deles (como alguns pensam) e só andam aqui para lhes enfernizar a vida. Só por isso já marcam pontos.

Um abraço,
Dico

SoundZone said...

Olá Dico

Oh yeap! Os Switchtense são assim mesmo. E do pouco contacto que tenho com eles já me apercebi bem disso: são pessoas maduras e lúcidas.
Bem, podíamos aqui analisar outros pontos, mas acho que o que disseste resume bem onde queria chegar. "No fundo, acho que um crítico não é mais do que um "consultor", um especialista que, ao mesmo tempo que expressa a sua opinião sobre um trabalho está a dar conselhos às bandas sobre a forma como poderiam melhorá-lo"... "Dar conselhos"...Oh god damn, how true it is! Ora aí está Dico, tudo o que dizem os críticos, aqueles que gostam mesmo do que fazem e são honestos no exercício da sua função, dizem coisas negativas às bandas com o intuito de evoluirem! Nem mais, está tudo dito! Não há intenções de lesar ninguém. Claro que as pessoas podem desconfiar e esse "mito" criou-se também um bocado pela falta seriedade com que alguns jornalistas foram desempenhando o seu papel ao longo dos anos. O Metal Observer...oh que bonito site... Já vi lá reviews de gente sem um pingo de escrúpulos. Já vi lá reviews que eram puro escárnio a certas bandas. Mas enfim, não é disso que se trata aqui.
Bem, a meu único trauma existencial é sempre: será que tenho conhecimento ou instrução suficientes para analisar o trabalho de músicos que são certamente muito mais entendidos na matéria do que eu?... Enfim, é mais por aí. Mas também se olhasse sempre para isso nem tinha começado com este tipo de projecto. É o que eu aconselho quando eu digo asneira: passem à frente, não liguem ao que está a dizer um pseudo-jornalista musical. Quem bem entender e tiver consciencia, tire então proveito do bom e mau que as reviews possam indicar. Porque, afinal de contas, acho que não há ninguém melhor do que os próprios músicos para saberem o que de bom e mau fazem!

Ride on!
Abraço

Nuno Costa