Thursday, January 04, 2007

Review

INTO ETERNITY
“The Scattering Of Ashes”

[CD – Century Media/Recital]

Nos últimos anos, o Canadá tem-se revelado um verdadeiro ninho de grandes talentos e comporta já um selo de qualidade indissociável. Os Into Eternity são um desses casos, estreando-se em 2000 com um disco homónimo e desenvolvendo uma carreira surpreendente e sempre no sentido ascendente. Apesar de alguma instabilidade a nível de formação, a banda tem sobrevivido e criado sensação ao longo da sua discografia, que já vai no seu quarto item a contar com este “The Scattering Of Ashes”. Neste, as faculdades deste quarteto ficam imunes a dúvidas sobre um talento, tanto a nível técnico como de composição, que já era evidente. Habituados a estar em tournée ao lado de nomes como Kataklysm, Naglfar, Amorphis, Opeth, Nevermore, Stratovarius, entre muitos outros, a banda soube extrair o melhor destas experiências para decalcar um amadurecimento musical que culmina com este consistente novo disco.

“The Scattering Of Ashes” entra-nos nos ouvidos com uma tremenda eficácia e injecta na nossa corrente sanguínea tal energia que provoca um alto magnetismo logo à primeira audição. Muito também devido à forma, até certo ponto original e perspicaz, com que a banda mistura vários segmentos do heavy metal e a envolve num brilho especial e aura refrescante. Leads de guitarra melódicos e bastante tradicionais, alguns a lembrar grandes ícones da NWOBHM, complementados com uma técnica sublime característica do metal progressivo, aliada à complexidade e rapidez supersónica das batidas de bateria - a invocar o power/speed metal -, e até mesmo algumas passagens de nomenclatura black metal, fazem deste, como já devem ter reparado, um colectivo de demarcado valor.

A velocidade e o virtuosismo comandam a dinâmica de “The Scattering Of Ashes”, mas ainda assim a banda não descurou totalmente os momentos calmos. E ainda bem, porque o semi-acústico “Surrounded By Night” é uma amostra de muito bom gosto e com um repenicado toque progressivo que o torna num verdadeiro mimo. No campo das vozes, a sinergia entre Tim Roth [guitarra] e Stu Block – recém-chegado para as vozes limpas - não poderia resultar melhor, manifestando este último uma amplitude vocal só ao alcance dos melhores. Por fim, a produção de Andy Sneap [Machine Head, Killswitch Engage] é a verdadeira cereja em cima de um bolo confeccionado com os condimentos e doses exactas para que se revele deveras explosivo. [8/10] N.C.

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