Friday, January 11, 2008

Review

SEVERE TORTURE
“Sworn Vengeance”

[CD – Earache]

Ultrapassados os dez anos de carreira e julgando pelo seu percurso ascendente era de prever que os Severe Torture, mais cedo ou mais tarde, alcançassem um estatuto de destaque no panorama death metal mundial e, diga-se, bem merecido. Ao seu quarto longa-duração – a par de uma discografia já algo extensa se contarmos com mais um MCD, um disco ao vivo, dois EP’s e uma demo – estes polacos já cruzaram o mundo ao lado de nomes sonantes do género e gravado bons álbuns sem nunca “tropeçar”, leia-se sem manifestar fraquezas ou declínios de qualidade. Antes pelo contrário. A banda tem seguido um caminho sempre progressivo e “Sworn Vengeance” surge para carimbar a sua passagem para a fase adulta em todos os aspectos que engloba – acutilância nas composições e uma produção moderna, cortesia dos Hertz Studios, na Polónia, por onde costumam passar nomes como Vader e Decapitaded, sem a qual estes temas perderiam de certo alguma força.

No fundo, o suporte perfeito para este conjunto de temas que vive de seu próprio mérito, e não apenas de um bom trabalho de estúdio, e da perspicaz dosagem aplicada em termos de ritmo. Evita-se assim alguma banalidade no contexto de um género que muitas vezes se mina por procurar a brutalidade exclusivamente pelo exagero da rapidez. A prova de que os Sworn Enemy esforçaram-se na composição e tiveram presente a preocupação de construir um álbum – com a dinâmica de um todo – vem com os abrandamentos paulatinos de “Fight Something”, “Repeat Offender” [com um groove inicial à Lamb Of God] e “Countless Villans”[reforçado com uma sombria melodia de guitarra], mas isto tudo, entenda-se, sem nunca perder uma fracção de agressividade. Destaque ainda para os belos solos de Marvin em praticamente todo o disco.

No geral, os Severe Torture mantém-se fiéis a si próprios e apresentam, a par dos momentos atrás referidos, a agressividade, rapidez e técnica típicos do estilo e do seu próprio cardápio. Pelo aspecto de “Sworn Enemy” ficamos certos de que este será o disco da afirmação para um colectivo que já havia mostrado créditos mais que suficientes para se instalar confortavelmente ao lado dos grandes bastiões do death metal brutal do planeta. O problema era de alguma logística financeira, mas agora nos quadros da Earache as coisas facilitaram-se. Em outra instância, a experiência e o mérito criativo desenvolvido ao longo de muitos anos na estrada e na sala de ensaio que fizeram com que a sua música se apresentasse hoje mais interessante e apelativa que nunca. [8/10] N.C.

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