Wednesday, June 25, 2008
Stampkase - Na Festa do Chicharro
Rock'N'Kovers - Anos 90 revisitados

Tuesday, June 24, 2008
Review
MURDERING TRIPPING BLUES
“Knocking At The Backdoor Music”
[CD – Raging Planet]
É cada vez mais saboroso degustar o catálogo da nacional Raging Planet. Tanto aberta a peso moderno como a coisas mais experimentais e vintage [neste caso], pegar em “Knocking At The Backdoor Music” é, para além da constatação de mais uma feliz aposta editorial, a prova da qualidade dos músicos nacionais. Rock na sua essência [e produção, aqui tão importante] com uma veia stoner e bluesy é o que se nos encosta aqui à cara e invade o espírito com sensações nostálgicas e vibrantes. A imagem e som retro da banda lisboeta, impregnada ainda numa deteriorante veia “homicida” e no declínio de um estilo de vida regado de sexo, drogas e rock’n’roll, criam um universo ainda mais peculiar.
O travo a fumo e álcool quase se faz sentir na medida dos dez temas que aqui rolam. A voz distorcida mas quente de Henry Leone Johnson encaixa na perfeição com os riffs de guitarra plenos de espírito sessentista que o próprio executa e isto aliado a uma secção rítmica simples, mas muito eficaz, tornam os Murdering Tripping Blues em algo de aditivo.
As cadências ao longo do disco também são um primor. Se no tema título e “Extramentalisticnoisyfucksticating” temos umas guitarras rock bastante cheias e pesadas, em “Man That Never Was” temos uma dose analgésica de blues muito lento e quase decadente [ao jeito de uns The Doors] que nos faz imaginar naquelas alturas em que o mundo desabou sobre nossas cabeças e o único remédio é entregarmo-nos a algo que altere o nosso estado de consciência.
“Knocking At The Backdoor Music”
[CD – Raging Planet]

O travo a fumo e álcool quase se faz sentir na medida dos dez temas que aqui rolam. A voz distorcida mas quente de Henry Leone Johnson encaixa na perfeição com os riffs de guitarra plenos de espírito sessentista que o próprio executa e isto aliado a uma secção rítmica simples, mas muito eficaz, tornam os Murdering Tripping Blues em algo de aditivo.
As cadências ao longo do disco também são um primor. Se no tema título e “Extramentalisticnoisyfucksticating” temos umas guitarras rock bastante cheias e pesadas, em “Man That Never Was” temos uma dose analgésica de blues muito lento e quase decadente [ao jeito de uns The Doors] que nos faz imaginar naquelas alturas em que o mundo desabou sobre nossas cabeças e o único remédio é entregarmo-nos a algo que altere o nosso estado de consciência.
E é sob uma abordagem revivalista e algo descomprometida, mas muito empenhada e sem soar datada, que os Murdering Tripping Blues constroem um trabalho de estreia viciante e rebelde. É importante o aparecimento de projectos destes para o alargar do raio de oferta criativa dos músicos portugueses. E é com vontade de ser cúmplices dessa jornada “assassina” que ficamos depois de escutar “Knocking At The Backdoor Music”. [8/10] N.C.
Estilo: Rock/Blues
Álbuns:
- "Knocking At The Backdoor Music" [2008]
- "Knocking At The Backdoor Music" [2008]
Monday, June 23, 2008
Music Interview - Dico lança nova newsletter

Saturday, June 21, 2008
Review
THE HOTTNESS
“Stay Classy”
[CD – Ferret Music]
Já nos sentimos inoperantes e mesmo aborrecidos por termos que levar constantemente com a vontade voraz das discográficas nos incutirem algo que, pura e simplesmente, não existe! Os The Hottness vêm, também eles, apelidados de “salvadores da pátria”, neste caso da pátria punk/rock/southern/metal core e tudo o que tenha berros, riffs áridos e melodias teenagers. A vontade de pegar num trabalho à partida sob impacto de textos promocionais tão falaciosos já sai prejudicada, pois já não se consegue, hoje em dia, ser suficientemente ingénuo para ainda acreditar em sensacionalistas comunicados de imprensa que mais não são do que a própria auto-revelação do medo que as próprias discográficas vivem perante uma débil situação artística e económica. A confirmação vem logo a seguir, passados uns míseros segundos, de que este, afinal, é um disco igual a tantos outros!
A verdade nua e crua é que se os The Hottness tocam e cantam bem, as composições, essas são meras fracções de um mundo sobrexplorado e sem nada, absolutamente, nada de novo a oferecer. Ok, a musiquinha até pode soar muito bem, guitarras fortes, melodias de encher o ouvido, produção bombástica, mas o “bolo”, o geral, o cunho artístico, a personalidade? Bandas como os The Hottness – e que mais uma vez refiro, têm bons músicos e sabem muito bem movimentar-se dentro do seu perímetro musical - existem aos “pontapés”. Se alguns riffs poderiam ser, e são, memoráveis, como, por exemplo, os de “This City Is Ours” ou “Thrashy”, não podemos esconder a frustração de ouvir um disco que, no seu todo, é uma amostra clara de falta de personalidade da parte de músicos que não estão, no fim de contas, minimamente preocupados em vencer o marasmo que asfixia essa vertente musical muito popular nos Estados Unidos. Até nos chega a dar náuseas a forma como este tipo de disco se multiplica como autênticas fotocópias sem, aparentemente, ninguém levantar grandes vozes.
“Stay Classy”
[CD – Ferret Music]

A verdade nua e crua é que se os The Hottness tocam e cantam bem, as composições, essas são meras fracções de um mundo sobrexplorado e sem nada, absolutamente, nada de novo a oferecer. Ok, a musiquinha até pode soar muito bem, guitarras fortes, melodias de encher o ouvido, produção bombástica, mas o “bolo”, o geral, o cunho artístico, a personalidade? Bandas como os The Hottness – e que mais uma vez refiro, têm bons músicos e sabem muito bem movimentar-se dentro do seu perímetro musical - existem aos “pontapés”. Se alguns riffs poderiam ser, e são, memoráveis, como, por exemplo, os de “This City Is Ours” ou “Thrashy”, não podemos esconder a frustração de ouvir um disco que, no seu todo, é uma amostra clara de falta de personalidade da parte de músicos que não estão, no fim de contas, minimamente preocupados em vencer o marasmo que asfixia essa vertente musical muito popular nos Estados Unidos. Até nos chega a dar náuseas a forma como este tipo de disco se multiplica como autênticas fotocópias sem, aparentemente, ninguém levantar grandes vozes.
O remédio para esta autêntica “doença” só os próprios músicos saberão encontrar. Perante isto, até me faço recordar de alguns músicos de projectos nacionais, credíveis e plenos de personalidade, que a dada altura decidem deliberadamente mudar de orientação musical, para uma mais trendy e “cifrónica”, porque acham que assim vão mais facilmente conseguir viver da música. E eu digo: será que estes não se lembram que, embora este seja um mercado que ofereça mais garantias de sucesso, por outro lado é muito mais efémero por estar, precisamente, super, hiper lotado? Será que vale a pena lutar por umas manchetes, temporárias, nos jornais e algum air-play, em vez de tentar criar bases para uma carreira sólida e duradoira? Pergunto-me até quando este tipo de bandas pode sobreviver? [4/10] N.C.
Estilo: punk/pop/southern rock/metalcore
Discografia:
- "Stay Classy" [2008]
Judas Priest - Revelações proféticas

