Monday, March 24, 2008

Studio Update

No âmbito de uma rubrica aberta por força e interesse em promover a intensa – invulgar – e muito saudável actividade de estúdio actual das bandas açorianas e igualmente para servir aqueles que anseiam por detalhes sobre o que está reservado na “sombra” dos estúdios locais, a SounD(/)ZonE oferece aqui um dos primeiros "Studio Updates" que prometem satisfazer muita da curiosidade actual gerada à volta destas vindouras obras açorianas. Não havendo garantias de serem editadas todas este ano, a realidade é se preparam muitos trabalhos num sinal claro de que algo de bom parece querer despontar do meio do atlântico. Aguardam-se discos de estreia e novos trabalhos em discografias erguidas a pulso. Ao longo das próximas semanas este será o espaço "espia" que lhe trará pormenores fresquinhos e exclusivos dos próximos álbuns de peso com chancela açoriana.

IN PECCATVM
Como um dos mais importantes estandartes de uma “geração sobrevivente” de projectos gerados na década de 90, nos Açores – a par deles só mesmo os incontornáveis Morbid Death se mantêm activos –, os In Peccatum, naturais da Fajã de Baixo, em S. Miguel, atingem agora a marca notável dos dez anos de carreira. Por este motivo encontram o melhor pretexto para se empenharem em assinalar esta data e tornar 2008 um ano de celebração. Depois da regravação da demo-tape “Just Like Tears”, de 1999, a banda garante editar, por seus próprios meios, um novo trabalho de originais este ano. Por via de tópicos, deixamos aqui informações actualizadas e exclusivas do que se passa no estúdio de gravação e muitos outros detalhes à volta do sucessor de “Antília”.

ESTÚDIO
Juntos com o guitarrista e produtor/engenheiro de som Eduardo Botelho desde de Junho/Julho de 2007 nos estúdios Globalpoint, em Ponta Delgada, a banda de António Neves [voz, guitarra], Hélder Almeida [guitarra], André Gouveia [baixo], João Oliveira [bateria] e Bruno Santos [teclados] está neste momento a terminar as vozes do último tema do seu futuro EP. De seguida entrará no processo de mistura e masterização, também a cargo de Eduardo Botelho. Está previsto o término dos trabalhos de estúdio para daqui a dois meses.

FORMATO DA EDIÇÃO
O quarto trabalho dos In Peccatum sairá em formato EP, composto por quatro temas e presumivelmente com faixas intro e outro. A banda prepara meios para o editar de forma independente. Segundo a banda “está fora de questão procurar editora”. “Até não seria de todo impossível arranjar quem o lançasse, mas, no entanto, não estamos preparados para dar resposta às eventuais exigências de um selo discográfico”, sublinha o baixista André Gouveia.

ORIENTAÇÃO MUSICAL
“Doom/goth na mesma linha daquilo que a banda vem fazendo nos últimos tempos, mais propriamente representando o seguimento natural de um trabalho como “Antília””, assim define a banda o seu futuro EP. Acrescenta ainda que neste disco “os extremos estão mais demarcados – é um trabalho simultaneamente mais pesado e melódico, pois nem todas as faixas apresentam a mesma dinâmica”.

CONCEITO
A banda micaelense certamente vinca aqui uma maneira própria de estar, conceber e escrever a sua música, para além de que manifesta um “patriotismo” louvável e muito saudável. Após o conceito baseado nas lendas das Sete Cidades adoptado em “Antília”, o quinteto volta a abordar as raízes e vida açorianas, decaindo desta vez o pressuposto lírico e estético na sismologia e na natureza vulcânica dos Açores. “É uma temática que abrange todos os temas presentes neste novo EP, a qual mantém-se à volta das erupções, vulcões, da agonia que estes fenómenos geram quando em manifestações mais violentas ou mesmo em circunstâncias de catástrofe”, detalha André Gouveia. A banda compromete-se a manter este estilo de escrita pois “pura e simplesmente gosta muito do local onde vive e não lhe é de todo difícil absorver as energias da sua ilha e beber inspiração em coisas tão belas e ao mesmo tempo tão ignoradas como, por exemplo, as paisagens açorianas, belas, únicas e com tantas estórias para e por contar”, justifica Gouveia. Contudo, mantém-se uma incógnita o título do seu novo trabalho: “Ainda não decidimos qual vai ser. Provavelmente, vai ser a última coisa…”, conclui o baixista.

ARTWORK
Seguindo a tendência para ser auto-suficiente, também neste detalhe os In Peccatum assumem a responsabilidade de conceber a capa do seu novo EP. “O nosso projecto gráfico não é de todo arrojado. Por isso, qualquer um de nós dá conta do recado”, confessam. Porém, a banda ainda não trabalha na sua concepção ou definiu o seu aspecto final.

PROCESSO DE COMPOSIÇÃO
“Acreditem ou não, o processo de composição destes novos temas foi muitíssimo semelhante àquele que se registava quando éramos um trio. Creio que isso deve-se ao facto dos novos elementos da banda irem beber influências às mesmas fontes que eu, o Neves e o Almeida no passado”, garante André Gouveia. Acrescenta ainda que “para além disso, todos os elementos novos já faziam parte da banda na fase de composição deste novo trabalho e contribuíram com ideias, se bem que o grosso dos temas surge quase sempre do Almeida”.

DEZ ANOS DE “PECADO”
O peso desta data influi decisivamente na opção de editarem este novo trabalho este ano. A banda garante mesmo que “se não fosse por isso o disco poderia ter saído mais cedo ou então mais tarde”. A par disso, é uma efeméride que “ajuda a promover o trabalho, embora este venha a ser um projecto pequeno e com os pés bem assentes na terra. Mas é sempre uma mais-valia e, ao fim ao cabo, acaba por fazer sentido, pois vai ser uma demonstração daquilo que foram dez anos de evolução e crescimento. Não teria o mesmo sentido se tal acontecesse aquando do nono ou décimo primeiro aniversários da banda”, conclui Gouveia.

Nuno Costa

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