{F.E.V.E.R.}
“4st”
[CD – Raging Planet]
“4st”
[CD – Raging Planet]
Variadas vezes temos proclamado a subida de qualidade dos projectos nacionais nos últimos anos. Contudo, nem só de quantidade e qualidade se tem constituindo a argamassa do metal nacional como também, aos poucos, começamos a ter projectos fixados em vertentes cada vez mais díspares. Com esta introdução até parece estarmos a falar de uma nova banda, mas, neste caso, apontamos holofotes aos lisboetas {F.E.V.E.R.} que militam no nosso panorama desde 1999. Desde então pautam a sua existência com um produto rock/industrial - ou Sci-Fi Rock como a banda o descreve - cravado em dois EP’s, um disco de remisturas e um single, e em muitos espectáculos entre eles os honrosos open acts para Moonspell, HIM e Type O Negative. Por essas e por outras os {F.E.V.E.R.} foram angariando um notável respeito e na sua área serão, certamente, dos projectos mais destacados e imponentes de Portugal. Porém, convenhamos que vem faltando o trabalho da consagração ou um longa-duração que realmente pusesse a nu todo o potencial da banda. O desafio foi colocado durante o último ano e em meados de 2007 é conhecido o seu resultado na forma de “4st”, o seu primeiro álbum.
Aos primeiros instantes do disco, com “Forced”, apercebemo-nos de uma classe “estranha” ao próprio trabalho da banda e para o que é a nossa realidade. A verdade é que ao término da sua primeira faixa já nos sentimos contagiados por esta máquina fria mas cheia de malhas, texturas e melodias envolventes. O peso da seguinte “Beyond And Beyond” e de “Twilight Roadkill” mostra uma banda mais rebelde e convicta que nunca e operária num trabalho em que a electrónica não podia estar mais bem fundida com o rock.
Um dos elementos que contribui grandemente para a classe deste trabalho é também a masterização de Tom Baker [NIN, Ministry, Marilyn Manson, Rob Zombie, etc] que confere uma robustez incrível a “4st”. Ainda assim, o verdadeiro “joker” deste trabalho está nas composições. Os {F.E.V.E.R.} finalmente parecem ter encontrado a sua identidade e a luz que os leva a construir grandes malhas. Quer se seja amante ou não deste sub-género do rock a verdade é que é fácil gostar-se das nove faixas que compõem “4st”. A voz de Fernando Matias está ainda mais hipnótica e penetrante, por momentos suave e viciantemente anestesiante, e os "tecidos maquinais” sacados aos sintetizadores de João Queirós recuperam toda a importância que, aliás, vem tendo desde “...Of Human Bondage”.
Em poucas palavras podemos caracterizar “4st” como “uma grande surpresa”, isto mesmo sendo os {F.E.V.E.R.} uma banda já muito conhecida no panorama nacional. Mas de facto, ninguém contava com um trabalho destes tão subitamente – não subestimando o seu valor, claro. A evolução esbarra-se nas nossas caras e tiramos a conclusão de que desta máquina movida a um combustível híbrido soltou-se uma nova alma repleta de encantos. [8/10] N.C.
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