A VIDA SÃO DOIS DIAS... DE CURTIÇÃO
Normalmente quando um músico não está muito preocupado com o que está a tocar consegue emitir essências muito naturais daquilo que é o mundo musical que povoa a sua imaginação. O improviso e a espontaneidade chegam-se à frente para conviver com uma anarquia artística que revela positivas idiossincrasias. Com os norte-americanos See You Next Tuesday deu-se isso e o espírito é demarcadamente punk, bastando que percebamos que tudo começou como uma descontraída brincadeira de “putos” que se fartaram de correr os quatro cantos das casas dos seus amigos a dar concertos simplesmente para se divertirem. Arriscaram-se a que o público gostasse e assim foi... Hoje assinam pela Ferret Music e lançaram este ano o seu disco de estreia “Parasite”. Fartam-se agora de tocar em verdadeiros palcos e ainda ao lado de nomes como Despised Icon, Job For A Cowboy, Daath, Psyopus ou The Acacia Strain. A fórmula musical é um deathcore psicadélico, debitado em curtas injecções sonoras semelhantes às do grind e o embrulho lírico é uma sarcástica "pedra". Drew Slavik [guitarrista] assume as culpas no cartório.
Normalmente quando um músico não está muito preocupado com o que está a tocar consegue emitir essências muito naturais daquilo que é o mundo musical que povoa a sua imaginação. O improviso e a espontaneidade chegam-se à frente para conviver com uma anarquia artística que revela positivas idiossincrasias. Com os norte-americanos See You Next Tuesday deu-se isso e o espírito é demarcadamente punk, bastando que percebamos que tudo começou como uma descontraída brincadeira de “putos” que se fartaram de correr os quatro cantos das casas dos seus amigos a dar concertos simplesmente para se divertirem. Arriscaram-se a que o público gostasse e assim foi... Hoje assinam pela Ferret Music e lançaram este ano o seu disco de estreia “Parasite”. Fartam-se agora de tocar em verdadeiros palcos e ainda ao lado de nomes como Despised Icon, Job For A Cowboy, Daath, Psyopus ou The Acacia Strain. A fórmula musical é um deathcore psicadélico, debitado em curtas injecções sonoras semelhantes às do grind e o embrulho lírico é uma sarcástica "pedra". Drew Slavik [guitarrista] assume as culpas no cartório.
Os See You Next Tuesday são um grupo de jovens munidos de uma energia musical absolutamente arrasadora! O que têm andado a tomar? [risos]
[risos] Não temos tomado nada. Talvez seja esse o segredo…
[risos] Não temos tomado nada. Talvez seja esse o segredo…
Já agora, muitos textos falam da vossa tenra idade, mas na verdade até que ponto são jovens?
Bem, eu tenho 24 anos, agora poderão ajuizar por si próprios se sou muito novo ou não!
Inicialmente tocava baixo. O facto de ter passado para a guitarra com os SYNT remeteu-o para algum processo complicado de adaptação?
Tendo tocado primeiro baixo fez com que tivesse uma abordagem diferente quando comecei a tocar guitarra. Contudo, a questão do atraso de dois anos e meio para arrancarmos com a banda prendeu-se com o facto de termos começado a tocar por pura brincadeira. Queríamos divertir-nos e quebrar um pouco o tédio. Só após um ano sensivelmente é que começámos, realmente, a preocupar-nos com a composição e a escrever os primeiros temas.
De facto, todo o envolvimento dos SYNT tem a ver com espontaneidade. Mas em que termos podemos entender que a banda era uma brincadeira?
A banda era uma brincadeira porque todos os elementos da banda estavam a tocar instrumentos que não os seus. Por exemplo, eu era baixista e estava tocando guitarra, o nosso baterista era guitarrista... Garanto-lhe que nunca, alguma vez, sonhámos que a banda pudesse chegar onde chegou.
Portanto, podemos dizer que foi uma grande surpresa quando começaram a perceber que as pessoas gostavam da vossa música! Antes disso não davam muito crédito às vossas capacidades?
Foi realmente uma grande surpresa, uma vez que estávamos apenas a tocar metal rápido, “estúpido” e convencional! Entretanto, quando começámos a escrever material como o que tocamos agora, os putos lá da zona levaram algum tempo a compreendê-lo.
Algum de vocês tinha experiência anterior de bandas?
