Wednesday, January 31, 2007

Review

TÝR
"Ragnarok"
[CD – Napalm/Recital]


Confinados a um silêncio recôndito, por factores que podem ir desde a sua descentralização geográfica, ao seu tipo de som ou até puro azar, os Týr, oriundos das ilhas Feroe só começaram a desenvencilhar-se e a irromper no cenário metaleiro europeu com a reedição, em 2006, de "Eric The Red", o seu segundo trabalho de originais. Apesar de ter sido gravado em 2003, este lançamento foi a "jóia" responsável pelo despontar de elogios e consequentes expectativas que se instalaram ao redor desta banda escandinava.

Como provavelmente já ouviram falar, os Týr são uma banda de Folk Metal inspirada, como é normal nestas circunstâncias, nas lendas de deuses e guerras nórdicas. O destemido Deus da Guerra [ou da Justiça], como era apelidado Týr, é o grande elemento literário usado pela banda para conduzir o ouvinte por campos de batalha medievais ou a ambientes taberneiros em que se brindava com regozijo às vitórias sobre os inimigos. Ainda assim, é a nível musical que os Týr se destacam. Se esperam ouvir toda uma miscelânea de instrumentos tradicionais em "Ragnarok", daqueles que, acredito, já aborreçam muita gente, desenganem-se. Aqui sabe tremendamente bem degustar a força das guitarras e a sua técnica, em muitos momentos, superior. Se isto eventualmente pudesse significar exacerbâncias técnicas, podemos adiantar que os Týr asseguram um equilíbrio muito harmonioso a nível de elementos musicais. Em "Ragnarok", curiosamente, sobrevoa-nos um feeling progressivo, representado pela sua complexa estrutura [oito temas, uma intro e sete interlúdios], pelos longos momentos instrumentais e alguns compassos rítmicos tradicionais deste género musical. A apelar ainda à sua diversidade, o andamento de "Ragnarok" remete-nos muitas vezes para universos doom, com um balanço quase sempre a meio-gás. Os coros imponentes e "patrióticos" não são tão habituais nos Týr como acontece com a maioria dos actos dentro do género, mas conseguem ser igualmente, ou mais, incisivos – atestem "The Hammers Of Thor" ou "Brothers Bane".

Sem dúvida que já tardava este reconhecimento, pois os Týr bem o merecem. No entanto, apesar de "Ragnarok" ser um álbum muito coeso, homogéneo e arrebatador dentro do género [ou será que já criaram o seu?], quase nos apetece castigá-los por não conseguirem manter o mesmo nível em todos os temas. Caso contrário, estaríamos perante um álbum quase perfeito dentro do seus parâmetros. [8/10] N.C.

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