Tuesday, May 08, 2007

Especial Roquefest 2007 - Entrevista Psy Enemy

IRREGULARIDADES ENFERMAS

Irromperam na cena metálica açoriana em 2003 e desde aí o seu percurso tem sido sustentado, em virtude de alguns contratempos com a sua formação, mas determinantemente positivo. Fazendo parte de uma cena contemporânea que ganhou força há alguns anos em São Miguel, os Psy Enemy, também finalistas do Concurso Angra Rock 2005, foram ganhando o respeito do público com o seu som algo difícil de categorizar, não obstante e indubitavelmente, mais virado para as sonoridades nu-metal. Hoje em dia e com dois elementos novos a banda apresenta-se completamente de cara lavada. O tema “The Abnormal Contexts Of Regularity”, publicado recentemente como demo no seu My Space, “exaltou” os ânimos dos amantes de metal na região, apanhando de surpresa a comunidade metaleira com um som muito complexo, declaradamente matemático e com fortes influências dos suecos Meshuggah. No Roquefest 2007 a banda de Ponta Delgada terá oportunidade de pôr à prova as capacidades interpretativas e a mente aberta do público local que, por seu lado, expecta por os ver. Na voz de Miguel Raposo [voz] e Filipe Ponte [bateria], os Psy Enemy para a SounD(/)ZonE.

Os Psy Enemy encontram-se a sair de uma fase de reestruturação algo profunda, tanto a nível de formação como de sonoridade. Começando pelo line-up, de que forma as saídas de dois elementos originais da banda vos afectaram?
Miguel Raposo:
Afectaram-nos na medida em que somos amigos e é sempre triste ver amigos a partir.
Filipe Ponte: É de salientar que ambos os elementos saíram por razões alheias à banda.

No entanto, creio que a banda tem objectivos bem delineados e desistir nunca foi uma opção, certo?
MR:
Correcto.
FP: É algo estabelecido desde o início...

Nem mesmo dificuldades como a constante ausência de sala de ensaios fixa chegou para vos fazer esmorecer… Como está esta situação neste momento?
MR:
Neste momento dependemos de terceiros. A nossa actual sala de ensaios pertence a um estabelecimento comercial, logo se, eventualmente, necessitarem do espaço ficamos novamente sem sala.

Recuperando a questão do line-up, foi difícil arranjar substitutos para o Fábio e o João? Para além disso, quais são os pontos que mais vos satisfazem nos seus perfis?
MR:
Não, pois partilhamos de uma amizade já de longa data com o Paulo “Marciano” [baixista ex-Prophecy Of Death e Hemptylogic] e foi só uma questão de convida-lo. No que diz respeito ao Fábio, também é um grande amigo nosso e manifestou logo também o seu interesse, mas preservando o seu outro projecto, os Opressive. O que mais nos satisfaz nos seus perfis é a amizade e a boa disposição para o trabalho.

Particularmente falando do Fábio Amaro, o mais recente elemento da banda, como tem sido para ele trabalhar sob alguma pressão atendendo a que a banda tem concertos agendados para breve?
MR:
Tem reagido bem. É tudo uma questão de trabalho e dedicação que no caso dele é redobrado.
FP: Tendo em conta os concertos agendados para breve, não colocamos qualquer tipo de pressão sobre ele. Queremos é que ele trabalhe com calma e que se sinta bem connosco.

Já todos sabemos que, musicalmente, os Psy Enemy são hoje uma banda substancialmente diferente daquela que era há cerca de um ano. Que razões estão por detrás da decisão de romper tão drasticamente com o vosso passado musical?
MR:
É uma questão de evolução, tanto musical como pessoal. Nunca delineamos um estilo de som, as coisas apareceram naturalmente.

Poder-se-á também dizer que a dada altura a banda deixou de sentir cumplicidade para com o material antigo?
MR:
Simplesmente à medida que fomos compondo novos temas, os antigos deixaram de nos satisfazer.

Em sequência da exposição recente do tema “The Abnormal Contexts Of Regularity” começaram-vos a chegar óptimas reacções, entretanto, acompanhadas de advertências quanto às vossas aproximações aos Meshuggah. Como encaram esta situação?
MR:
Perfeitamente normal, visto que praticamos um estilo que foi inventado por essa mesma banda. Encaramos essa situação com naturalidade e continuaremos a trabalhar.

Porém, a banda estaria certamente alertada para esta situação quando mudou de rumo... Receiam também, de alguma forma, o que vos pode acontecer quando os vossos discos ou demos começarem a chegar à comunicação social especializada?
MR:
Estamos preparados para qualquer eventualidade.

