NOVAS DOUTRINAS

Deixa-me que te diga que me agrada bastante ver uma banda como os Nahemah a sair de Espanha. Por tradição o vosso país não é muito conhecido pelo metal, mas ainda assim conseguiram irromper na cena graças a um som muito particular, não concordas?
Claro que concordo, Espanha não é um país com raízes metaleiras e podemos dizer que o nosso som não tem um toque tradicionalmente espanhol. No entanto, tentamos inspirar-nos na paixão do povo ibérico.
Poder-se-á igualmente afirmar que os Nahemah cresceram bastante desde o seu primeiro disco. Será que um dos aspectos que vos conduziu a esse amadurecimento foi o contracto com a conhecida Lifeforce Records? Sentiram a responsabilidade ou alguma pressão da parte deles?
Desde “Chrysalis” temos estado a crescer gradualmente, mas o contracto com a Lifeforce fez-nos dar um grande pulo na nossa carreira. Apenas sentimos a responsabilidade de não desiludir os nossos seguidores e nós próprios. Se acreditares em ti próprio e na tua música a arte flui naturalmente.
Demoraram muito tempo a compor “The Second Philosophy”. Trata-se, de facto, de um disco muito complexo em termos de arranjos e paisagens… Certamente, as atenções tiveram que ser redobradas, mas valeu a pena pois o resultado é óptimo...
Muito obrigado. O nosso novo disco demorou quase um ano a ser composto , gravado, misturado e masterizado. Nós temos muito em atenção os arranjos porque estes são muito importantes para um bom CD e aprumar todos estes pormenores levam muito tempo.
A primeira referência que nos vem à memória quando escutamos “The Second Philosophy”, em termos de conceito, é Opeth. Espero que isso não te aborreça pois provavelmente já deves estar farto de ouvir este comentário! [risos] Porém, os Nahemah estão longe de se parecer com uma cópia barata da banda sueca...
Nós somos muito inspirados pela música vinda da Suécia mas não queremos parecer clones dos Opeth. A música sueca é apenas uma da vasta lista de influências dos Nahemah. Gostamos também de rock, stoner rock, música electrónica, post rock, post hardcore...

Gostamos imenso da sua música, mas, como disseste, temos um som muito personalizado e não queremos soar aos Mogway. Gostamos de usar as nossas influências mas não soar a elas. Apenas queremos dar o nosso ponto de vista pessoal de música.
Gostei particularmente do título do vosso novo álbum, bem como do nome de alguns temas. São bastante apelativos e ambíguos. Podes esclarecer-nos alguns dos seus sentidos?
O título do disco refere-se a um novo conceito de música, uma renovação, um renascimento musical e ideológico.
E relativamente a títulos como “Killing My Architect”, “Like A Butterfly On A Storm” ou “Subterranean Airports”?
Bem, as letras são um aspecto muito importante nas nossas composições e são concebidas como um só corpo em conjunto com a nossa música. No caso de “Killing My Architect” é como um canto sobre aqueles pensamentos errados que as pessoas tiveram no passado, uma metáfora sobre a cegueira de determinado tipo de pessoa. “Like A Butterfly In A Storm” é uma canção de amor que fala da força que nos confere as pessoas ou coisas que amamos, como a música, por exemplo. “Subterranean Airports” aborda as pessoas que te magoam profundamente mas que depois percebes que caiem e tu cresces.
Curiosamente, apenas neste momento o grosso do público está a ter conhecimento do vosso trabalho, mas os Nahemah existem já desde de 1997. Por isso, pedia-te que nos fizesses um breve resumo da criação da banda e de como passaram estes anos todos?
Após termos lançado três demos a “Eden In Communion”, de 1999, abriu-nos a porta da Iberia Moon Records e gravámos o “Chrysalis” que ajudou-nos a ter um pouco mais de sucesso na cena underground espanhola. Após isso, as coisas abrandaram um pouco até 2003 quando gravámos e lançámos o EP “The Last Human”. Seguiu-se então um período de silêncio até 2007.
Enfrentaram muitas dificuldades para emergir na cena, atendendo a que o vosso som é muito alternativo?
Estar numa cena extrema é sempre difícil, ainda mais se tocares metal em Espanha... É o dobro da dificuldade, mas as pessoas simpatizaram com a nossa música desde o início, sentiram-se logo presas por ela.
Como está neste momento Espanha em termos de Metal e público afecto a ele?
A cena metálica espanhola é muito pobre em qualidade e projecção internacional. Temos uma cena bem organizada mas está apenas orientada para o mercado nacional e nunca para o público internacional. Mas nós queremos mudar isso...

Neste momento, estamos muito contentes por este contracto e orgulhosos do nosso trabalho desde o início. Mas agora as coisas mudaram muito. Trabalhar com pessoas muito profissionais significa que o teu trabalho vai ser conhecido e assegurado em todo o sítio.
Que planos têm para um futuro próximo?
Vamos estar em digressão por Espanha e depois do Verão esperamos fazer mais umas datas no nosso país e em Portugal. Para terminar, gostaria de agradecer muito à SounD(/)ZonE e a todas as pessoas que estão a ler estas linhas. Stay Metal!
Nuno Costa
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