ENFIM, REVELADO
Ainda há bem pouco tempo eram uns [quase] totais desconhecidos. Um atribulado percurso fez com que esta banda da ilha de São Miguel se mantivesse praticamente anónima desde 2002, consequência de uma instabilidade interna que levou a inúmeras entradas e saídas de elementos. Agora, com as entradas de Nelson Félix [Summoned Hell, Bloodshot] para a guitarra, Nuno Pereira [ex-Summoned Hell] para a bateria e Miguel Arruda e Camila Arruda para as vozes, a banda sente-se coesa para iniciar uma carreira e, primeiro sinal disso, foi o lançamento, em Dezembro, da sua primeira demo track. “Revelations” é um tema de Black/Death Metal melódico, com um toque sueco e uma surpreendente voz feminina. Um bom apontamento para aquilo que há-de vir e que nos despertou a curiosidade para falar com o baixista e fundador da banda Nuno Carreiro.
Ainda há bem pouco tempo eram uns [quase] totais desconhecidos. Um atribulado percurso fez com que esta banda da ilha de São Miguel se mantivesse praticamente anónima desde 2002, consequência de uma instabilidade interna que levou a inúmeras entradas e saídas de elementos. Agora, com as entradas de Nelson Félix [Summoned Hell, Bloodshot] para a guitarra, Nuno Pereira [ex-Summoned Hell] para a bateria e Miguel Arruda e Camila Arruda para as vozes, a banda sente-se coesa para iniciar uma carreira e, primeiro sinal disso, foi o lançamento, em Dezembro, da sua primeira demo track. “Revelations” é um tema de Black/Death Metal melódico, com um toque sueco e uma surpreendente voz feminina. Um bom apontamento para aquilo que há-de vir e que nos despertou a curiosidade para falar com o baixista e fundador da banda Nuno Carreiro.
Antes de mais, o motivo da tua alcunha ser “Terceirense” tem mesmo a ver com o facto de seres natural da ilha Terceira? [risos]
Não, sou natural da ilha de S. Miguel, mas os meus pais tiveram uma proposta de trabalho vantajosa e optaram por ir trabalhar para a ilha Terceira. Como eu tinha 6 anos na altura acabei por ficar por lá 9 anos. Este é o motivo da minha alcunha.
Tu e o Hélder bem se podem considerar “guerreiros” por terem carregado a banda às costas até agora. Onde foram buscar a moral para ultrapassar todos os inúmeros contratempos que se vos depararam ao longo dos últimos tempos?
Surgiu e vai continuar a surgir da vontade de levar esta banda avante, pois adoramos ouvir e tocar música e temos o sonho de conseguir realizar algo de significativo neste ramo. Eu iniciei a minha aprendizagem musical com o Hélder e, até porque somos amigos de infância, o “elo” que daí advém é transposto para o resto da banda.
Tens alguma explicação para tantas saídas e entradas de elementos?
Sim. Algumas das saídas deram-se por motivos pessoais, outras pelo facto de determinados elementos terem ido estudar para o continente e também por falta de empenho e interesse da parte de alguns ex-elementos que, nomeadamente, referiram ter outras prioridades e outras bandas e que não tinham tempo para a nossa. Ainda ouvimos coisas do género: “essa banda não tem pernas para andar”. Claro que, na altura, fiquei magoado, porque sempre foram pessoas com quem me dei bem... Mas, infelizmente, foram os seus argumentos e cabe-me respeitá-los e aceitá-los e desejar-lhes boa sorte para as suas vidas.
Esta terá sido, certamente, a razão pela qual vocês ainda nunca se apresentaram ao vivo…
Sim, as constantes saídas e entradas de elementos “abalaram” de forma significativa a banda, levando-a mesmo a estar parada cerca de um ano e meio. Mas também vejo o lado positivo dessa questão, pois permitiu-nos adquirir maturidade no grande meio que é a música e tornar-nos mais cuidadosos em relação a possíveis novas entradas de elementos. A par disso, confesso que o line-up actual da banda complementa-se de forma brutal!
Como conheceram o Miguel e a Camila? Apesar de figurarem nesta promo track, consta-me que são apenas convidados...
Conhecemos o Miguel e a Camila este Verão através do Nelson [guitarrista] que partilha outro projecto com eles. O nosso relacionamento foi aumentando até que, por acaso, numa conversa informal, eu disse ao Miguel que estava à procura de um vocalista. Posto isso, ele ofereceu-se para tentar preencher o lugar mais a Camila. Eles compareceram a um ensaio, ouviram algumas músicas, gostaram e, como achámos que as suas vozes se coadunavam com aquilo que queríamos, acabaram por ficar na banda. Actualmente, estão mesmo de “pedra e cal” no projecto.
Quanto ao Nuno e ao Nelson, também os podemos considerar firmes no line-up da banda?
Eles melhor do que eu poderão responder a essa questão, mas posso afirmar que estão para ficar, não só pelas nossas conversas, como também pela postura que adoptam e vontade de trabalhar que demonstram.
Até agora acredito que tenhas sido o compositor mor dos Sanctus Nosferatu, certo? Como é para ti trabalhar sozinho… talvez já um hábito!
Sim, é verdade. Mas trabalhar sozinho não era um hábito, mas sim uma vontade interior em querer seguir o meu sonho. Felizmente, Sanctus Nosferatu tem seis músicas no seu repertório e posso adiantar que já foram elaboradas algumas com os actuais elementos. Isto alegra-me muito, pois agora tenho várias opiniões a intervirem no processo de composição e a maneira de interagirmos tem sido muito boa.