Sim, todos tínhamos. Mas o Fox [vocalista] é o único que teve uma banda que chegou um pouco mais longe. Todos os outros tiveram em bandas que mal tocaram fora da sua cidade.
É relatado em todo o lado que “Parasite” é o vosso primeiro registo. Será que isto se dá porque “This Was A Tragedy” foi gravado com o espírito de brincadeira típico dos vossos primórdios?
Este EP foi gravado na casa de um amigo após somente uma semana de termos criado a banda. Depois gravámos um curto EP de três temas na altura em que começámos a compor a sério e tínhamos que colocá-lo cá fora.
Contudo, este foi o passaporte para muitos concertos auto-agendados pelos Estados unidos, certo? Tomar conta de todos os afazeres da banda foi complicado?
Nós fizemos cerca de duas digressões completas agendadas por mim, tocando em todo o sítio que podíamos – cozinhas, salas de estar, caves, pátios. Seja que sítio apontarem, já tocámos! [risos] Deu-nos realmente muito trabalho e estamos, de facto, satisfeitíssimos por ter agora um booking agent como o Matt Pike. Ele tem feito imenso por nós!
Hoje em dia a realidade é completamente oposta e conseguem tocar em óptimas condições e ainda ao lado de alguns dos maiores nomes do metal actualmente. Porém, continuam a guardar boas memórias dos tempos de amadores? Que principais diferenças sente?
Vivemos momentos fantásticos, mas também momentos menos bons. A melhor parte é quando vemos putos em cujas casas já tocámos e agora vão aos nossos concertos! É sempre fantástico perceber o quanto eles ficam excitados por se lembrar disso e pensar que num dia estávamos a tocar na sua cave e agora estamos numa editora a fazer tournées com bandas de renome.
Lembro-me de ler que o vosso primeiro concerto foi numa garagem de um ex-membro dos SYNT à qual chamavam VAG [Very Awesome Garage]. Fale-nos do seu ambiente.
Bem, este não foi o nosso primeiro concerto sem bons recursos, para além de que, na altura, estava a morar lá. Daí que tenha feito esforços para os concertos acontecerem nesta garagem. Basicamente, isso deu-se porque a sala de espectáculos da nossa cidade estava inactiva temporariamente. Estes concertos ainda ajudaram-me a pagar a renda e foram realmente bons tempos.
Perceber a essência dos SYNT implica também conhecer as vossas letras. Confesso que algumas puseram-me a rir!...
Na verdade, eu nem sequer li as letras ainda, por isso, não sou a pessoa mais acertada para lhe falar nisso! [risos] Quando escrevemos as músicas escolhemos temas que são, basicamente, expressões de filmes.
Portanto, um título como “Cock Fight” não é nada pessoal ou que seja levado à letra... [risos]
[risos] Bom, essa expressão é uma figura de estilo. É mais um caso de um título inspirado num filme.
Entretanto, como correu a tournée com os Despised Icon, Winds Of Plague e Suicide Silence?
Foi fantástica! Pode não ter tido a grande rota que muitos esperavam, mas foi muito divertida. E, claro, fazer digressões com os nossos amigos Despised Icon é sempre espantoso.
Neste momento estão em tournée com os The Number Twelve Looks Like You, At The Throne Of Judgement e I Hate Sally. Sentem-se já cansados depois de tantos meses na estrada?
Bom, para além da nossa carrinha ter ido à vida e termos de deixar o nosso tour manager uma semana em Delaware, metendo-nos à estrada com as outras bandas a dividir o espaço, foi altamente! [risos] Uma coisa boa no meio disto tudo é que nunca nos aproximámos tão depressa de uma banda como dessa vez. No segundo dia de tournée a nossa carrinha cedeu e começámos a viajar com as outras bandas. Eles revelaram-se pessoas fantásticas por nos terem ajudado numa altura de necessidade.
Destes meses todos na estrada que momentos destacaria?
Hmmm, não muitos! Na verdade, somos pessoas muitos entediantes! [risos] Passámos o tempo todo a curtir e a sair. Posso também dizer que torci o tornozelo num concerto recente e foi mesmo chato. Já se passaram quatro semanas e ainda está inchado...
Apesar de ter sido muito excitante gravar com um produtor como o Andreas Magnusson a história da gravação de “Parasite” quase se ia tornando num pesadelo, não é assim? Não por culpa dele claro...
