Friday, February 06, 2009

Review

WATERLAND
“Waterland”

[CD – Edição de autor]

Enquanto os Oratory continuam no seu “descanso” por tempo indeterminado, o seu guitarrista, Miguel Gomes, decidiu dar azo à sua criatividade e criar um trabalho conceptual, com a colaboração de dois vocalistas – Marco Alves [ex-Oratory] e Bruno Gomes. Não se esperava que fosse dessa que o músico de Barcelos encetasse outra faceta musical nesta trilha solitária, embora a sonoridade de Waterland seja substancialmente mais fantasista e orquestral que a da sua banda de origem. 15 temas, num total de quase 80[!] minutos de música, desenvolvidos ao sabor de um power metal sinfónico e neo-clássico como mandam as regras, com coros, teclados e pedal duplo em abundância. A propensão para estruturas progressivas também são evidentes, nomeadamente pela faixa “The Guardians Of Night” [de dez minutos] em que se tenta empurrar o ouvinte para um enredo medieval [com diálogos, inclusive] encenado por monstros e guerreiros.

O esforço na concepção de orquestrações rebuscadas é evidente, mas as coisas poucas vezes saem bem, dando a sensação de aqui se tentar criar quase uma “Metal Opera” quando os meios e as capacidades estão ainda muito aquém dos das suas presumíveis fontes inspiradoras: Luca Turilli e Tobias Sammet. E por falar em meios, as lacunas na gravação são demasiadas tendo até um peso altamente pejorativo para um trabalho que, talvez mais do que muitos outros, precisasse de uma grande produção. As guitarras têm uma distorção demasiadamente débil [são praticamente rock em vez de metal] dando a sensação de fazerem parte de uma maqueta gravada na década de 90. A bateria electrónica concebida no computador é demasiadamente minimalista e soa tremendamente mecânica. Em termos vocais, Bruno e Marco são realmente capazes de criar bons momentos, cruzando-se inteligentemente entre si, mas falta alguma garra para um estilo que apela à fantasia, é certo, mas também a um espírito bélico de punhos [ou “devil horns”] hasteados.

Apesar de todas as vicissitudes de um trabalho que parece querer ficar-se pelos clichés [apesar dos breves devaneios electrónicos – e dançáveis – que parecem tentar dar um ar de inovação], vale o esforço de um músico que, claramente, está a dar as primeiras passadas num projecto arrojado e concebido completamente fora das suas necessidades logísticas. Temos também a profunda crença de que o músico só ganhará se se rodear de mais instrumentistas. A ideia é interessante e arrojada, sem dúvida. Mas há ainda muito a rever. Aguardamos com alguma expectativa novos capítulos. [4/10] N.C.

Estilo: Power Metal Sinfónico/Progressivo

Discografia:
- “Waterland” [CD 2009]

www.myspace.com/waterland

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