
Thursday, March 29, 2007
More Than A Thousand - Em Abril no Paradise Garage

Agenda - Ella Palmer no Lótus

Festival S. Silvestre Jovem 2007 - Rock e Metal em Tomar
Primitive Reason - Compõem novo álbum

Wednesday, March 28, 2007
Loud Like Devil - Dois anos comemorados em Abril

Agenda - Rock alternativo na Casa 99

Napalm Death - Em Corroios

Pitch Black - Novo álbum ao vivo

Tuesday, March 27, 2007
Review
WITH PASSION
“What We See When We Shut Our Eyes”
[CD – Earache Records]
Já quase de forma estereotipada e premeditada se vira as costas ao metalcore a cada vez que surge um disco do género. A mesma forma deliberada que colocou o género no topo com o estatuto quase profético de nova moda resguardadora do futuro do metal durante os próximos tempos. Ora como tudo o que tem força para conceber tem força para destruir, todos os esforços do género que chegam ao mercado actualmente já vêm com um selo de desprestigio e fim de validade. E em muitos casos até há razões para se fazerem estas acusações. Por outro lado, também bem sabemos que associado a uma nova corrente musical estará sempre igualmente o estigma da forma abusiva como a indústria discográfica explora estas mesmas correntes até as tornar inassimiláveis para o público.
“What We See When We Shut Our Eyes”
[CD – Earache Records]

Sem dúvida, já testemunho de melhores dias, tendemos a acreditar que o espectro metalcore já nem busca nada de novo. No entanto, consegue ainda assim ter espaço para uma certa “libertinagem” para explorar inadvertidamente e com pressupostos de extremização certos campos do metal. Os With Passion, de Sacramento, formados em 2002, são o exemplo de uma banda que, não acrescentando nada ao género, consegue cativar pela sua rebeldia e destreza, tanto técnica como de composição. Este trata-se do longa-duração de estreia dos With Passion e que sucede ao EP “In The Midst Of Bloodied Soil”. Se a banda já havia demonstrado a sua capacidade complexa de tocar, com este álbum a fórmula é elevada ainda mais.
A banda apresenta aqui, acima de tudo, um metalcore como já se deu a perceber, embora diluído em várias influências todas elas pouco mainstream, o que torna o resultado mais apetecível. Não conseguimos apontar aqui uma só influência mas várias. O som dos With Passion consegue ser bastante abrangente atingindo a complexidade de uns Sleep Terror ou Between The Buried And Me com um toque death técnico na linha de uns Necrophagist, sempre demarcados pela sua versatilidade. As mudanças rítmicas são mais que muitas, embora, verdade seja dita, isto não contribua muito para a digestão fácil deste disco. Mas ainda assim, podemos dizer que é uma situação mais honrosa do que aquela em moldes que levam a um esgotamento precoce. A acrescentar a isso os With Passion possuem uma técnica muito apurada e uma concepção musical bastante ousada que faz da sua música uma experiência quase esquizofrénica.
No entanto, numa “medalha” com esta face, o seu reverso é inevitavelmente o da pouca harmonia. Neste caso o da música que pudesse ficar retida mais facilmente no ouvido. Apesar de valorizarmos a extravagância musical dos With Passion estes cinco músicos não perderiam nada se aliassem alguns ganchos ao seu produto que pudessem magnetizar e aproximar o ouvinte. Será certamente uma opinião discutível e até diria inquestionável uma vez que a convicção com que os With Passion se apresentam neste trabalho e já apresentaram no anterior, faz-nos crer numa defesa peremptória das suas origens musicais, relegando qualquer facilitismo. Contudo, mantemos a crença de que a banda poderá manter-se absolutamente fiel aos seus propósitos mudando um pouco a sua forma de compor no sentido de tornar os seus temas mais memoráveis. [7/10] N.C.
Monday, March 26, 2007
Cycles - Em Abril no Timeout Rock Café

Entrevista José F. Andrade
UMA VIDA DEDICADA À MÚSICA
Apesar de se considerar fã acima de tudo, José F. Andrade começou a pisar os trilhos da imprensa musical por intermédio de uma fanzine tradicional e de baixo orçamento intitulada “Reino Metálico” [mais tarde transformada em programa de rádio] e, posteriormente, estreou-se numa publicação oficial no jornal Correio dos Açores, a convite de Jorge Medeiros, corria o ano de 1991.
Ao nível da escrita José F. Andrade encontrou as suas primeiras inspirações nos textos de Paulo Simões [actual director do jornal Açoriano Oriental] que possuía uma página de música chamada “Rock Rendez Vous”, a qual coleccionava conjuntamente com o jornal Blitz. A partir de então surgiu a admiração por António Freitas [Antena 3, Loud!, Sic Radical], mas o seu espólio de influências não se fica por aqui ou por um género. Miguel Sousa Tavares é outra das grandes referências literárias de José F. Andrade.
A nível de entrevistas o jornalista considera a entrevista ao guitar virtuoso sueco Yngwie J. Malmsteen como o seu primeiro grande momento jornalístico. “Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira por dois motivos: primeiro, porque era um grande nome da música internacional e, segundo, porque revelou-se uma pessoa muito arrogante. Tinha uma imagem completamente oposta dele”, exclama José F. Andrade. “A minha segunda grande entrevista foi a Anneke Van Giersbergen, dos holandeses The Gathering, e, após isso, veio muitos nomes, entre eles King Diamond – uma pessoa muito acessível com quem passei duas horas ao telefone”.
Ainda antes disso, José F. Andrade estreou-se na rádio com o programa “Rock Station” na então Rádio Açores, em 1990. Tudo se desenrolou de forma “inadvertida”, pois o jornalista não detinha qualquer experiência na área. “Eu tinha um colega, que hoje em dia trabalha numa rádio na Madeira, com quem trocava LP’s e que, em determinado dia, propôs-me fazer um programa de rádio. Sondámos junto da estação as hipóteses de fazer um programa de rock e, na mesma semana, arrancámos com as emissões. Mas começámos a fazer rádio sem saber nada, sem dicas nenhumas, apenas pelo nosso conhecimento empírico como ouvintes”, enfatiza. Posteriormente, seguiu-se o programa “Stage Diving” e, mais recentemente, o “Overdose” que culminou com o encerramento da Rádio Académica da Universidade dos Açores.

Como ouvinte José F. Andrade faz ainda questão de sublinhar que é um pessoa de “horizontes abertos” e efectua entrevistas a artistas dos mais variados quadrantes musicais. “Já realizei entrevistas a artistas Pimba, a um senhor de 72 anos que gravou recentemente um disco, etc. Para ouvir gosto também de Strauss, Beatles e Blues – o meu segundo género. Não é preciso ser Rock para que eu faça notícia”. Neste momento, é responsável pela página semanal “Notas Soltas” editada no Açoriano Oriental às terças-feiras. No entanto, os projectos não se ficam por aqui. “Quero escrever um livro! Comecei há quatro anos, mas a falta de tempo não me permite tê-lo concluído ainda”, confessa José F. Andrade. Segundo o jornalista o livro pretende ser um misto de auto-biografia e uma retrospectiva ao Heavy Metal açoriano.

Nuno Costa
Friday, March 23, 2007
XII Festival Música Moderna Corroios - Amanhã última sessão
Festival de Metal na Quinzena da Juventude do Barreiro
Hell Xis Fest - Hardcore de alto grau em Corroios

Wednesday, March 21, 2007
Review
PAINTED BLACK
“Verbo”
[EP – Edição de Autor]
Embora os Painted Black já existam há quase seis anos foi apenas nos dois últimos que começaram a descerrar o seu talento e a fazê-lo chegar junto do público. Muito graças a “The Neverlight”, de 2005, que revelou-se uma enorme surpresa no que ao doom de contornos góticos, recheado de melancolia e ambientes envolventes diz respeito. Uma aura muito particular parecia brotar dos espíritos destes seis músicos que regressaram, em 2006, ao estúdio para registar um novo trabalho. Mais uma vez pelas suas próprias mãos lançaram um EP, este intitulado “Verbo”, e que determinantemente dá continuidade ao caminho trilhado em “The Neverlight”.
A única diferença que podemos encontrar entre "Verbo" e "The Neverlight" é certamente o incremento de peso que a banda deu a estas composições. Ainda assim, a melodia continua a ser o prato principal na música dos Painted Black que, de resto, centram todo o seu mérito na forma visceral e honesta como expelem os seus sentimentos. Se falámos em comparações há bocado, podemos também esmiuçar que os Painted Black, apesar de não dissimularem as suas influências, mantêm sempre uma considerável distância em relação às suas referências, encontrando, eventualmente, na sua alma lusitana e fadista um forte argumento para esta personificada abordagem.
“Verbo”
[EP – Edição de Autor]

