Thursday, January 18, 2007

Review

MISERY SIGNALS
“Mirrors”

[CD – Ferret Music]

Se há males que vêm por bem, ou situações que causam o despontar e acentuar de paixões, as dificuldades adjacentes da saída de Jesse Zaraska e a morte de um ex-companheiro seu nos Compromise num trágico acidente de viação, parecem ter resultado num proveitoso e visceral reforço anímico para o processo de composição deste quinteto de Madison, nos E.U.A.. Se com a estreia “Of Malice And The Magnum Heart”, em 2004, os Misery Signals já haviam causado grande sensação, o novo álbum da banda – “Mirrors” - vem cimentar o estatuto e a energia que a banda vinha apresentando.

Este disco marca também a estreia do vocalista Karl Schubach, um guitarrista de “nascença”, que nunca tinha cantado antes, mas que respondeu ao casting para novo vocalista da banda e arrebatou a empatia dos Misery Signals. Esta é, portanto, uma estreia absoluta ao microfone, mas Schubach demonstra que já podia ter assumido este lugar há mais tempo e acaba por ser até um dos grandes destaques deste álbum. A sua voz de tom hardcore acentuado e rasgado [ao jeito de uns Converge ou Zao] e esporadicamente melódico quando solicitado, aliado à miscelânea sonora que são os Misery Signals – uma mistura de Shai Hulud com Poison The Well e uma ligeira complexidade rítmica à Meshuggah – continuam a resultar muito eficazmente, embora neste trabalho a banda tenha simplificado um pouco as coisas e apostado um pouco mais no seu lado melódico.

Contudo, esta vertente do metalcore ganha aqui um nobre representante e os temas que compõem “Mirrors” surgem tanto repletos de fúria como de momentos de beleza harmónica comoventes, como é o caso de certas passagens de “Failsafe” e “Migrate”. Por outro lado, a desenvoltura das músicas e do modo como estão compostas, criam uma dinâmica diversificada sem, por isso, nunca caírem na monotonia. Constantes mudanças rítmicas e tonais fazem com que o ouvinte nunca se chegue a aborrecer. Apesar da fórmula não ser, nem de longe nem de perto, revolucionária, estas canções são, acima de tudo, apelativas, coesas e voluptuosamente fluidas. [8/10] N.C.

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