Sunday, May 20, 2007

Review

VITAL REMAINS
“Icons Of Evil”

[CD – Century Media/EMI]

Da reunião consumada em 2001 - com a inclusão do “amaldiçoado” Glen Benton [Deicide] - ao seu auto-proclamado “Reign In Blood”, referimo-nos a “Dechristianize”, de 2003, e que, de facto, surtiu este efeito, os Vital Remains parecem ter reactivado os sinais vitais de um corpo que parecia morto ao longo de tantos anos de uma carreia que sempre viveu um pouco na sombra, pelo menos em comparação com alguns nomes de referência.

Os Vital Remains são produto de uma cena americana gerada nos finais dos anos 80, mas apesar de terem granjeado alguma popularidade no meio underground faltou-lhes sempre a pontinha de brilho e também sorte – muitos foram os problemas com as editoras - para se afirmarem seguramente ao lado de nomes como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide ou Nile. Hoje em dia podem ainda não ter igualado a sua mística mas, certamente, a banda consegue impressionar e convencer muito mais do que antes. Talvez por terem renovado o seu contracto com o “diabo”, a verdade é que após a surpresa agradável que foi “Dechristianize”, “Icons Of Evil” segue o mesmo caminho de consenso.

Falar de Vital Remains é também falar de letras de chocante carga irreligiosa. Para além disso, a esta carga lírica está associada uma caracterização sonora malévola que, mais uma vez, à semelhança de “Dechristianize”, se apresenta na forma de uma intro bastante ofensiva, retirada – tudo leva a crer – à cena da flagelação em “A Paixão de Cristo” e que põe as nossas vibrações negativas em franja. Como se isso não bastasse para impressionar, o tema título inicia-se com a frase “where is your God now?”. Toda a maleficência deste grupo de Nova Inglaterra volta a estar em evidência num contexto musical que não foge praticamente nada ao que a banda vem apresentando. Até a surpresa que foi a guitarra latina do tema “Entwined By Vengeance”, no seu último trabalho, foi transportado para “Icons Of Evil” na forma de “Reborn... The Upheaval Of Nihility” como que a tentar assegurar, definitivamente, uma onda de optimismo em seu torno. A fórmula é a mesma e talvez por motivos premeditados. De qualquer forma, é indiscutível que os Vital Remains de hoje apresentam-se na sua melhor forma de sempre e qualquer apreciador de death metal técnico vai ficar de asa arrastada para este trabalho.

Dez temas plenos de fúria onde a inspiração de Dave Suzuki principalmente, que assegura aqui as baterias, o baixo e guitarras solo, e a visceralidade de Glen Benton tomam papel de destaque. A longa duração dos seus temas continuam, ainda assim, a ser dos termos mais questionáveis na abordagem dos Vital Remains. Apesar dos bons riffs e das batidas normalmente dinâmicas é difícil não passarmos por momentos de algum aborrecimento quando a duração média dos seus temas é de sete minutos. Para fechar o disco, uma versão do clássico de Yngwie Malmsteen “Disciples Of Hell” – uma experiência que não soa descabida, pois acaba por ser curiosa a maneira como o registo gutural de Benton se adapta à melodia deste tema.

Escusado será também divagarmos sobre potenciais inovações. As intenções dos Vital Remains estão bem esclarecidas e a ideia primordial é destilar ódio e fúria. Este objectivo foi mais uma vez bem alcançado e, por este motivo, “Icons Of Evil” é uma cativante, incontornável e avassaladora viagem pelos meandros do brutal technical death metal. [8/10] N.C.

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