Burning Sunset - "Bruma" disponível

Friday, June 20, 2008
Entrevista Nableena
JORNADAS GELADAS
Após a noite de próximo sábado, dia 21 de Junho, os Açores vêm confinado a um hiato de cerca de quatro meses uma das bandas mais proeminentes do seu cenário de peso. Os Nableena, formados em 2003, actuam na referida data, no bar Black Code, em Ponta Delgada, a anteceder e a marcar a partida do seu guitarrista e mentor Petr Labrentsev, por motivos pessoais, por uma temporada, para o seu país natal, a Rússia. Por esta razão, a banda de death metal experimental da ilha de S. Miguel preparou com todos os cuidados o seu próximo espectáculo, que promete um repertório mais extenso, que revisita toda a sua carreira, e a presença de vários convidados [ilustres]. Tentando antever esse momento especial e ao mesmo tempo homenagear um dos projectos mais credíveis da região, a SounD(/)ZonE falou com Petr Labrentsev, um músico apaixonado, multifacetado, viciado em trabalho e muito consciente do mundo que pisa. Uma longa mas envolvente entrevista que fizemos questão de apresentar na íntegra. A não perder!
Como está o seu estado de “saúde” musical? O vínculo a vários projectos tem-lhe posto cabeça a “ferver” para manter tudo a funcionar?
De facto, torna-se complicado sustentar um desempenho máximo, de um modo contínuo, nos diversos projectos em que me encontro, actualmente, envolvido. A “saúde” parece ser suficiente para mantê-los em “boa forma e vigor”, mas já não me posso dar ao luxo de enveredar e explorar mais correntes musicais, o que faria com muito gosto.
Para o bem ou para o mal, tenho de recusar a participação em qualquer outra proposta ou iniciativa, pela simples falta de tempo e a recente exaustão que tenho sentido. Adoraria explorar muitos outros géneros musicais, como por exemplo, o blues, música étnica e mesmo música electrónica, assim como aprender a dominar muitos outros instrumentos musicais. Infelizmente, reconheço que não disponho de tempo, nem de recursos para tal.
O termo workaholic encaixa-se cada vez melhor com a sua maneira de estar na música, concorda? [risos]
Bem, talvez o complemento circunstancial “cada vez melhor” seja dispensável [risos], pois desde os meus primeiros passos na música procurei sempre empenhar-me ao máximo no que faço. É vencer ou morrer [desistir, entenda-se].
É verdade que um grande acréscimo de responsabilidades neste campo tem levado, inevitavelmente, a um trabalho diário quase obrigatório. Tenho noção de que se não fizer determinadas coisas, se não avançar com ideias, se não resolver certos problemas e não tomar certas iniciativas, mais ninguém o fará. Felizmente, tal não acontece em todos os projectos em que estou envolvido, claro, mas há muito tempo que me habituei a ter que “puxar a caravana toda”… No entanto, não me queixo disso e, simultaneamente, não paro de o fazer, não só porque simplesmente adoro o que faço, mas também porque tenho uma total confiança em mim e naquilo que consigo fazer na música. Se assim não fosse, limitar-me-ia a brincar com o violão em casa, de vez em quando. Por outro lado, em certas ocasiões, não posso permitir que uma momentânea falta de empenho ou dedicação de alguém possa por em causa todo um trabalho desenvolvido. Infelizmente, isso leva a que, por hábito, tenha de fazer a mais o que outros fazem a menos, de modo a compensar esta desigual divisão de tarefas.
Portanto, o que o faz aceitar abraçar tantos projectos musicais é o seu grande amor pela música e um grande sentido de trabalho…
Desconheço, na verdade, quão grande é o meu sentido de trabalho, pois é um dado relativo. [risos] O amor pela música é, realmente, o dínamo fundamental para um desempenho bem sucedido. No entanto, o amor não basta. É vital uma boa organização, tanto do tempo, como dos recursos disponíveis, assim como a consciência das metas e objectivos concretos a que me proponho, em cada caso.
Por outro lado, uma das principais razões pelas quais aceito, com muito gosto, a participação em diversos projectos musicais e, especialmente, quando estes têm um carácter muito distinto uns em relação aos outros, é o desejo de aprender. Percebi isso há muito tempo, cada vez que me cruzava com novos grupos e/ou músicos. Por mais que aprendamos, nunca é suficiente, e certamente há sempre algo novo a conhecer. Não tem que ser, necessariamente, conhecimento técnico na interpretação de um instrumento. Muitas vezes são coisas pequenas e simples, como saber enrolar correctamente um cabo, porque, afinal, até para isso existe uma maneira correcta! [risos] Falo também dos métodos de trabalho e organização dos vários grupos, dos processos de composição, etc. Tudo isso enriquece-nos e contribui para um crescimento como músicos.
Outra razão também se prende com o meu desejo de compreender, na sua essência, as diferentes vertentes musicais com que tenho lidado. É um desafio que adoro e, também, um grande factor de desenvolvimento pessoal como músico e apreciador desta.
Em algum momento sente que algum dos seus projectos fica a perder por falta de tempo para lhe dar atenção?
A problemática da falta de tempo que posso dispensar a todos os projectos tem sido uma constante. Quem trabalha comigo sabe isso muito bem. Exemplos não faltam: a “Lacerate” dos Askara foi gravada somente oito meses após o debut. A tão esperada demo dos Nableena será lançada em Outono e não inícios do Verão, como estava previsto. Os cerca de seis temas de Son Of Awacha, prontos a serem gravados há seis meses, ainda “não viram a luz do dia”. Por este mesmo motivo, não só se revela complicado assegurar a presença em todos os ensaios dos Stampkase, mas também comparecer regularmente aos ensaios e actuações da Tuna Académica da Universidade dos Açores, onde canto no naipe de tenores e toco bandolim.
Não é fácil fazer os preparativos de equipamento e mixagem sábado de manhã para o ensaio dos Askara na segunda-feira, indo logo para o ensaio da TAUA, para imediatamente ir à Ribeira Grande ensaiar com Nableena e, já a noite, chegar a casa, continuando a trabalhar nas gravações ou, em alternativa, ir actuar com a tuna que, a nível de exigência musical, é tudo menos brincadeira. Isto tudo sem hora de almoço e sabendo do ensaio, no domingo, nas Furnas… Repentinamente, ocorre-me o facto de ser ainda aluno da universidade, como se fosse já um extra às actividades musicais! [risos] Recentemente, tive de tomar decisões difíceis de me ausentar temporariamente da música, pois os estudos têm sofrido. Felizmente, o pessoal tem sido impecável e flexível, nesse sentido, o que tem ajudado imenso.
No último ano, quase que me esqueço do que é simplesmente ficar no sofá a ver televisão ou fazer algo trivial como isso. Muitas pessoas que me conhecem é que não se apercebem disso, pois não sou daqueles que passam o tempo todo a queixar-se.

Como está o seu estado de “saúde” musical? O vínculo a vários projectos tem-lhe posto cabeça a “ferver” para manter tudo a funcionar?
De facto, torna-se complicado sustentar um desempenho máximo, de um modo contínuo, nos diversos projectos em que me encontro, actualmente, envolvido. A “saúde” parece ser suficiente para mantê-los em “boa forma e vigor”, mas já não me posso dar ao luxo de enveredar e explorar mais correntes musicais, o que faria com muito gosto.
Para o bem ou para o mal, tenho de recusar a participação em qualquer outra proposta ou iniciativa, pela simples falta de tempo e a recente exaustão que tenho sentido. Adoraria explorar muitos outros géneros musicais, como por exemplo, o blues, música étnica e mesmo música electrónica, assim como aprender a dominar muitos outros instrumentos musicais. Infelizmente, reconheço que não disponho de tempo, nem de recursos para tal.
O termo workaholic encaixa-se cada vez melhor com a sua maneira de estar na música, concorda? [risos]
Bem, talvez o complemento circunstancial “cada vez melhor” seja dispensável [risos], pois desde os meus primeiros passos na música procurei sempre empenhar-me ao máximo no que faço. É vencer ou morrer [desistir, entenda-se].
É verdade que um grande acréscimo de responsabilidades neste campo tem levado, inevitavelmente, a um trabalho diário quase obrigatório. Tenho noção de que se não fizer determinadas coisas, se não avançar com ideias, se não resolver certos problemas e não tomar certas iniciativas, mais ninguém o fará. Felizmente, tal não acontece em todos os projectos em que estou envolvido, claro, mas há muito tempo que me habituei a ter que “puxar a caravana toda”… No entanto, não me queixo disso e, simultaneamente, não paro de o fazer, não só porque simplesmente adoro o que faço, mas também porque tenho uma total confiança em mim e naquilo que consigo fazer na música. Se assim não fosse, limitar-me-ia a brincar com o violão em casa, de vez em quando. Por outro lado, em certas ocasiões, não posso permitir que uma momentânea falta de empenho ou dedicação de alguém possa por em causa todo um trabalho desenvolvido. Infelizmente, isso leva a que, por hábito, tenha de fazer a mais o que outros fazem a menos, de modo a compensar esta desigual divisão de tarefas.

