MORAL AMPUTADA
Falar de The Haunted é falar de classe, thrash transposto para o séc. XXI, background brioso – pelo passado de alguns dos seus elementos com os At The Gates – e uma atitude excêntrica e provocadora que não deixa ninguém indiferente. Em constante espírito interventivo, estes suecos regressaram em Setembro do ano passado com o seu sexto álbum de originais. “Versus” é mais um manifesto mordaz ao estado declinatório da moral social tendo como base musical um cruzamento harmonioso entre o sentimento obscuro e experimental do anterior “The Dead Eye” que, aliás, dividiu muitas opiniões, e uma atitude mais directa e crua recuperada, em parte, aos seus primórdios. Mas no meio disso tudo, o mais interessante é termos aqui um grupo de pessoas de discurso destemido que vive sem “capas” e nos garante pensamentos muito lúcidos e também… polémicos! Ou não tivessem nas suas fileiras uma pessoa como Peter Dolving [vocalista].
À primeira vista, “Versus” é um regresso à vossa faceta mais “áspera”. Sentiram-se mais “raivosos” a compor este novo álbum?
Raivosos? Não, possivelmente mais tristes. A raiva apenas atinge certos níveis até ao ponto em que cessa funções como emoção protectora que é. Este é um mundo feio repleto de pessoas bonitas, comandada por indivíduos moralmente corruptos e emocionalmente perturbados que deviam ser detidos e tomados para tratamento. Raivosos? Não.
Um dos aspectos louváveis de “Versus” é a sua produção crua. Contudo, aqui que ninguém nos ouve, é verdade que aboliram completamente qualquer truque de estúdio? Gravaram “ao vivo”, sem cliques, edições, etc?
Tudo o que ouvem no “Versus” foi gravado em estúdio e tocamos tudo o que ouvem. Isto serve de resposta?...
A falta deste tipo de produção “realista” e mais orgânico pode ser a causa da falta de alma da grande quantidade de trabalhos que ouvimos hoje em dia?
Sim, isto e o facto de muita gente pensar que lançando discos vai tornar-se uma estrela de rock e que ser uma estrela dá-lhes poder, dinheiro, reconhecimento e sexo. Não dá! No entanto, ter um pénis grande e gostar dele dá!
Posso estar a desviar-me um pouco o contexto da conversa, mas por acaso gostou do “Chinese Democracy”? Será que todas as complicações que envolveram o seu lançamento fizeram-no perder credibilidade ou este resultado é antes causado pelo facto de a “espinha dorsal” da banda já não lá estar? Será esta mais uma atitude desprovida de carácter já que talvez o mais sensato fosse dar por terminada a banda ao invés de fazer o que, aparentemente, parece ser o aproveitamento do seu peso histórico?
Eu odeio o Axl Rose e tudo o que tenha o seu “vapor” a estrume fétido mortífero. Ele e todos os que andam por aí como peixe-peregrino para um tubarão merecem cancro. Se eu conhecer o Axl Rose algum dia vou violá-lo e espetar-lhe uma bandeira no cu como os astronautas fizeram quando pisaram pela primeira vez a lua. A minha bandeira dirá “caçado”!
O que nomearia como a coisa mais falsa, actualmente, no mundo?
Os Guns’N’Roses e todos aqueles que continuam a acreditar em valores transpostos por figuras como a Britney Spears, os Avenged Sevenfold, etc. Basicamente, tudo o que é propagado pelos media – insinceridade. Não há mistério, no fundo. Estamos sob um mecanismo baseado no capitalismo e este leva à insinceridade. E não, não estou enganado. Estou dolorosamente certo quando se trata destes assuntos e se sentirem que estou errado, obviamente é porque são parte do problema que está a destruir o planeta e a vida como esta poderia ser.
No último ano alguns dos seus colegas devem ter estado extremamente ocupados, nomeadamente com a reunião dos At The Gates e os compromissos com a gravação de “Versus”…
Foi apenas mais um dia “Metal”…
Acumularam os trabalhos da digressão de reunião com a composição do “Versus”?
Não estive, naturalmente, na digressão de despedida dos At The Gates, mas posso dizer que terminámos tudo antes deles partirem em digressão. Romantizar os bons velhos tempos do death metal soa estúpido. Não foi um bom período. Os anos 90 foram uma “seca”.
A digressão dos At The Gates poderá ter-vos revitalizado de modo a ficarem com inspiração extra para trabalhar com os The Haunted?