O grande trunfo desta banda continua a ser, sem dúvida, a forma muito intensa e tocante como embebe a sua música em sentimentos de tristeza e dor coadunados com uma fragilidade e delicadeza dissolvente. Muito facilmente nos ocorrerão bandas como Anathema ou My Dying Bride para descrever a linha artística dos Painted Black face à forma como a banda mistura ambientes e usufrui da dicotomia melodia-agressividade na razão das passagens faladas ou cantadas de Daniel Lucas [ao jeito de um Aaron Stainthorpe], ou ainda no seu registo gutural a fazer lembrar Darron White [vocalista dos Anathema até 1995], bem como os dedilhados harmoniosos e inundados de emotividade de Luís Fazendeiro.
Não temos aqui um teclado omnipresente como acontece em muitos casos neste tipo de música, embora depois da gravação de “Verbo” a banda já tenha incluído um teclista fixo – Bruno Aleixo -, mas de quando em vez este oferece um importante preenchimento a estas cinco faixas. Por outro lado, temos aqui as prestações da violinista convidada Susana Ribeiro em “Nightshift” e “Expire” que, diga-se, resultam encantadoramente. Ainda no plano das participações temos Mark Kelson [The Eternal] que empresta um solo, embora bastante discreto, a “Nightshift”.
A única diferença que podemos encontrar entre "Verbo" e "The Neverlight" é certamente o incremento de peso que a banda deu a estas composições. Ainda assim, a melodia continua a ser o prato principal na música dos Painted Black que, de resto, centram todo o seu mérito na forma visceral e honesta como expelem os seus sentimentos. Se falámos em comparações há bocado, podemos também esmiuçar que os Painted Black, apesar de não dissimularem as suas influências, mantêm sempre uma considerável distância em relação às suas referências, encontrando, eventualmente, na sua alma lusitana e fadista um forte argumento para esta personificada abordagem.
No desfecho desta análise, resta assegurar que, se depois do lançamento de “The Neverlight” as expectativas dispuseram-se altas, em “Verbo” a surpresa não é grande, mas, no caso dos Painted Black, linearidade e seguimento significa termos entre mãos outro excelente trabalho. [8/10] N.C.
Tuesday, March 20, 2007
Entrevista Stream
UM NOVO CAPÍTULO
A história começou a esboçar-se há mais de dez anos quando três amigos de infância dos Altares, na ilha Terceira, se começaram a juntar, incondicionalmente, para satisfazer a sua paixão pela música. Ao longo dos tempos foram cúmplices em muitos projectos e das mais diversas categorias musicais, mas só, em 2002, criaram algo que já parecia vir com um selo de qualidade. A começar pela vitória no Angra Rock até à tournée que os fez passar por quase todos os recantos dos Açores e ainda pela Fnac do Porto, os Stream foram conquistando gradualmente, mas com bastante eficácia, o reconhecimento do público. Em inícios de 2006, decidiram rumar de novo ao Porto, mais precisamente aos I.M. Studios, para registar alguns temas com Ivo Magalhães [Lullabye]. Destas sessões resultaram “Another Story” o tema-single lançado em finais de 2006 e que tem feito a banda atingir, ultimamente, feitos bastante inusitados para o padrão regional [nomeadamente um contracto nos Estados Unidos, um no Brasil e muitas presenças em tops de rádios e na comunicação social em geral]. O rock mais acessível e orelhudo que os Stream hoje explanam bem pode ser um dos factores abonatórios para esta situação, mas, por outro lado, tem servido para dividir os seus fãs mais antigos. No entanto, a banda nega veementemente que alteraram a sua postura e muito menos que se “venderam”. Estas e muitas outras perguntas que há muito o público queria ver respondidas na SounD(/)ZonE por Eddy [baixista] e Toni [vocalista Volkanic, ex-God’s Sin].
Ocorre-me agora um pequeno gracejo em relação ao nome do vosso novo single... Realmente, com "Another Story" e tudo o que se tem passado ultimamente, a história agora é mesmo outra! [risos] Foi também assim que encararam este single na hora de o baptizar?
Eddie: De facto, até tem a sua lógica visto que foi um ponto de viragem na banda em vários aspectos, mas não foi seguindo essa lógica que baptizamos o single. Significa, sim, um ponto de viragem, mas não só para os Stream como também para toda a gente.
Toni: Estamos conscientes que esta nova fase deve-se à entrada de novos elementos na banda; o querer fazer bons temas, boas canções. Já somos bem maduros e com muitos anos disto e se agora o nosso som está a ser aceite, porque não?
Embora acredite que já tenhas respondido a esta pergunta a várias pessoas (não creio que na comunicação social), continua-se a impor a questão: porquê esta mudança de sonoridade, embora se calhar não tão drástica, mas tão declaradamente mais mainstream e com pretensões bem óbvias?
Eddie: Quanto à mudança de sonoridade é um assunto que, para nós, não nos diz muito, visto que estes temas surgiram todos dos Stream, inclusive, compostos pela formação antiga. Por isso, a sua composição e mudança surge com naturalidade. O tema “Invisible” que está no single, já é tocado por nós há dois ou três anos, por exemplo. E claro, vem da necessidade de nos afirmarmos como uma banda que sabe o que quer e para onde quer ir.
Subscreves o que dizem algumas vozes de que a passagem para esta nova fase é resultado da vossa consciência actual de que está na hora de tentar tudo para tentar viver da música?
Eddie: Viver somente da música seria um bocado utópico. Mas temos a consciência de que fizemos tudo ao nosso alcance para nos destacarmos...
É esta a única maneira de uma banda açoriana conseguir verdadeira notabilidade?
Eddie: Nada se consegue sem trabalho. E no caso das bandas açoreanas é preciso muita perseverança e não desistir ao mínimo contratempo.
Toni: Não sei! Quem sabe? Existem fórmulas? Sabes? Ninguém sabe…
Será que podemos falar numa certa frustração ao fim destes anos todos da vossa parte a tocar sem conseguirem realmente aquilo que esperavam?
Eddie: Uma coisa eu posso dizer: não me sinto nada frustrado. Desde a criação da banda, em 2002, que aconteceu tanta coisa positiva...
A insularidade é ou tem sido, realmente, o vosso maior adversário?
Eddie: Eu não diria isso, a insularidade até nos tem dado inspiração. Mas os custos inerentes à insularidade, esses sim, retiram-nos algumas hipóteses de conseguir fazer sair a nossa música dos Açores, mas nada é impossível!
Voltando um bocadinho atrás, têm a perfeita noção que esta nova abordagem musical dividiu completamente a vossa massa de fãs? Os antigos essencialmente...
Eddie: Como disse há pouco, a vida está em constante mudança. Ainda bem que as coisas evoluem e se modificam. Infelizmente não se pode agradar a gregos e troianos. Mas tenho notado muitas pessoas que antes não ouviam Stream e agora adoram o novo single. Penso que estamos a captar um outro tipo de público.
Toni: Os “ditos” fãs verdadeiros compreendem esta mudança. Atenção que isto de fãs é relativo, não temos nem vamos generalizar como uma massa. Vamos continuar a tocar as mesmas coisas constantemente? Da mesma forma? É que depois ficas saturado das mesmas ideias, etc…
Aceitas, no entanto, comentários mais corrosivos do género: os Stream venderam-se completamente?
Eddie: Não tenho problema nenhum com quaisquer tipos de comentários. Desde que esteja de consciência tranquila as pessoas são livres de dizer o que quiserem.
Toni: Claro, são comentários! Podem ser com poucos fundamentos que na verdade, na sua maioria, são… Mas vivemos numa democracia. Temos que aceitar as coisas. É normal este tipo de comentários, é em Portugal que vivemos… Agora que temos algum sucesso (atenção que isto é relativo) é fácil de acusar. Porque é que os concertos do dito underground não são de graça? Será que estas bandas vendem-se?...
A entrada de novos elementos para a banda, ao que parece, está então também na origem desta mudança de sonoridade...
Eddie: É claro que adicionando uma guitarra vai-se alterar o som de uma banda. Mas para nós isso é tudo a evolução natural da banda sempre com o intuito de melhorar.
Já agora, fala-nos porque saíram elementos originais da banda...
Eddie: As pessoas têm a sua vida além da banda e é evidente que não podemos exigir devoção total e completa à banda. Chega uma altura em que se têm de tomar opções. A vida familiar e profissional de cada um são extremamente importantes. Clarifico, visto que fala no plural, apenas saiu um membro original da banda...
Como foi compor "Another Story"? Tiveram que desviar a vossa consciência daquilo que haviam feito até agora ou foi realmente algo espontâneo? Houve muito "cérebro" ao compor este trabalho?
Eddie: O João e o Toni são os compositores da banda, eu e o Nuno complementamos o resto com alguns pormenores. Neste tema foi o Toni que fez o bruto. Ele tem facilidade em compor e é muito expontâneo ao fazer temas com bons refrões, com uma sonoridade mais apelativa. Agora se é preciso muito cérebro para ouvir a música… Já é diferente! [risos]
E os resultados estão a ser realmente os que esperavam?
Eddie: O que esperávamos era promover a banda por todo o lado e isso está a ser superado e de que maneira.
Fala-se também muito da possibilidade de um tema dos Stream vir a fazer parte da banda sonora da série "Morangos Com Açúcar". Confirmas?
Eddie: Enfim, já ouvimos tanta coisa... Só falamos de factos concretos e esse não o é certamente..
No estrangeiro, como têm sido as reacções ou mesmo as vendas de "Another Story"?
Eddie: Do melhor! Não estávamos habituados a ter reconhecimento por parte das pessoas e é óptimo vermos que lá fora é que nos dão algum valor. Resumindo: “Santos da casa não fazem milagres”!
Esta realidade está longe de ser nova, mas, Toni, como descreves o sentimento de um vocalista que passou por bandas bem pesadas como os God's Sin e Volkanic e está agora a cantar e a escrever letras que falam de amor?
Toni: Apesar de não ser um executante como o João, tenho muita facilidade e criatividade de composição. Oiço música de todos os feitios, línguas, até sonoridades bem extremas [muito mesmo]! [risos] Enquadro-me com facilidade em diferentes géneros. Mesmo nos God’s Sin as letras eram mais românticas apesar de ser metal. Em Volcanik é tudo diferente, mas costumo dizer que o que o público quer ouvir é uma boa canção, quer seja pop, rock ou metal. È claro que faz diferença tocar metal e agora um género mais soft como o dos Stream. Vai da pessoa, nem eu nem eles queremos estar limitados…
Como descreves, no fundo, o som que os Stream estão a explanar actualmente?
Eddie: Rótulos não nos cabem a nós dar, nós apenas queremos tocar. Mas se fosse para o definir, rock claramente.
Toni: Rock & Roll! Isto de “sub-labels” é complicado...
E quanto às reacções do público no vosso último concerto, ou seja, no festival Angra Rock 2006?
Toni: Nesse concerto verificou-se uma série de problemas técnicos que nada tiveram a ver connosco. Mas, no entanto, da parte do público deu para perceber quem realmente estava atento e conhecia a banda e quem realmente não percebia nada de nada… [risos]. Deu para aprender também que temos de adicionar ainda mais um técnico à nossa comitiva.
E para breve, o que se prevê a nível de agenda ao vivo para os Strëam?
Eddie: Já temos dois espectáculos marcados, um na ilha do Faial e outro na ilha de São Jorge. Mais novidade no nosso site http://www.followthestrëam.net/.
Creio também, no vosso caso, que esse surto de popularidade deve-se igualmente a um excelente trabalho de management. Concordas?
Eddie: Concordo plenamente. No nosso caso o manager é tão importante como qualquer um dos músicos. O trabalho desenvolvido pelo Pedro Fragoso é, de facto, muito importante na vida dos Stream. É impossível para um músico estar concentrado no seu trabalho se tem que tratar dos "negócios" da banda, preocupar-se com deslocações, contratos, cachets, etc... para além de promover a banda junto dos meios de comunicação social. Nós estamos satisfeitos com o seu trabalho.
Será este um dos pontos que tem falhado até hoje nos projectos açorianos?
Eddie: Não sei. Ao perguntares isso lembro-me de um músico canadiano dos Brasse Camarade que deu em Angra do Heroísmo um workshop sobre o rock chamado "O rock também se cria à mão" em que disse: “No mundo da musica não existe espaço só para os músicos mas também para técnicos de som, de luz, de instrumentos, produtores, agentes, manager, etc”. Acho que existe nos Açores uma mentalidade do género “ou sou músico ou então nada”. Mas no fundo o que é mais importante é credibilizar o rock açoreano torná-lo apetecível às pessoas de cá... e de lá!
Para terminar, alguma mensagem?
Eddie: Em primeiro lugar gostaria de agradecer à SounD(/)ZonE por esta oportunidade. Por outro lado agradecer também à Angra Music Agency, á Cutiepop Records e a todos os outros que acreditam no nosso sonho. A todos os que gostam dos Stream e não são aqui mencionados um obrigado muito especial. Gostava ainda de dizer a todas as pessoas que têm bandas nos Açores que nunca desistam. Os vossos sonhos estão nas vossas mãos. Bem hajam!

