22.05.07 - Poço Velho, S.Roque
Dia 2
À chegada ao recinto parecia ainda notar-se algum cansaço dos presentes que permaneceram acordados até tarde na noite anterior. Ainda assim, resistentes, deslocaram-se pela segunda vez ao Poço Velho, na freguesia de S. Roque, para participar de mais uma celebração do Som Eterno. Com menos meia hora de atraso do que no dia anterior, pelas 22h30, os jovens Ebony tomaram o palco e apresentaram-se naquela que pode ser considerada a sua estreia absoluta ao vivo com nova sonoridade e formação. Á primeira vista ressalta-nos a ideia de que esta longa paragem e todas as mudanças que sofreram resultaram numa postura e som muito mais maduro. Cerca de 20 minutos de actuação em que destilaram um som algo mesclado mas, essencialmente, forjado a partir do imaginário death sueco e thrash teutónico. As vozes ainda demonstram algumas debilidades, mas no geral, para a sua tenra idade e pouca rodagem, conseguiram transmitir uma coesão e garra interessantes. Acrescentamos mesmo que foram capazes de nos suscitar o interesse para o desenrolar da sua carreira.
Com um público local manifesta e reconhecidamente pouco apreciador de power metal melódico, os Hiffen subiram ao palco com uma plateia algo despida. Isto não corresponderá certamente aos méritos que a banda realmente merece, pois Renato e Cª são, de facto, óptimos compositores e executantes. A sua actuação baseou-se quase na íntegra em temas novos que, analisados, continuam a manter a mesma propensão melódica e orelhuda. Alguns deles estão também mais rápidos. De qualquer maneira, as estruturas das suas malhas continuam muito coesas e as composições muito aprumadas – são, de facto, capazes de criar grandes refrões. Apesar de se notar a desilusão e desagrado de alguns membros, nomeadamente da parte da vocalista Catarina, pela indiferença do público, o colectivo manteve-se concentrado, unido e cumpriu com profissionalismo o seu papel.
Em estreia em solo insular os The SymphOnyx, grupo de Moreira de Cónegos reconhecido pela sua vertente teatral ao vivo, aterrou no palco do Roquefest a prometer um concerto completamente novo para o público micaelense. As expectativas eram altas, mas nem isso conseguiu abolir a força das altas horas, nem o facto de ser terça-feira, para que o recinto pudesse estar mais completo. Contudo, este é apenas um pequeno apontamento, pois subidos ao palco, na pessoa de João Guimarães – guitarrista recentemente promovido a vocalista que, no entanto, ainda mostra algum falta de consistência -, os The SymphOnyx conseguiram chamar o público para bem perto de si pois, tal como mencionou inúmeras vezes, aquele deveria transformar-se num verdadeiro ambiente familiar. Então com uma envolvência já muito mais caloroso, o grupo nortenho acabou por angariar a simpatia de todos os presentes, quer pela magnitude de temas como “Winterfall”, “In The Arms Of Morpheus”, “Be Live” ou “Cristal Sea Dreams”, quer pela emotividade e sinceridade nas palavras de João Guimarães quando falava de S. Miguel e agradecia a maneira como os receberam. E no fundo, para além do valor do seu repertório, o concerto acabou mesmo por marcar por este ambiente caloroso e fraterno que atingiu o seu expoente máximo quando, no encore, os The SymphOnyx convidaram todo o público a subir ao palco para celebrar aquele momento final e cantar em uníssono o refrão de “Winterfall”. A noite já ia longa e era hora de despedir, uma vez mais, da zona do Poço Velho e do festival Roquefest. Escusado já será dizer de que ficam aqui os votos da concretização de uma nova edição em 2008. Até sempre!
NOS BASTIDORES
Dino Medeiros [EBONY]
Na tua opinião como vos correu o concerto?
Penso que correu bem… Registou-se alguma falta de público, mas conseguimos fazer uma boa actuação.
E sentiram-se bem, mesmo tecnicamente, uma vez que já não subiam a um palco há bastante tempo?
Sim, já não actuamos com esta banda há cerca de um ano e meio, mas temos ensaiado e foi óptimo apresentar novos temas e novos membros.
Posso dizer que os Ebony foram até uma agradável surpresa! Estão muito diferentes de há uns anos atrás…
Sim, estamos diferentes ao nível das vozes, instrumentação e estamos, no fundo, a tentar apostar num estilo diferente com o qual estamos muito satisfeitos.