Sim, sem dúvida. Graças a Deus que temos esta banda e nos temos uns aos outros.
Será que eles têm planos para uma futura digressão dos At The Gates?
Deus, espero que não!
Recentemente, fizeram uma digressão pela Ásia, Austrália e América Latina. Li sobre o quão ficaram surpreendidos pela quantidade de fãs que têm em cada canto do mundo…
Nós temos mais sucesso e mulheres do que a quantidade de paus que pudessem apontar a essas partes do mundo. O backstage dos The Haunted parece-se, literalmente, com uma orgia romana “pansexual” antes, durante e depois dos espectáculos em qualquer parte do mundo por que já tenhamos passado, excepto na Alemanha. Aí nós tentámos falar com um gordo e a sua “cerveja” sobre death metal e ganhámos uma leitura do mesmo idiota gordo sobre o que fazemos errado. Jesus Cristo!
Após tantos anos a terem a vossa arte exposta e a serem reconhecidos globalmente [eu queria evitar a palavra “famosos”, mas acho que é a que vos encaixa melhor], continua a haver alguma coisa com que tenham dificuldade em lidar? Eventualmente, ameaças à vossa privacidade?
Nós temos problemas em fazer os alemães entenderem que não estão no jardim-de-infância quando vão a um espectáculo dos The Haunted. Colónia, Hamburgo e Munique são as excepções até agora. Aí o público vem para se divertir! A questão é: nós não vamos estar a perguntar ou a dizer ao nosso público para ficar maluco, pular, fazer isto ou aquilo. Nós respeitamos a sua inteligência. Contudo, frequentemente na Alemanha parece que o público está “danificado” pelas bandas americanas que parecem pensar que um espectáculo de Metal é uma espécie de pista de dança. Outra coisa: também não tentem aceder ao backstage a não ser que, realmente, pertençam a ele. Se vierem para foder, está tudo bem. Se vierem para trazer drogas e uma grande atitude, está tudo bem. Se são amigos da banda, tudo bem. Se pensarem que algo excitante se está lá a passar e tiverem a ideia maluca de lá irem assistir ao “circo”, simplesmente, desistam. Apenas verdadeiros excêntricos podem lá entrar!
No dia 1 de Maio vão estar em Portugal no SWR – Barroselas Metal Fest. Expectativas?
Já tocámos em Portugal várias vezes e algumas das mulheres e homens mais picantes da Europa aparecem lá. Vai ser de loucos, como sempre. Já sinto saudades só de pensar!
Está relatado que “Versus” vendeu apenas metade do que o seu antecessor na sua primeira semana nas lojas nos Estados Unidos. Interessam-se minimamente por estes factores?
Blah, blah, isto é apenas conversa… Pensam que as primeiras semanas de vendas são representativas de alguma coisa? Nem mesmo as vendas em geral! Em 2009 são as assistências ao vivo que contam. As pessoas “descarregam” música e para nós parece esquisito e, na verdade, é um desrespeito para com a nossa editora, uma vez que temos uma vasta audiência. Contudo, todos eles parecem pensar que compraram o disco e muitos até o têm, pois todos cantam os temas connosco ao vivo.
Apoia os “downloads” ou é dos que pensa que estes estão a “matar” a música e a sua indústria?
Os “downloads” não podem matar a música. Arruínam, sim, a indústria musical. Pessoalmente, sinto que se querem que as editoras pequenas e independentes sobrevivam devem comprar discos. Se não suportam toda a treta que a Sony, por exemplo, lança, então lixem-nos! A questão é: acho que o público, em geral, não pensa muito sobre isso. Muitas pessoas da classe média e classe trabalhadora ouvem lixo, têm o seu cérebro cheio de lixo e as suas vidas são uma merda! Então, passam a porcaria da sua vida a fazerem “downloads” de música porque é a coisa correcta a fazer. Pedes um empréstimo, compras um computador e “descarregas” todo e qualquer disco ou série de TV e enfias em cada buraco da tua vida ainda mais merda! Aquele que consumir mais porcaria, vence! Que se foda o mundo!
Bom, e 2009 está apenas a começar. Desejos para este novo ano?
Espero que mundo arda e que façamos quantidades ridículas e distintas de dinheiro e tenhamos sexo com muitas pessoas bonitas de espírito livre e independente por esse mundo fora. Nós merecemo-lo, porque somos bons!
