"Bleed The Fifth"
[CD - Roadrunner/Edel]

Em dez temas de uma oblíqua fúria, rápida, cirúrgica e a rasgar a frieza das máquinas que parecem forjadas a uma “fábrica” que o próprio bem conhece, encontramos a alma de um guitarrista em estado puro que, no entanto, choca com um passado que lhe pode ser prejudicial… ou não! Aí está o dilema deste trabalho. “Bleed The Fifth” contém extractos de uma personalidade própria, mas é também uma evidente recuperação do som que popularizou os Fear Factory. Como grande responsável pelo caminho musical que seguiu a banda mais importante que Dino já teve quando lançaram “Souls Of A New Machine” ou “Demanufacture”, o músico deverá sentir toda a legitimidade em tocar segundo a estrutura que encontramos em “Bleed The Fifth”. Aí, quer censuremos ou não, a verdade é que a natureza deste seu novo projecto é resultado directo de uma marca única e própria que o músico espalhou com a sua antiga banda e que, compreensivelmente, não poderá ignorar.
Mesmo assim, “Bleed The Fifth” é um exercício com características próprias e com reminiscências contemporâneas. Não é metalcore mas possui alguns refrões e melodias [poucas] que até podiam ser característicos desta tendência. Não é death metal, mas possui uma rapidez de execução e uma brutalidade rítmica de uns Nile, ou não estivesse sentado na bateria um dos bateristas mais rápidos do mundo – Tim Yeung. Contudo, mantém-se por demais acessível e faz-nos prever um brilhante sucesso para esta nova criações de Dino Cazares. As composições de “Bleed The Fifth” tocam em aspectos de peso e estrutura que vulgarmente não deixarão ninguém indiferente. São do mais directo que possam imaginar, incidindo principalmente na rapidez dos seus reconhecidos riffs acoplados com um bombo ultra-sónico e preciso, balanço, solos [!] e ainda alguma melodia. A fúria aqui é tanta que até nos faz pensar que Dino ensaia aqui alguma “vingança” ou tenta calar alguém. Talvez pela inclusão de um baterista como Tim Yeung – um galáctico, sem dúvida – conseguimos perceber aqui, mais desenvolvida e incisiva, a essência da maneira de tocar de Dino Cazares. A brutalidade acentua-se pela velocidade e a melodia também surge, muito digna, aqui e ali, graças a uma versátil prestação de um surpreendente Tommy Vext que, ora canta limpo num tom altivo, ora berra num tom mais raivoso e hardcore.
São nestes pequeninos pormenores que Dino Cazares consegue-se distanciar do legado mais antigo dos seminais Fear Factory [ah, temos também, a fechar, uma power ballad que até soa bem, mas choca com toda a brutalidade do disco], mesmo que a partir do terceiro ou quarto temas comecemos a perceber que a “sombra” Fear Factory dificilmente deixará este trabalho. Aliás, para seu bem ou para seu mal, cabe apenas aos ouvintes decidirem. A verdade indiscutível é que a música de “Bleed The Fifth” soa muito bem e tem tudo para nos contagiar. Se colocarmos de parte algum preconceito veremos que temos aqui, facilmente, uma das estreias mais auspiciosas do ano. [8/10] N.C.
www.myspace.com/divineheresyband
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