Treze anos já se contam desde que o nome The Temple nasceu para o nosso panorama metálico. Unidos por amarras (de ferro) a uma causa e motivação em comum – a vontade premente de fazer música – os The Temple progrediram a todos os níveis ao longo de todos esses anos e chegam a 2006 como um dos colectivos mais aplaudidos e respeitados do nosso cenário musical. Graças ao excelente “Diesel Dog Sound”, lançado em 2004 e gravado em Londres, nos estúdios de Philia, os The Temple procederam a uma ascensão meteórica na sua carreira, tanto dentro como fora de portas. Com um som moderno, que reparte a atitude punk com o peso do metal, comprovam ingredientes que vão fazer certamente, na noite de amanhã no Coliseu Micaelense, as delícias dos amantes do género nos Açores. É verdade meus amigos… É já amanhã que a SounD(/)Zone comemora o seu 3º aniversário e sente-se perfeitamente honrada por estar associada a um evento tão grande e com bandas deste calibre. Como segunda parte deste especial Festival Coliseu ANIMA Rock, publicamos então as palavras trocadas entre a SounD(/)ZonE e João Luís, vocalista dos The Temple.
Creio que esta é a primeira vez que dão uma entrevista para uma publicação de metal aqui dos Açores... Como tal, e para algumas pessoas que, eventualmente, ainda não conheçam os The Temple, gostaria que nos fizesses uma breve apresentação da banda, inclusive, sonora.
Os The Temple são uma banda que já conta com 13 anos de existência. Começou como a maioria das bandas, ou seja, juntou-se um grupo de amigos com um gosto em comum: a vontade de criar e fazer música... música com a atitude do Punk, o espírito do Rock e o carácter do Heavy-Metal.
Treze anos de existência e nem uma única alteração no line-up... Creio que isto é coisa que já não existe!! Para já congratulo-vos e pedia-te que nos falasses na receita mágica para a coesão dos The Temple.
Foram, de facto, todos esses anos como um grupo muito especial de pessoas. Sempre fomos todos amigos e sempre gostámos uns dos outros. Foi sempre divertido e interessante estar nesta banda, desde o primeiro dia, numa altura em que a música underground não era nada do que é hoje. Embora de início não nos conhecêssemos de igual forma, acabámos com uma relação muito próxima e forte entre todos. Numa banda assim sente-se um misto de casamento com família de sangue. É muito estranho ao mesmo tempo. Estas coisas são inexplicáveis. A razão de ser da banda era tudo isto, viver constantemente esta atitude. Mas os Temple mudaram! Depois destes anos todos, o João Afonso e o Zé Carlos – os dois guitarristas saíram – e temos dois novos guitarristas. São duas novas pessoas que nos eram desconhecidas, com quem tudo é novo e com quem vamos passar novamente pela sensação de construir todas aquelas coisas. E o concerto em São Miguel é um desses primeiros passos. O sentido de tudo isto continua a ser fazermos o que gostamos e expressarmo-nos da forma que queremos. Para nós, ter uma banda é uma causa poética.
“Diesel Dog Sound” foi um álbum que terá mudado muita coisa na vossa carreira... Apesar de já ter saído quase há dois anos, queres falar-nos um pouco desse período e de tudo de bom que o álbum vos trouxe?
Sem dúvida. “Diesel Dog Sound” abriu-nos imensas portas e possibilitou-nos mostrar a nossa música noutros países nos quais, até essa data, os The Temple eram uns perfeitos desconhecidos. Na verdade, tivemos críticas excelentes de várias partes do globo, de salientar algumas publicações de renome internacional como seja a revista Kerrang, a Rock Hard, etc.. Consideramos que, com este álbum passámos a “jogar” num campeonato de nível superior, mas onde o nível de exigência também é muito mais elevado. No global, todo o feedback que recebemos foi muito bom.
Quase dois anos sem nenhum lançamento... Este foi, portanto, um período passado, essencialmente, de que forma? Concertos acredito... Muitos no estrangeiro?