Ocorre-me agora um pequeno gracejo em relação ao nome do vosso novo single... Realmente, com "Another Story" e tudo o que se tem passado ultimamente, a história agora é mesmo outra! [risos] Foi também assim que encararam este single na hora de o baptizar?
Eddie: De facto, até tem a sua lógica visto que foi um ponto de viragem na banda em vários aspectos, mas não foi seguindo essa lógica que baptizamos o single. Significa, sim, um ponto de viragem, mas não só para os Stream como também para toda a gente.
Toni: Estamos conscientes que esta nova fase deve-se à entrada de novos elementos na banda; o querer fazer bons temas, boas canções. Já somos bem maduros e com muitos anos disto e se agora o nosso som está a ser aceite, porque não?
Embora acredite que já tenhas respondido a esta pergunta a várias pessoas (não creio que na comunicação social), continua-se a impor a questão: porquê esta mudança de sonoridade, embora se calhar não tão drástica, mas tão declaradamente mais mainstream e com pretensões bem óbvias?
Eddie: Quanto à mudança de sonoridade é um assunto que, para nós, não nos diz muito, visto que estes temas surgiram todos dos Stream, inclusive, compostos pela formação antiga. Por isso, a sua composição e mudança surge com naturalidade. O tema “Invisible” que está no single, já é tocado por nós há dois ou três anos, por exemplo. E claro, vem da necessidade de nos afirmarmos como uma banda que sabe o que quer e para onde quer ir.
Subscreves o que dizem algumas vozes de que a passagem para esta nova fase é resultado da vossa consciência actual de que está na hora de tentar tudo para tentar viver da música?
Eddie: Viver somente da música seria um bocado utópico. Mas temos a consciência de que fizemos tudo ao nosso alcance para nos destacarmos...

Eddie: Nada se consegue sem trabalho. E no caso das bandas açoreanas é preciso muita perseverança e não desistir ao mínimo contratempo.
Toni: Não sei! Quem sabe? Existem fórmulas? Sabes? Ninguém sabe…
Será que podemos falar numa certa frustração ao fim destes anos todos da vossa parte a tocar sem conseguirem realmente aquilo que esperavam?
Eddie: Uma coisa eu posso dizer: não me sinto nada frustrado. Desde a criação da banda, em 2002, que aconteceu tanta coisa positiva...
A insularidade é ou tem sido, realmente, o vosso maior adversário?
Eddie: Eu não diria isso, a insularidade até nos tem dado inspiração. Mas os custos inerentes à insularidade, esses sim, retiram-nos algumas hipóteses de conseguir fazer sair a nossa música dos Açores, mas nada é impossível!
Voltando um bocadinho atrás, têm a perfeita noção que esta nova abordagem musical dividiu completamente a vossa massa de fãs? Os antigos essencialmente...
Eddie: Como disse há pouco, a vida está em constante mudança. Ainda bem que as coisas evoluem e se modificam. Infelizmente não se pode agradar a gregos e troianos. Mas tenho notado muitas pessoas que antes não ouviam Stream e agora adoram o novo single. Penso que estamos a captar um outro tipo de público.
Toni: Os “ditos” fãs verdadeiros compreendem esta mudança. Atenção que isto de fãs é relativo, não temos nem vamos generalizar como uma massa. Vamos continuar a tocar as mesmas coisas constantemente? Da mesma forma? É que depois ficas saturado das mesmas ideias, etc…
Aceitas, no entanto, comentários mais corrosivos do género: os Stream venderam-se completamente?
Eddie: Não tenho problema nenhum com quaisquer tipos de comentários. Desde que esteja de consciência tranquila as pessoas são livres de dizer o que quiserem.
Toni: Claro, são comentários! Podem ser com poucos fundamentos que na verdade, na sua maioria, são… Mas vivemos numa democracia. Temos que aceitar as coisas. É normal este tipo de comentários, é em Portugal que vivemos… Agora que temos algum sucesso (atenção que isto é relativo) é fácil de acusar. Porque é que os concertos do dito underground não são de graça? Será que estas bandas vendem-se?...