Desconheço, na verdade, quão grande é o meu sentido de trabalho, pois é um dado relativo. [risos] O amor pela música é, realmente, o dínamo fundamental para um desempenho bem sucedido. No entanto, o amor não basta. É vital uma boa organização, tanto do tempo, como dos recursos disponíveis, assim como a consciência das metas e objectivos concretos a que me proponho, em cada caso.
Por outro lado, uma das principais razões pelas quais aceito, com muito gosto, a participação em diversos projectos musicais e, especialmente, quando estes têm um carácter muito distinto uns em relação aos outros, é o desejo de aprender. Percebi isso há muito tempo, cada vez que me cruzava com novos grupos e/ou músicos. Por mais que aprendamos, nunca é suficiente, e certamente há sempre algo novo a conhecer. Não tem que ser, necessariamente, conhecimento técnico na interpretação de um instrumento. Muitas vezes são coisas pequenas e simples, como saber enrolar correctamente um cabo, porque, afinal, até para isso existe uma maneira correcta! [risos] Falo também dos métodos de trabalho e organização dos vários grupos, dos processos de composição, etc. Tudo isso enriquece-nos e contribui para um crescimento como músicos.
Outra razão também se prende com o meu desejo de compreender, na sua essência, as diferentes vertentes musicais com que tenho lidado. É um desafio que adoro e, também, um grande factor de desenvolvimento pessoal como músico e apreciador desta.
Em algum momento sente que algum dos seus projectos fica a perder por falta de tempo para lhe dar atenção?
A problemática da falta de tempo que posso dispensar a todos os projectos tem sido uma constante. Quem trabalha comigo sabe isso muito bem. Exemplos não faltam: a “Lacerate” dos Askara foi gravada somente oito meses após o debut. A tão esperada demo dos Nableena será lançada em Outono e não inícios do Verão, como estava previsto. Os cerca de seis temas de Son Of Awacha, prontos a serem gravados há seis meses, ainda “não viram a luz do dia”. Por este mesmo motivo, não só se revela complicado assegurar a presença em todos os ensaios dos Stampkase, mas também comparecer regularmente aos ensaios e actuações da Tuna Académica da Universidade dos Açores, onde canto no naipe de tenores e toco bandolim.
Não é fácil fazer os preparativos de equipamento e mixagem sábado de manhã para o ensaio dos Askara na segunda-feira, indo logo para o ensaio da TAUA, para imediatamente ir à Ribeira Grande ensaiar com Nableena e, já a noite, chegar a casa, continuando a trabalhar nas gravações ou, em alternativa, ir actuar com a tuna que, a nível de exigência musical, é tudo menos brincadeira. Isto tudo sem hora de almoço e sabendo do ensaio, no domingo, nas Furnas… Repentinamente, ocorre-me o facto de ser ainda aluno da universidade, como se fosse já um extra às actividades musicais! [risos] Recentemente, tive de tomar decisões difíceis de me ausentar temporariamente da música, pois os estudos têm sofrido. Felizmente, o pessoal tem sido impecável e flexível, nesse sentido, o que tem ajudado imenso.
No último ano, quase que me esqueço do que é simplesmente ficar no sofá a ver televisão ou fazer algo trivial como isso. Muitas pessoas que me conhecem é que não se apercebem disso, pois não sou daqueles que passam o tempo todo a queixar-se.

Em primeiro lugar, dificilmente me vejo na condição de servir de exemplo, seja para quem for. Quem precisar de modelos para seguir que vá à Igreja ou então que conheça de perto os mui nobres músicos da Orquestra Filarmónica de Ponta Delgada, que estes sim, são grandes músicos, com muito para ensinar!
Na verdade, o que atingi até hoje, na música, se deve ao empenho contínuo, à seriedade no trabalho, ao grande nível de exigência comigo mesmo e para com os meus colegas, à fé em mim próprio e nas minhas capacidades e, por fim, ao liberalismo ou flexibilidade na maneira de encarar todos e quaisquer géneros musicais. Impor limites na apreciação da música, especialmente nova e pouco familiar, é meio caminho andado para matar a fonte essencial da criatividade. Não acredito nas capacidades inatas; aquilo que somos e conseguimos é resultado da nossa dedicação e educação [na música, entenda-se], e esta não cabe aos amigos ou à televisão, mas sim a nós próprios.
Penso que o elemento-chave é racionalizar o tempo, os recursos e as energias, para alcançar um objectivo do modo mais eficaz possível. É preciso não dispersar e saber muito bem que método de trabalho tem de ser adoptado para cada situação. Isto porque, quando queremos atingir resultados substanciais, é crucial ter a postura adequada às metas propostas. Cada banda é diferente e assim deve ser o seu método, particular.
Ainda na sequência disso, quando não se trata de projectos a solo, é imperativo reunir uma equipa capaz e experiente. Penso que bandas com objectivos sérios têm de ser, em primeiro lugar, equipas de trabalho bem organizadas. O resto vem por acréscimo. Se houver grande amizade, melhor ainda, mas com certeza que não é a amizade que produz resultados finais convincentes, mas sim a capacidade de trabalho em grupo e para o grupo. Infelizmente, sempre que num conjunto há pelo menos um elemento com prestações abaixo dos outros, é como um cancro num organismo. Força os outros a fazer um esforço redobrado e leva a um progressivo desgaste geral. Daí ser necessário trabalhar numa equipa equilibrada e dedicada, em que cada um é competente não só na sua própria tarefa, mas também é capaz de perspectivar as necessidades do todo. É com bastante segurança que posso afirmar que, nos últimos tempos, tenho trabalhado com pessoal firme e capaz, embora acredite que é sempre possível fazer mais e melhor. Como diz o ditado: “Junta-te aos bons e serás melhor que eles, junta-te aos maus e serás pior que eles”.
Por fim, a exigência é extremamente importante. Falo, em primeiro lugar, da exigência comigo próprio. Não gosto de queixas ou lamentações sobre o cansaço ou sobre o longo tempo de ensaio ou prática de tocar um instrumento. Sou grande opositor da postura do “esforço mínimo”. Nunca é demais rever, mais uma vez, uma certa parte de um tema ou, por exemplo, aperfeiçoar uma escala ou uma linha vocal. Obviamente, tem de haver o bom senso de equilibrar as tarefas, para não chegar a situações anormais e extremas, mas não vejo, realmente, com bons olhos o “suficiente” e o “satisfatório”. Todavia, sei que isso nem sempre garante que os resultados sejam excelentes. Lembro-me constantemente da famosa frase do general russo Alexandr Suvorov, responsável pela derrota das tropas napoleónicas: “Quanto mais difícil for a estudar, mais fácil será a combater”. Isto aplica-se especialmente às preparações para concertos.
Já por falar no trabalho em bandas, e reafirmando, mais uma vez, a qualidade das pessoas com quem toco, tendo a esperar dos outros um empenho igual ao meu. No caso dos Nableena, estou contente por termos uma equipa coesa e experiente. No entanto, a falta de tempo revela-se, muitas vezes, obvia, o que dificulta as coisas. Acho que devemos ser tão exigentes com os outros como somos connosco próprios, mas nunca esperar dos outros mais do que aquilo que fazemos. Frequentemente, tenho noção de contrariar uma das facetas intrínsecas à cultura portuguesa, o que torna o assunto delicado, mas aí não há realmente muita coisa a fazer, a não ser aceitar.

