SONIC SYNDICATE
“Only Inhuman”
[CD – Nuclear Blast/Compact]
Da parte a quem é submetida a apreciação de trabalhos musicais surgem muitas vezes grandes dilemas éticos e morais ou não estivesse implícita a esta tarefa uma forte carga subjectiva e pontos que mexem com muitos aspectos. O cargo assim obriga e esses princípios muitas vezes têm que ser expostos a reflexões profundas, mas a imparcialidade e a honestidade de quem aqui apenas dá uma opinião [lembremo-nos] são obrigadas a sobressair. Por esta linha de pensamento, sou obrigado a confessar que é difícil encarar este segundo trabalho dos suecos Sonic Syndicate como não sendo mais do que uma mera manobra comercial de quem precisa de “números” para sobreviver e que, assim sendo, tenta injectar-nos trabalhos “vazios” que, inevitavelmente, nos empurram para conclusões depreciativas, ainda que a intenção não seja ofender. Não querendo discernir “culpas”, porque não é mesmo possível falar nestes termos, a verdade é que, para quem tem tarefa de apreciar trabalhos e, sobretudo, dar o seu parecer pessoal sobre determinado disco, neste caso, sempre com o intuito de “construir” e não “destruir”, a sinceridade tem que prevalecer e aqui é preciso que se diga que “Only Inhuman” surpreende por alguns pontos positivos, mas, essencialmente, por um, grande, negativo – a falta de originalidade.
Quando se falava atrás de este [parecer, pelo menos] ser uma aposta de vendas de uma editora que nem tem tanta necessidade quanto isso de assim proceder e que tem altos padrões de qualidade e um catálogo muito variado, referiamo-nos à forma como os Sonic Syndicate chegaram à Nuclear Blast - um “Band Contest” lançado em 2005 que reuniu para apreciação 1500 maquetas e que culminou com a vitória dos Sonic Syndicate, sendo o prémio principal este mui aliciante contracto com a gigante alemã. Aos primeiros instantes de “Aftermath”, o tema de abertura deste “Only Inhuman”, ficamos logo a temer o pior... Guitarras, bateria, teclados e produção, como não podia deixar de ser, emulados ao conhecido som de Gotemburgo, pelos percursores In Flames, Dark Tranquility ou Soilwork, e vozes debitadas em registo berrado e limpo, por dois vocalistas destacados para o efeito, a fugir mais para o emo/metalcore. As melodias nos refrões, não obstante colarem-se aos nossos ouvidos, soam por vezes pop de mais e demasiado afectuosas. Rodados mais alguns temas percebemos que o objectivo da banda é recriar a fórmula NWOSDM o mais fielmente possível e, por aí, o ouvinte minimamente exigente vai se sentir, em poucos minutos, desmoralizado e até defraudado, se atendermos aos altos elogios que têm sido lançados em press releases ou em alguma imprensa em relação a este colectivo oriundo de Falkenberg, na Suécia. Uma grande campanha de marketing a funcionar, portanto.... Será que entre 1500 maquetas não chegou nenhuma aos escritórios da Nuclear Blast com um produto musical mais personalizado e criativo do que este?
Políticas editoriais à parte, a verdade é que “Only Inhuman” não passa de um conjunto de 11 temas muito bem construídos, é verdade, mas onde caiem por terra quaisquer propensões de se tornar um trabalho de destaque dentro deste exploradíssimo género musical. A manchar mais o pano, o apelo à melodia dos Sonic Syndicate é tão mainstream que dá-nos a impressão ser uma estratégia para saírem rapidamente do anonimato e vingarem no mundo [comercial] da música. Perante isso só nos podemos ficar a questionar sobre qual o melhor caminho a seguir para esta jovem banda... Será que vale a pena lutar para se ser apenas mais uma, mas com a segurança de que se facturará bastante com isso? Ou realmente vale a pena o esforço de nos distinguirmos e podermo-nos honrar de fazer o que realmente é, minimamente, nosso e está cá dentro? Esse esforço aqui não se sente e, da nossa parte, também não fica a vontade de tentar compreender o porquê desta banda decidir seguir esse caminho... [6/10] N.C.