É verdade. Fomos quatro dias de férias a casa e quando regressámos o disco rígido tinha ido ao ar o que significa que tínhamos perdido tudo o que havíamos gravado durante duas semanas. Mas ultrapassámos isso, trabalhámos muito e conseguimos terminar as gravações no tempo que nos faltava. Não houve mesmo nada de positivo nisso.
Fale-nos mais da vossa maneira de tocar. Afirmam que não gostam de repetir riffs e gosta muito de usar o whammy bar sempre que pode. Serão estes os pontos que tornam a vossa música tão psicadélica?
Com certeza. Para além de tocar guitarra, estudei música, mas sempre quis ser diferente. Aprecio muito os sons que se consegue obter de uma guitarra, por isso, foco-me muito nesse aspecto.
A par disso, só usa guitarras dos anos 80. De onde veio a ideia?
Simplesmente, parto muitas guitarras. Entretanto, comprei uma que era sólida, por isso só compro dessas agora! [risos]
O Andy também só usa baterias em acrílico. Saem realmente um pouco fora da linha...
Pois, peço desculpa por isso! [risos]
Não sei se quer acrescentar algum comentário a essa entrevista... Por mim, finalizo perguntando se já escolheram alguns nomes malucos para as vossas próximas músicas! [risos]
Na realidade, não. Eu concentro-me mais em compor e, neste momento, estou mais preocupado com o rumo que vamos tomar a seguir. Quanto aos títulos das músicas, são apenas escolhas aleatórias! [risos]
Bem, eu tenho 24 anos, agora poderão ajuizar por si próprios se sou muito novo ou não!
Inicialmente tocava baixo. O facto de ter passado para a guitarra com os SYNT remeteu-o para algum processo complicado de adaptação?
Tendo tocado primeiro baixo fez com que tivesse uma abordagem diferente quando comecei a tocar guitarra. Contudo, a questão do atraso de dois anos e meio para arrancarmos com a banda prendeu-se com o facto de termos começado a tocar por pura brincadeira. Queríamos divertir-nos e quebrar um pouco o tédio. Só após um ano sensivelmente é que começámos, realmente, a preocupar-nos com a composição e a escrever os primeiros temas.
De facto, todo o envolvimento dos SYNT tem a ver com espontaneidade. Mas em que termos podemos entender que a banda era uma brincadeira?
A banda era uma brincadeira porque todos os elementos da banda estavam a tocar instrumentos que não os seus. Por exemplo, eu era baixista e estava tocando guitarra, o nosso baterista era guitarrista... Garanto-lhe que nunca, alguma vez, sonhámos que a banda pudesse chegar onde chegou.
Portanto, podemos dizer que foi uma grande surpresa quando começaram a perceber que as pessoas gostavam da vossa música! Antes disso não davam muito crédito às vossas capacidades?
Foi realmente uma grande surpresa, uma vez que estávamos apenas a tocar metal rápido, “estúpido” e convencional! Entretanto, quando começámos a escrever material como o que tocamos agora, os putos lá da zona levaram algum tempo a compreendê-lo.
Algum de vocês tinha experiência anterior de bandas?
Sim, todos tínhamos. Mas o Fox [vocalista] é o único que teve uma banda que chegou um pouco mais longe. Todos os outros tiveram em bandas que mal tocaram fora da sua cidade.
É relatado em todo o lado que “Parasite” é o vosso primeiro registo. Será que isto se dá porque “This Was A Tragedy” foi gravado com o espírito de brincadeira típico dos vossos primórdios?
Este EP foi gravado na casa de um amigo após somente uma semana de termos criado a banda. Depois gravámos um curto EP de três temas na altura em que começámos a compor a sério e tínhamos que colocá-lo cá fora.
Contudo, este foi o passaporte para muitos concertos auto-agendados pelos Estados unidos, certo? Tomar conta de todos os afazeres da banda foi complicado?
Nós fizemos cerca de duas digressões completas agendadas por mim, tocando em todo o sítio que podíamos – cozinhas, salas de estar, caves, pátios. Seja que sítio apontarem, já tocámos! [risos] Deu-nos realmente muito trabalho e estamos, de facto, satisfeitíssimos por ter agora um booking agent como o Matt Pike. Ele tem feito imenso por nós!
Hoje em dia a realidade é completamente oposta e conseguem tocar em óptimas condições e ainda ao lado de alguns dos maiores nomes do metal actualmente. Porém, continuam a guardar boas memórias dos tempos de amadores? Que principais diferenças sente?
