NOVAS DOUTRINAS
A provar que o município de Alicante, em Espanha, não vive só das touradas e das fogueiras de São João surgem agora para o mundo os Nahemah, através da poderosa Lifeforce Records, com o seu terceiro trabalho – “The Second Philosophy”. O seu resultado sónico reflecte-se numa entusiasmante e complexa forma de criar cenários por intermédio de uma intensa e intricada teia de arranjos. Compositores aventureiros, este quinteto é conhecido por extravazar algumas regras e fundir a melancolia dos Opeth com as orquestrações de uns Mogway. Foi com todo o interesse que partimos à descoberta dos Nahemah na pessoa do vocalista Pablo Egido.
Deixa-me que te diga que me agrada bastante ver uma banda como os Nahemah a sair de Espanha. Por tradição o vosso país não é muito conhecido pelo metal, mas ainda assim conseguiram irromper na cena graças a um som muito particular, não concordas?
Claro que concordo, Espanha não é um país com raízes metaleiras e podemos dizer que o nosso som não tem um toque tradicionalmente espanhol. No entanto, tentamos inspirar-nos na paixão do povo ibérico.
Poder-se-á igualmente afirmar que os Nahemah cresceram bastante desde o seu primeiro disco. Será que um dos aspectos que vos conduziu a esse amadurecimento foi o contracto com a conhecida Lifeforce Records? Sentiram a responsabilidade ou alguma pressão da parte deles?
Desde “Chrysalis” temos estado a crescer gradualmente, mas o contracto com a Lifeforce fez-nos dar um grande pulo na nossa carreira. Apenas sentimos a responsabilidade de não desiludir os nossos seguidores e nós próprios. Se acreditares em ti próprio e na tua música a arte flui naturalmente.
Demoraram muito tempo a compor “The Second Philosophy”. Trata-se, de facto, de um disco muito complexo em termos de arranjos e paisagens… Certamente, as atenções tiveram que ser redobradas, mas valeu a pena pois o resultado é óptimo...
Muito obrigado. O nosso novo disco demorou quase um ano a ser composto , gravado, misturado e masterizado. Nós temos muito em atenção os arranjos porque estes são muito importantes para um bom CD e aprumar todos estes pormenores levam muito tempo.
A primeira referência que nos vem à memória quando escutamos “The Second Philosophy”, em termos de conceito, é Opeth. Espero que isso não te aborreça pois provavelmente já deves estar farto de ouvir este comentário! [risos] Porém, os Nahemah estão longe de se parecer com uma cópia barata da banda sueca...
Nós somos muito inspirados pela música vinda da Suécia mas não queremos parecer clones dos Opeth. A música sueca é apenas uma da vasta lista de influências dos Nahemah. Gostamos também de rock, stoner rock, música electrónica, post rock, post hardcore...
O press que acompanha “The Second Philosophy” também refere bandas como Mogway. Apesar disso, os Nahemah continuam a ter um som muito personalizado...
Gostamos imenso da sua música, mas, como disseste, temos um som muito personalizado e não queremos soar aos Mogway. Gostamos de usar as nossas influências mas não soar a elas. Apenas queremos dar o nosso ponto de vista pessoal de música.
Gostei particularmente do título do vosso novo álbum, bem como do nome de alguns temas. São bastante apelativos e ambíguos. Podes esclarecer-nos alguns dos seus sentidos?
O título do disco refere-se a um novo conceito de música, uma renovação, um renascimento musical e ideológico.
E relativamente a títulos como “Killing My Architect”, “Like A Butterfly On A Storm” ou “Subterranean Airports”?
Bem, as letras são um aspecto muito importante nas nossas composições e são concebidas como um só corpo em conjunto com a nossa música. No caso de “Killing My Architect” é como um canto sobre aqueles pensamentos errados que as pessoas tiveram no passado, uma metáfora sobre a cegueira de determinado tipo de pessoa. “Like A Butterfly In A Storm” é uma canção de amor que fala da força que nos confere as pessoas ou coisas que amamos, como a música, por exemplo. “Subterranean Airports” aborda as pessoas que te magoam profundamente mas que depois percebes que caiem e tu cresces.
Curiosamente, apenas neste momento o grosso do público está a ter conhecimento do vosso trabalho, mas os Nahemah existem já desde de 1997. Por isso, pedia-te que nos fizesses um breve resumo da criação da banda e de como passaram estes anos todos?
Após termos lançado três demos a “Eden In Communion”, de 1999, abriu-nos a porta da Iberia Moon Records e gravámos o “Chrysalis” que ajudou-nos a ter um pouco mais de sucesso na cena underground espanhola. Após isso, as coisas abrandaram um pouco até 2003 quando gravámos e lançámos o EP “The Last Human”. Seguiu-se então um período de silêncio até 2007.
Enfrentaram muitas dificuldades para emergir na cena, atendendo a que o vosso som é muito alternativo?
Estar numa cena extrema é sempre difícil, ainda mais se tocares metal em Espanha... É o dobro da dificuldade, mas as pessoas simpatizaram com a nossa música desde o início, sentiram-se logo presas por ela.
Como está neste momento Espanha em termos de Metal e público afecto a ele?
A cena metálica espanhola é muito pobre em qualidade e projecção internacional. Temos uma cena bem organizada mas está apenas orientada para o mercado nacional e nunca para o público internacional. Mas nós queremos mudar isso...
Como se sentem estando agora numa grande editora? Sentiram que muita coisa mudou, a promoção e os concertos têm “chovido” com mais frequência?
Neste momento, estamos muito contentes por este contracto e orgulhosos do nosso trabalho desde o início. Mas agora as coisas mudaram muito. Trabalhar com pessoas muito profissionais significa que o teu trabalho vai ser conhecido e assegurado em todo o sítio.
Que planos têm para um futuro próximo?
Vamos estar em digressão por Espanha e depois do Verão esperamos fazer mais umas datas no nosso país e em Portugal. Para terminar, gostaria de agradecer muito à SounD(/)ZonE e a todas as pessoas que estão a ler estas linhas. Stay Metal!
Nuno Costa
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