Eddie: É claro que adicionando uma guitarra vai-se alterar o som de uma banda. Mas para nós isso é tudo a evolução natural da banda sempre com o intuito de melhorar.
Já agora, fala-nos porque saíram elementos originais da banda...
Eddie: As pessoas têm a sua vida além da banda e é evidente que não podemos exigir devoção total e completa à banda. Chega uma altura em que se têm de tomar opções. A vida familiar e profissional de cada um são extremamente importantes. Clarifico, visto que fala no plural, apenas saiu um membro original da banda...
Como foi compor "Another Story"? Tiveram que desviar a vossa consciência daquilo que haviam feito até agora ou foi realmente algo espontâneo? Houve muito "cérebro" ao compor este trabalho?
Eddie: O João e o Toni são os compositores da banda, eu e o Nuno complementamos o resto com alguns pormenores. Neste tema foi o Toni que fez o bruto. Ele tem facilidade em compor e é muito expontâneo ao fazer temas com bons refrões, com uma sonoridade mais apelativa. Agora se é preciso muito cérebro para ouvir a música… Já é diferente! [risos]
E os resultados estão a ser realmente os que esperavam?
Eddie: O que esperávamos era promover a banda por todo o lado e isso está a ser superado e de que maneira.
Fala-se também muito da possibilidade de um tema dos Stream vir a fazer parte da banda sonora da série "Morangos Com Açúcar". Confirmas?
Eddie: Enfim, já ouvimos tanta coisa... Só falamos de factos concretos e esse não o é certamente..
No estrangeiro, como têm sido as reacções ou mesmo as vendas de "Another Story"?
Eddie: Do melhor! Não estávamos habituados a ter reconhecimento por parte das pessoas e é óptimo vermos que lá fora é que nos dão algum valor. Resumindo: “Santos da casa não fazem milagres”!

Toni: Apesar de não ser um executante como o João, tenho muita facilidade e criatividade de composição. Oiço música de todos os feitios, línguas, até sonoridades bem extremas [muito mesmo]! [risos] Enquadro-me com facilidade em diferentes géneros. Mesmo nos God’s Sin as letras eram mais românticas apesar de ser metal. Em Volcanik é tudo diferente, mas costumo dizer que o que o público quer ouvir é uma boa canção, quer seja pop, rock ou metal. È claro que faz diferença tocar metal e agora um género mais soft como o dos Stream. Vai da pessoa, nem eu nem eles queremos estar limitados…
Como descreves, no fundo, o som que os Stream estão a explanar actualmente?
Eddie: Rótulos não nos cabem a nós dar, nós apenas queremos tocar. Mas se fosse para o definir, rock claramente.
Toni: Rock & Roll! Isto de “sub-labels” é complicado...
E quanto às reacções do público no vosso último concerto, ou seja, no festival Angra Rock 2006?
Toni: Nesse concerto verificou-se uma série de problemas técnicos que nada tiveram a ver connosco. Mas, no entanto, da parte do público deu para perceber quem realmente estava atento e conhecia a banda e quem realmente não percebia nada de nada… [risos]. Deu para aprender também que temos de adicionar ainda mais um técnico à nossa comitiva.
E para breve, o que se prevê a nível de agenda ao vivo para os Strëam?
Eddie: Já temos dois espectáculos marcados, um na ilha do Faial e outro na ilha de São Jorge. Mais novidade no nosso site http://www.followthestrëam.net/.
Creio também, no vosso caso, que esse surto de popularidade deve-se igualmente a um excelente trabalho de management. Concordas?
Eddie: Concordo plenamente. No nosso caso o manager é tão importante como qualquer um dos músicos. O trabalho desenvolvido pelo Pedro Fragoso é, de facto, muito importante na vida dos Stream. É impossível para um músico estar concentrado no seu trabalho se tem que tratar dos "negócios" da banda, preocupar-se com deslocações, contratos, cachets, etc... para além de promover a banda junto dos meios de comunicação social. Nós estamos satisfeitos com o seu trabalho.
Será este um dos pontos que tem falhado até hoje nos projectos açorianos?
Eddie: Não sei. Ao perguntares isso lembro-me de um músico canadiano dos Brasse Camarade que deu em Angra do Heroísmo um workshop sobre o rock chamado "O rock também se cria à mão" em que disse: “No mundo da musica não existe espaço só para os músicos mas também para técnicos de som, de luz, de instrumentos, produtores, agentes, manager, etc”. Acho que existe nos Açores uma mentalidade do género “ou sou músico ou então nada”. Mas no fundo o que é mais importante é credibilizar o rock açoreano torná-lo apetecível às pessoas de cá... e de lá!

Eddie: Em primeiro lugar gostaria de agradecer à SounD(/)ZonE por esta oportunidade. Por outro lado agradecer também à Angra Music Agency, á Cutiepop Records e a todos os outros que acreditam no nosso sonho. A todos os que gostam dos Stream e não são aqui mencionados um obrigado muito especial. Gostava ainda de dizer a todas as pessoas que têm bandas nos Açores que nunca desistam. Os vossos sonhos estão nas vossas mãos. Bem hajam!
Monday, March 19, 2007
Byzantine - DVD em Abril

Desaster - Sindicato blasfemo

Unearth - Em banda sonora

Born From Pain - Che abandona

Suicide Silence - Assinam com Century Media

Despised Icon - Era doentia

Paradise Lost - Inimigo à solta em Abril

Saturday, March 17, 2007
XII Festival de Música Moderna de Corroios - 4º sessão hoje