Falar de The Haunted é falar de classe, thrash transposto para o séc. XXI, background brioso – pelo passado de alguns dos seus elementos com os At The Gates – e uma atitude excêntrica e provocadora que não deixa ninguém indiferente. Em constante espírito interventivo, estes suecos regressaram em Setembro do ano passado com o seu sexto álbum de originais. “Versus” é mais um manifesto mordaz ao estado declinatório da moral social tendo como base musical um cruzamento harmonioso entre o sentimento obscuro e experimental do anterior “The Dead Eye” que, aliás, dividiu muitas opiniões, e uma atitude mais directa e crua recuperada, em parte, aos seus primórdios. Mas no meio disso tudo, o mais interessante é termos aqui um grupo de pessoas de discurso destemido que vive sem “capas” e nos garante pensamentos muito lúcidos e também… polémicos! Ou não tivessem nas suas fileiras uma pessoa como Peter Dolving [vocalista].
À primeira vista, “Versus” é um regresso à vossa faceta mais “áspera”. Sentiram-se mais “raivosos” a compor este novo álbum?
Raivosos? Não, possivelmente mais tristes. A raiva apenas atinge certos níveis até ao ponto em que cessa funções como emoção protectora que é. Este é um mundo feio repleto de pessoas bonitas, comandada por indivíduos moralmente corruptos e emocionalmente perturbados que deviam ser detidos e tomados para tratamento. Raivosos? Não.
Um dos aspectos louváveis de “Versus” é a sua produção crua. Contudo, aqui que ninguém nos ouve, é verdade que aboliram completamente qualquer truque de estúdio? Gravaram “ao vivo”, sem cliques, edições, etc?
Tudo o que ouvem no “Versus” foi gravado em estúdio e tocamos tudo o que ouvem. Isto serve de resposta?...
A falta deste tipo de produção “realista” e mais orgânico pode ser a causa da falta de alma da grande quantidade de trabalhos que ouvimos hoje em dia?
Sim, isto e o facto de muita gente pensar que lançando discos vai tornar-se uma estrela de rock e que ser uma estrela dá-lhes poder, dinheiro, reconhecimento e sexo. Não dá! No entanto, ter um pénis grande e gostar dele dá!
Posso estar a desviar-me um pouco o contexto da conversa, mas por acaso gostou do “Chinese Democracy”? Será que todas as complicações que envolveram o seu lançamento fizeram-no perder credibilidade ou este resultado é antes causado pelo facto de a “espinha dorsal” da banda já não lá estar? Será esta mais uma atitude desprovida de carácter já que talvez o mais sensato fosse dar por terminada a banda ao invés de fazer o que, aparentemente, parece ser o aproveitamento do seu peso histórico?
Eu odeio o Axl Rose e tudo o que tenha o seu “vapor” a estrume fétido mortífero. Ele e todos os que andam por aí como peixe-peregrino para um tubarão merecem cancro. Se eu conhecer o Axl Rose algum dia vou violá-lo e espetar-lhe uma bandeira no cu como os astronautas fizeram quando pisaram pela primeira vez a lua. A minha bandeira dirá “caçado”!
O que nomearia como a coisa mais falsa, actualmente, no mundo?
Os Guns’N’Roses e todos aqueles que continuam a acreditar em valores transpostos por figuras como a Britney Spears, os Avenged Sevenfold, etc. Basicamente, tudo o que é propagado pelos media – insinceridade. Não há mistério, no fundo. Estamos sob um mecanismo baseado no capitalismo e este leva à insinceridade. E não, não estou enganado. Estou dolorosamente certo quando se trata destes assuntos e se sentirem que estou errado, obviamente é porque são parte do problema que está a destruir o planeta e a vida como esta poderia ser.
No último ano alguns dos seus colegas devem ter estado extremamente ocupados, nomeadamente com a reunião dos At The Gates e os compromissos com a gravação de “Versus”…
Foi apenas mais um dia “Metal”…
Acumularam os trabalhos da digressão de reunião com a composição do “Versus”?
Não estive, naturalmente, na digressão de despedida dos At The Gates, mas posso dizer que terminámos tudo antes deles partirem em digressão. Romantizar os bons velhos tempos do death metal soa estúpido. Não foi um bom período. Os anos 90 foram uma “seca”.
A digressão dos At The Gates poderá ter-vos revitalizado de modo a ficarem com inspiração extra para trabalhar com os The Haunted?