Sinto-me muito bem! [risos] Na verdade, qualquer variante estilística em que me envolvo é abordada apenas com uma única perspectiva, – é música! Acredito que música mais música não há. Não, não vou dizer, como é costume, “excepção feita à música popular”. Isto pela simples razão de que até mesmo este tipo de música tem uma clara origem na música tradicional, da qual temos uma grande dádiva, chamada “refrão”! Temos também aquelas progressões do baixo, tão simples e tão óbvias, mas que, devidamente aplicadas, podem tornar um tema de Metal agressivo e aparentemente caótico, num mais perceptível e “apresentável”. [risos] Portanto, tudo isto são coisas que não devem ser ignoradas e que podem coexistir ou marcar presença noutros estilos, por mais irrealizável que isso possa parecer à primeira vista!
Respondendo à segunda pergunta, não é difícil repartir-me emocionalmente. Exactamente da mesma forma que as pessoas se repartem emocionalmente quando estão na missa, quando estão com a namorada, quando visitam os avozinhos ou quando encontram, de repente, um grande amigo de longa data. Provavelmente na música acontece o mesmo.
Estabelece hierarquias ou prioridades no “catálogo” de bandas de que faz parte?
Esta seria, realmente, uma questão delicada e problemática, caso me encontrasse envolvido em projectos por outra razão sem ser a afeição e a estima que sinto por cada um deles. Todos diferentes, mas todos iguais. É verdade também que cada projecto está num patamar próprio, com avanços diferentes e também, em certos momentos, uns exigem maior atenção que outros, o que é natural. Portanto, se há alguma hierarquia, esta é temporária, consoante as épocas e a realização de certos objectivos a curto prazo.
Contudo, imagino que os Nableena lhe despertem especial sentimento, correcto?
Desta vez acertaste! Fica uma cerveja por minha conta! [risos] Sim, embora o sentimento seja tão especial como em relação aos outros projectos, Nableena acaba por ser a banda central. Entre muitas razões para tal, posso salientar o facto de o seu crescimento se identificar com o meu crescimento pessoal e musical, assim como o tempo de existência da banda, caminhando já para os seus seis anos. É uma parte tão integrante de mim próprio que se tornam em duas realidades indistinguíveis. Penso que o Gualter, baterista da banda, também sente o mesmo, pois somos, presentemente, os únicos dois membros fundadores da banda e sabemos bem toda a merda que tivemos de ultrapassar, desde o início. Os outros quando chegaram, já tiveram a “papinha feita”, felizmente para eles. [risos]
É precisamente por estes que teremos uma despedida muito especial no próximo dia 21 de Junho, no bar Black Code, em Ponta Delgada, a marcar a sua partida, por uma temporada, para a Rússia. Surpresas são, obviamente, surpresas, mas é-lhe “permitido” adiantar algo do que está reservado para esta noite?
Querendo, obviamente, conservar o factor surpresa deste evento, posso adiantar que, além de planearmos um repertório mais extenso do que o habitual nos nossos concertos, iremos interpretar temas nunca antes tocados e iremos contar com vários músicos e vocalistas convidados, alguns dos quais sobejamente conhecidos do panorama de peso açoriano.
Antevendo o atraso do lançamento da demo e tendo em conta a minha ausência até meados de Outubro, decidi ser esta a oportunidade perfeita para presentear o pessoal e a própria banda com um evento especial, procurando desta forma compensar aqueles dois factores desfavoráveis.
Afigurando-se um afastamento periódico da terra onde mantém toda a sua vida musical, o que podemos esperar dos seus projectos neste entretanto?
Exceptuando os Stampkase, em que me encontro a título de músico convidado, tanto Son of Awacha, como Askara ou Nableena estarão em modo de espera para reiniciarem as suas respectivas actividades aquando do meu regresso. No que toca à TAUA, esta irá realizar algumas actuações nas várias ilhas dos Açores, durante o Verão. Pensando bem, talvez faça uma visita ao baterista dos Askara para uma jam session lá na China. Sempre são menos uns milhares de quilómetros até à China do que até Portugal… [risos]

A conclusão e o lançamento do tão aguardado registo da banda estavam previstos para o mês de Junho do corrente ano. No entanto, por diversas razões, entre as quais a indisponibilidade de tempo, assim como a limitação em alguns recursos técnicos, o atraso tornou-se claro há cerca de dois meses atrás. Assim sendo, o lançamento do registo planeia-se para o Outono ainda deste ano, não sendo possível, por agora, precisar datas concretas.
É-lhe possível adiantar algo do que virá a ser este trabalho? Segundo se conhece da banda, os pormenores são chave. Adivinha-se uma grande produção, eventualmente…
Ao fim de tantos anos de trabalho e da ultrapassagem das dificuldades que qualquer banda desconhecida encontra no inicio do seu percurso, assim como a nossa constante ambição em elevar a fasquia da qualidade cada vez mais, decidimos que esta demo não seria apenas um bom registo áudio dos temas da banda. À semelhança do trabalho exaustivo feito no registo do tema “The Coming of Past”, em que parece não haver mais espaço para desenvolver, melhorar e preencher, mas que também pouco se identifica, actualmente, com a banda, a demo irá condensar todo o potencial dos Nableena até à máxima exaustão. A utilização de instrumentos adicionais será patente e os arranjos, impraticáveis ao vivo, estarão lá em bom peso. A aposta é feita, também, numa boa qualidade sonora. O objectivo é, de facto, presentear o ouvinte não com Nableena, mas com uns “super-Nableena”, seja lá como for que cada um os possa interpretar e o que este termo possa significar. [risos]
O ramo da engenharia de som é algo a que também está ligado há algum tempo. Como ingressou nesta área e como se tem cultivado desde então?
Há muito que o aspecto técnico da esfera do áudio me tem despertado um grande interesse, desde o mundo da alta-fidelidade ou high-end, passando pelo equipamento musical propriamente dito e, por fim, o universo da gravação, do equipamento e dos respectivos processos envolvidos.
Na verdade, iniciei-me neste último por pura necessidade. Cedo compreendi a urgência em gravar o que compunha. Perspectivando sonoridades complexas, com várias vozes de instrumentos e estes mesmos diversos, adquiri o meu primeiro gravador multi-pistas e ai tudo começou.
É certo que os primeiros passos não foram fáceis, no entanto nem pretendia gravações de qualidade. O objectivo era mesmo a composição e a salvaguarda das ideias que me ocorriam. Grande parte dos temas dos Nableena resultou, exactamente, assim. Aquando da presença do André “Caroço” Tavares na banda, podia dar-me ao luxo de compor para as três guitarras, facto que era, por si só, um ex-libris dos Nableena.
Como é sabido, a prática deve andar de mãos dadas com a teoria [belas metáforas…]. [risos] Por esta razão, há longos anos que recorro à literatura específica de produção áudio e consulto inúmeros sítios na Internet, relativamente a esta área. No entanto, quanto mais aprendo, mais me apercebo do pouco que sei. Nunca é demais estudar e aprender, pois este universo de gravação e produção parece não ter limites.
Actualmente, a minha aposta orienta-se, claramente, na qualidade, mas a verdade é que os próprios padrões de qualidade, neste ramo, estão a crescer constantemente, facto que me leva a afirmar que, para alcançar resultados excelentes, nada melhor que um estúdio profissional, com especialistas profissionais da área.
Inclusive, recentemente, foi requisitado para registar temas de outras bandas locais. Como está a decorrer esta experiência?
Tive a oportunidade de gravar Duhkrista, banda do “Krpan”, meu colega nos Askara. Os temas dos Askara são também gravados por mim. Recentemente, recebi o convite para uma gravação singular dos Zymozis. Embora a experiência tenha sido boa, a grave falta de tempo disponível, este ano, impossibilitou a finalização desta gravação, para grande pena minha.
Os trabalhos em questão têm intentos mais sérios? Incluir-se-ão em produtos a lançar para o público?
Não querendo falar em nome dos grupos, deixarei essas questões para os seus membros, até porque algumas datas de que tinha conhecimento parecem sofrer constantes alterações. Gostaria, obviamente, de ver os trabalhos lançados.