Agora para quando próximos concertos?
Terás que falar com o Paulo Jorge Sousa! [risos]
Rui Sousa [HIFFEN]
Que balanço fazes do vosso concerto?
O concerto correu bem, embora tenham havido alguns problemas com um fio de terra. Foram problemas alheios à banda, tentámos fazer o melhor, mas gostamos do concerto, foi espectacular! Ainda assim apareceu pessoal para ver, o que não é muito normal...
Mas podia ter aparecido mais... Queres deixar alguma mensagem ao público?
[risos] Aconselho as pessoas a virem mais para a frente do palco, apoiar as bandas in loco!
E o que achaste do evento em si?
O Roquefest evoluiu de há dois anos para cá, a nível técnico, de condições, de tudo!E espero que ele se repita todos os anos, embora se adivinhe tarefa difícil porque há falta de apoios para este tipo de eventos. Gostei muito da iniciativa e, já agora, dou também os meus parabéns às bandas que tocaram. Acho que todos merecemos ter um evento destes! Era bom que todas as bandas participassem, mas aí teria que ser um evento que durasse todo o dia! [risos]
Consegues eleger uma banda favorita do cartaz?
Os Morbid Death.
Por fim, é possível adiantar mais datas para este Verão?
Temos algumas coisas pendentes, mas nada confirmado. Se fosse para tocarmos de graça teríamos com certeza garantidos já muitos concertos. Precisamos de dinheiro, se não não se conseguem gravar discos, comprar material, etc. Para além disso, é preciso disponibilidade de todos os membros, muitas bandas também pagam salas de ensaio, tem-se despesas de combustível, e isso é tudo pago da algibeira dos músicos. Acho que as bandas todas deviam unir-se e decidir que não tocariam mais gratuitamente.
É preciso começar-se a assumir uma postura minimamente profissional...
Sem dúvida! E para além disso, quando se vêem organizações a esquematizarem formatos de maneira a que as bandas tenham ainda que pagar para tocar... Por exemplo, a Maré de Agosto!
João Guimarães [THE SYMPHONYX]
Que balanço fazes da vossa estreia nos Açores?
Bom, desde que chegámos tem sido uma experiência inesquecível, a sério, não é só “bater coiros”. Digo isso do fundo do coração! Viemos 18 pessoas de Guimarães, foi a nossa primeira vez no arquipélago, e foi lindo! O concerto também foi muito bom e essa gente é do melhor!
Tiveram oportunidade de conhecer a ilha?
Sim, fomos às Sete Cidades, isto é muito lindo! Este é o repouso espiritual perfeito e que nos deu energia, depois desses cinco dias, para dar um concerto que se enquadra com as pessoas.
Falaste precisamente durante o concerto da humildade das pessoas...
Completamente, é impressionante! A maneira como nos receberam foi como que se de uma família nos tratassemos. Já começaram as despedidas há bocado e isso vai custar um bocadinho. Ficavamos aqui mais um mês ou dois!
E já agora, gostaste de alguma banda do cartaz em particular...
Curti imenso os projectos daqui. É impressionante como as bandas, tendo poucos sítios para tocar, ao contrário de nós que temos a facilidade de podermos fazer milhares de quilómetros por terra e tocar em muitos bares, têm tanta qualidade. Ontem tivemos a curtir os concertos, hoje ainda ouvimos mas não com tanta atenção porque estávamos a preparar as nossas coisas, mas achamos as bandas do melhor. O pessoal dos Açores trabalha muito bem!
Paulo Jorge Sousa [PJ – PRODS & MANAGEMENT – PRODUÇÃO]
Findo o festival, que balanço fazes do evento?
o balanço é positivo, mas tenho de ser discreto em dizer que apareceram algumas falhas técnicas quando menos esperava e também as condições metereológicas não foram as melhores. Mas quando as coisas são feitas de alma e coração resolvem-se.
Todas as bandas também estiveram à altura e todas deram "show", daí os comentários que já recebi serem de que adoraram o festival e que querem o Roquefest 2008.
Para o ano teremos Roquefest de novo? Já pensam em pormenores?