Achas compreensível a forma como o público local ou mesmo a imprensa em outras situações semelhantes reage permanentemente a este tipo de casos? Ou seja, não será natural que as bandas soem um pouco umas às outras em qualquer parte do mundo, sendo, por isso, que se deviam abolir certas opiniões que só servem para fracturar uma comunidade de músicos que se quer unida?
MR:
Sem dúvida. Mas respeitamos qualquer tipo de crítica construtiva.

No entanto, já te ouvi também responder a certos comentários acusando outras bandas locais de fazerem “colagens escandalosas”… Como podemos interpretar este tipo de comentário? Estaremos, de algum modo, perante uma “guerra de palavras”?
MR:
Não se trata de uma “guerra de palavras, é um facto consumado. Quem ouve o mínimo de música consegue constatar este facto.
FP: Há muitas bandas regionais que realmente fazem colagens escandalosas. As mesmas criticam outras bandas cujas influências, embora sejam um pouco nítidas, não significam uma “colagem”! Este é o verdadeiro panorama regional...

Contudo, e resumindo, para os Psy Enemy a intenção é, sobretudo, tocar o som que lhes agrada ou também inovar de certa forma?
MR:
O nosso principal objectivo é a nossa satisfação pessoal com o intuito de inovar.

Os Psy Enemy também sempre foram uma banda muita marcada pela sua filosofia literária e ideológica. Como estão os vossos conceitos neste momento a nível de letras?
MR:
Para os Psy Enemy, o conteúdo lírico sempre foi dos factores mais importantes. Não gostamos de bandas que estejam simplesmente a berrar sem qualquer objectivo a atingir liricamente. Neste momento o nosso conceito deixou de ser tanto a crítica social para passar a ser algo mais complexo dirigido ao foro psicológico humano. Para breve todo esse novo conteúdo estará disponível no nosso MySpace (www.myspace.com/psyenemy) onde poderão encontrar sempre uma síntese da nossa mensagem.
FP: A componente lírica sempre foi algo que pessoalmente me cativou numa banda. É muito importante que qualquer banda tenha uma boa componente lírica porque só assim é possível passar uma mensagem. Quem faz o contrário na minha óptica está errado, visto que não passa absolutamente mensagem nenhuma.

Entretanto, e tentando responder à grande expectativa geral: para quando uma edição discográfica dos Psy Enemy?
MR:
Um dia que sejamos convidados para tal ou quando aparecer a base monetária para fazê-lo.

E não tencionam fazer uma gravação caseira, mesmo que sob algumas limitações? Por exemplo, dando seguimento ao tema que já foi gravado e exposto como demo?
MR:
Sim, pensamos em fazer uma gravação caseira com 4 ou 5 temas ainda este ano. Inclusive, regravaremos o tema “The Abnormal Contexts Of Regularity”.

O ano passado devido à fase de reestruturação da banda acabaram por tocar muito pouco. Este ano as coisas parecem que vão voltar ao normal. Estarão, certamente, com muita vontade de regressar ao palco…
MR/FP:
Claro!

Hoje em dia está mais fácil ser-se músico nos Açores e arranjar concertos, por exemplo?
MR:
Depende... Uma coisa é tocar num império, outra é tocar na Maratona Rock. Arranjar concertos é fácil, agora bons concertos, com boas condições, nem por isso...

No dia 21 de Maio dá-se a vossa segunda presença no festival Roquefest. Que expectativas têm?
MR:
Que seja muito melhor que a primeira edição.

Da vossa parte prevê-se alguma “peripécia” especial para este concerto? Têm algum truque na manga?
MR: Não, apenas o que trabalhamos na sala de ensaios.

Pelo simples facto de terem tornado público um tema vosso muito recentemente, pode-se depreender que existe muita gente curiosa por vos ouvir. Sentem-se particularmente motivados para este concerto?
MR: Não. Sentimo-nos motivados como nos sentiríamos se não tivéssemos lançado a música.

Já agora, que recordações guardam da primeira edição do festival há dois anos?
MR: Algumas más recordações, como as péssimas condições de palco e a fraca adesão do público. Boas recordações existem pelo convívio e o excelente jantar oferecido pela organização.

Por fim, é possível adiantarem-nos mais datas para este Verão?
MR: De momento temos confirmada a presença na Fajã de Cima, no dia 23 de Agosto, com os Stampkase. De resto, continuamos na expectativa.

Nuno Costa

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