VITAL REMAINS
“Icons Of Evil”
[CD – Century Media/EMI]
“Icons Of Evil”
[CD – Century Media/EMI]

Os Vital Remains são produto de uma cena americana gerada nos finais dos anos 80, mas apesar de terem granjeado alguma popularidade no meio underground faltou-lhes sempre a pontinha de brilho e também sorte – muitos foram os problemas com as editoras - para se afirmarem seguramente ao lado de nomes como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide ou Nile. Hoje em dia podem ainda não ter igualado a sua mística mas, certamente, a banda consegue impressionar e convencer muito mais do que antes. Talvez por terem renovado o seu contracto com o “diabo”, a verdade é que após a surpresa agradável que foi “Dechristianize”, “Icons Of Evil” segue o mesmo caminho de consenso.
Falar de Vital Remains é também falar de letras de chocante carga irreligiosa. Para além disso, a esta carga lírica está associada uma caracterização sonora malévola que, mais uma vez, à semelhança de “Dechristianize”, se apresenta na forma de uma intro bastante ofensiva, retirada – tudo leva a crer – à cena da flagelação em “A Paixão de Cristo” e que põe as nossas vibrações negativas em franja. Como se isso não bastasse para impressionar, o tema título inicia-se com a frase “where is your God now?”. Toda a maleficência deste grupo de Nova Inglaterra volta a estar em evidência num contexto musical que não foge praticamente nada ao que a banda vem apresentando. Até a surpresa que foi a guitarra latina do tema “Entwined By Vengeance”, no seu último trabalho, foi transportado para “Icons Of Evil” na forma de “Reborn... The Upheaval Of Nihility” como que a tentar assegurar, definitivamente, uma onda de optimismo em seu torno. A fórmula é a mesma e talvez por motivos premeditados. De qualquer forma, é indiscutível que os Vital Remains de hoje apresentam-se na sua melhor forma de sempre e qualquer apreciador de death metal técnico vai ficar de asa arrastada para este trabalho.
Dez temas plenos de fúria onde a inspiração de Dave Suzuki principalmente, que assegura aqui as baterias, o baixo e guitarras solo, e a visceralidade de Glen Benton tomam papel de destaque. A longa duração dos seus temas continuam, ainda assim, a ser dos termos mais questionáveis na abordagem dos Vital Remains. Apesar dos bons riffs e das batidas normalmente dinâmicas é difícil não passarmos por momentos de algum aborrecimento quando a duração média dos seus temas é de sete minutos. Para fechar o disco, uma versão do clássico de Yngwie Malmsteen “Disciples Of Hell” – uma experiência que não soa descabida, pois acaba por ser curiosa a maneira como o registo gutural de Benton se adapta à melodia deste tema.
Escusado será também divagarmos sobre potenciais inovações. As intenções dos Vital Remains estão bem esclarecidas e a ideia primordial é destilar ódio e fúria. Este objectivo foi mais uma vez bem alcançado e, por este motivo, “Icons Of Evil” é uma cativante, incontornável e avassaladora viagem pelos meandros do brutal technical death metal. [8/10] N.C.
No comments:
Post a Comment