EPHEL DUATH
“Pain Remixes The Known”
[CD – Earache Records]
Provavelmente, uma das bandas mais arrojadas, open-minded e talentosas da actualidade, os italianos Ephel Duath, brinda-nos este ano com mais um disco, como não poderia deixar de ser, surpreendente, sobretudo pela sua abordagem. “Pain Remixes The Unknown” é, como o seu próprio título deixa adivinhar, um álbum de remisturas do último disco de estúdio da banda, “Pain Necessary To Know”, de 2005. A banda de David Tiso [guitarras, teclados, voz] dá assim um passo que poderia ser óbvio pela demarcada personalidade experimental da banda, mas ao mesmo tempo inesperado atendendo a que a sua música tem ganho uma complexidade que poderia à partida ser incompatível com qualquer tentativa de remistura menos orgânica. Pelos vistos o responsável por este novo trabalho – o credenciado Eraldo Bernocchi – soube muito bem como abstrair-se de tudo o que já havia sido feito com o material que deu o mote para esta remistura e o que obtemos aqui é um trabalho que está muito longe de soar despropositado ou ao jeito daqueles feitos para entreter fãs e cumprir contratualidades.
Se o imaginário de David Tiso já se havia mostrado esquizofrénico e pouco dado a convencionalidades, aqui temos a prova de que a banda não vira, definitivamente, as costas à experimentação. Aliás, a banda de Padova tem marcado um percurso como se de um autêntico camaleão se tratasse. Até “Phormula”, de 2000, e antecedentes demos editadas, a banda trilhava um som black metal, ainda assim de raiz pouco tradicional. Com “The Painter’s Pallete”, de 2003, as cores mudaram completamente e o universo dos Ephel Duath era agora muito mais cerebral, misturando como ninguém jazz, blues, funk, hardcore numa cadeia progressiva repleta de repentinas e ameaçadoras mudanças, ao jeito de uns The Dillinger Escape Plan, Poison The Well ou Converge, se bem que comparações saberão sempre algo infrutíferas já que os Ephel Duath são donos de um som próprio. E o mérito é todo seu. A técnica e a criatividade abundam por estes lados e absorver as composições deste, agora, trio, não se adivinha tarefa fácil para qualquer ouvido mais desprevenido. Ouvir “Pain Remixes The Unknown” não será também muito menos difícil, até mesmo para os fãs da banda. Isto porque esta remistura foi sublimemente planeada para não soar àqueles exercícios deste género, tão comuns hoje em dia, em que pouco ou nada é acrescentado aos temas originais a não ser alguns loops e efeitos psicadélicos – para além da batida electro bem mais “gorda”.
Do genial “Pain Necessary To Know” pouco se lhe reconhece aqui. Eraldo Bernocchi foi mago no seu desempenho e preservou inteligentemente apenas algumas estruturas das músicas e dissimulou-as em algo completamente novo. Temos passagens potentes como em “Hole IV” e ambientes completamente alucinatórios em “Hole VIII”, ou mesmo negros e frios - a fazer lembrar bandas de black metal norueguesas - como na primeira metade de “Hole IX” – não se assustem, mas foi esta a estrutura que a banda arranjou para designar os nomes destas remisturas. Desenganem-se, portanto, aqueles que à primeira reacção pensarão que vão aqui escutar algo mais “dançavel” e menos demente, embora algumas batidas sejam contagiantes.
“Pain Remixes The Known”
[CD – Earache Records]
Provavelmente, uma das bandas mais arrojadas, open-minded e talentosas da actualidade, os italianos Ephel Duath, brinda-nos este ano com mais um disco, como não poderia deixar de ser, surpreendente, sobretudo pela sua abordagem. “Pain Remixes The Unknown” é, como o seu próprio título deixa adivinhar, um álbum de remisturas do último disco de estúdio da banda, “Pain Necessary To Know”, de 2005. A banda de David Tiso [guitarras, teclados, voz] dá assim um passo que poderia ser óbvio pela demarcada personalidade experimental da banda, mas ao mesmo tempo inesperado atendendo a que a sua música tem ganho uma complexidade que poderia à partida ser incompatível com qualquer tentativa de remistura menos orgânica. Pelos vistos o responsável por este novo trabalho – o credenciado Eraldo Bernocchi – soube muito bem como abstrair-se de tudo o que já havia sido feito com o material que deu o mote para esta remistura e o que obtemos aqui é um trabalho que está muito longe de soar despropositado ou ao jeito daqueles feitos para entreter fãs e cumprir contratualidades.
Se o imaginário de David Tiso já se havia mostrado esquizofrénico e pouco dado a convencionalidades, aqui temos a prova de que a banda não vira, definitivamente, as costas à experimentação. Aliás, a banda de Padova tem marcado um percurso como se de um autêntico camaleão se tratasse. Até “Phormula”, de 2000, e antecedentes demos editadas, a banda trilhava um som black metal, ainda assim de raiz pouco tradicional. Com “The Painter’s Pallete”, de 2003, as cores mudaram completamente e o universo dos Ephel Duath era agora muito mais cerebral, misturando como ninguém jazz, blues, funk, hardcore numa cadeia progressiva repleta de repentinas e ameaçadoras mudanças, ao jeito de uns The Dillinger Escape Plan, Poison The Well ou Converge, se bem que comparações saberão sempre algo infrutíferas já que os Ephel Duath são donos de um som próprio. E o mérito é todo seu. A técnica e a criatividade abundam por estes lados e absorver as composições deste, agora, trio, não se adivinha tarefa fácil para qualquer ouvido mais desprevenido. Ouvir “Pain Remixes The Unknown” não será também muito menos difícil, até mesmo para os fãs da banda. Isto porque esta remistura foi sublimemente planeada para não soar àqueles exercícios deste género, tão comuns hoje em dia, em que pouco ou nada é acrescentado aos temas originais a não ser alguns loops e efeitos psicadélicos – para além da batida electro bem mais “gorda”.
Do genial “Pain Necessary To Know” pouco se lhe reconhece aqui. Eraldo Bernocchi foi mago no seu desempenho e preservou inteligentemente apenas algumas estruturas das músicas e dissimulou-as em algo completamente novo. Temos passagens potentes como em “Hole IV” e ambientes completamente alucinatórios em “Hole VIII”, ou mesmo negros e frios - a fazer lembrar bandas de black metal norueguesas - como na primeira metade de “Hole IX” – não se assustem, mas foi esta a estrutura que a banda arranjou para designar os nomes destas remisturas. Desenganem-se, portanto, aqueles que à primeira reacção pensarão que vão aqui escutar algo mais “dançavel” e menos demente, embora algumas batidas sejam contagiantes.
Se pensávamos que os Ephel Duath já tinham sido corajosos o suficiente com os seus anteriores trabalhos, aqui temos mais uma experiência excêntrica e que eleva ainda mais o envelope desta banda. Mais uma missão concluída com sucesso. Contudo, para além da qualidade deste trabalho, continuamos a ansiar para que a banda volte às composições originais em todo o esplendor da sua costela jazzística e progressiva. [8/10] N.C.
www.myspace.com/ephelduath
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