Quero ser ministro da cultura e direccionar 90% do orçamento para eventos de Metal! [risos] Brincadeiras à parte, é, de facto, uma área académica muito interessante e que engloba uma grande diversidade de outras esferas das Ciências Sociais, tais como o Direito, a Filosofia, a Sociologia e a Ciência Política propriamente dita, entre muitas outras. Não querendo adiantar relativamente ao meu futuro percurso profissional, posso afirmar, com muita segurança, que as Ciências Políticas têm proporcionado uma percepção das Relações Internacionais em profundidade e em detalhe incomparavelmente superiores àquilo que, comummente, se vê do mundo político.
Por outro lado, sendo a política uma esfera evidentemente negativa, porque assim ela realmente é, achei interessante conhece-la para compreende-la. É que muitas vezes é preciso conhecermos algo em profundidade para chegarmos à conclusão que, afinal, o pior faz todo o sentido em ser assim ou que a coisa até nem é assim tão má quanto parece, por mais aberrante que esta afirmação possa parecer… [risos]
Encontra alguma cumplicidade entre a música e a política? [risos]
Por mais difícil que seja aceitar tal ideia, é fácil identificar, por vezes, a música com a política, quando a primeira é aproveitada e explorada em função de outros fins. Refiro-me ao uso da música ou de qualquer outra forma de expressão artística em proveito dos corrompidos interesses individuais. Infelizmente, isso é uma realidade que se constata muitas vezes.
Embora esteja radicado em Portugal há nove anos, teve ainda tempo de viver experiências musicais quando vivia na Rússia?
Na realidade, vivo em Portugal há 17 anos, estando há 8 nos Açores. Na Rússia participava, desde que me lembro, em grupos de canto, com digressões na região onde vivia. Eram coisas de putos, mas era fixolas! [risos] Pena não oferecerem bebida, diziam que éramos muito novos… [risos]
Acompanha especialmente o que se passa em termos de música extrema no seu país natal?
O Myspace tem sido um recurso extremamente útil não só para conhecer novos grupos e acompanhar os conhecidos, de todo o mundo, mas também para me encontrar a par do panorama de Metal na Rússia. De facto, o movimento metaleiro neste país é muito forte, com toda a diversidade de vertentes de Metal que é por nós conhecida. Organizam-se grandes eventos e com grande frequência, e as digressões de grupos internacionalmente conhecidos é constante. Várias pessoas, com as quais mantenho um permanente contacto, informam-me de um tal abismal número de concertos de Metal, que é de fazer inveja. Infelizmente, nota-se a tendência de um constante fluxo dos grupos de Metal regionais para as duas maiores cidades da Rússia, – Moscovo e São Petersburgo, pois é aí que conseguem, efectivamente, exercer a actividade musical a um nível verdadeiramente profissional, com todas as condições e recursos intrínsecos às grandes metrópoles.
Um aspecto curioso que me dá uma grande satisfação é o facto de, cada vez mais, os grupos de Metal russos optarem pela língua materna, nas suas vocalizações. Na minha opinião, isto resulta muito bem em termos musicais. Por outro lado, é preciso ter em conta que o grande público-alvo destes grupos é o próprio do país e o das antigas repúblicas da URSS, onde a língua russa é a predominante, criando, desta forma, um vínculo maior e, provavelmente, uma melhor interacção entre os grupos e o público.
Neste contexto, é importante referir que, sendo a Rússia o maior país do mundo pela sua área territorial e com uma população de cerca de 200 milhões de pessoas, o seu mercado para consumo de Metal é auto-suficiente, bastando-se a si próprio. Isto diz respeito não só ao Metal, mas a todos outros géneros musicais. Contrariamente aos grupos europeus, que têm de fazer tournées por vários países fora o próprio de origem, uma tournée pela Rússia basta para atingir, por completo, os mesmos fins das bandas russas, tais como a venda de um determinado número de discos, o financiamento de toda a actividade da banda e a mobilização das “legiões de fãs”, entre outros. É como um mundo à parte, que não precisa do resto.

De entre muitas, algumas das bandas que me ocorrem de momento são os Abominable Putridity [Grindcore], uma das influências do meu grupo Askara, os Ordalion [Black Metal], os Scrambled Defuncts [Death Metal] ou os Save [Metalcore].
Que experiências traz do exterior que lhe permitam traçar paralelos ou diferenças para com o meio musical açoriano? A diferença de mentalidades, por exemplo, sente-se muito?
Embora as diferenças sejam perceptíveis, o tempo que lá vivi não foi suficiente para poder traçar uma comparação entre os dois meios, a nível musical.
Atendendo ao seu percurso académico, imagino do seu apurado sentido analítico. Não puxando desta vez para a política, que cenário pinta do metal açoriano e que processos acha que devem ser adoptados para que as complicadas contingências açorianas sejam ultrapassadas?
Deixando para futuras reflexões o quão apurado é o meu sentido analítico [risos], relativamente à questão colocada devo demarcar, em primeiro lugar, a problemática mais pertinente e as suas consequências. Falo do isolacionismo geográfico, próprio da região, e portanto um cerrar do mundo artístico açoriano em si mesmo. A “síndrome do umbigo” é por demais perceptível. As iniciativas no campo da música parecem existir apenas em função do microscópico mercado regional que, como bem sabemos, é perfeito para música como hobby, mas nunca para alcançar metas maiores. Frequentemente, tenho a sensação de ser um universo que se vive a si próprio, em que a noção da existência do resto do mundo parece irrelevante. Se bem que isto seja uma atitude natural, não podendo, por isso, ser condenável, trata-se, também, de um entrave para uma profissionalização e actividade das bandas regionais, num nível internacional. Isto no caso de tal ser um verdadeiro objectivo das mesmas.
Na sequência do dito, é importante que as bandas definam, claramente, o objectivo concreto que pretendem atingir e que lhes dá vida. Umas como hobby, embora tal não implique, necessariamente, uma fraca qualidade destes projectos [muitas vezes bem pelo contrário]; outras com vista a um lançamento no mundo da música profissional, que é possível apenas fora dos Açores e, a bem dizer, fora do próprio país.
Neste ponto, importa salientar o simples facto de a actividade musical no género de Metal, nos Açores, simplesmente não poder oferecer o usufruto de um nível de vida minimamente satisfatório, o que aliás não é novidade alguma. Até podermos ver músicos de Metal açorianos a comprar uma casa, pelo menos um carro, proporcionar uma boa educação aos filhos e estarem financeiramente seguros da sua vivência na terceira idade com apenas os rendimentos desta actividade musical nos Açores, não podemos colocar a hipótese de uma profissionalização a tempo inteiro, na região. Esta enumeração até soa de uma forma ridícula, quando sabemos que os ganhos das actividades das bandas de Metal regionais nem sequer cobrem uma fracção dos investimentos em equipamento. Duvido que tal alguma vez venha a acontecer e, portanto, o caminho é só um. Como disse um velho amigo e colega de banda meu, André Tavares, hoje um reconhecido producer em Portugal continental, “isto de tocar em bandas de Metal e irradiar o espírito metaleiro é muito bonito, mas um gajo tem que pensar na vida…”
O perfeito seria poder realizar regularmente tournées, por vários meses, correndo outros países, com vínculo a uma boa empresa discográfica e regressar aos Açores, a casa, para descansar, compor e ganhar força para a próxima tournée. Mas isto seria, como disse, perfeito…
Ainda relativamente a esta primeira problemática e abordando as soluções para a mesma, é essencial a exposição dos trabalhos regionais de Metal ao “exterior”, procurando fazê-lo junto das instituições e entidades, com capacidade de proporcionar um verdadeiro carácter laboral ou profissional para os grupos. A gravação de demos de qualidade é, portanto, o elemento-chave e isto diz respeito não apenas àqueles grupos que ambicionam passar ao “nível seguinte”, mas a todos os outros.