Thursday, March 15, 2007
Entrevista Painted Black
O VERBO DE NEGRO
Na maior parte das vezes por detrás de grandes resultados estão peripécias e dificuldades que teimosamente tentam barrar muitos percursos. Porém, a paixão e dedicação a uma causa representa normalmente o elixir infalível que varre para trás das costas muitos dos “espinhos” que se nos vão tentando cravar nos membros dos nossos anseios. Da Covilhã chegam-nos os Painted Black, autores de “Verbo”, o seu segundo e mais recente EP editado em Janeiro passado, num de dois trabalhos surpreendentes que o nosso underground ofereceu no espaço de sensivelmente cinco meses num universo doom metal, neste caso com sobranceiras fragrâncias goth. Referimo-nos também aos Process Of Guilt que em conjunto com os Painted Black nos fazem crer numa virulenta contaminação de sentimentos negros que parecem estar a invadir o interior do país. Na voz de Luís Fazendeiro e Daniel Lucas, os Painted Black para a SounD(/)ZonE.
“Verbo” é algo de auspicioso e que dá continuidade às excelentes indicações dadas em “The Neverlight”. Como se começam a sentir com a crescente expectativa em torno do vosso trabalho?
Luís: Como deves imaginar extremamente satisfeitos! Para além de ver reconhecido o nosso trabalho árduo, todas as palavras de apreço e críticas positivas à nossa música dão-nos mais motivação. Sabemos que temos de continuar a empenhar-nos e trabalhar mais, mas saber que há realmente pessoas a ouvir-nos e a falar de nós com alguma paixão dá-nos motivação para continuar em frente.
Também fora de portas as reacções têm sido positivas. O objectivo é certamente também internacionalizar os Painted Black...
Luís: A partir do momento em que decidimos expor a nossa música a outras pessoas, para além dos membros da banda e amigos, o objectivo é mostrar o que fazemos ao maior número de pessoas e, claro, isso inclui um âmbito internacional. É mais um esforço que fazemos de exposição. Ter críticas lá fora também é muito positivo, porque abre-nos um pouco a percepção e permite-nos saber a opinião de pessoas com outra cultura e outra experiência a nível musical, o que é sempre enriquecedor. No entanto, será sempre algo que não vai influenciar directamente a maneira de fazermos música. O que me deixa mais feliz na maioria das críticas que tivemos até agora, tanto a nível nacional como internacional, é ver as pessoas escrever sobre nós com uma certa paixão, deixando transparecer que, para além de ouvirem a nossa música, também a conseguem sentir de alguma forma pessoal. Essa é a maior recompensa que poderia ter por parte de quem nos ouve.
Creio que já não haverão dúvidas, mas mesmo assim te pergunto: vocês sonham com algo grande mesmo ou o objectivo principal é essencialmente ir gravando demos, tocando e expurgar os vosso sentimentos através desta forma de arte?
Daniel: Acho que todos que criamos música sonhamos com algo grande. Mas todos na banda temos os pés bem assentes na terra e sabemos que o “algo grande”, se não for uma golpada de sorte, é apenas conseguido com muito trabalho. Como não estamos à espera que a golpada de sorte nos caia no colo, fazemos pelo outro lado, pelo trabalho. Mas mesmo apontando para esse “algo”, o nosso objectivo principal é e sempre será expurgar os sentimentos pela música que fazemos. Foi por essa mesma razão que a banda começou e nada nos irá cegar desse propósito.
Luís: Pessoalmente, o meu sonho passa apenas por nos darem as condições necessárias para podermos mostrar a nossa música às pessoas. Por isso, de certa maneira, já estou a viver o sonho, apenas gostava de ter outras condições à minha disposição! Aliar a necessidade que tenho de fazer música e exprimir-me através dela, tendo a oportunidade de a partilhar com as pessoas, é a única coisa que posso ansiar disto tudo. Esse “algo grande” vai estar sempre, em última análise, dependente da quantidade de pessoas que gostarem e retirarem algo pessoal da nossa música.
Portugal oferece condições às bandas do vosso quadrante que queiram alcançar algo mais significativo?
Luís: Acho que Portugal não oferece condições às bandas de qualquer estilo, excepto à música ligeira portuguesa. Temos o caso raro dos Moonspell, que conseguem viver da música, mas devem ter passado por muitas dificuldades e acredito que por vezes não seja fácil, visto que o mundo da música também é algo volátil. Por isso mesmo eu respeito imenso os Moonspell, para além de gostar muito da sua música e de comprar os discos todos. Admiro-os pela coragem e amor à música e confesso que não acredito que algum dia os Painted Black estejam numa posição em que apenas possam depender da música como uma forma de pagar as contas e as dívidas.
Curiosamente, surgiram quase em simultâneo dois trabalhos de doom [embora o vosso também se cruze com o gótico] de grande qualidade no panorama português. Refiro-me, para além do vosso, ao dos Process Of Guilt. Será que podemos falar de uma actual predisposição da parte do público para este tipo de música? Se bem que o potencial que estes trabalhos apresentam também não deixa muita margem para opiniões negativas...
Luís: Bem, antes de mais, dizeres isso é algo extremamente lisonjeador para nós, e honroso! Pessoalmente não me consigo pôr lado a lado com os Process Of Guilt, mas ultimamente não és o único a colocar-nos ao lado de bandas de muita qualidade, o que só nos deixa contentes. Apenas esperamos trabalhar o suficiente para sermos merecedores. Quanto à predisposição por parte do público, acho que a questão é mais pelo lado de quem faz a música. Têm surgido mais bandas ligadas ao Doom, cada uma com uma linguagem diferente, por predisposição das próprias pessoas que integram as bandas. O público já existia. Esta é a minha opinião, embora não nos considere uma banda Doom, no sentido literal, até porque todos os puristas devem ficar “comichosos” com isso.
Painted Black é, segundo e para vós, uma maneira de expressar e exorcizar os vossos mais intimistas e obscuros sentimentos através da música. O que deitam no papel e na vossa música mais concretamente?
Daniel: O imaginário das letras tenta sempre captar o espírito da melodia da música. Vão desde os “fantasmas” que nos atormentam até às histórias soturnas de amor perdido. O que me leva a escrever ou a procurar e adaptar algo que já tenha escrito é a própria música que o Luís cria. Outras vezes funciona ao contrário. Algo que eu escrevo pode tornar-se numa música. Estas duas partes juntas tornam-se a base das tempestades emocionais que são as músicas de Painted Black.
Luís: Muitas pessoas usam o adjectivo “negro” para caracterizar o nosso som e aceito e respeito, como é óbvio, mas não considero o nosso som negro, até pelo contrário, vejo-o com muita “luz”. Usamos a música para criar algo positivo para nós, a nível pessoal, é normal que esta também percorra o mesmo caminho. O percurso pode ser penoso, agressivo por vezes, embebido em saudade noutros, extremamente intimista ou apenas um reflexo de nós mesmos, mas é usado com a finalidade de nos sentirmos bem no final e exprimir o que nos vai na alma.
Inequivocamente, “Verbo” é um trabalho bastante mais pesado do que “The Neverlight”. A que se deveu essa mudança de postura?
Luís: Essa costela mais agressiva já existia em nós e olhando para trás, temos vindo a incorporar mais peso na nossa música com o passar dos anos. Em “Verbo” está um pouco mais vincada, também graças ao trabalho que o Rui [baterista] tem vindo a desenvolver connosco, e que nos permite explorar melhor esse lado da nossa música. Mas isto não quer dizer que o nosso trabalho seguinte não possa ser mais atmosférico, depende dos estados de espírito. Não limitamos a nossa música. Gostamos e precisamos da nossa diversidade para nos exprimirmos de maneiras diferentes. É esse também o propósito. Se algum dia sentirmos necessidade de incorporar um ritmo tipicamente black metal na nossa música, não iremos hesitar, mas de certeza que isso será feito à nossa maneira e com o nosso cunho pessoal.
Anathema será a vossa maior influência?
Daniel: Não é a maior. É uma das influências. E certamente não é a mais “castradora e asfixiante”. [risos]
Luís: [risos] Todos na banda gostam de Anathema, e é verdade que em praticamente todas as críticas é apontado esse nome como um termo de comparação ou de influência. Eu não me importo absolutamente nada, eu adoro Anathema, é das minhas bandas favoritas e a qualidade da música deles é inegável. Mas quem conhece melhor o nosso trabalho, sabe que há temas que nada têm a ver com a sonoridade praticada por eles. Quando nos apontam temas “puramente death metal”, não sei onde conseguem encaixar aí Anathema, mas tudo bem. Gosto de pensar que essa referência é usada como um ponto de comparação para a intensidade da nossa música, a nível emocional. A música de Anathema tem uma forte carga emocional e se as pessoas acham que conseguimos transmitir dessa mesma forma a nossa música, é algo com o qual apenas podemos ficar extremamente contentes. Enquanto referirem a banda como comparação ou influência e não como algo que copiamos ou plagiamos, está tudo bem! :)
Em “Verbo” vocês contam com várias colaborações, uma delas é a de Mark Kelson [The Eternal]. Como surgiu a oportunidade deste gravar um solo num dos vosso temas?
Luís: A oportunidade surgiu através da amizade que tenho com ele há já algum tempo e que é das melhores coisas que o estar envolvido neste mundo da música me trouxe. É uma grande influência para mim e quando ele se mostrou interessado, aproveitámos, como é natural. Enviei-lhe o tema pela net e ele gravou o solo na Austrália. Eu apenas tive que juntar as coisas cá. Foi uma experiência muito boa que não hesitaria em repetir! Para além de ser muito talentoso é muito boa pessoa e um bom amigo e espero um dia poder estar com ele pessoalmente para falarmos de música e claro, de cangurus e coalas! [risos]
Já agora, pedia-te que nos apresentasses os restantes convidados que intervêm em “Verbo”.
Luís: Para além do Mark, tivemos a participação da Susana Ribeiro, que tocou violino em dois temas, e do nosso velho amigo Bruno Andrade que emprestou os seus dotes para gravar segundas vozes também em dois temas. A experiência com a Susana correu muito bem e ficámos todos muito contentes com o resultado final, mas ironicamente nunca estivemos com ela em estúdio, nem nunca chegámos a conhecê-la pessoalmente. Deixámos as melodias feitas e ela num dia gravou tudo. De qualquer maneira ainda estamos a dever-lhe um CD e esperamos estar com ele para o entregar.
Os Painted Black estão próximos de atingir o seu décimo aniversário. Que nos podes relatar de mais importante ao longo deste tempo?
Luís: Bem, ainda faltam 4 anos para celebrarmos os 10 anos “oficiais” da banda, mas é um pouco injusto considerar estes anos todos, porque alguns deles estivemos basicamente inactivos. Para mim a banda começou como algo mais sério em 2005 quando finalmente conseguimos uma formação estável, com pessoas dedicadas ao projecto. Por isso, incluindo os primeiros tempos de concertos, diria que a banda vai para o 5º ano! [risos] Respondendo à tua pergunta diria que a gravação dos nossos dois demo/EP’s foram os dois marcos mais importantes para nós, para além de alguns concertos que tivemos com maior exposição. Para além disso, destaco também todo o feedback que recebemos até agora, de pessoas que se interessam e gostam da nossa música, e num lado mais pessoal, o facto da banda, e da minha paixão de fazer música, me ter aproximado de pessoas que admiro e respeito.
Há pouco falavas das dificuldades iniciais em encontrar uma formação estável e mais dedicada ao projecto. O que se passou mais concretamente? Certamente por isso só lançaram uma demo passados 4 anos desde a criação dos Painted Black, embora 7 desde que começaste a tocar com o Daniel nos My Sad Soul...
Luís: Esses 3 anos que referes de My Sad Soul, realmente não podem ser contabilizados porque nunca chegou a ser uma banda ou projecto. Os My Sad Soul nasceram a partir do momento em que comecei a aprender a tocar guitarra e o Daniel a cantar e escrever especificamente para música. Foram três anos de aprendizagem e composição dos nossos primeiros temas, tudo de uma forma muito ingénua, e que culminaram em 2001 com a criação dos Painted Black. Desde essa altura até ao lançamento da primeira maqueta, tivemos problemas em arranjar um local de ensaio estável, o que levou a períodos de inactividade. Começámos a ensaiar no sótão do nosso antigo guitarrista, que esteve connosco desde a criação da banda até 2004, e ainda passámos para a garagem da nossa teclista na altura, mas a saída de ambos deixou a banda numa situação delicada. A juntar a isso, o nosso baterista da altura também acabou por sair da banda, por motivos pessoais e problemas de alcoolismo, o que deixou a banda apenas com os dois membros fundadores, e o Telmo, o nosso baixista. O projecto mantém-se hoje em dia graças à vontade e paixão que temos em fazer música, que também é uma necessidade nossa. Não consigo imaginar-me a viver sem fazer a minha música.
Para além disso, quase consigo adivinhar que continua a ser muito difícil editar discos ou demos independentemente e manter uma banda viva. Como é que vocês fazem para financiar tudo isto?
Daniel: Com algum dinheiro angariado em concertos e grande parte do nosso próprio bolso. É um investimento no qual temos confiança e muito gosto, daí não nos custar muito dar dinheiro para tal. É chapa ganha com a banda e chapa gasta com a banda.
Terá sido coincidência ou algumas anomalias na impressão dos booklets das vossas demos são resultado de um labor caseiro ou de alguma gráfica menos dotada? Pergunto-te isto, mais uma vez, porque imagino algumas das dificuldades das bandas underground em gerirem os seus recursos...
Daniel: A gráfica não era das melhores sem dúvida, mas como podes ver pela resposta anterior, funcionamos com o que temos e não nos podemos dar a grandes luxos. A maior parte de nós trabalha e tem contas para pagar. Gastamos com a banda aquilo que o resto nos permite gastar, tentando sempre o máximo para uma boa apresentação. Infelizmente as coisas nunca calham como se quer quando não se pode optar senão pelo mais barato.
Luís: Aproveito para dizer que essas anomalias já foram resolvidas e, neste momento, todas as pessoas que comprarem o “Verbo” irão ter booklets em condições.
Ainda assim, a vossa última demo foi masterizada nos estúdios Rec’N’Roll. No entanto, e apesar de ter sido uma boa aposta, concordarão comigo certamente se disser que uma masterização não basta para se ter um bom som. Acredito que estejam ansiosos por investir numa gravação num estúdio profissional. De facto, a única coisa em que continuo a verificar lacunas nos vossos trabalhos é ao nível da produção... ou seja, efeitos, ambientes e preenchimentos que tornem os vossos temas mais cheios...
Luís: Sim concordo contigo. Ter uma masterização feita por um profissional não é suficiente para se ter uma boa produção. Como disse o Daniel, temos recursos limitados e fazemos as coisas com aquilo que temos. Realmente estamos ansiosos por estar num estúdio profissional, com um produtor competente ao nosso lado, que nos ajude a ter um som bom o suficiente para o podermos lançar mais seriamente. No entanto, a produção dos nossos dois registos auto-financiados é bastante aceitável, mas não deixam de ser maquetas em última análise.
De resto, como está a vossa agenda?
Daniel: Anda a melhorar aos poucos. Já temos um e outro concerto agendado mais para o meio do ano e há algumas apostas das quais esperamos uma resposta. A nossa agenda como banda também é limitada pela nossa agenda do mundo real, mas qualquer espaço que esta nos permita faremos os possíveis para estar disponíveis. Temos consciência que é necessário fazer-nos ouvir pelos eventos da especialidade, mas tal como em tudo que orienta os Painted Black tem de ser tudo feito passo a passo e muito ponderadamente. Desta forma também não se fartam de nós tão cedo. [risos]
Planos para os próximos tempos? Já falam na possibilidade de gravar o vosso primeiro disco?
Luís: Já conversámos um pouco sobre isso e este ano vamos ausentar-nos de estúdios e apostar na divulgação e em tocar o máximo que conseguirmos para posteriormente começarmos a pré-produção de músicas novas. Em termos de composição, temos o álbum pronto! É só uma questão de acertar o alinhamento do álbum, trabalharmos as músicas no local de ensaio e termos sorte para que alguém nos dê condições necessárias para gravarmos algo com qualidade e em boas condições. Por isso na melhor das hipóteses, lá para 2008 teremos algo novo.
Algum comentário especial para os Açores?
Luís: O nosso outro guitarrista, o Miguel, tocou no bar da Madalena na Ilha Terceira, nos Açores, com os “Plug In”, um projecto que ele tem com o Andrade, que fez as segundas vozes em “Verbo”. Algo na veia do que chamam na música ligeira de “dupla romântica”! [risos] Mas neste caso apenas tocam covers em acústico. Eles foram muito bem tratados aí, por isso, esperamos um dia ter a possibilidade de actuar aí e conviver com as boas pessoas do arquipélago! Queremos-te agradecer e enviar um grande abraço, por todo o apoio e força que tens em manter uma das melhores webzines nacionais! Todas as pessoas interessadas podem visitar o nosso site em http://www.paintedblack.no.sapo.pt/. Desejamos as maiores felicidades para a SounD(/)ZonE!