Vivemos momentos fantásticos, mas também momentos menos bons. A melhor parte é quando vemos putos em cujas casas já tocámos e agora vão aos nossos concertos! É sempre fantástico perceber o quanto eles ficam excitados por se lembrar disso e pensar que num dia estávamos a tocar na sua cave e agora estamos numa editora a fazer tournées com bandas de renome.
Lembro-me de ler que o vosso primeiro concerto foi numa garagem de um ex-membro dos SYNT à qual chamavam VAG [Very Awesome Garage]. Fale-nos do seu ambiente.
Bem, este não foi o nosso primeiro concerto sem bons recursos, para além de que, na altura, estava a morar lá. Daí que tenha feito esforços para os concertos acontecerem nesta garagem. Basicamente, isso deu-se porque a sala de espectáculos da nossa cidade estava inactiva temporariamente. Estes concertos ainda ajudaram-me a pagar a renda e foram realmente bons tempos.
Perceber a essência dos SYNT implica também conhecer as vossas letras. Confesso que algumas puseram-me a rir!...
Na verdade, eu nem sequer li as letras ainda, por isso, não sou a pessoa mais acertada para lhe falar nisso! [risos] Quando escrevemos as músicas escolhemos temas que são, basicamente, expressões de filmes.
Portanto, um título como “Cock Fight” não é nada pessoal ou que seja levado à letra... [risos]
[risos] Bom, essa expressão é uma figura de estilo. É mais um caso de um título inspirado num filme.
Entretanto, como correu a tournée com os Despised Icon, Winds Of Plague e Suicide Silence?
Foi fantástica! Pode não ter tido a grande rota que muitos esperavam, mas foi muito divertida. E, claro, fazer digressões com os nossos amigos Despised Icon é sempre espantoso.
Neste momento estão em tournée com os The Number Twelve Looks Like You, At The Throne Of Judgement e I Hate Sally. Sentem-se já cansados depois de tantos meses na estrada?
Bom, para além da nossa carrinha ter ido à vida e termos de deixar o nosso tour manager uma semana em Delaware, metendo-nos à estrada com as outras bandas a dividir o espaço, foi altamente! [risos] Uma coisa boa no meio disto tudo é que nunca nos aproximámos tão depressa de uma banda como dessa vez. No segundo dia de tournée a nossa carrinha cedeu e começámos a viajar com as outras bandas. Eles revelaram-se pessoas fantásticas por nos terem ajudado numa altura de necessidade.
Destes meses todos na estrada que momentos destacaria?
Hmmm, não muitos! Na verdade, somos pessoas muitos entediantes! [risos] Passámos o tempo todo a curtir e a sair. Posso também dizer que torci o tornozelo num concerto recente e foi mesmo chato. Já se passaram quatro semanas e ainda está inchado...
Apesar de ter sido muito excitante gravar com um produtor como o Andreas Magnusson a história da gravação de “Parasite” quase se ia tornando num pesadelo, não é assim? Não por culpa dele claro...
É verdade. Fomos quatro dias de férias a casa e quando regressámos o disco rígido tinha ido ao ar o que significa que tínhamos perdido tudo o que havíamos gravado durante duas semanas. Mas ultrapassámos isso, trabalhámos muito e conseguimos terminar as gravações no tempo que nos faltava. Não houve mesmo nada de positivo nisso.
Fale-nos mais da vossa maneira de tocar. Afirmam que não gostam de repetir riffs e gosta muito de usar o whammy bar sempre que pode. Serão estes os pontos que tornam a vossa música tão psicadélica?
Com certeza. Para além de tocar guitarra, estudei música, mas sempre quis ser diferente. Aprecio muito os sons que se consegue obter de uma guitarra, por isso, foco-me muito nesse aspecto.
A par disso, só usa guitarras dos anos 80. De onde veio a ideia?
Simplesmente, parto muitas guitarras. Entretanto, comprei uma que era sólida, por isso só compro dessas agora! [risos]
O Andy também só usa baterias em acrílico. Saem realmente um pouco fora da linha...
Pois, peço desculpa por isso! [risos]
Não sei se quer acrescentar algum comentário a essa entrevista... Por mim, finalizo perguntando se já escolheram alguns nomes malucos para as vossas próximas músicas! [risos]
Na realidade, não. Eu concentro-me mais em compor e, neste momento, estou mais preocupado com o rumo que vamos tomar a seguir. Quanto aos títulos das músicas, são apenas escolhas aleatórias! [risos]
Nuno Costa
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