Relativamente ao vosso primeiro trabalho, a primeira grande questão que se impõe é: porquê só um tema?
Não se poderá, de facto, chamar de demo, mas sim de uma promo ou single - como acharem melhor. Essa promo é constituída apenas por um tema, mas estão muitas questões por detrás disso, sendo uma delas uma primeira forma de promoção de algo com maior impacto que virá, em princípio, em 2007. Por outro lado, acreditem que o lançamento desta promo veio unir ainda mais a banda, levando-me a afirmar que só mesmo algo muito grave poderá agora separar os actuais elementos. Por isso, esse lançamento precoce, aos olhos de muitos, serviu como factor promotor de uma enorme estabilidade interna.
Já ouvi comentários de que o preço da vossa demo é muito alto para a quantidade de música que oferecem. O que pensas disso?
Não condeno quem pense assim, mas o preço perante todos os gastos que tivemos dá-nos uma margem de lucro quase nula por CD. O nosso objectivo é não ter prejuízo, apenas isso. Senão vejamos: a gravação foi paga por nós, a aquisição do papel para as capas, as impressões nos CD’s e mesmo os próprios CD's. Resumindo, tudo foi pago por nossa conta. Lanço um pequeno desafio às pessoas para que contabilizem tudo isso e verifiquem por si próprias a suposta margem de lucro que iremos ter. Já agora, cada CD custa 2.5€.
Não acharam que aguardar mais um pouco e fazer um lançamento com mais temas seria mais benéfico para vós? Até porque já planeiam para muito breve uma nova entrada em estúdio...
Sem dúvida que temos consciência disso, mas, como já referi, este trabalho tem o intuito de despertar a atenção das pessoas. Aproveito para adiantar que o lançamento da demo estava programado para um período imediatamente anterior à assinatura de contracto com a PJ – Prods & Management. Por isso, a nossa ambição seria menor até que surgiu esta oportunidade e, como já tínhamos tudo preparado, decidimos avançar para a mesma.
Numa perspectiva de promoção junto de editoras e mesmo na comunicação social, não acreditam que o facto de apresentarem só um tema seja quase irrelevante para alguém tirar conclusões sobre vocês?
Como já referi na pergunta anterior, tudo isto foi preparado de outra forma e só estamos a seguir em frente pelo facto de tudo já estar preparado antes de assinarmos contracto com a PJ. Quanto ao interesse pelo nosso trabalho, creio que ele acrescerá por este se tratar apenas de um tema e haverá, assim, a curiosidade de saber se num próximo manteremos a mesma linha musical. A nossa principal preocupação, actualmente, é continuar a trabalhar e o resto deixaremos a cargo da PJ. Julgo ser uma instituição com crédito e que, de certeza, tudo fará para promover a banda.
Quanto ao tema propriamente dito, estão satisfeitos com ele a nível de composição e mesmo produção?
Estamos satisfeitos quer com a composição quer com a produção. Relativamente à produção, tenho a dizer que o Ruben Moniz foi espectacular e que toda a banda gostou muito de trabalhar neste tema nos Neburrecords Studios.
Quanto a mim, um dos grandes destaques neste tema são as vozes. Creio que, principalmente, a voz da Camila surpreenderá muita gente e será como que uma grande “bofetada de luva branca” nos homens que “berram” por estas paragens! (risos)
No meio açoriano não conheço mais ninguém como ela. Tem uma voz fantástica e gosto muito de trabalhar com a Camila. O seu desempenho na preparação do tema foi excelente. Espero que ela sirva de inspiração a outras mulheres para começarem a fazer o mesmo.
Indiscutivelmente, nos Açores não haverá neste momento nenhum membro feminino a cantar e a berrar tão bem ao mesmo tempo! Sentes-te orgulhoso de ter a Camila na tua banda?
Claro que tenho muito orgulho em trabalhar com ela, mas também tenho igual orgulho em trabalhar com qualquer outro elemento da banda. Todos trabalhamos rumo à evolução pessoal e profissional.
Que bandas vos inspiram?
Esta é uma boa pergunta... Tentamos colocar na nossa sonoridade um cunho pessoal, porque dentro da banda nem todos têm as mesmas influências. Mas posso dizer que bandas como Cradle of Filth, Dimmu Borgir, Immortal, Iron Maiden, Cannibal Corpse, Slayer e Testament são as nossas principais influências. Algumas destas influências não estão patentes na música que compõe a promo, mas estão noutras que temos feito.
O que podemos esperar do resto do material dos Sanctus Nosferatu?
Posso, desde já, acrescentar que o restante material é bem mais agressivo que “Revelation”, incidindo muito em riffs poderosos, técnicas rápidas e com batidas não menos rápidas. As vozes serão mantidas da mesma forma. Posso dizer também que houve uma evolução em termos de sonoridade. Espero que agrade o público, porque nós adoramos as nossas músicas. Também se nós não gostarmos delas quem gostará? [risos]
Existe já perspectivas relativamente a concertos para breve?
Este é um assunto a tratar com a PJ, mas estamos receptivos a concertos só para o próximo Verão. Por enquanto queremos simplesmente trabalhar com calma e qualidade.
Para finalizar, sei que ainda é muito cedo, mas tens conhecimento de algumas reacções em relação ao vosso trabalho?
Sim, tenho conhecimento de algumas opiniões, não só cá nos Açores como também no continente. Estas têm sido positivas, o que nos dá ainda mais vontade de trabalhar.
Nuno Costa
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