THERION
“Gothic Kabbalah”
[CD – Nuclear Blast/Compact]
O talento e a exuberância dos músicos suecos já nos educaram a esperar tudo do transcendente processo criativo que envolve a sua composição musical. No seu caso tudo é feito com ferramentas “mágicas” e o resultado não poderia ser outro senão surpreendente. Já quase sentimos dificuldade em diferenciar tanta genialidade e quase que nos sentimos a “tropeçar” sobre tantas obras e músicos de tamanha importância. Christofer Johnsson, vocalista, guitarrista, teclista, compositor e fundador dos Therion criou um dos maiores legados musicais da história do metal, com especial impacto depois da edição de “Theli”, em 1996, apresentando uma radiante, e até então nunca vista, maneira de misturar heavy metal com música erudita. Aliado a isto um grande sentido progressivo e um modo de composição efervescente, sempre aberto a empregar os elementos mais atípicos – como, por exemplo, a música árabe – numa salada de origem tradicional que acabou por degenerar num som único.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a liberdade criativa deste colectivo, “Gothic Kabbalah” vai ajudar a manter assente que Christofer Johnsson faz, invariavelmente, o que lhe dá na gana. Depois de uma das obras mais complexas, senão a mais complexa, do seu catálogo, como foi “Lemuria/Sirius B” editada em 2004, o colectivo sueco serve agora um trabalho mais directo e, até certo ponto, bastante mais acessível. Não estivesse Johnsson mais preocupado em sentir-se bem com ele próprio e não teríamos aqui temas como “Gothic Kabbalah”, “The Perennial Sophia” ou mesmo “Trul” que apesar de mais “simples” e com todos as características para se promoverem a singles, transpiram uma classe muito longe da vulgaridade. E por falar em temas mais orelhudos, é difícil, pelo contrário, apontar um que não nos agrade. É precisamente isso que torna “Gothic Kabbalah” um disco tão diferente como aliciante dentro do cardápio dos Therion. Á medida que se viaja no disco vamos descobrindo melodias que nos prendem bruscamente e ameaçam deixar-nos a carregar nos botões de rewind ou repeat por longos períodos.
Para além disso, Christofer e Cª souberam dosear os andamentos e no meio de tanta melodia etérea encontramos também temas rápidos como “Tuna 1613” e “T.O.F. – The Trinity” – este segundo com fortes deambulações progressivas -, colocados cirurgicamente no alinhamento do disco para evitar a monotonia e que também servem perfeitamente como “rebuçado” para os fãs das investidas mais rasgadas do colectivo – ainda assim muito longe da brutalidade dos tempos de “Of Darkness...”.
Este é também o primeiro disco em que Johnsson não presta o seu contributo vocal ao seu trabalho, ficando, ao invés, essa responsabilidade exclusivamente atribuída a Mats Levén [At Vance] e a Snowy Shaw [Notre Damme, Dream Evil] e, diga-se, muito bem atribuída. No campo das vozes femininas temos duas novas figuras - Katarina Lilja e Hannah Holgersson – que mostram grande imponência em passagens clássicas e um calor absolutamente sedutor e irresistível em temas mais sóbrios. Com isso já se percebeu que a banda não perdeu também totalmente a magnitude sinfónica que a caracterizava. Simplesmente, foi dado mais espaço aos instrumentos tradicionais criando assim automaticamente composições mais fáceis de absorver.
“Gothic Kabbalah”
[CD – Nuclear Blast/Compact]
O talento e a exuberância dos músicos suecos já nos educaram a esperar tudo do transcendente processo criativo que envolve a sua composição musical. No seu caso tudo é feito com ferramentas “mágicas” e o resultado não poderia ser outro senão surpreendente. Já quase sentimos dificuldade em diferenciar tanta genialidade e quase que nos sentimos a “tropeçar” sobre tantas obras e músicos de tamanha importância. Christofer Johnsson, vocalista, guitarrista, teclista, compositor e fundador dos Therion criou um dos maiores legados musicais da história do metal, com especial impacto depois da edição de “Theli”, em 1996, apresentando uma radiante, e até então nunca vista, maneira de misturar heavy metal com música erudita. Aliado a isto um grande sentido progressivo e um modo de composição efervescente, sempre aberto a empregar os elementos mais atípicos – como, por exemplo, a música árabe – numa salada de origem tradicional que acabou por degenerar num som único.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a liberdade criativa deste colectivo, “Gothic Kabbalah” vai ajudar a manter assente que Christofer Johnsson faz, invariavelmente, o que lhe dá na gana. Depois de uma das obras mais complexas, senão a mais complexa, do seu catálogo, como foi “Lemuria/Sirius B” editada em 2004, o colectivo sueco serve agora um trabalho mais directo e, até certo ponto, bastante mais acessível. Não estivesse Johnsson mais preocupado em sentir-se bem com ele próprio e não teríamos aqui temas como “Gothic Kabbalah”, “The Perennial Sophia” ou mesmo “Trul” que apesar de mais “simples” e com todos as características para se promoverem a singles, transpiram uma classe muito longe da vulgaridade. E por falar em temas mais orelhudos, é difícil, pelo contrário, apontar um que não nos agrade. É precisamente isso que torna “Gothic Kabbalah” um disco tão diferente como aliciante dentro do cardápio dos Therion. Á medida que se viaja no disco vamos descobrindo melodias que nos prendem bruscamente e ameaçam deixar-nos a carregar nos botões de rewind ou repeat por longos períodos.
Para além disso, Christofer e Cª souberam dosear os andamentos e no meio de tanta melodia etérea encontramos também temas rápidos como “Tuna 1613” e “T.O.F. – The Trinity” – este segundo com fortes deambulações progressivas -, colocados cirurgicamente no alinhamento do disco para evitar a monotonia e que também servem perfeitamente como “rebuçado” para os fãs das investidas mais rasgadas do colectivo – ainda assim muito longe da brutalidade dos tempos de “Of Darkness...”.
Este é também o primeiro disco em que Johnsson não presta o seu contributo vocal ao seu trabalho, ficando, ao invés, essa responsabilidade exclusivamente atribuída a Mats Levén [At Vance] e a Snowy Shaw [Notre Damme, Dream Evil] e, diga-se, muito bem atribuída. No campo das vozes femininas temos duas novas figuras - Katarina Lilja e Hannah Holgersson – que mostram grande imponência em passagens clássicas e um calor absolutamente sedutor e irresistível em temas mais sóbrios. Com isso já se percebeu que a banda não perdeu também totalmente a magnitude sinfónica que a caracterizava. Simplesmente, foi dado mais espaço aos instrumentos tradicionais criando assim automaticamente composições mais fáceis de absorver.
Este será, certamente, um álbum que dividirá muitas opiniões. Contudo, não se acredita que desiludirá nenhum fã da banda. Afinal de contas, os Therion não parecem capazes de fazer um mau álbum. Christofer Johnsson e seus companheiros destilam aqui riffs, passagens, arranjos e, sobretudo, melodias que dificilmente passarão despercebidas, muito menos serão esquecidas com facilidade... Antes, pelo contrário, temos aqui um leque de temas altamente viciante! [9/10] N.C.
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