Wednesday, June 07, 2006

Entrevista Sick Of It All

A ESCOLA ESTÁ DE VOLTA

A comemorar 20 anos de existência , os nova iorquinos Sick Of It All não mostram sinais de “cansaço”. Uma das maiores instituições do punk hardcore mundial, sedeada em Queens, surge em 2006 com um novo álbum - “Death To Tyrants” -, numa directa alusão às suas origens na sua forma mais rígida e pesada. Após nove álbuns, alguns EP’s e álbuns ao vivo, estes senhores, comandados por Lou Koller, acrescentam ao seu regresso a inclusão de Tue Madsen (The Haunted , Himsa) na produção, o qual soube perfeitamente captar o espírito revolucionário da banda. Para quem gosta de Hardcore este disco não passará, com certeza, despercebido e é uma reconfortante prova de que um dos reis do hardcore se mantem cheio de fibra. A SounD(/)ZonE teve a oportunidade de trocar algumas palavras com o baterista Armand Majidi.


Após vinte anos de carreira, nove álbuns, dois registos ao vivo e muitos concertos pelo mundo fora, como se sentem em relação a isso? Neste aspecto “Sick Of It All” é como que um paradoxo… (risos)
A banda nunca foi o motivo por estarmos infelizes na vida. Esta foi sempre o escape para todas as nossas frustrações. Estamos muito contentes com o que atingimos. Nós “tocámos” em muitas pessoas e o elevado número de tatuagens com referência a nós no mundo é um testemunho do quão intimamente tocamos no interior das pessoas. É extraordinário vermos a pessoas cantarem as nossas letras e identificarem-se com a nossa mensagem.

Sick Of It All é um nome que tem, certamente, um sentido muito interventivo... qual é o vosso ponto de vista em relação ao actual estado do mundo, nomeadamente, em relação a guerras, racismo, violência e muitas outras coisas menos boas?
O nosso nome não generaliza. Significa antes tudo do que estás farto. Cabe a cada pessoa decidir se este significa raiva contra o sistema, o governo, os pais, a escola, os empregos, os patrões, seja o que for. Infelizmente, não há termino para a lista quando nos referimos a coisas de que estamos fartos.

O vosso novo álbum – “Death To Tyrants” – soa mais agressivo do que o vosso anterior registo. Sentiram vontade de tornar as coisas mais extremas para elevar o vosso hardcore a outras dimensões?
Nós apenas quisemos capturar o som característico da banda. O nosso anterior disco não era assim, por isso não foi tão bem sucedido. Nós tivemos um problema técnico no nosso estúdio durante as suas gravações, o que o afastou muito das misturas. Neste disco acho que transmitimos muito mais da verdadeira intensidade da banda.

Em termos de letras, as bandas hardcore têm sempre um cariz particularmente crítico em relação à política e vocês não fogem também à regra. No vosso caso, preocupam-se só com a política de Bush ou também com as de outros países? Qual é, mais concretamente, o tema principal de “Death To Tyrants”?
A administração Bush é o exemplo de um governo controlado pelas corporações, onde até os interesses nacionais são postos à parte em favor dessas. Os verdadeiros tiranos são aqueles que se escondem nos bastidores e nem precisam confiar nas eleições para se manterem no poder. São eles a elevarem os interesses políticos e a decidirem quais as guerras a fazer e as que não devem fazer. Não interessa qual é a tua opinião em relação a isso... trata-se tudo de uma questão de negócios, ganância, riqueza e poder às custas das guerras e do sofrimento das pessoas.

Qual foi a sensação do Lou ao cantar uma música com os The Haunted? Como foi que começou esta saudável amizade entre uma banda sueca de thrash e uma americana de hardcore?
Os The Haunted são porreiros o suficiente para expressarem o quanto os Sick Of It All significam para eles... e a forma foi convidar o Lou para cantar no seu disco. Felizmente, estávamos em digressão pela Europa nessa altura e, por isso, foi mais fácil o Lou encontrar disponibilidade para gravar. Após ouvirmos o resultado final, decidimos que o Tue Madsen seria uma óptima escolha para produzir o nosso próximo álbum, porque ele fez um excelente trabalho com os The Haunted.

Por curiosidade… o que significa o dragão tribal que consta do vosso logotipo?
Este significa a amizade entre nós. Nos nossos primórdios, éramos conhecidos em Nova Iorque como a “The Alleway Crew”, porque costumávamos andar num parque em Flushing, Queens. Alguns membros do grupo começaram a usar o dragão como um símbolo da crew e, uma vez que os Sick Of It All foram fundados, era um passo lógico adoptar o dragão como logotipo.

Entre Abril e Julho vocês têm uma agenda muito preenchida, inclusive, na Europa. Acham que o público europeu é mais receptivo hoje em dia do que em outros tempos?
Na Europa sempre nos “abraçaram” desde o princípio. A nossa primeira digressão por lá foi em 1992 e, embora fosse curta, foi muito bem sucedida. Os europeus sempre foram mais receptivos a bandas sem um perfil mainstream porque lá existe um movimento underground que não precisa da MTV ou da rádio para lhes dizer do que gostar.

Depois da digressão, já têm algo planeado ou vão simplesmente para casa gozar de um merecido descanso com as vossas famílias?
Sou um homem de família, por isso, significa muito para mim passar um tempo de qualidade com a minha esposa e filhos. Eu desejava não sentir tanto a falta dela como sinto... mas esta foi a vida que encontrei para mim. Pelo menos os meus filhos percebem o que eu faço e admira-me por eu ter um emprego mais fixe que o da maioria dos pais! (risos)

Uma vez que atravessamos uma data especial – o vosso 20º aniversário -, têm alguma coisa em mente, a nível de edições, para comemorá-la?
Nós vamos filmar um concerto em Nova Iorque para comemorar o nosso 20º aniversário através de um DVD. Alguns pormenores ainda não estão definidos, mas já estamos a contactar um director. Esta edição especial pode vir a estar disponível antes do final deste ano.

Apenas para terminar, queres deixar alguma mensagem aos teus fãs portugueses?
Apenas desejo que toda a gente goste do nosso novo disco, porque estamos realmente orgulhosos dele. É o melhor álbum que gravámos nos últimos anos! Eventualmente, vemo-nos no Verão, em Agosto, quando tocarmos em Lisboa!

Ruben Bento

www.sickofitall.com