Sim, sem dúvida. Graças a Deus que temos esta banda e nos temos uns aos outros.
Será que eles têm planos para uma futura digressão dos At The Gates?
Deus, espero que não!
Recentemente, fizeram uma digressão pela Ásia, Austrália e América Latina. Li sobre o quão ficaram surpreendidos pela quantidade de fãs que têm em cada canto do mundo…
Nós temos mais sucesso e mulheres do que a quantidade de paus que pudessem apontar a essas partes do mundo. O backstage dos The Haunted parece-se, literalmente, com uma orgia romana “pansexual” antes, durante e depois dos espectáculos em qualquer parte do mundo por que já tenhamos passado, excepto na Alemanha. Aí nós tentámos falar com um gordo e a sua “cerveja” sobre death metal e ganhámos uma leitura do mesmo idiota gordo sobre o que fazemos errado. Jesus Cristo!
Após tantos anos a terem a vossa arte exposta e a serem reconhecidos globalmente [eu queria evitar a palavra “famosos”, mas acho que é a que vos encaixa melhor], continua a haver alguma coisa com que tenham dificuldade em lidar? Eventualmente, ameaças à vossa privacidade?
Nós temos problemas em fazer os alemães entenderem que não estão no jardim-de-infância quando vão a um espectáculo dos The Haunted. Colónia, Hamburgo e Munique são as excepções até agora. Aí o público vem para se divertir! A questão é: nós não vamos estar a perguntar ou a dizer ao nosso público para ficar maluco, pular, fazer isto ou aquilo. Nós respeitamos a sua inteligência. Contudo, frequentemente na Alemanha parece que o público está “danificado” pelas bandas americanas que parecem pensar que um espectáculo de Metal é uma espécie de pista de dança. Outra coisa: também não tentem aceder ao backstage a não ser que, realmente, pertençam a ele. Se vierem para foder, está tudo bem. Se vierem para trazer drogas e uma grande atitude, está tudo bem. Se são amigos da banda, tudo bem. Se pensarem que algo excitante se está lá a passar e tiverem a ideia maluca de lá irem assistir ao “circo”, simplesmente, desistam. Apenas verdadeiros excêntricos podem lá entrar!
No dia 1 de Maio vão estar em Portugal no SWR – Barroselas Metal Fest. Expectativas?
Já tocámos em Portugal várias vezes e algumas das mulheres e homens mais picantes da Europa aparecem lá. Vai ser de loucos, como sempre. Já sinto saudades só de pensar!
Está relatado que “Versus” vendeu apenas metade do que o seu antecessor na sua primeira semana nas lojas nos Estados Unidos. Interessam-se minimamente por estes factores?
Blah, blah, isto é apenas conversa… Pensam que as primeiras semanas de vendas são representativas de alguma coisa? Nem mesmo as vendas em geral! Em 2009 são as assistências ao vivo que contam. As pessoas “descarregam” música e para nós parece esquisito e, na verdade, é um desrespeito para com a nossa editora, uma vez que temos uma vasta audiência. Contudo, todos eles parecem pensar que compraram o disco e muitos até o têm, pois todos cantam os temas connosco ao vivo.
Apoia os “downloads” ou é dos que pensa que estes estão a “matar” a música e a sua indústria?
Os “downloads” não podem matar a música. Arruínam, sim, a indústria musical. Pessoalmente, sinto que se querem que as editoras pequenas e independentes sobrevivam devem comprar discos. Se não suportam toda a treta que a Sony, por exemplo, lança, então lixem-nos! A questão é: acho que o público, em geral, não pensa muito sobre isso. Muitas pessoas da classe média e classe trabalhadora ouvem lixo, têm o seu cérebro cheio de lixo e as suas vidas são uma merda! Então, passam a porcaria da sua vida a fazerem “downloads” de música porque é a coisa correcta a fazer. Pedes um empréstimo, compras um computador e “descarregas” todo e qualquer disco ou série de TV e enfias em cada buraco da tua vida ainda mais merda! Aquele que consumir mais porcaria, vence! Que se foda o mundo!
Bom, e 2009 está apenas a começar. Desejos para este novo ano?
Espero que mundo arda e que façamos quantidades ridículas e distintas de dinheiro e tenhamos sexo com muitas pessoas bonitas de espírito livre e independente por esse mundo fora. Nós merecemo-lo, porque somos bons!
Nuno Costa
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