Gostaria também de relembrar o grande exemplo dado pelos Tolerance 0, aquando da sua partida para o estrangeiro. Foi um acto digno de uma banda séria e que demonstrou que é preciso grandes acções, para chegar a grandes resultados. Embora tivessem que regressar algum tempo depois, pois garantias nunca há nestas coisas, acho que foi uma atitude de louvar.
Um aspecto que, a meu ver, se reflecte de uma forma negativa, no mundo do Metal açoriano é o radicalismo e as fortes delimitações, relativamente aos estilos que se ouvem e que se aceitam e, também, que se cultivam. Noto uma forte intransigência, tanto por parte dos próprios músicos metaleiros, como de outros músicos, o que nada tem de bom. Procurando exemplificar isto com casos reais, assiste-se muito a um radicalismo estilístico na “virtual comunidade metaleira açoriana”, em que me deparo com músicos que tocam estilo “X”, que só ouvem musica do estilo “X”, só se interessam por grupos locais que tocam o respectivo estilo e chegam ao ponto de desprezar outras correntes de Metal ou géneros musicais. Isso não é saudável. É essencial saber distinguir o gosto pessoal ou as preferências individuais, da capacidade de apreciação da qualidade de um conjunto musical. É preciso saber dar oportunidade, o que não passa por ouvir uma ou duas faixas momentaneamente, mas sim explorar pelo menos um ou dois álbuns de um grupo que, aparentemente, não nos desperta interesse. Mais uma vez, é uma questão de educação própria, o cultivar musical que apenas nos pode ser proporcionado por nós próprios, se tal desejarmos, verdadeiramente.
Por outro lado, penso que o problema fundamental de alguns projectos regionais de Metal, especialmente aqueles que parecem viver um permanente desalento, deve-se ao simples facto de os seus membros parecerem desperdiçar “energias” em coisas dispensáveis, em tretas que, frequentemente, nem tem nada a ver com a única coisa que realmente importa – a música! É em função da música e para o bem dela, que se deve pautar a atitude e o comportamento, não o contrário. É preciso ser flexível e ter de “engolir sapos” para que a música viva e as coisas funcionem, em vez de usar a música para atingir ambições pessoais ou satisfazer egoísmos próprios.
Parece-me que o mais importante, a música, a arte, é frequentemente usado apenas como pano de fundo, à frente do qual muitos procuram satisfazer seus apetites ou vontades individuais. Uns procuram afirmar-se, com os seus egos pequeninos, perante outros e perante si próprios, parecendo nada mais ter na vida de que se orgulhar, a não ser o título de “fulano da banda XPTO”; outros têm a música como motivo para demonstrar orgulhosamente o seu “museu” de guitarras, que parecem nunca ser em número suficiente; outros ainda acreditam piamente que se encontram no caminho certo para arrebatar corações femininos… Infelizmente, esta lista é infindável. Ocorre-me agora o fenómeno ridículo de alguns demonstrarem uma disparatada ânsia de pertencer a um pseudo-grupo elitista de “pessoal de bandas de Metal”, como se de algum restrito Clube VIP se tratasse, o que não tem cabimento nenhum, pois tal coisa nem sequer existe. Mais uma vez, nada disto é saudável para o Metal.

Acabando numa nota positiva, a verdade é que os Açores e muito principalmente a ilha de São Miguel, vivem um fortíssimo movimento de grupos de Metal e que não é recente. Organizam-se festivais, eventos, contamos com várias entidades que promovem o género, como a SounD(/)ZonE e o Metalicidio, entre outros. Podemos contar também com veteranos devotos ao estilo, como o José F. Andrade e ainda o programa de rádio do João Goulart.
É excelente a organização de eventos que tem trazido grupos tanto de Portugal continental como do estrangeiro, oferecendo uma verdadeira “lufada de ar fresco” ao Metal nos Açores. Saliento também o benéfico facto de podermos contar, em São Miguel, com grupos de Metal das outras ilhas, como tem sido o caso dos Anomally, da Terceira. E por falar nesta ilha, é de louvar a recente organização do Beer Metal Fest, organizada pelo meu amigo e colega Nuno “Terceirence” e pelo bem conhecido Bruno dos Zymozis. Poderia aqui continuar a lista, o que só demonstra que o Metal nos Açores, embora sofra limitações, continua bem vivo e em progressão.
Dia 21 será um dia, imagino, algo sentido para si – embora, naturalmente, a sua partida não seja definitiva. O que diria às pessoas para as convencer a estar presentes neste espectáculo?
Os preparativos para o concerto dos Nableena, no Black Code, tendem a reunir alguns ingredientes para torna-lo “O concerto” do grupo! Há muito que desejava organizar uma actuação que presenteasse o público com a imagem mais completa e uma melhor demonstração do potencial musical dos Nableena, relativamente aos concertos passados. Este evento prenuncia conseguir exactamente isso, embora acredite que a demonstração de todo o real potencial do grupo estará patente na demo.
Nuno Costa
Echidna - Álbum de estreia lançado amanhã

Wednesday, June 18, 2008
O Afinador
E porque é sempre enriquecedor reflectir sobre aquilo que está à nossa volta, nomeadamente o que nos deixa intrigados ou que fomenta o debate de ideias, aqui fica um espaço onde personalidades de vulto darão o seu parecer, com base na sua experiência profissional e pessoal, sobre questões que muitas vezes colocam o público, concretamente o amante de música e em particular o do Heavy Metal, sob dúvidas e equívocos que, sempre que possível, devem ser esclarecidos para o respirar saúdavel desta comunidade. Aqui fica uma nova rubrica onde se espera deixar "afinadas" muitas mentes e que, embora reflectindo apenas uma posição pessoal, tentará convencer pela credibilidade e validade do percurso de quem se movimenta há anos neste meio, quer como músico, jornalista ou promotor. A SounD(/)ZonE lançou o primeiro tema ao mui respeitável Fernando Reis [jornalista da revista Loud! e responsável pela editora Major Label Industries] e propôs-lhe que abrisse as mentes de quem... vive mal com os rótulos musicais! É uma realidade com a qual convive diariamente e que muitas vezes gera mal-entendidos. Qual a necessidade dos rótulos musicais? Como interpretá-los? A palavra a quem sabe!
COMO INTERPRETAR RÓTULOS MUSICAIS
Em termos jornalísticos, a “catalogação” da música serve o propósito da rápida descrição. A comparação de artistas serve o mesmo propósito, mas demoninar um artista como “artista jazz” envia uma ideia imediata geral ao público-alvo, aos leitores, usando um termo universalmente conhecido e aceite de modo a que, a partir daí, toda a descrição vá no sentido do detalhe. Se falarmos em termos meramente metal, uma banda de metal industrial será consideravelmente diferente de uma que pratique doom metal, mas por exemplo dentro deste último estilo bandas como Witchcraft ou Morgion, sendo geralmente aceite que praticam ambas doom metal, têm sonoridades e identidades musicais bem diferentes.
O mesmo se passa a nível comercial. À medida que as lojas se vão transformando em superfícies maiores, entregues a grandes redes multinacionais como a que opera em Portugal sob o nome de FNAC, torna-se essencial “separar as águas”, de modo a que públicos à partida diametralmente diferentes saibam exactamente onde se encontra a “sua” música. Deste modo, o público que gosta de música clássica tem o seu próprio departamento especializado à disposição, assim como o público que aprecia música étnica, jazz, electrónica, metal ou pop/rock. Os responsáveis pelos diferentes departamentos são diferentes, há editoras especializadas em cada um dos estilos, códigos internos para cada um deles, vendedores e jornalistas que trabalham apenas dentro de cada um desses estilos. Toda uma hierarquização construída com base em estilos universalmente aceites, “criados” e denominados frequentemente pela cultura popular.
Tratando-se de uma tentativa de aplicar uma certa ordem e ciência a uma arte que, como fim, se rebela contra isso, obviamente os estilos musicais e as suas demoninações sofrem frequentes subversões – quer voluntárias, quer involuntárias. Comercialmente, um colectivo como Ulver, cujo passado inclui black metal, folk nórdico, música electrónica de laptop e rock progressivo, tem que continuar a ser “vendido” dentro das prateleiras do metal, porque a sua principal base de fãs está dentro desse estilo – e foi aí que começou – e não “funcionará” nas prateleiras a que cada disco corresponde na realidade em termos estilísticos, quer porque os fãs de metal não os procuram aí, quer porque os habituais frequentadores dessas prateleiras não reconhecem Ulver como um verdadeiro artista desse estilo. O mesmo se passa em termos jornalísticos... se os Cradle Of Filth fizessem este ano uma obra de música contemporânea/clássica, dificilmente seriam levados a sério por um qualquer jornalista especializado em escrever sobre interpretações de Bach, Mozart ou Vivaldi. O mesmo se poderia passar com Ana Malhoa, proeminente personagem da música ligeira portuguesa que, se por qualquer milagre da natureza fizesse hoje uma obra-prima do death metal brutal e técnico, teria sérias dificuldades em ser aceite num meio que se habituou a vê-la do outro lado da barricada estilística. Uma vez “catalogados” dentro de um estilo, os artistas têm sérias dificuldades em sobreviver fora dele porque comercial e estéticamente os estilos são necessários para que exista um mínimo de organização – nem que seja mental – dentro de todo o espectro musical.
Assim, a única forma de olharmos para os estilos musicais – sejam eles quais forem – sem deixarmos que os preconceitos a eles ligados nos toldem a percepção é encará-los como meros marcadores, etiquetas que alguém lhes cola e que, como em tudo, podem estar perfeitamente erradas mas também podem ajudar-nos a organizar a nossa mente em “pilhas”. Se, por exemplo, a diferença entre “heavy” e “power” metal está, actualmente, em pormenores tão pequenos como a produção e a forma como se usa o duplo-bombo da bateria, temos que pensar nos milhares de bandas de cada estilo que se guiam por cada um desses pormenores para criar a sua sonoridade no início de carreira, antes de considerarmos tal categorização ridícula. Depois, quando essa mesma banda evolui e lhe cresce uma alma musical própria, talvez a sua música deixe de poder ser descrita com um termo universalmente reconhecível e aceite e venha a ter dificuldades em libertar-se do seu anterior “rótulo”. Mas essa é uma luta antiga da arte que faz com que os músicos se esforcem ainda mais para que o seu trabalho seja reconhecido por aquilo que verdadeiramente é. E, em última análise, faça desenvolver e evoluír uma arte que, sem inconformismo perante os estilos e terminologia instalados, nunca teria passado daquele drone africano feito com um ramo no tronco de árvore.
Fernando Reis
Sunday, June 15, 2008
Concurso Angra Rock 2008 - Public Seven vencem