A vontade de subir mais um degrau na organização do Roquefest é imensa, mas é preferível progredirmos sem grandes passos para não haver grandes escorregadelas. Como deves saber, este tipo de festival tem muitos custos, daí o mesmo fazer parte integrante das Festas do Poço Velho, facilitando o seu todo. E tendo em conta tudo o que tem vindo a acontecer, o Roquefest futuramente será um festival de culto nacional e muitas coisas vão mudar na próxima edição. Não podia deixar de agradecer a todos os que estiveram presentes nos dois dias que foram excelentes. Certo que poucos, mas muito bons e que realmente estavam lá porque simplesmente gostam de metal. Um abraço a todos.
Com um público local manifesta e reconhecidamente pouco apreciador de power metal melódico, os Hiffen subiram ao palco com uma plateia algo despida. Isto não corresponderá certamente aos méritos que a banda realmente merece, pois Renato e Cª são, de facto, óptimos compositores e executantes. A sua actuação baseou-se quase na íntegra em temas novos que, analisados, continuam a manter a mesma propensão melódica e orelhuda. Alguns deles estão também mais rápidos. De qualquer maneira, as estruturas das suas malhas continuam muito coesas e as composições muito aprumadas – são, de facto, capazes de criar grandes refrões. Apesar de se notar a desilusão e desagrado de alguns membros, nomeadamente da parte da vocalista Catarina, pela indiferença do público, o colectivo manteve-se concentrado, unido e cumpriu com profissionalismo o seu papel.
Em estreia em solo insular os The SymphOnyx, grupo de Moreira de Cónegos reconhecido pela sua vertente teatral ao vivo, aterrou no palco do Roquefest a prometer um concerto completamente novo para o público micaelense. As expectativas eram altas, mas nem isso conseguiu abolir a força das altas horas, nem o facto de ser terça-feira, para que o recinto pudesse estar mais completo. Contudo, este é apenas um pequeno apontamento, pois subidos ao palco, na pessoa de João Guimarães – guitarrista recentemente promovido a vocalista que, no entanto, ainda mostra algum falta de consistência -, os The SymphOnyx conseguiram chamar o público para bem perto de si pois, tal como mencionou inúmeras vezes, aquele deveria transformar-se num verdadeiro ambiente familiar. Então com uma envolvência já muito mais caloroso, o grupo nortenho acabou por angariar a simpatia de todos os presentes, quer pela magnitude de temas como “Winterfall”, “In The Arms Of Morpheus”, “Be Live” ou “Cristal Sea Dreams”, quer pela emotividade e sinceridade nas palavras de João Guimarães quando falava de S. Miguel e agradecia a maneira como os receberam. E no fundo, para além do valor do seu repertório, o concerto acabou mesmo por marcar por este ambiente caloroso e fraterno que atingiu o seu expoente máximo quando, no encore, os The SymphOnyx convidaram todo o público a subir ao palco para celebrar aquele momento final e cantar em uníssono o refrão de “Winterfall”. A noite já ia longa e era hora de despedir, uma vez mais, da zona do Poço Velho e do festival Roquefest. Escusado já será dizer de que ficam aqui os votos da concretização de uma nova edição em 2008. Até sempre!
NOS BASTIDORES
Dino Medeiros [EBONY]
Na tua opinião como vos correu o concerto?
Penso que correu bem… Registou-se alguma falta de público, mas conseguimos fazer uma boa actuação.
E sentiram-se bem, mesmo tecnicamente, uma vez que já não subiam a um palco há bastante tempo?
Sim, já não actuamos com esta banda há cerca de um ano e meio, mas temos ensaiado e foi óptimo apresentar novos temas e novos membros.
Posso dizer que os Ebony foram até uma agradável surpresa! Estão muito diferentes de há uns anos atrás…
Sim, estamos diferentes ao nível das vozes, instrumentação e estamos, no fundo, a tentar apostar num estilo diferente com o qual estamos muito satisfeitos.
Agora para quando próximos concertos?
Terás que falar com o Paulo Jorge Sousa! [risos]
Rui Sousa [HIFFEN]
Que balanço fazes do vosso concerto?
O concerto correu bem, embora tenham havido alguns problemas com um fio de terra. Foram problemas alheios à banda, tentámos fazer o melhor, mas gostamos do concerto, foi espectacular! Ainda assim apareceu pessoal para ver, o que não é muito normal...
Mas podia ter aparecido mais... Queres deixar alguma mensagem ao público?
