De regresso a casa e com uma enorme alegria dentro de mim! Este terá sido certamente um dos fins-de-semana mais sentidos da minha vida. Como alguns já terão ouvido falar, outros estiveram mesmo presentes, a festa de 3º aniversário da nossa estimada zine saldou-se extremamente positiva e, acima de tudo, foi absolutamente reconfortante ver bandas e público a sair do Coliseu Micaelense com um ar de satisfação estampado no rosto. Meus amigos, perante minha humilde e amadora condição ver aquele recinto e todas as pessoas envolvidas neste evento satisfeitas com o seu resultado foi deveras aprazível. Um momento destes para celebrar os três anos da nossa estimada e pequena SounD(/)ZonE, que inicialmente estaria longe de pensar num feito destes, não podia despoletar outro sentimento em nós que o de uma imensa alegria. Todas as pessoas, bandas, parceiros e entidades envolvidas neste evento estão de parabéns, pois com toda a sua boa vontade tornaram ainda mais fácil e agradável a elaboração e concretização deste espectáculo. Este fim-de-semana já deixa saudades para ser sincero...
Obrigado mais uma vez ao Coliseu Micaelense, à ANIMA, aos Hiffen (e ao Rui Sousa), aos Trauma Prone, aos Stampkase, aos The Temple e ao seu manager Daniel Makosch (que foram pessoas extremamente atenciosas, para além de que muito bem dispostas), e resta-me desejar sinceramente que esta data se volte a realizar e que o sentimento tão bom que pairou naquela sala durante aquelas horas se renove nos próximos anos! Para já é tempo de voltar ao trabalho e começar a pensar naquela que é de facto a nossa mais desafiante e ambicionada meta: a SounD(/)ZonE a cores! Bem, agora que a azáfama em redor da preparação do aniversário da nossa zine terminou, prometemos que agora vamos definitivamente nos entregar à concretização deste objectivo que já há muito vive presente nas nossas mentes. Entretanto, e como não poderia deixar de ser, não gostaríamos de deixar passar essa ocasião sem publicar um relato do que foi este fim-de-semana no festival Coliseu ANIMA Rock. Reportagem a cargo do nosso colaborador Miguel Linhares (Jornal dos Açores, União, Musicofília).
Let the sound remain insane...
Aguardava-se com alguma expectativa este festival na cidade de Ponta Delgada e foi um fim-de-semana em cheio para os fãs das sonoridades mais pesadas. O evento no Coliseu Micaelense foi repartido por dois dias, sendo que na sexta-feira comemorava-se o 10º aniversário do grupo de Rock local, Hiffen e no sábado comemorava-se o 3º aniversário da “fanzine” local Sound(/)Zone. O espaço já é conhecido de todos os micaelenses e não é a primeira vez que abre portas a sonoridades deste género, embora seja sempre difícil encher uma casa com aquelas dimensões para um público minoritário, como é o que aprecia este género musical. Mais uma vez ficou patente a falta de capacidade acústica desta sala para eventos de Rock e/ou Metal. O equilíbrio tonal nesta sala é quase inexistente, principalmente nas baixas frequências, ou seja nos graves, que no fundo é o que mais influência o resultado final. Algo para os entendidos na matéria explicarem melhor e qual a razão de assim o ser.
Os Crossfaith foram a primeira banda a pisar o palco na noite de sexta-feira e demonstraram, assim como de outras vezes, muita qualidade. Praticam um som “progressivo” interessante, o que pôde ser constatado nos seis/sete temas apresentados. A melhorar, talvez só as vocalizações que são o ponto mais fraco deste conjunto. Pelo meio do concerto, uma instrumental com muitas influências disco, mas que acabou por resultar pela originalidade.
