Wednesday, December 13, 2006

Review

AHAB
“The Call Of The Wretched Sea”

[CD – Napalm Records/Recital]

O impulso que nos leva a apreciar um trabalho é muitas vezes conduzido pelo sentimento que este nos proporciona. Independentemente das preferências pessoais ou da rotatividade com que ouvimos certos estilos musicais, há trabalhos que nos conseguem de forma quase visceral ou cinéfila [no caso dos Ahab], agarrar os sentidos e forçar a vivenciar momentos que dificilmente esqueceremos. Os Ahab são um desses casos.

Dirigidos por Christian Hector [guitarrista dos Midnattsol], Daniel Droste [voz, guitarra, teclados] e Stephan Adolph [baixo, guitarra, voz], os Ahab são autores de uma teia densa e absolutamente claustrofóbica assente num funeral doom metal do mais vagaroso e obscuro que possam imaginar. A abrilhantar tudo isto temos a ligação desta trilha sonora com a trama do célebre romance de Herman Melville – “Moby Dick”. Ora, isto poderá fazer-nos pensar imediatamente em Mastodon, mas este facto apenas se constata se olharmos para a capa, porque todo o restante contexto musical é diferente. E motivos não há para “crucificações”, pois tudo aqui soa personalizado e a recorrência a esta estória para servir de base a este trabalho acaba por resultar de forma fabulosa. Desde os horripilantes momentos iniciais de “Below The Sun” passando por momentos de alguma “luz” com a melodia inicial de “Old Thunder”, tudo aqui se arma com a imponência de um animal gigantesco e com a força de derrubar tudo o que se lhe deparar pela frente.

A viagem mental que percorremos ao longo dos 67 minutos de “The Call Of The Wretched Sea” é completamente tenebrosa e promete deixar marcas em quem os ouve. E é disto que vive os grandes discos – sensações. Ainda assim, esperem muita dinâmica, pois o trabalho deste trio não se confina a momentos de puro arrastanço. Há aqui a preocupação de não maçar o ouvinte e as variações que lhe são incutidas só o torna mais sublime. Á mesma velocidade que nos espantamos por ver Christian num projecto tão diferente daquele em que o estamos habituados a ver, sentimo-nos reconfortados por perceber que esta foi, definitivamente, uma aposta ganha. Para além do mais, acreditamos no potencial deste trabalho para agradar a ouvintes que não estejam muito familiarizados com o género... logo que tenham um mente minimamente aberta. [9/10] N.C.

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