FULL BLOWN CHAOS
“Heavy Lies The Crown”
[CD – Ferret Music]
“Heavy Lies The Crown”
[CD – Ferret Music]
Quando observamos a capa de “Heavy Lies The Crown” quase nos convencemos por completo de que o que por aí vem é um trabalho de true/raw warrior metal como nos oferecem os míticos Manowar. Ainda que o nome da editora deixe suspeitar que algo pode não ser assim tão óbvio, a verdade é que em poucos minutos nos inteiramos da realidade que é, de facto, muito diferente. Em dois aspectos: os Full Blown Chaos fazem metalcore de acordo com os mais básicos pressupostos do estilo e o próprio título não se refere a nenhuma realeza ou beligerância a não ser a uma frase que um puto usou numa conversa que teve com Ray Mazzola depois de um concerto no festival belga Groezrock, em que objectava sobre o facto dos músicos hoje em dia se armarem em rock stars e afastarem-se do público.
Sendo assim, arrumaram-se também todas as hipóteses de que pudéssemos estar perante um álbum com algumas surpresas. Apesar da força rítmica e a visceralidade das letras de Ray, a verdade é que o material de “Heavy Lies The Crown” acaba por resultar frustrante para aquilo que são os prospectos dos ouvintes mais exigentes actualmente. Os clichés são demasiados para seu próprio bem. Ainda assim, é preciso reforçar que este não é um colectivo de jovens inexperientes ou convalescentes de sua adolescência, ou já não tivessem editado dois álbuns, duas demos e feito tournées com bandas tão importantes como Hatebreed, Slipknot ou Fear Factory. O metal e o hardcore fundem-se aqui da forma mais genuína com influências, de um lado, do thrash old school de uns Slayer e Testament e, de outro, da revolta hardcore de uns Agnostic Front ou Hatebreed - talvez uma das razões para Jamey Jasta e a sua Stillborn Records terem assinado todos os anteriores trabalhos da banda.
Contudo, os Full Blown Chaos são muito convincentes naquilo que fazem para além de que, como já foi dito, o alvo da sua música é muito mais cru do que aquela típica conjectura que procura as melodias mais orelhudas e/ou swedish para entrarem na moda. Temos aqui rajadas autenticamente thrash, como no início de “Over The End” ou na altura do solo de “Halos For Heroes”. A voz de Ray é também uma das distinções deste trabalho, não pela originalidade, mas pelo seu tom ambiguo que tanto faz lembrar Jamey Jasta, Phill Anselmo ou Max Cavalera sem, no entanto, soar descaradamente a nenhum deles.
O que subalterna, efectivamente, este trabalho é mesmo a falta de sentido de composição e os seus breaks e “balanços” tão estereotipados. Não falta força e alma a este quinteto de Nova Iorque, porém, terá que fazer ainda muito mais para que a sua música tenha a magia necessária para nos convencer. [6/10] N.C.
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