Saturday, June 14, 2008
Benediction - Regresso mortífero

Friday, June 13, 2008
Concurso Angra Rock 2008 - Encontrados finalistas

Thursday, June 12, 2008
Review
POSIDOM
“A Deeper Kind Of Hate”
[Demo CD – Edição de autor]
Incorremos no risco de parecer ríspidos, insensíveis e arrogantes quando temos que apontar o dedo [para a ferida] de um trabalho que nos cai em desagrado. Mas pior seria o cinismo de ocultarmos aquilo que realmente sentimos por conveniência, por medo de represálias ou até para não desmanchar amizades. Por outro lado, ainda nos arriscamos a ser apelidados de anti-underground, mas a verdade deve ser madrasta precisamente para que as coisas possam evoluir.
O que temos aqui é uma demo de estreia bem primitiva e podre. Em todos os sentidos. Desde a logística [capa e produção “home made”, mas de muito mau gosto] até ao produto musical – um death metal muito cru, directo e sujo, mas que deixa ainda lugar a alguma melodia e a interlúdios compostos com o sintetizador. Uma introdução minimamente auspiciosa ainda nos deixa curiosos quanto ao que pode vir a seguir, mas passados alguns temas caímos numa entediante rede de riffs e batidas demasiadamente banais. Se a péssima qualidade de gravação poderia ser desculpa devido à desfavorecida posição da banda no underground [fica ainda a dúvida se será descuido ou vontade de soar, lá está, underground], já desculpa não será a falta de ideias que por aqui reina.
As limitações técnicas do grupo também são por demais evidentes, embora em termos rítmicos a banda demonstre gana. As “tentativas” de solos chegam a nos deixar confusos [será que era aquilo mesmo que a banda queria fazer – o exemplo maior é “First Meeting With Yourself”]. Neste campo a banda tem realmente que se esforçar muito mais, até porque, como já se disse, na criação de ritmos a banda não é propriamente tosca. O que nos acaba por deixar mesmo intolerantes são os moldes desleixados com que a banda nos oferece esta demo. Será funcional lançar-se demos “antes da hora”, sem o mínimo de meios e ainda com os músicos em fase bastante precoce de desenvolvimento? Percebe-se a ânsia das bandas jovens em se darem a conhecer, mas a prudência e o bom-senso devem ser palavras de ordem para qualquer projecto que queira algo mais na sua carreira. Até os nomes dos temas soam levianos – “Filthy Demoniac Creatures” é um exemplo - e o que é certo é que ficamos sem grande margem de manobra para poder tirar uma radiografia positiva deste trabalho.
Ao mesmo tempo estes temas parecem ter sido registados ao primeiro ou segundo take já que são perfeitamente perceptíveis os erros de execução, as irregularidades rítmicas ao ponto de algumas passagens parecerem autênticos “tiros ao lado”. Uma gravação minimamente cuidada, é certo, podia dar outro brilho a “A Deeper Kind Of Hate” [até se respeita que a banda não queira soar muito “polida” e “limpinha”], mas é irrefutável que quando esta prejudica a percepção do trabalho musical ou a sua consistência, não deviam ser dadas tréguas à nossa inexperiência, à nossa teimosia ou o que quer que tenha levado a banda a apresentar este trabalho com este aspecto.
Sentimo-nos numa posição desconfortável por ter que atribuir classificações negativas, ainda mais quando uma banda é muito jovem e está efervescente por mostrar a sua arte ao mundo. Mas a verdade é que salva-se a palpável atitude da banda, mas isso, de momento, não chega… por muito que queiramos recusar. [3/10] N.C.
“A Deeper Kind Of Hate”
[Demo CD – Edição de autor]
O que temos aqui é uma demo de estreia bem primitiva e podre. Em todos os sentidos. Desde a logística [capa e produção “home made”, mas de muito mau gosto] até ao produto musical – um death metal muito cru, directo e sujo, mas que deixa ainda lugar a alguma melodia e a interlúdios compostos com o sintetizador. Uma introdução minimamente auspiciosa ainda nos deixa curiosos quanto ao que pode vir a seguir, mas passados alguns temas caímos numa entediante rede de riffs e batidas demasiadamente banais. Se a péssima qualidade de gravação poderia ser desculpa devido à desfavorecida posição da banda no underground [fica ainda a dúvida se será descuido ou vontade de soar, lá está, underground], já desculpa não será a falta de ideias que por aqui reina.
As limitações técnicas do grupo também são por demais evidentes, embora em termos rítmicos a banda demonstre gana. As “tentativas” de solos chegam a nos deixar confusos [será que era aquilo mesmo que a banda queria fazer – o exemplo maior é “First Meeting With Yourself”]. Neste campo a banda tem realmente que se esforçar muito mais, até porque, como já se disse, na criação de ritmos a banda não é propriamente tosca. O que nos acaba por deixar mesmo intolerantes são os moldes desleixados com que a banda nos oferece esta demo. Será funcional lançar-se demos “antes da hora”, sem o mínimo de meios e ainda com os músicos em fase bastante precoce de desenvolvimento? Percebe-se a ânsia das bandas jovens em se darem a conhecer, mas a prudência e o bom-senso devem ser palavras de ordem para qualquer projecto que queira algo mais na sua carreira. Até os nomes dos temas soam levianos – “Filthy Demoniac Creatures” é um exemplo - e o que é certo é que ficamos sem grande margem de manobra para poder tirar uma radiografia positiva deste trabalho.
Ao mesmo tempo estes temas parecem ter sido registados ao primeiro ou segundo take já que são perfeitamente perceptíveis os erros de execução, as irregularidades rítmicas ao ponto de algumas passagens parecerem autênticos “tiros ao lado”. Uma gravação minimamente cuidada, é certo, podia dar outro brilho a “A Deeper Kind Of Hate” [até se respeita que a banda não queira soar muito “polida” e “limpinha”], mas é irrefutável que quando esta prejudica a percepção do trabalho musical ou a sua consistência, não deviam ser dadas tréguas à nossa inexperiência, à nossa teimosia ou o que quer que tenha levado a banda a apresentar este trabalho com este aspecto.
Sentimo-nos numa posição desconfortável por ter que atribuir classificações negativas, ainda mais quando uma banda é muito jovem e está efervescente por mostrar a sua arte ao mundo. Mas a verdade é que salva-se a palpável atitude da banda, mas isso, de momento, não chega… por muito que queiramos recusar. [3/10] N.C.
Estilo: Death Metal
Discografia:
- "A Deeper Kind Of Hate" [2008]
Monday, June 09, 2008
Inhuman - Regresso uma década depois

