Thursday, July 20, 2006

Entrevista Theatre Of Tragedy

VENTOS DE MUDANÇA

Quatro anos depois de "Assembly", sem Liv Kristine e com a aposta num som renovado, os Theatre of Tragedy lançam o seu mais recente álbum - "Storm". Conversámos com Lorentz Aspen, teclista da banda, que teceu comentários sobre o seu novo disco e nos contou onde tem estado o colectivo norueguês desde então. Ficámos também a saber um pouco mais sobre Nell - a nova vocalista - e do desejo de voltar a Portugal em breve.

Quatro anos passaram desde o vosso último álbum – “Assembly”. Que mudanças se podem esperar nos Theatre Of Tragedy desde essa altura?
Este álbum vai soar muito mais “tocado”. Afastámo-nos da maioria dos elementos electrónicos e construímos as músicas da forma mais usual com os instrumentos básicos e só depois inserímos alguns extras onde achámos que as músicas precisavam de mais textura. Por isso podem esperar um álbum mais pesado e hard rock que antes.

O vosso álbum já foi lançado há alguns meses atrás. Como têm sido as reacções?
Muito boas tanto por parte dos antigos fãs como dos novos. A imprensa essa tem estado dividida: uns dizem que encontrámos uma nova fórmula outros dizem que não estamos suficientemente experimentais ou extremos.
Alguns fãs mais antigos ficaram desapontados mas penso que isso foi mais pelo facto de Liv não cantar neste álbum. No entanto penso que a Nell convencerá muita gente neste novo álbum

Mesmo antes de lançaram “Storm”, não tiverem um certo receio das reacções dos vosso fãs visto que a voz de Liv não estará mais presente nos Theatre Of Tragedy?
Não tivemos medo pois tínhamos consciência que a voz da Nell é poderosa à sua maneira e que iria calar quem viesse com críticas profissionais. Tivemos mais medo quando fizemos a nossa primeira tour com a Nell sem ter ainda lançado um CD com ela.
Aí ficámos à espera dos tomates mas eles nunca foram lançados. (risos)

De qualquer forma depois de ouvir o álbum penso que os medos sobre esse assunto desapareceram visto que Nell revelou ser uma excelente escolha. Na minha opinião, ela tem uma linha vocal que, por vezes, faz lembrar a Liv.
(risos) Talvez. Ouvi tantas vezes tanto a Liv como a Nell que posso notar as diferenças entre elas, mas sei que em certos momentos elas podem soar bastante uma à outra mesmo tendo vozes bem diferentes.

Após a saída de Liv dos Theatre of Tragedy, encontrar uma subsituta perfeita foi uma das vossas preocupações ou quiseram apenas encontrar uma boa voz livre de qualquer comparaçõs à voz de Liv Kristine?
Nunca foi uma preocupação nossa encontrar uma substituta para a Liv mas sim encontrar uma vocalista que pudesse trazer as suas próprias características para a nossa música.
Estávamos cientes que iriam haver comparações mas escolhemos por aquilo que ouvímos. Não queríamos uma cópia de Liv Kristine. Isso não seria justo nem para nós nem para os fãs.

Desde 1995 que vocês têm dado que falar. Começaram com um som bastante melancólico, tendo depois passado para um som mais electrónico e agora “Storm”...
Parece-me que vocês não gostam de ficar muito tempo a fazer o mesmo, certo?
A única coisa na vida que não muda é o facto da vida mudar. (risos). E o mesmo acontece connosco. Mas penso que as pessoas irão encontrar em Storm a nossa bem conhecida melancolia.

Tendo também em conta que Storm é um álbum diferente de qualquer outro que vocês já tenham lançado, as vossas fontes de inspiração também não devem ter sido as mesmas. Em que se inspiraram para compor letras e músicas?
Inspirámo-nos na verdade nas mesmas coisas mas tudo passa por fazer arranjos diferentes. Aposto que conseguiria fazer gothic metal com algumas das músicas do Musique ou do Assembly. Seria só refazer algumas coisas apesar de também ser necessário mudar as letras de algumas músicas.

E as letras foram escritas por algum membro em especial ou por toda a banda?
As letras sempre estiveram a cargo do Raymond mas neste álbum ele e a Nell trabalharam juntos nessa parte.

O título do álbum transmite algo forte. Suponho que este tenha sido escolhido com cuidado, certo?
Storm levou 4 anos a ser concluído e contém tantas emoções e esforços que foi como uma tempestade para nós lançá-lo cá para fora. Foi um alívio ouvir o resultado final. E quando falo nisso posso dizer que não houve nada mais que bons sentimentos em toda a sua produção. Magnífico!

Tens alguma faixa favorita no novo álbum?
Sem dúvida a “Fade”.

Porquê?
Esta música tem algumas das minhas melhores linhas de piano e lembro-me de a gravarmos pela primeira vez na minha sala de estar. Tudo encaixava perfeitamente e todos sentíamos algo. E quando finalmente juntámos à música a voz de Nell a música ficou ainda melhor.
Para além disso, tendo em conta que é uma música já com 3 anos e que continua uma das melhores...

Muitos consideram “Aegis” como a vossa obra-prima. Já pensaram em voltar a fazer um som como aquele?
Não! Nunca voltaremos atrás para tentar copiar o que já fizemos. Isso seria muito mau tanto para nós como para os fãs.
Faremos e tocaremos sempre o que e como quiseremos e isso é a base de ToT. Se tentássemos voltar atrás no tempo para copiar o que já foi feito então isso soaria a uma técninca apenas para ganhar dinheiro.... sendo assim é melhor continuar pobres e contentar-nos com o que fazemos (risos).

Algo de que me apercebi é que apesar do vosso estilo ter mudado completamente em relação ao "Musique" e "Assembly", a verdade é que a voz de Raymond continua algo mecanizada. Alguma razão em especial para terem mantido esse efeito electrónico?
Todos os membros da banda contribuem com o seu toque pessoal e são livres de fazer o que quiserem sempre com uma certa pressão (risos). O Raymond queria que a sua voz fosse gravada assim e por isso nós autorizámos.

Será que no futuro voltaremos a ter uma voz masculina como antigamente?
Tentámos convencer o Raymond a fazer alguns guturais em algumas músicas mas ele não se sentiu à vontade com isso. Mas se fores a um concerto nosso poderás ouvir o mestre do gutural (risos)

Quanto a concertos, têm feito muita promoção a “Storm”?
Andámos numa tour europeia por altura da páscoa e demos alguns concertos “soltos” aqui e ali. Talvez uma nova tour lá mais para o Outono.

Há alguma possibilidade de uma data em Portugal para breve? A última vez que por cá passaram já foi com o “Assembly” e com a Liv e, decerto, muitos estão curiosos por ver os novos ToT.
Espero sinceramente que possamos ir até aí abaixo. Porém, por termos andado tanto tempo sem lançar nada, muitos promotores têm receio de nos agendar por não saberem a quantidade de pessoas com que poderão contar num concerto nosso. Penso que primeiro iremos fazer uma boa tour como banda de suporte e talvez isso nos abrirá portas para tocar em mais países.

Muito obrigado por esta entrevista. Alguma coisa que queiras acresentar?

Obrigado pelo teu tempo dispendido nesta entrevista. É bom saber que ainda há pessoas que se interessam pelos ToT. Espero poder tocar em breve em Portugal!

Alex Gaspar