Tuesday, January 08, 2008

Review

WINTERMOON
“Down Under”

[CD – Recital]

Desde 2001 a travarem-se por um lugar ao sol, os almadenses Wintermoon, erigidos por Nuno Correia [guitarra] e João Sousa [baixo], chegam ao seu primeiro disco no decorrer de 2007 depois de uma longa batalha por conseguir algum apoio editorial. Imbuídos num grande amor à camisola conseguem vencer algumas adversidades, mas ainda assim são eles a financiar “Down Under” que sucede ao EP “Wintermoon” lançado em 2003. Pelo caminho ficam alguns concertos e um segundo lugar no Concurso de Música Moderna de Almada, em 2005, que serviram para começar a virar as atenções para este jovem grupo nacional.

Contudo, sendo um primeiro trabalho de uma importância acrescida para quem pretende intensamente desbravar o mercado musical e começar a chamar a si as possibilidades de se profissionalizar, a conclusão que fica é que a investida é ainda infrutífera. Se são indiscutíveis os esforços da banda para mostrar a sua arte, por todo o seu trabalho e investimento, é conveniente que digamos que há aqui muita aresta a limar em função da alta fasquia que a banda traçou para si própria. Objectivamente, talhando um metal gótico com uma tendência ocasionalmente progressiva as coisas até ganham algum entusiasmo, mas a verdade é que as composições e o desempenho musical destes cinco músicos está muito aquém do desejável ou daquilo que este estilo sugere. Tendo uma figura feminina como vocalista a responsabilidade “transborda”, sendo que existem referências mais que eloquentes e expressivas nesta classe de bandas como Sharon Den Adel, Cristina Scabbia ou mesmo Simone Simons e Tarja Turunen, embora o timbre de Cláudia Ferreira não almeje o mezzo-soprano.

Embora hajam aqui momentos agradáveis e se perceba que a banda comunga de uma certa coesão não conseguimos deixar de virar os olhos à falta de dinâmica e energia que co-habita quer no préstimo vocal, quer no instrumental. O tom e as linhas demasiado monótonas de Cláudia Ferreira tornam difícil sorvermos todas estas composições que por si só vivem de um desempenho técnico demasiado discreto para seu próprio bem e muito humilde para quem reclama uma costela progressiva. Até o próprio som do disco é frágil e algo datado e o som escolhido para os sintetizadores dá um ar algo amador e vulgar a estes temas – pior quando estes têm um peso exaustivo nessas composições e na própria mistura.

Como, obviamente, nem tudo é mau, salvam-se alguns bons refrões como “Dark Winter”, “Down Under” ou “I Hear The Unsacred” – o mais viciante de todo o trabalho - e linhas melódicas que aqui e ali despertam a nossa atenção. Porém, se “o pior cego é aquele que não quer ver” então teremos que ser sinceros e dizer que os Wintermoon ainda têm muito trabalho pela frente. Mas talvez mais importante que isso neste momento seja a evidenciada predisposição para a entrega e o óptimo espírito que se vive entre os seus elementos, como podemos comprovar pelas intervenções públicas da banda, e que nos faz crer que isto poderá resultar como o tónico perfeito para que estes cresçam e se relancem num futuro não muito longínquo. [5/10] N.C.

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