Bem.... em relação a lançamentos, entrámos num tributo a Misfits "Portuguese Nigthmare", com a cover - "I turned into a martian" - onde incorporámos o espírito Misfits a todos os níveis. Fizemos uma gravação quase sem ensaios, com todos a cantar e a celebrar a atitude punk que nos é também, de algum modo, visceral, embora na nossa própria música isso esteja acompanhado de outras características fortes, como o carácter do metal e o espírito do rock. Brevemente será editado um outro tributo, aos Mão Morta, onde tocamos uma versão de "Budapeste" em que cantamos pela primeira vez em Português e onde novamente nos tentámos imbuir do espírito da banda que homenageamos. Concertos... sim muitos. Em Portugal tivemos alguns memoráveis. O Super Rock foi incrível, O festival Tejo com Kreator e Moonspell, no Garage com Life of Agony, em Portimão, num pavilhão mais pequeno também foi muito intenso, etc.. No estrangeiro, tivemos algumas propostas para acompanhar outras bandas, mas algumas em condições muito duvidosas. Pagar para tocar sem haver uma estratégia clara no que íamos investir.... enfim. No entanto, tivemos uma boa proposta para acompanhar uma banda holandesa durante 3 meses pela Europa e foram 2 meses de negociações mais uns tantos de preparativos, para no final eles arranjarem um problema com a editora (SONY) e ter ficado tudo cancelado. De qualquer forma, continuamos a preparar coisas para fazer algo estruturalmente interessante com vários agentes... neste momento contamos com 3 na Europa e 2 na América do Sul.
Pelo que sei, em Maio os The Temple vão entrar de novo em estúdio. Estarei correcto?
A data ainda não é definitiva. Estamos a calendarizar e a acertar ainda alguns pormenores com o produtor. No entanto, pensamos que a gravação do próximo trabalho não deverá tardar muito mais.
Que nos podes adiantar sobre as novas composições, sítio onde será gravado, produtor, etc?...
Como deves calcular, nesta fase, é um pouco prematuro estar a revelar esses elementos. Obviamente que já trabalhamos no novo álbum há algum tempo e como “teaser”, a única coisa que poderei adiantar é que será mais extremo e mais intenso.
Agora João, um dos grandes pretextos que me levam a fazer-te esta entrevista: o Festival Coliseu ANIMA Rock. Que expectativas tens para esse concerto?
As melhores... esta será a terceira vez que vamos tocar no Açores, mas a primeira em São Miguel. As duas primeiras foram muito boas, quer no festival Anticiclone (Santa Maria), quer no festival Angra Rock (Terceira), onde a reacção do público foi sempre excelente. Por outro lado, estamos bastante entusiasmados por tocar no Coliseu, recentemente recuperado. Vai ser um bom espectáculo.
Como receberam a notícia de vir tocar cá a S. Miguel? Foi algo que talvez não estivessem à espera...
Foi com bastante satisfação que recebemos a notícia. Temos recordações muito boas do Açores. Fomos sempre muito bem recebidos e esta vez não será excepção, com certeza.
Outra coisa de que provavelmente não estariam à espera era vir fazer parte do aniversário de uma fanzine num Coliseu... Vá, podes confessar, até nem fazias a mínima ideia de que a SounD(/)ZonE existia! (risos)
O facto de termos o aniversário duma fanzine no Coliseu Micaelense diz bem da capacidade de organização do evento, o que só faz aumentar as expectativas. Em 13 anos de existência deves calcular a quantidade de fanzines que conhecemos. Claro que não vou dizer -“Sim, sim, claro que conheço!”. São muitas por Portugal fora e ainda bem, pois muito devemos às fanzines como um dos principais meios de divulgação da música “underground” e, em particular, dos The Temple.
Uma última palavra para os açoreanos e potenciais participantes neste concerto...
Apareçam! Tudo faremos para “partir a loiça toda”. Vai ser uma noite inesquecível... para todos!
Nuno Costa
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