No seguimento destes, subiram ao palco os aniversariantes da noite, os Hiffen, grupo micaelense que celebrou o seu 10º aniversário e mais uma vez convenceu em larga escala nas suas qualidades técnicas. Nada a apontar na qualidade dos seus executantes, mas talvez falte um bocado de alma neste conjunto que em palco demonstra pouca energia. Ainda assim, os vencedores do concurso AngraRock 2003 cativaram alguns presentes que já conheciam e cantaram alguns temas, facto compreensível, visto o conjunto ter lançado recentemente o seu primeiro “longa duração” – Crashing – que ainda se encontra em fase de promoção. Agora só com uma vocalista, os Hiffen proporcionaram uma hora de música muito bem executada, ora calma, ora com rasgos de agressividade q.b., mas sempre com o cunho que já lhes é conhecido. Parabéns aos Hiffen.
Os lisboetas Urban Tales fecharam esta primeira noite do festival, trazendo sonoridades mais influenciadas pelo Gótico e pelo Heavy. Tiveram uma actuação muito agradável, mas pouco mais pode-se dizer deste conjunto que actuou somente meia hora… Talvez a actuação mais curta da noite! Deixaram uma boa impressão no pouco público que ao fim da noite ainda estava no Coliseu, aliás, esta foi uma noite que não deverá ter tido mais que 200 pessoas no Coliseu.
Na segunda noite, no sábado, isto foi um pouco diferente e pode-se dizer que passaram pelo Coliseu mais do dobro das pessoas que lá acorreram no primeiro dia. Houve alturas em que a plateia estava praticamente cheia, conferindo mais alguma beleza à festa.
Os Trauma Prone foram o conjunto a iniciar a contenda no sábado e a fazerem também a sua estreia ao vivo. Grupo de músicos muito conhecidos no meio micaelense, na área do Metal, que durante meia hora mostraram toda a sua capacidade em sons demolidores, muito orelhudos e pesados, com a colaboração em dois temas de um dos vocalistas dos Stampkase. Demonstraram muita atitude em palco, ensaio e muito gosto naquilo que fazem, deixando em aberto boas perspectivas para o seu futuro.
De seguida, e na mesma onda musical do anterior conjunto, actuaram os Stampkase, vencedores do concurso AngraRock 2005 e banda que tem vindo a mostrar uma enorme evolução. Tiveram no público um forte aliado e proporcionaram quase uma hora de “destruição” massiva e sem retorno. Muito embebidos em contratempos, conseguem criar o lógico efeito surpresa no público, ainda assim sem entrar em grandes linhas melódicas ou solos por parte de nenhum instrumento. A presença em palco, como sempre, foi fantástica. Os aplausos foram dos mais ouvidos neste festival, mas não tantos como os que ouviriam a banda que se lhes seguia, os lisboetas The Temple, de longe a banda mais experimentada neste festival! Na sua maioria, foram apresentados temas do seu último trabalho “Diesel Dog Sound”, mas passando também por temas mais antigos do seu primeiro disco “The Angel, The Demon & The Machine”.The Temple, o melhor das duas noites!Direitos reservadosConcerto irrepreensível, com muita atitude, experiência e técnica. Acabaram o espectáculo com o seu tema mais conhecido “Milionaire” e a pedido do publico voltaram para finalizarem em grande com mais dois temas, um dos quais uma versão superiormente conseguida do tema “Budapeste” dos Mão Morta. Foi o culminar de um festival que se mostrou uma boa aposta no género musical e nos jovens seguidores do mesmo, mas que, como sempre, pecou pela fraca afluência de público, um mal agregado aos eventos de Rock (maioritariamente com projectos locais no cartaz) organizados nos Açores. Por falta de iniciativas não será de certeza! Parabéns a todos os intervenientes, organizadores, aos Hiffen pelo seu 10º aniversário e à Sound(/)Zone pelo seu 3º aniversário. Que o espírito perdure.
in "Jornal dos Açores" de 26 de Abril de 2006 e jornal "A União" de 27 de Abril de 2006
Texto: Miguel Linhares
Fotos: Rui Melo (www.metalicidio.com)
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