“Verbo” é algo de auspicioso e que dá continuidade às excelentes indicações dadas em “The Neverlight”. Como se começam a sentir com a crescente expectativa em torno do vosso trabalho?
Luís: Como deves imaginar extremamente satisfeitos! Para além de ver reconhecido o nosso trabalho árduo, todas as palavras de apreço e críticas positivas à nossa música dão-nos mais motivação. Sabemos que temos de continuar a empenhar-nos e trabalhar mais, mas saber que há realmente pessoas a ouvir-nos e a falar de nós com alguma paixão dá-nos motivação para continuar em frente.
Também fora de portas as reacções têm sido positivas. O objectivo é certamente também internacionalizar os Painted Black...
Luís: A partir do momento em que decidimos expor a nossa música a outras pessoas, para além dos membros da banda e amigos, o objectivo é mostrar o que fazemos ao maior número de pessoas e, claro, isso inclui um âmbito internacional. É mais um esforço que fazemos de exposição. Ter críticas lá fora também é muito positivo, porque abre-nos um pouco a percepção e permite-nos saber a opinião de pessoas com outra cultura e outra experiência a nível musical, o que é sempre enriquecedor. No entanto, será sempre algo que não vai influenciar directamente a maneira de fazermos música. O que me deixa mais feliz na maioria das críticas que tivemos até agora, tanto a nível nacional como internacional, é ver as pessoas escrever sobre nós com uma certa paixão, deixando transparecer que, para além de ouvirem a nossa música, também a conseguem sentir de alguma forma pessoal. Essa é a maior recompensa que poderia ter por parte de quem nos ouve.
Creio que já não haverão dúvidas, mas mesmo assim te pergunto: vocês sonham com algo grande mesmo ou o objectivo principal é essencialmente ir gravando demos, tocando e expurgar os vosso sentimentos através desta forma de arte?
Daniel: Acho que todos que criamos música sonhamos com algo grande. Mas todos na banda temos os pés bem assentes na terra e sabemos que o “algo grande”, se não for uma golpada de sorte, é apenas conseguido com muito trabalho. Como não estamos à espera que a golpada de sorte nos caia no colo, fazemos pelo outro lado, pelo trabalho. Mas mesmo apontando para esse “algo”, o nosso objectivo principal é e sempre será expurgar os sentimentos pela música que fazemos. Foi por essa mesma razão que a banda começou e nada nos irá cegar desse propósito.
Luís: Pessoalmente, o meu sonho passa apenas por nos darem as condições necessárias para podermos mostrar a nossa música às pessoas. Por isso, de certa maneira, já estou a viver o sonho, apenas gostava de ter outras condições à minha disposição! Aliar a necessidade que tenho de fazer música e exprimir-me através dela, tendo a oportunidade de a partilhar com as pessoas, é a única coisa que posso ansiar disto tudo. Esse “algo grande” vai estar sempre, em última análise, dependente da quantidade de pessoas que gostarem e retirarem algo pessoal da nossa música.
Portugal oferece condições às bandas do vosso quadrante que queiram alcançar algo mais significativo?
Luís: Acho que Portugal não oferece condições às bandas de qualquer estilo, excepto à música ligeira portuguesa. Temos o caso raro dos Moonspell, que conseguem viver da música, mas devem ter passado por muitas dificuldades e acredito que por vezes não seja fácil, visto que o mundo da música também é algo volátil. Por isso mesmo eu respeito imenso os Moonspell, para além de gostar muito da sua música e de comprar os discos todos. Admiro-os pela coragem e amor à música e confesso que não acredito que algum dia os Painted Black estejam numa posição em que apenas possam depender da música como uma forma de pagar as contas e as dívidas.