[risos] Aconselho as pessoas a virem mais para a frente do palco, apoiar as bandas in loco!
E o que achaste do evento em si?
O Roquefest evoluiu de há dois anos para cá, a nível técnico, de condições, de tudo!E espero que ele se repita todos os anos, embora se adivinhe tarefa difícil porque há falta de apoios para este tipo de eventos. Gostei muito da iniciativa e, já agora, dou também os meus parabéns às bandas que tocaram. Acho que todos merecemos ter um evento destes! Era bom que todas as bandas participassem, mas aí teria que ser um evento que durasse todo o dia! [risos]
Consegues eleger uma banda favorita do cartaz?
Os Morbid Death.
Por fim, é possível adiantar mais datas para este Verão?
Temos algumas coisas pendentes, mas nada confirmado. Se fosse para tocarmos de graça teríamos com certeza garantidos já muitos concertos. Precisamos de dinheiro, se não não se conseguem gravar discos, comprar material, etc. Para além disso, é preciso disponibilidade de todos os membros, muitas bandas também pagam salas de ensaio, tem-se despesas de combustível, e isso é tudo pago da algibeira dos músicos. Acho que as bandas todas deviam unir-se e decidir que não tocariam mais gratuitamente.
É preciso começar-se a assumir uma postura minimamente profissional...
Sem dúvida! E para além disso, quando se vêem organizações a esquematizarem formatos de maneira a que as bandas tenham ainda que pagar para tocar... Por exemplo, a Maré de Agosto!
João Guimarães [THE SYMPHONYX]
Que balanço fazes da vossa estreia nos Açores?
Bom, desde que chegámos tem sido uma experiência inesquecível, a sério, não é só “bater coiros”. Digo isso do fundo do coração! Viemos 18 pessoas de Guimarães, foi a nossa primeira vez no arquipélago, e foi lindo! O concerto também foi muito bom e essa gente é do melhor!
Tiveram oportunidade de conhecer a ilha?
Sim, fomos às Sete Cidades, isto é muito lindo! Este é o repouso espiritual perfeito e que nos deu energia, depois desses cinco dias, para dar um concerto que se enquadra com as pessoas.
Falaste precisamente durante o concerto da humildade das pessoas...
Completamente, é impressionante! A maneira como nos receberam foi como que se de uma família nos tratassemos. Já começaram as despedidas há bocado e isso vai custar um bocadinho. Ficavamos aqui mais um mês ou dois!
E já agora, gostaste de alguma banda do cartaz em particular...
Curti imenso os projectos daqui. É impressionante como as bandas, tendo poucos sítios para tocar, ao contrário de nós que temos a facilidade de podermos fazer milhares de quilómetros por terra e tocar em muitos bares, têm tanta qualidade. Ontem tivemos a curtir os concertos, hoje ainda ouvimos mas não com tanta atenção porque estávamos a preparar as nossas coisas, mas achamos as bandas do melhor. O pessoal dos Açores trabalha muito bem!
Paulo Jorge Sousa [PJ – PRODS & MANAGEMENT – PRODUÇÃO]
Findo o festival, que balanço fazes do evento?
o balanço é positivo, mas tenho de ser discreto em dizer que apareceram algumas falhas técnicas quando menos esperava e também as condições metereológicas não foram as melhores. Mas quando as coisas são feitas de alma e coração resolvem-se.
Todas as bandas também estiveram à altura e todas deram "show", daí os comentários que já recebi serem de que adoraram o festival e que querem o Roquefest 2008.
Para o ano teremos Roquefest de novo? Já pensam em pormenores?
A vontade de subir mais um degrau na organização do Roquefest é imensa, mas é preferível progredirmos sem grandes passos para não haver grandes escorregadelas. Como deves saber, este tipo de festival tem muitos custos, daí o mesmo fazer parte integrante das Festas do Poço Velho, facilitando o seu todo. E tendo em conta tudo o que tem vindo a acontecer, o Roquefest futuramente será um festival de culto nacional e muitas coisas vão mudar na próxima edição. Não podia deixar de agradecer a todos os que estiveram presentes nos dois dias que foram excelentes. Certo que poucos, mas muito bons e que realmente estavam lá porque simplesmente gostam de metal. Um abraço a todos.
Texto: Nuno Costa
Fotos: André Frias [www.contratempo.com]
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