MARCA DE PRESTÍGIO

Acabaram de chegar à AFM Records. Sentem a frescura de trabalhar com uma nova editora e lidar com a sua motivação extra para projectar a banda?
Sim, sem dúvida. Na Roadrunner éramos uma banda pequena entre muitas grandes. Neste momento, o nosso novo disco é uma prioridade e vai ter mais atenção da nossa nova editora.
Em que termos podemos falar que a vossa ligação à Roadrunner falhou? A maioria das vezes este tipo de major não serve os propósitos de uma banda ligeiramente mais pequena como a vossa e uma ligeira quebra nas vendas é desculpa suficiente para mandar uma banda embora… Foi isto que se passou?
Sim, simplesmente não vendemos o volume suficiente de discos para agradar à Roadrunner. Eles queriam que, no mínimo, vendêssemos 100.000 cópias de cada um dos nossos álbuns. Para além disso, o facto de termos cancelado uma grande digressão europeia com os Vader, em 2006, foi algo que eles não gostaram propriamente…

Vamos descobrir os benefícios após o lançamento de “The Prestige”. Entretanto, a Roadrunner é uma editora europeia também…
Sério?
Sim, toda a gente pensa que é americana mas o seu quartel é na Holanda. A Roadrunner fez um grande trabalho por nós, o melhor que alguma editora fez até à data. Se a AFM conseguir manter um trabalho equiparável vamos ver como será o nosso futuro.
Dez álbuns lançados, é uma marca notável. Como se sentem?
Sim, é um sentimento estranho! Mas após tantos álbuns começas a sentir-te mais relaxado acerca de tudo à tua volta. Lançar um disco começa a tornar-se uma rotina…
Ao mesmo tempo contabiliza muitos anos neste negócio da música. Sente algum cansaço por isso?
Sim, muito cansado. Sobretudo, porque todos nós temos que manter um trabalho diário à parte da banda, outros têm filhos, etc. Não é fácil manter tudo a funcionar ao mesmo tempo.
Em relação ao negócio da música o que acha que aprendeu durante todos estes anos? O vosso percurso até se tornarem conhecidos foi fácil?
Não tivemos que percorrer um caminho muito complicado para chegarmos onde estamos, para dizer a verdade… É, de facto, uma vantagem para nós estarmos no negócio da música desde os primórdios do death metal. Acho que o cenário é muito mais complicado para as bandas novas nos dias que correm. Elas todas têm grandes expectativas em relação ao negócio da música e, portanto, acabam por ficar facilmente desapontadas. O metal não é uma “mina de ouro”!
Acha então uma vitória merecida o facto de se encontrarem onde estão?
Sim, penso que a merecemos. Até agora contabilizamos 17 anos de trabalho, mas ao mesmo tempo sinto que poderíamos ter-nos tornado num nome muito maior se quiséssemos ter feito por isso. Simplesmente, não queremos andar em tournée toda a vida, preferimos ter uma vida pessoal também.

Os nossos fãs antigos continuam a apoiar-nos e é engraçado quando tocas ao vivo e conheces pessoas que sempre estiveram nos teus concertos para te apoiar. É também fixe ver uma nova geração de fãs a aparecer nos nossos concertos para não nos sentirmos como aqueles “veteranos” que andam a tocar para reformados! [risos]
E a motivação continua a mesma de antes?
Actualmente, mudamos completamente a forma de gerir a banda. Há dez anos atrás ensaiávamos todas as semanas porque tínhamos tempo para isso. Agora ensaiamos uma vez por mês, às vezes até menos! Mas com este novo álbum sentimo-nos realmente motivados para embarcar numa tournée de novo.
Talvez a solução para manter a motivação seja operar um regresso às raízes. Podemos encarar este novo trabalho desta forma? Pelo menos não se verifica a experimentação dos últimos discos…
Definitivamente, sabe melhor viajar para trás no tempo. O nosso último álbum foi uma grande experiência e acabou por sair fora de controlo. De certa forma, destruiu o espírito da música. Contudo, continuo a achar que é um bom álbum e ainda me orgulho dele.
A AFM entrou de alguma forma na discussão para escolher a orientação musical de “The Prestige”?
Não. Nenhuma editora vai ter alguma vez voz para nos dizer como criar a nossa música e as nossas letras. Isto é uma coisa pessoal e será tudo arruinado se alguma pessoa tentar mudá-la. A Roadrunner também nos deu “luz verde” para fazermos o que quer que quiséssemos. É a única maneira de trabalharmos.
Que motivações líricas podemos encontrar em “The Prestige”?
As suas letras baseiam-se, no geral, em experiências pessoais do Bo. Falam de amor, relações quebradas e submissão sexual. No fundo, são algo com que qualquer pessoa se pode identificar.
Olhando para um título como “A Child Is Missing” podemos presumir que este tenha algo a ver com o mediático caso do desaparecimento de Madeleine McCann?
Não. Este título refere-se a quando o Bo era puto a sua mãe estava grávida. Ele ia ter uma irmã, mas a sua mãe acabou por perder o filho…

Sinceramente, não nos sentimos motivados a tocar mais rápido do que tocamos. Nós temos um tema mais rápido agora e isto é o suficiente para nós! [risos] Eu consigo expressar-me melhor num meio-tempo ou em temas mais lentos.
Os vossos próximos meses serão passados na estrada, como seria de esperar. Que expectativas têm?
Esperamos divertir-nos com os nossos fãs todas as noites. Isto é, acima de tudo, o que queremos fazer. Estar em tournée não é propriamente promoção para nós, mas sim divertimento.
Nuno Costa
www.illdisposed.com
www.myspace.com/illdisposed
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