Luís: Bem, antes de mais, dizeres isso é algo extremamente lisonjeador para nós, e honroso! Pessoalmente não me consigo pôr lado a lado com os Process Of Guilt, mas ultimamente não és o único a colocar-nos ao lado de bandas de muita qualidade, o que só nos deixa contentes. Apenas esperamos trabalhar o suficiente para sermos merecedores. Quanto à predisposição por parte do público, acho que a questão é mais pelo lado de quem faz a música. Têm surgido mais bandas ligadas ao Doom, cada uma com uma linguagem diferente, por predisposição das próprias pessoas que integram as bandas. O público já existia. Esta é a minha opinião, embora não nos considere uma banda Doom, no sentido literal, até porque todos os puristas devem ficar “comichosos” com isso.
Painted Black é, segundo e para vós, uma maneira de expressar e exorcizar os vossos mais intimistas e obscuros sentimentos através da música. O que deitam no papel e na vossa música mais concretamente?
Daniel: O imaginário das letras tenta sempre captar o espírito da melodia da música. Vão desde os “fantasmas” que nos atormentam até às histórias soturnas de amor perdido. O que me leva a escrever ou a procurar e adaptar algo que já tenha escrito é a própria música que o Luís cria. Outras vezes funciona ao contrário. Algo que eu escrevo pode tornar-se numa música. Estas duas partes juntas tornam-se a base das tempestades emocionais que são as músicas de Painted Black.
Luís: Muitas pessoas usam o adjectivo “negro” para caracterizar o nosso som e aceito e respeito, como é óbvio, mas não considero o nosso som negro, até pelo contrário, vejo-o com muita “luz”. Usamos a música para criar algo positivo para nós, a nível pessoal, é normal que esta também percorra o mesmo caminho. O percurso pode ser penoso, agressivo por vezes, embebido em saudade noutros, extremamente intimista ou apenas um reflexo de nós mesmos, mas é usado com a finalidade de nos sentirmos bem no final e exprimir o que nos vai na alma.
Inequivocamente, “Verbo” é um trabalho bastante mais pesado do que “The Neverlight”. A que se deveu essa mudança de postura?
Luís: Essa costela mais agressiva já existia em nós e olhando para trás, temos vindo a incorporar mais peso na nossa música com o passar dos anos. Em “Verbo” está um pouco mais vincada, também graças ao trabalho que o Rui [baterista] tem vindo a desenvolver connosco, e que nos permite explorar melhor esse lado da nossa música. Mas isto não quer dizer que o nosso trabalho seguinte não possa ser mais atmosférico, depende dos estados de espírito. Não limitamos a nossa música. Gostamos e precisamos da nossa diversidade para nos exprimirmos de maneiras diferentes. É esse também o propósito. Se algum dia sentirmos necessidade de incorporar um ritmo tipicamente black metal na nossa música, não iremos hesitar, mas de certeza que isso será feito à nossa maneira e com o nosso cunho pessoal.
Anathema será a vossa maior influência?
Daniel: Não é a maior. É uma das influências. E certamente não é a mais “castradora e asfixiante”. [risos]
Luís: [risos] Todos na banda gostam de Anathema, e é verdade que em praticamente todas as críticas é apontado esse nome como um termo de comparação ou de influência. Eu não me importo absolutamente nada, eu adoro Anathema, é das minhas bandas favoritas e a qualidade da música deles é inegável. Mas quem conhece melhor o nosso trabalho, sabe que há temas que nada têm a ver com a sonoridade praticada por eles. Quando nos apontam temas “puramente death metal”, não sei onde conseguem encaixar aí Anathema, mas tudo bem. Gosto de pensar que essa referência é usada como um ponto de comparação para a intensidade da nossa música, a nível emocional. A música de Anathema tem uma forte carga emocional e se as pessoas acham que conseguimos transmitir dessa mesma forma a nossa música, é algo com o qual apenas podemos ficar extremamente contentes. Enquanto referirem a banda como comparação ou influência e não como algo que copiamos ou plagiamos, está tudo bem! :)
Em “Verbo” vocês contam com várias colaborações, uma delas é a de Mark Kelson [The Eternal]. Como surgiu a oportunidade deste gravar um solo num dos vosso temas?
Luís: A oportunidade surgiu através da amizade que tenho com ele há já algum tempo e que é das melhores coisas que o estar envolvido neste mundo da música me trouxe. É uma grande influência para mim e quando ele se mostrou interessado, aproveitámos, como é natural. Enviei-lhe o tema pela net e ele gravou o solo na Austrália. Eu apenas tive que juntar as coisas cá. Foi uma experiência muito boa que não hesitaria em repetir! Para além de ser muito talentoso é muito boa pessoa e um bom amigo e espero um dia poder estar com ele pessoalmente para falarmos de música e claro, de cangurus e coalas! [risos]
Já agora, pedia-te que nos apresentasses os restantes convidados que intervêm em “Verbo”.
Luís: Para além do Mark, tivemos a participação da Susana Ribeiro, que tocou violino em dois temas, e do nosso velho amigo Bruno Andrade que emprestou os seus dotes para gravar segundas vozes também em dois temas. A experiência com a Susana correu muito bem e ficámos todos muito contentes com o resultado final, mas ironicamente nunca estivemos com ela em estúdio, nem nunca chegámos a conhecê-la pessoalmente. Deixámos as melodias feitas e ela num dia gravou tudo. De qualquer maneira ainda estamos a dever-lhe um CD e esperamos estar com ele para o entregar.

Luís: Bem, ainda faltam 4 anos para celebrarmos os 10 anos “oficiais” da banda, mas é um pouco injusto considerar estes anos todos, porque alguns deles estivemos basicamente inactivos. Para mim a banda começou como algo mais sério em 2005 quando finalmente conseguimos uma formação estável, com pessoas dedicadas ao projecto. Por isso, incluindo os primeiros tempos de concertos, diria que a banda vai para o 5º ano! [risos] Respondendo à tua pergunta diria que a gravação dos nossos dois demo/EP’s foram os dois marcos mais importantes para nós, para além de alguns concertos que tivemos com maior exposição. Para além disso, destaco também todo o feedback que recebemos até agora, de pessoas que se interessam e gostam da nossa música, e num lado mais pessoal, o facto da banda, e da minha paixão de fazer música, me ter aproximado de pessoas que admiro e respeito.
Há pouco falavas das dificuldades iniciais em encontrar uma formação estável e mais dedicada ao projecto. O que se passou mais concretamente? Certamente por isso só lançaram uma demo passados 4 anos desde a criação dos Painted Black, embora 7 desde que começaste a tocar com o Daniel nos My Sad Soul...
Luís: Esses 3 anos que referes de My Sad Soul, realmente não podem ser contabilizados porque nunca chegou a ser uma banda ou projecto. Os My Sad Soul nasceram a partir do momento em que comecei a aprender a tocar guitarra e o Daniel a cantar e escrever especificamente para música. Foram três anos de aprendizagem e composição dos nossos primeiros temas, tudo de uma forma muito ingénua, e que culminaram em 2001 com a criação dos Painted Black. Desde essa altura até ao lançamento da primeira maqueta, tivemos problemas em arranjar um local de ensaio estável, o que levou a períodos de inactividade. Começámos a ensaiar no sótão do nosso antigo guitarrista, que esteve connosco desde a criação da banda até 2004, e ainda passámos para a garagem da nossa teclista na altura, mas a saída de ambos deixou a banda numa situação delicada. A juntar a isso, o nosso baterista da altura também acabou por sair da banda, por motivos pessoais e problemas de alcoolismo, o que deixou a banda apenas com os dois membros fundadores, e o Telmo, o nosso baixista. O projecto mantém-se hoje em dia graças à vontade e paixão que temos em fazer música, que também é uma necessidade nossa. Não consigo imaginar-me a viver sem fazer a minha música.
Para além disso, quase consigo adivinhar que continua a ser muito difícil editar discos ou demos independentemente e manter uma banda viva. Como é que vocês fazem para financiar tudo isto?
Daniel: Com algum dinheiro angariado em concertos e grande parte do nosso próprio bolso. É um investimento no qual temos confiança e muito gosto, daí não nos custar muito dar dinheiro para tal. É chapa ganha com a banda e chapa gasta com a banda.

Daniel: A gráfica não era das melhores sem dúvida, mas como podes ver pela resposta anterior, funcionamos com o que temos e não nos podemos dar a grandes luxos. A maior parte de nós trabalha e tem contas para pagar. Gastamos com a banda aquilo que o resto nos permite gastar, tentando sempre o máximo para uma boa apresentação. Infelizmente as coisas nunca calham como se quer quando não se pode optar senão pelo mais barato.
Luís: Aproveito para dizer que essas anomalias já foram resolvidas e, neste momento, todas as pessoas que comprarem o “Verbo” irão ter booklets em condições.
Ainda assim, a vossa última demo foi masterizada nos estúdios Rec’N’Roll. No entanto, e apesar de ter sido uma boa aposta, concordarão comigo certamente se disser que uma masterização não basta para se ter um bom som. Acredito que estejam ansiosos por investir numa gravação num estúdio profissional. De facto, a única coisa em que continuo a verificar lacunas nos vossos trabalhos é ao nível da produção... ou seja, efeitos, ambientes e preenchimentos que tornem os vossos temas mais cheios...
Luís: Sim concordo contigo. Ter uma masterização feita por um profissional não é suficiente para se ter uma boa produção. Como disse o Daniel, temos recursos limitados e fazemos as coisas com aquilo que temos. Realmente estamos ansiosos por estar num estúdio profissional, com um produtor competente ao nosso lado, que nos ajude a ter um som bom o suficiente para o podermos lançar mais seriamente. No entanto, a produção dos nossos dois registos auto-financiados é bastante aceitável, mas não deixam de ser maquetas em última análise.
De resto, como está a vossa agenda?
Daniel: Anda a melhorar aos poucos. Já temos um e outro concerto agendado mais para o meio do ano e há algumas apostas das quais esperamos uma resposta. A nossa agenda como banda também é limitada pela nossa agenda do mundo real, mas qualquer espaço que esta nos permita faremos os possíveis para estar disponíveis. Temos consciência que é necessário fazer-nos ouvir pelos eventos da especialidade, mas tal como em tudo que orienta os Painted Black tem de ser tudo feito passo a passo e muito ponderadamente. Desta forma também não se fartam de nós tão cedo. [risos]
Planos para os próximos tempos? Já falam na possibilidade de gravar o vosso primeiro disco?
Luís: Já conversámos um pouco sobre isso e este ano vamos ausentar-nos de estúdios e apostar na divulgação e em tocar o máximo que conseguirmos para posteriormente começarmos a pré-produção de músicas novas. Em termos de composição, temos o álbum pronto! É só uma questão de acertar o alinhamento do álbum, trabalharmos as músicas no local de ensaio e termos sorte para que alguém nos dê condições necessárias para gravarmos algo com qualidade e em boas condições. Por isso na melhor das hipóteses, lá para 2008 teremos algo novo.