“Only Inhuman”
[CD – Nuclear Blast/Compact]
Da parte a quem é submetida a apreciação de trabalhos musicais surgem muitas vezes grandes dilemas éticos e morais ou não estivesse implícita a esta tarefa uma forte carga subjectiva e pontos que mexem com muitos aspectos. O cargo assim obriga e esses princípios muitas vezes têm que ser expostos a reflexões profundas, mas a imparcialidade e a honestidade de quem aqui apenas dá uma opinião [lembremo-nos] são obrigadas a sobressair. Por esta linha de pensamento, sou obrigado a confessar que é difícil encarar este segundo trabalho dos suecos Sonic Syndicate como não sendo mais do que uma mera manobra comercial de quem precisa de “números” para sobreviver e que, assim sendo, tenta injectar-nos trabalhos “vazios” que, inevitavelmente, nos empurram para conclusões depreciativas, ainda que a intenção não seja ofender. Não querendo discernir “culpas”, porque não é mesmo possível falar nestes termos, a verdade é que, para quem tem tarefa de apreciar trabalhos e, sobretudo, dar o seu parecer pessoal sobre determinado disco, neste caso, sempre com o intuito de “construir” e não “destruir”, a sinceridade tem que prevalecer e aqui é preciso que se diga que “Only Inhuman” surpreende por alguns pontos positivos, mas, essencialmente, por um, grande, negativo – a falta de originalidade.
Quando se falava atrás de este [parecer, pelo menos] ser uma aposta de vendas de uma editora que nem tem tanta necessidade quanto isso de assim proceder e que tem altos padrões de qualidade e um catálogo muito variado, referiamo-nos à forma como os Sonic Syndicate chegaram à Nuclear Blast - um “Band Contest” lançado em 2005 que reuniu para apreciação 1500 maquetas e que culminou com a vitória dos Sonic Syndicate, sendo o prémio principal este mui aliciante contracto com a gigante alemã. Aos primeiros instantes de “Aftermath”, o tema de abertura deste “Only Inhuman”, ficamos logo a temer o pior... Guitarras, bateria, teclados e produção, como não podia deixar de ser, emulados ao conhecido som de Gotemburgo, pelos percursores In Flames, Dark Tranquility ou Soilwork, e vozes debitadas em registo berrado e limpo, por dois vocalistas destacados para o efeito, a fugir mais para o emo/metalcore. As melodias nos refrões, não obstante colarem-se aos nossos ouvidos, soam por vezes pop de mais e demasiado afectuosas. Rodados mais alguns temas percebemos que o objectivo da banda é recriar a fórmula NWOSDM o mais fielmente possível e, por aí, o ouvinte minimamente exigente vai se sentir, em poucos minutos, desmoralizado e até defraudado, se atendermos aos altos elogios que têm sido lançados em press releases ou em alguma imprensa em relação a este colectivo oriundo de Falkenberg, na Suécia. Uma grande campanha de marketing a funcionar, portanto.... Será que entre 1500 maquetas não chegou nenhuma aos escritórios da Nuclear Blast com um produto musical mais personalizado e criativo do que este?
Políticas editoriais à parte, a verdade é que “Only Inhuman” não passa de um conjunto de 11 temas muito bem construídos, é verdade, mas onde caiem por terra quaisquer propensões de se tornar um trabalho de destaque dentro deste exploradíssimo género musical. A manchar mais o pano, o apelo à melodia dos Sonic Syndicate é tão mainstream que dá-nos a impressão ser uma estratégia para saírem rapidamente do anonimato e vingarem no mundo [comercial] da música. Perante isso só nos podemos ficar a questionar sobre qual o melhor caminho a seguir para esta jovem banda... Será que vale a pena lutar para se ser apenas mais uma, mas com a segurança de que se facturará bastante com isso? Ou realmente vale a pena o esforço de nos distinguirmos e podermo-nos honrar de fazer o que realmente é, minimamente, nosso e está cá dentro? Esse esforço aqui não se sente e, da nossa parte, também não fica a vontade de tentar compreender o porquê desta banda decidir seguir esse caminho... [6/10] N.C.
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