POSIDOM
“A Deeper Kind Of Hate”
[Demo CD – Edição de autor]
Incorremos no risco de parecer ríspidos, insensíveis e arrogantes quando temos que apontar o dedo [para a ferida] de um trabalho que nos cai em desagrado. Mas pior seria o cinismo de ocultarmos aquilo que realmente sentimos por conveniência, por medo de represálias ou até para não desmanchar amizades. Por outro lado, ainda nos arriscamos a ser apelidados de anti-underground, mas a verdade deve ser madrasta precisamente para que as coisas possam evoluir.
O que temos aqui é uma demo de estreia bem primitiva e podre. Em todos os sentidos. Desde a logística [capa e produção “home made”, mas de muito mau gosto] até ao produto musical – um death metal muito cru, directo e sujo, mas que deixa ainda lugar a alguma melodia e a interlúdios compostos com o sintetizador. Uma introdução minimamente auspiciosa ainda nos deixa curiosos quanto ao que pode vir a seguir, mas passados alguns temas caímos numa entediante rede de riffs e batidas demasiadamente banais. Se a péssima qualidade de gravação poderia ser desculpa devido à desfavorecida posição da banda no underground [fica ainda a dúvida se será descuido ou vontade de soar, lá está, underground], já desculpa não será a falta de ideias que por aqui reina.
As limitações técnicas do grupo também são por demais evidentes, embora em termos rítmicos a banda demonstre gana. As “tentativas” de solos chegam a nos deixar confusos [será que era aquilo mesmo que a banda queria fazer – o exemplo maior é “First Meeting With Yourself”]. Neste campo a banda tem realmente que se esforçar muito mais, até porque, como já se disse, na criação de ritmos a banda não é propriamente tosca. O que nos acaba por deixar mesmo intolerantes são os moldes desleixados com que a banda nos oferece esta demo. Será funcional lançar-se demos “antes da hora”, sem o mínimo de meios e ainda com os músicos em fase bastante precoce de desenvolvimento? Percebe-se a ânsia das bandas jovens em se darem a conhecer, mas a prudência e o bom-senso devem ser palavras de ordem para qualquer projecto que queira algo mais na sua carreira. Até os nomes dos temas soam levianos – “Filthy Demoniac Creatures” é um exemplo - e o que é certo é que ficamos sem grande margem de manobra para poder tirar uma radiografia positiva deste trabalho.
Ao mesmo tempo estes temas parecem ter sido registados ao primeiro ou segundo take já que são perfeitamente perceptíveis os erros de execução, as irregularidades rítmicas ao ponto de algumas passagens parecerem autênticos “tiros ao lado”. Uma gravação minimamente cuidada, é certo, podia dar outro brilho a “A Deeper Kind Of Hate” [até se respeita que a banda não queira soar muito “polida” e “limpinha”], mas é irrefutável que quando esta prejudica a percepção do trabalho musical ou a sua consistência, não deviam ser dadas tréguas à nossa inexperiência, à nossa teimosia ou o que quer que tenha levado a banda a apresentar este trabalho com este aspecto.
Sentimo-nos numa posição desconfortável por ter que atribuir classificações negativas, ainda mais quando uma banda é muito jovem e está efervescente por mostrar a sua arte ao mundo. Mas a verdade é que salva-se a palpável atitude da banda, mas isso, de momento, não chega… por muito que queiramos recusar. [3/10] N.C.
“A Deeper Kind Of Hate”
[Demo CD – Edição de autor]
Incorremos no risco de parecer ríspidos, insensíveis e arrogantes quando temos que apontar o dedo [para a ferida] de um trabalho que nos cai em desagrado. Mas pior seria o cinismo de ocultarmos aquilo que realmente sentimos por conveniência, por medo de represálias ou até para não desmanchar amizades. Por outro lado, ainda nos arriscamos a ser apelidados de anti-underground, mas a verdade deve ser madrasta precisamente para que as coisas possam evoluir.
O que temos aqui é uma demo de estreia bem primitiva e podre. Em todos os sentidos. Desde a logística [capa e produção “home made”, mas de muito mau gosto] até ao produto musical – um death metal muito cru, directo e sujo, mas que deixa ainda lugar a alguma melodia e a interlúdios compostos com o sintetizador. Uma introdução minimamente auspiciosa ainda nos deixa curiosos quanto ao que pode vir a seguir, mas passados alguns temas caímos numa entediante rede de riffs e batidas demasiadamente banais. Se a péssima qualidade de gravação poderia ser desculpa devido à desfavorecida posição da banda no underground [fica ainda a dúvida se será descuido ou vontade de soar, lá está, underground], já desculpa não será a falta de ideias que por aqui reina.
As limitações técnicas do grupo também são por demais evidentes, embora em termos rítmicos a banda demonstre gana. As “tentativas” de solos chegam a nos deixar confusos [será que era aquilo mesmo que a banda queria fazer – o exemplo maior é “First Meeting With Yourself”]. Neste campo a banda tem realmente que se esforçar muito mais, até porque, como já se disse, na criação de ritmos a banda não é propriamente tosca. O que nos acaba por deixar mesmo intolerantes são os moldes desleixados com que a banda nos oferece esta demo. Será funcional lançar-se demos “antes da hora”, sem o mínimo de meios e ainda com os músicos em fase bastante precoce de desenvolvimento? Percebe-se a ânsia das bandas jovens em se darem a conhecer, mas a prudência e o bom-senso devem ser palavras de ordem para qualquer projecto que queira algo mais na sua carreira. Até os nomes dos temas soam levianos – “Filthy Demoniac Creatures” é um exemplo - e o que é certo é que ficamos sem grande margem de manobra para poder tirar uma radiografia positiva deste trabalho.
Ao mesmo tempo estes temas parecem ter sido registados ao primeiro ou segundo take já que são perfeitamente perceptíveis os erros de execução, as irregularidades rítmicas ao ponto de algumas passagens parecerem autênticos “tiros ao lado”. Uma gravação minimamente cuidada, é certo, podia dar outro brilho a “A Deeper Kind Of Hate” [até se respeita que a banda não queira soar muito “polida” e “limpinha”], mas é irrefutável que quando esta prejudica a percepção do trabalho musical ou a sua consistência, não deviam ser dadas tréguas à nossa inexperiência, à nossa teimosia ou o que quer que tenha levado a banda a apresentar este trabalho com este aspecto.
Sentimo-nos numa posição desconfortável por ter que atribuir classificações negativas, ainda mais quando uma banda é muito jovem e está efervescente por mostrar a sua arte ao mundo. Mas a verdade é que salva-se a palpável atitude da banda, mas isso, de momento, não chega… por muito que queiramos recusar. [3/10] N.C.
Estilo: Death Metal
Discografia:
- "A Deeper Kind Of Hate" [2008]
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