Luís: O nosso outro guitarrista, o Miguel, tocou no bar da Madalena na Ilha Terceira, nos Açores, com os “Plug In”, um projecto que ele tem com o Andrade, que fez as segundas vozes em “Verbo”. Algo na veia do que chamam na música ligeira de “dupla romântica”! [risos] Mas neste caso apenas tocam covers em acústico. Eles foram muito bem tratados aí, por isso, esperamos um dia ter a possibilidade de actuar aí e conviver com as boas pessoas do arquipélago! Queremos-te agradecer e enviar um grande abraço, por todo o apoio e força que tens em manter uma das melhores webzines nacionais! Todas as pessoas interessadas podem visitar o nosso site em http://www.paintedblack.no.sapo.pt/. Desejamos as maiores felicidades para a SounD(/)ZonE!
Tuesday, March 13, 2007
Review
NAHEMAH
“The Second Philosophy”
[CD – Lifeforce Records]
Se é verdade que o Heavy Metal se expandiu ao longo dos anos em virtude de uma verdadeira entrega e devoção e arraigou-se no consciente de muita gente, criando modas, movimentos e formas de vida quase “religiosas”, não será também menos verdade dizer que, apesar disso, tratar-se-á sempre de um género de segundas facções ou segmentos sociais e artísticos mais alternativos. Em alguns países é vivido com maior afinco e tem mais força, tanto da parte do público como dos músicos. Em outros casos é mais débil, mesmo que, e verdade seja dita, muitos o tomem como verdadeira paixão e se multipliquem cada vez mais o número de fiéis a este género musical.
“The Second Philosophy”
[CD – Lifeforce Records]

Ao contrário de grandes potências como a Suécia, Noruega, Inglaterra ou Estados Unidos, de Espanha pouco há a cronicar em relação ao Metal, apesar de já nos ter oferecido nomes como Dark Moor, The Dismal ou Terror. Contudo, apetece-me neste momento dizer que, para além das sevilhanas, do flamenco, da siesta ou do aguerrido e competitivo campeonato de futebol, temos mais um motivo para olhar para o nosso parceiro ibérico. Este é os Nahemah.
Apesar da sua formação já remontar a 1997, só nesta altura é que esta banda da pequena cidade de Alicante parece ter encontrado a alavanca para ascender e aproximar-se de um público mais extenso. Primeiro porque assinaram com uma editora já com grande visibilidade e segundo, e principal, pelo mérito criativo que apresentam em “The Second Philosophy”, o seu terceiro longa-duração. Se na estreia “Edens In Communion” e “Chrysalis”, editados em 1999 e 2001, respectivamente, já tínhamos uma banda coesa mas com um som geral que oferecia pouco de demarcável – falámos de um death/black metal com alguma melodia -, neste terceiro tomo quase podemos falar de uma revolução estética no conceito musical dos Nahemah.
E que bom sabe testemunhar o experimentalismo arrojado de “The Second Philosophy”, um disco que cruza momentos death, muito ao jeito de uns Opeth, com uma melodia e vozes também muito à maneira dos suecos [aliás uma associação incontornável na sua música mas que, pelo menos para já, só lhes traz benefícios], para além dos momentos etéreos numa visão próxima de uns Isis e um rock psicadélico e melódico cúmplice de uns Mogwai. Falta ainda referir o perfumado feeling progressivo e jazzístico que acompanha muito do espírito destes dez temas e ainda alguns efeitos e ambiências que nos fazem lembrar projectos electrónicos dos anos 80. Numa ronda “extra”, não resisto ainda a mencionar o saxofone envolvente e extremamente penetrante apresentado, com maior ênfase, em “Phoenix”. Tudo isto pode parecer uma mistura algo confusa, mas a verdade é que os Nahemah conseguiram aqui juntar com muita subtileza, classe e de forma muito cerebral um conjunto muito vasto e díspar de elementos musicais. E de que forma se poderá, nos dias “saturados” de hoje, marcar alguma diferença? Aqui está a resposta.
“The Second Philosophy” pode não ser um disco perfeito [acreditamos que ainda conseguirão aglomerar um conjunto mais homogéneo de grandes temas e evitar passagens escusadamente longas no futuro], mas é um manifesto veemente de grande potencialidade artística, talento e ousadia na procura de algo minimamente personalizado. Por isso, este é um trabalho que cresce de audição para audição, pois são imensos os pormenores a esmiuçar e a assimilar ao longo desta hora de música. Um terceiro trabalho de uma banda que finalmente encontrou o caminho [merecido] para atingir uma maior audiência, mesmo que já se tenha atingido os dez anos de carreia. É caso para dizer que nunca é tarde para se experimentar... quando o produto é como este! [8/10] N.C.
Monday, March 12, 2007
Passatempo 13º Mangualde Hard Metal Fest - Vencedores
Review
PROCESS OF GUILT
“Renounce”
[CD – Major Label Industries/Recital]
“Renounce”
[CD – Major Label Industries/Recital]
Esta hora foi chegada em Novembro passado, altura em que foi editado “Renounce”, o seu primeiro longa-duração, pela estreante Major Label Industries. Após duas maquetas em três anos e uma imagem de muito profissionalismo deixada tanto em gravações/composições como em concertos, este era um momento ansiado por todos e isso talvez tenha também ajudado “Renounce” a se tornar um caso repentino de sucesso capaz ainda de colocar os Process Of Guilt nos lugares cimeiros de muitos dos balanços de fim-de-ano difundidos sobre 2006. E isto só seria de admirar se “Renounce” não fosse, efectivamente, um excelente disco. É óbvio que para os conhecedores mais antigos do grupo a forma convincente como nos chega esta estreia não seja nada de inesperado, mas, de facto, “Renounce” reforça a posição dos POG no patamar do melhor que tem sido concebido em Portugal nos últimos anos. O profissionalismo cresceu. Embora ainda não esteja ao alcance de todos, os POG conseguiram, no entanto, com muito arte e engenho e até aparente facilidade criar um disco que, ainda muito jovem, será certamente uma rampa de lançamento para algo que se deseja inolvidável.
Musicalmente falando, o Doom arrastado, lento, ultra pesado, melancólico e com alguma melodia comanda estes sete longos temas. Porém, é, acima de tudo, a profundidade dos sentimentos que transmitem que tornam esta experiência em algo extremamente profundo e marcante. Referência ainda para o cruzamento que os POG fazem, em alguns temas, entre um Doom tradicionalmente funesto e um mais delicado e melódico (e actual) ao exemplo do que uns Cult Of Luna ou Isis fazem. Algumas passagens mais rápidas contribuem, igualmente, para que concluamos que os POG, no seu processo criativo, não se refugiam em teimosias ou mentes poeirentas. Nada de novo, contudo, é verdade, mas tudo aqui se apresenta muito sentido, visceral e torna “Renounce” num dos melhores trabalhos de Doom editados ultimamente... à volta do globo! [9/10] N.C.
Metal Blade - Reedições no seu 25º aniversário

XIII SBSR - Mais nomes confirmados

Agenda - Hardcore de qualidade em Portugal

Friday, March 09, 2007
Comunicado

Já convém um comunicado... Bom, não se trata de nada de especial ou que não tenham já imaginado, mas a SounD(/)ZonE nesta última semana tem estado quase em "branco" devido aos meus compromissos "académicos". No entanto, já existe material na forja e muito brevemente esperamos retomar as actualizações com maior regularidade. Pedimos desculpa por qualquer incómodo ou "desilusão"!
Cumprimentos
Nuno Costa
Wednesday, March 07, 2007
ThanatoSchizo - Começaram as gravações

Elegy #6 - Já nas bancas

Thursday, March 01, 2007
Delicta Carnis - Em estúdio

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