Sunday, June 08, 2008
Review
MAHATMA
“Perseverance”
[CD – Listenable/MLI]
Soou-nos estranho uma banda formada há 15 anos e apenas agora estar a lançar o seu segundo longa-duração. A pesquisa pelos motivos saíram frustradas, mas, mesmo assim, o que interessa é que a espera valeu bem a pena para estes Mahatma. Depois da estreia, em 2005, com “The Endless Struggle Against Time” o quarteto coreano apurou vários aspectos e apresenta agora melhorias quer em termos técnicos, quer de produção e composição. Falamos aqui de um thrash perfeitamente empenhado e inspirado nas raízes dos anos 80. Slayer, Testament, Sepultura e Metallica são nomes que imediatamente nos ocorrem à memória, mas se isso poderia servir para pensar que os Mahatma eram apenas uns “teimosos” do old school e obsessivos na sua missão de glorificar as raízes do thrash porque, simplesmente, sim, a verdade é que a sua competência e a convicção sobrepõem-se a tudo isso.
“Perseverance”
[CD – Listenable/MLI]

“Perseverance” é um disco com muita garra. Temas normalmente rápidos, plenos de virtuosismo nas guitarras, vozes sempre rasgadas e um espírito, claro está, bem retro. “Beginning Of The End”, “Violence” ou “Falling To Hell” são tão Slayer que nos deixam a questionar sobre a origem geográfica destes Mahatma. A identidade Bay Area respira aqui em grande pulmão e perante tão grande – e bem feita – homenagem à Era e nomes tão emblemáticos do thrash metal, escusado será dizer que este disco dará um prazer enorme de ouvir aos fãs desta primeira geração - “de ouro” - do thrash. [8/10] N.C.
Estilo: Thrash Metal
Álbuns:
- "The Endless Struggle Against Time" [2005]
- "Perseverance" [2008]
- "Perseverance" [2008]
Phazer - Registam álbum de estreia

KYPCK - Contos submersos

Scar Symmetry - Segundo trailer de novo álbum disponível

Arsis - Anunciam novo baterista

Exodus - Metalkult.com apresenta vídeo-aula

Saturday, June 07, 2008
Sonic Syndicate - Novo álbum em Setembro

Thursday, June 05, 2008
Review
DEBAUCHERY
"Continue To Kill”
[CD – AFM Records]
Olhar para o percurso interino deste colectivo é, antes de mais, dar de caras como uma dança esquizofrénica de entradas e saídas de elementos capaz até de nos deixar azoados. Mas não só por isso é marcada a existência dos Debauchery, como é óbvio. Também muita coisa boa estes germânicos já fizerem, quer através da edição de quatro interessantes álbuns, quer por digressões feitas com Six Feet Under, Dismember e Napalm Death. Os problemas com a consistência do line-up parecem nunca ter resfriado a vontade “sanguinária” do seu vocalista e líder Thomas, que aqui volta com “Continue To Kill”. Como o seu próprio nome indica, as intenções de Thomas parecem ser as de manter a identidade muito peculiar, diga-se, dos Debauchery que aliam a brutalidade do death metal com a energia do thrash e, imagine-se, a irreverência e acessibilidade do rock. Daí muita gente até lhes classifique como banda de death’n’roll. A forma de composição de Thomas [e volto a falar no singular porque a banda, hoje em dia, funciona mais como um projecto a solo] faz com que os Debauchery soem, à primeira escuta, a uma convencional banda de death metal extremo, mas isso só enquanto não nos surpreende com um bombástico tema rock de fazer inveja a veteranos como Motörhead. E isso tudo com a voz gutural de Thomas, o que lhes confere ainda mais interesse.
Posto isto, aqui temos um colectivo com muita atitude… e aparentemente despreocupado com o que possa ser dito pela imprensa ou pelos fãs que não chegam a gostar da banda por esta não se revelar nem uma banda de death metal puro nem de rock. Esta maneira de estar já vem acompanhando o colectivo desde a altura em que lançou o seu disco de estreia – “Kill Maim Burn” de 2003 – e ganhou expressão no anterior “Back In Blood” de 2007, que inclusive, teve uma edição especial com um segundo disco de covers de Genesis, The Beatles, Rolling Stones, Judas Priest, entre outros.
E é muito focada neste universo que a própria banda criou, que esta regressa fiel aos seus princípios, embora “Continue To Kill” se mostre mais pesado e thrashy que o seu antecessor. Os Debauchery fazem por não soar a uma banda muito séria, mas ao mesmo tempo convicta e consistente em qualquer uma das abordagens – extrema, groovy ou mais light – que adopte. São de louvar colectivos desses que não olham a lobbies para expor as suas influências musicais. É, por isso, com determinação que dizemos: é bom tê-los por cá. [7/10] N.C.
[CD – AFM Records]

Posto isto, aqui temos um colectivo com muita atitude… e aparentemente despreocupado com o que possa ser dito pela imprensa ou pelos fãs que não chegam a gostar da banda por esta não se revelar nem uma banda de death metal puro nem de rock. Esta maneira de estar já vem acompanhando o colectivo desde a altura em que lançou o seu disco de estreia – “Kill Maim Burn” de 2003 – e ganhou expressão no anterior “Back In Blood” de 2007, que inclusive, teve uma edição especial com um segundo disco de covers de Genesis, The Beatles, Rolling Stones, Judas Priest, entre outros.
E é muito focada neste universo que a própria banda criou, que esta regressa fiel aos seus princípios, embora “Continue To Kill” se mostre mais pesado e thrashy que o seu antecessor. Os Debauchery fazem por não soar a uma banda muito séria, mas ao mesmo tempo convicta e consistente em qualquer uma das abordagens – extrema, groovy ou mais light – que adopte. São de louvar colectivos desses que não olham a lobbies para expor as suas influências musicais. É, por isso, com determinação que dizemos: é bom tê-los por cá. [7/10] N.C.
Estilo: Death/Thrash/Rock
Álbuns:
- "Kill Maim Burn" [2003]
- "Rage Of The Blood Beast" [2004]
- "Torture Pit" [2005]
- "Back In Blood" [2007]
- "Continue To Kill" [2008]
- "Continue To Kill" [2008]
Metal Of Honor II - Morbid Death encabeçam segunda edição

Wednesday, June 04, 2008
Vallient Thorr - Viking rock assalta Musicbox em Julho

Alliance Fest 2008 - Grande festival de Metal em Carcavelos

Tuesday, June 03, 2008
Beer Metal Fest - Heavy Metal e muita cerveja em Ponta Delgada

Monday, June 02, 2008
V aniversário SounD(/)ZonE
Caros leitores, quanto ao evento não podia estar mais feliz. Se as coisas nunca são 100% perfeitas também não estiveram muito longe de ser muito satisfatórias. Ou será que foi isso mesmo? Para mim, na minha humildade de pessoa criada no “campo”, digamos assim, algo deste género e como se tem passado nos últimos anos com o nome da SounD(/)ZonE à cabeça, não pode deixar de ser algo surreal. Nada foi esperado assim, apenas sonhado. Para além disso, o público manifestou toda a sua alegria durante e depois do concerto e há sobretudo um enorme agradecimento a endereçar a todas as pessoas que ajudaram na realização deste evento [dos patrocinadores até aos amigos que prepararam o cattering] e consideração pela solidariedade com que as pessoas me abordaram para dizer o que sentem por esta coisa que não sou eu mas sim algo subjectivo, chamado SounD(/)ZonE, que pretende ser o espaço, a zona, onde todos os amantes do som eterno se reunem! Um abraço estendido a todos sem excepção. Deixem cá os vossos comentários… if you will!;)
Tatoo your blood in Metal!
Nuno Costa
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