Tuesday, September 18, 2007

Review

SAMAEL
“Solar Soul”

[CD – Nuclear Blast/Compact]

Já muitos devem ter desistido de discutir o rumo musical que os Samael tomaram a partir de “Ceremony Of The Opposites”, em 1994. Aliás, neste momento os Samael já terão que ser vistos definitivamente como uma banda de essência industrial e de visões modernas, pois já apenas 1/4 da sua carreira faz parte de um passado ligado ao black metal. Com 20 anos de carreira, oito álbuns e três EP’s podemos curvar-nos perante um nome lendário que atingiu a sua afirmação artística às custas da coragem de quebrar com parâmetros musicais convencionais e lançar-se em busca de uma identidade particular. Muitos reconhecerão a pisada arriscada que o colectivo suíço deu, sobretudo, com “Passage”, de 1996, trazendo à tona uma mistura dark metal com componentes industriais pouco comum na altura, mas que serviu de tónico para a banda se rejuvenescer sonoramente. A partir daí, parece impossível um regresso às origens do colectivo e “Solar Soul” comprova exactamente isso. Dificilmente teremos os Samael a praticar sonoridades mais extremas novamente, mas ainda assim sabem conjugar todos os elementos que os popularizaram, sobretudo a partir da fase “Passage”, e reunir de volta a sua base de fãs em momentos de escuta excitantes.

Após o longo interregno na sua actividade, entre 1998 e 2004, motivado por problemas com a sua antiga editora, os Samael ensaiaram um bem conseguido regresso com “Reign Of Light”, onde se destacou todo imaginário electrónico do colectivo liderado pelos irmãos Xy e Vorph. Após isso, ainda lançaram um trabalho exclusivamente electrónico/ambiental, constituindo uma grande surpresa por levar ao extremo a sua costela sintética – muitos fãs devem até ter temido que a banda se descaracterizasse por completo -, mas logo se entendeu que se tratou de uma experiência isolada para cumprir compromissos editoriais. O regresso “Solar Soul” não foge muito ao rumo de “Reign Of Light” mas oferece mais algum ecletismo e, em alguns momentos, peso. A par disso, as composições parecem mais directas e ainda mais eficazes. Temas como “Solar Soul”, “Promised Land” – com seu riff demolidor a lembrar, e bem, os tempos de “Passage” – e “Suspended Time” – em que colabora a ex-vocalista dos Tristania, Vibeke Stene – são algumas das pérolas de um cardápio composto por 11 elegantes faixas.

No geral, é, sem dúvida, um disco a assinalar o definitivo regresso à forma dos Samael, quer como exploradores de uma sonoridade ímpar quer como compositores cada vez mais experientes e sumptuosos. Só se lamenta que a partir dos três primeiros temas o ritmo de “Solar Soul” abrande um pouco e por vezes se apliquem passagens demasiado longas e repetitivas. Porém, encontramos outros motivos de interesse ao longo deste período como no ritmo contagiante e algo psicadélico de “Valkyries’ New Ride”, nos arranjos sinfónicos [sempre envoltos num pacote sintético] de “Ave!” e “Olympus” e no aroma árabe de “Quasar Waves”. É, em suma, um regresso convincente e vigoroso de uma banda que já tem pouco a provar, mas consegue manter-se sempre interessante. [8/10] N.C.

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