Sunday, December 06, 2009

Crónica

EM APNEIA

Quando tudo está bem não há grande estímulo para comentários mas apenas a sensação de paz e harmonia. Esta é uma das reacções. A outra é, circunstancialmente, o elogio e o incentivo quando merecido.

Ainda o outro dia convidava uma pessoa que muito admiro e ilustre combatente do nosso underground a escrever um texto para o nosso espaço. Ou devia já dizer "ex-combatente"? Pois é, o convite foi-me prontamente negado com a justificação de que havia coisas muito mais interessantes do que escrever sobre Metal e de que nunca mais voltaria a escrever sobre o assunto. Pois é, continua a ser cada vez mais recorrente vermos veteranos impulsionadores do movimento metálico a atirarem a toalha a chão e procurarem outros caminhos, potencialmente mais produtivos. Dirão os mais picuinhas de que se trata de birras de meninos mimados e snobs, mas a verdade é que santo ninguém é e a paciência tem limites, para além de que chegar ao ponto de comprometer a vida pessoal ou até profissional em prol de uma causa movida a gente ingrata é um erro, um tremendo erro, um desperdício de tempo e até de inteligência. E por mais que os outros, que estão por fora, tentem, não conseguem imaginar os sacríficios que por vezes se fazem.

Óbvio que um ataque desses não visa atingir todos. É lógico que há gente que ama o "som eterno" com verdade e consciência, mas a maioria, continua equivocada e prejudica seriamente o progresso da "cena". Quantidade nunca foi sinónimo de qualidade. Engane-se quem pense que tudo vai bem. Não vai e o cheiro é cada vez mais nauseabundo, pútrido. Já essa personalidade que convidei falava muito, nas suas excelentes crónicas, nas "palmadinhas nas costas". É apenas um dos males perpétuos, não há hipótese. Quando juntamos a isso a ignorância o "prédio" desmorona-se. Ora andamos todos felizes a incentivar o amigo, porque é amigo, que se torna cego com isso e estagna nas suas faculdades, porque o mercado é pouco exigente e culto (ou então cínico), ora dançamos ao ritmo dos faits-divers que de profícuos não têm nada mas entretêm a pequenada... e "vendem".

Há quem confunda frustração com indignação e tente passar uma imagem apaziguadora. Os problemas só existem na cabeça de alguns;"Não façamos polémicas, porque o underground tem que ser unido"; Vamos ser touros mansos, atirar pós para os olhos e levar essa cruz às costas. Talvez seja o melhor!? Que se lixe a paz neste caso. Antes perder a guerra com dignidade do que render-se à conformidade e viver na ignorância. Não estamos aqui para agradar a ninguém mas zelar pelo principal: a integridade artística da música, em geral, e do Heavy Metal, em particular.

Nuno Costa

5 comments:

Anonymous said...

E cá estou novamente a dar os parabéns por mais uma assertiva crónica!

Maria Brandão said...

toda a gente tem o direito de mudar de gosto musical, ao longo da vida. agora, quando essa mudança é feita por interesse e não por gosto, já é sinal de falta de carácter. boa crónica.

SoundZone said...

A questão é mudar por mágoa, desilusão, por não dar mais. É quase: ou eu ou "tu". É a sensação de estar a falar para o "boneco" ou a remar sozinho contra a maré...

Obrigado pelos comentários!

Anonymous said...

:) li o teu "grito" :) e na verdade nao sei se o que pense :) nao sei se é um texto positivo ou negativo :) por um lado parece uma critica /apontar o dedo/ ou censurar alguem, mas ao mesmo tempo tem porrada de "paninhos quentes" e passar a mao pelo pelo... achei tipo ( pregar uma bolachada num lado e dar a pomadinha no outro lado ) lol lol
:) fiquei á nora ..... (Thrash Pub)

SoundZone said...

Mário,

Qual foi a parte que não percebeste?